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Apêndice 6: As Carnes Proibidas ao Cristão
NEM TODOS OS SERES VIVOS FORAM CRIADOS PARA SER ALIMENTO
O JARDIM DO ÉDEN: UMA DIETA À BASE DE PLANTAS
Essa verdade se torna evidente quando examinamos o início da humanidade no Jardim do Éden. Adão, o primeiro homem, recebeu a tarefa de cuidar de um jardim. Que tipo de jardim? O texto original hebraico não especifica, mas há evidências convincentes de que era um pomar:
“E o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, ao oriente… E da terra fez o Senhor Deus brotar toda árvore agradável à vista e boa para alimento” (Gênesis 2:15).
Também lemos sobre o papel de Adão em nomear e cuidar dos animais, mas em nenhum lugar das Escrituras se sugere que eles eram “bons para alimento”, como as árvores.
O CONSUMO DE ANIMAIS NO PLANO DE DEUS
Isso não significa que comer carne seja proibido por Deus — se fosse, haveria uma instrução explícita nesse sentido em toda a Escritura. No entanto, isso nos mostra que o consumo de carne animal não fazia parte da dieta original da humanidade.
A provisão inicial de Deus para o homem parece ser inteiramente baseada em plantas, enfatizando frutas e outras formas de vegetação.
A DISTINÇÃO ENTRE ANIMAIS PUROS E IMPUROS
INTRODUZIDA NA ÉPOCA DE NOÉ
Embora Deus eventualmente tenha permitido aos seres humanos matar e comer animais, Ele estabeleceu distinções claras entre os que eram apropriados para consumo e os que não eram.
Essa distinção é sugerida pela primeira vez nas instruções dadas a Noé antes do dilúvio:
“Leve com você sete pares de cada espécie de animal puro, um macho e sua fêmea, e um par de cada espécie de animal impuro, um macho e sua fêmea” (Gênesis 7:2).
O CONHECIMENTO IMPLÍCITO SOBRE ANIMAIS PUROS
O fato de Deus não explicar a Noé como distinguir entre animais puros e impuros sugere que esse conhecimento já estava presente na humanidade, possivelmente desde a criação.
Essa diferenciação entre animais limpos e impuros reflete uma ordem e um propósito divino mais amplos, em que certas criaturas foram separadas para funções específicas dentro do equilíbrio natural e espiritual.
O SIGNIFICADO PRIMÁRIO DOS ANIMAIS PUROS
ASSOCIADOS AO SACRIFÍCIO
Com base no que ocorreu até o momento na narrativa de Gênesis, podemos assumir com segurança que, até o dilúvio, a distinção entre animais puros e impuros estava relacionada apenas à sua aceitação como sacrifícios.
A oferta de Abel, feita com os primogênitos de seu rebanho, destaca esse princípio. No texto hebraico, a expressão “primogênitos de seu rebanho” (מִבְּכֹרוֹת צֹאנוֹ) usa a palavra “rebanho” (tzon, צֹאן), que se refere tipicamente a pequenos animais domesticados, como ovelhas e cabras. Assim, é muito provável que Abel tenha oferecido um cordeiro ou um cabrito de seu rebanho (Gênesis 4:3-5).
OS SACRIFÍCIOS DE NOÉ COM ANIMAIS PUROS
Da mesma forma, quando Noé saiu da arca, ele construiu um altar e ofereceu holocaustos ao Senhor usando animais puros, que haviam sido mencionados especificamente nas instruções divinas antes do dilúvio (Gênesis 8:20; 7:2).
Esse foco inicial nos animais puros para sacrifício estabelece a base para entender seu papel único na adoração e na pureza da aliança.
Os termos hebraicos usados para descrever essas categorias — tahor (טָהוֹר) e tamei (טָמֵא) — não são arbitrários. Eles estão profundamente ligados aos conceitos de santidade e separação para o Senhor:
- טָמֵא (Tamei)
Significado: Impuro, contaminado.
Uso: Refere-se à impureza ritual, moral ou física. Frequentemente associado a animais, objetos ou ações proibidas para consumo ou adoração.
Exemplo: “Todavia, destes não comereis… são impuros (tamei) para vós” (Levítico 11:4).* - טָהוֹר (Tahor)
Significado: Puro, limpo.
Uso: Refere-se a animais, objetos ou pessoas adequadas para consumo, adoração ou atividades rituais.
Exemplo: “Deveis fazer distinção entre o santo e o comum, e entre o impuro e o puro” (Levítico 10:10).*
Esses termos formam a base das leis dietéticas de Deus, que são detalhadas posteriormente em Levítico 11 e Deuteronômio 14. Esses capítulos listam explicitamente os animais considerados puros (permitidos para alimento) e impuros (proibidos para consumo), garantindo que o povo de Deus permaneça distinto e santo.
AS ADVERTÊNCIAS DE DEUS CONTRA O CONSUMO DE CARNES IMPURAS
Ao longo do Tanach (Antigo Testamento), Deus advertiu repetidamente Seu povo por violar Suas leis dietéticas. Vários trechos condenam especificamente o consumo de animais impuros, enfatizando que essa prática era vista como um ato de rebelião contra os mandamentos divinos:
“Um povo que continuamente Me provoca diante do Meu rosto… que come carne de porco, e em cujas panelas há caldo de carnes impuras” (Isaías 65:3-4).
“Aqueles que se consagram e se purificam para entrar nos jardins, seguindo aquele que come carne de porco, ratos e outras coisas impuras—eles encontrarão seu fim, juntamente com aquele que seguem,” declara o Senhor (Isaías 66:17).
Essas advertências demonstram que comer carne impura não era apenas uma questão dietética, mas um fracasso moral e espiritual. O ato de consumir tais alimentos estava ligado à desobediência direta às instruções de Deus. Ao se entregarem a práticas explicitamente proibidas, as pessoas demonstravam desrespeito pela santidade e pela obediência.

JESUS E A CARNE IMPURA
Com a vinda de Jesus, o crescimento do cristianismo e os escritos do Novo Testamento, muitos começaram a questionar se Deus ainda se importava com a obediência às Suas leis, incluindo as regras sobre alimentos impuros. De fato, praticamente todo o mundo cristão hoje come qualquer coisa que deseja.
Entretanto, não existe nenhuma profecia no Antigo Testamento que diga que o Messias cancelaria a lei sobre carnes impuras ou qualquer outra lei de Seu Pai (como alguns argumentam). Jesus claramente obedeceu às ordenanças do Pai em tudo, inclusive nesse ponto. Se Jesus tivesse comido carne de porco, assim como sabemos que Ele comeu peixe (Lucas 24:41-43) e cordeiro (Mateus 26:17-30), teríamos um claro ensino pelo exemplo, mas sabemos que isso não aconteceu. Não há indicação de que Jesus e Seus discípulos desrespeitaram essas instruções dadas por Deus por meio dos profetas.
ARGUMENTOS REFUTADOS
FALSO ARGUMENTO: “Jesus declarou todos os alimentos puros”
A VERDADE:
Marcos 7:1-23 é frequentemente citado como prova de que Jesus aboliu as leis dietéticas sobre carnes impuras. No entanto, uma análise cuidadosa do texto revela que essa interpretação não tem fundamento. O versículo mais citado diz:
“‘Porque a comida não entra em seu coração, mas em seu estômago, e é expelida como dejeto.’ (Assim, ele declarou todos os alimentos puros)” (Marcos 7:19).
O CONTEXTO: NÃO SE TRATA DE CARNE PURA OU IMPURA
Primeiramente, o contexto dessa passagem não tem nada a ver com carnes puras e impuras, conforme estabelecido em Levítico 11. Em vez disso, trata-se de um debate entre Jesus e os fariseus sobre uma tradição judaica que não estava relacionada às leis dietéticas. Os fariseus e escribas perceberam que os discípulos de Jesus não realizavam a lavagem cerimonial das mãos antes de comer, conhecida em hebraico como netilat yadayim (נטילת ידיים). Esse ritual envolve lavar as mãos com uma bênção e ainda hoje é uma prática tradicional no judaísmo ortodoxo.
A preocupação dos fariseus não era sobre as leis alimentares de Deus, mas sobre a adesão a essa tradição humana. Eles viam o fato de os discípulos não realizarem o ritual como uma violação dos costumes, equiparando isso à impureza.
A RESPOSTA DE JESUS: O QUE IMPORTA É O CORAÇÃO
Jesus passa grande parte de Marcos 7 ensinando que o que realmente contamina uma pessoa não são práticas externas ou tradições, mas sim a condição do coração. Ele enfatiza que a impureza espiritual vem de dentro, dos pensamentos e ações pecaminosas, e não da não observância de rituais cerimoniais.
Quando Jesus explica que a comida não torna uma pessoa impura porque entra no sistema digestivo e não no coração, Ele não está falando das leis dietéticas, mas sim da tradição da lavagem das mãos. Seu foco está na pureza interna, e não em rituais externos.
UMA ANÁLISE MAIS PROFUNDA DE MARCOS 7:19
Marcos 7:19 é muitas vezes mal interpretado devido a uma nota entre parênteses inexistente no texto original que algumas versões da Bíblia inseriram, afirmando: “Assim, ele declarou todos os alimentos puros.” No texto grego, a frase real diz apenas:
“οτι ουκ εισπορευεται αυτου εις την καρδιαν αλλ εις την κοιλιαν και εις τον αφεδρωνα εκπορευεται καθαριζον παντα τα βρωματα,”
que traduzido literalmente significa:
“Porque não entra em seu coração, mas no ventre, e sai para a latrina, purificando todos os alimentos.”
Ler “sai para a latrina, purificando todos os alimentos” e traduzir como “com isso, ele declarou todos os alimentos puros” é uma tentativa grosseira de manipular o texto para se encaixar em um viés comum contra a Lei de Deus entre seminários e editores de Bíblias.
O que faz mais sentido é que Jesus está simplesmente descrevendo o processo digestivo em termos comuns da época. O sistema digestivo recebe os alimentos, extrai os nutrientes e componentes benéficos que o corpo precisa (a parte limpa) e depois expele o restante como dejeto. A frase “purificando todos os alimentos” provavelmente se refere a esse processo natural de separação dos nutrientes do que será descartado.
Portanto, não há nenhuma evidência no texto original de Marcos 7 que sugira que Jesus estava abolindo as leis sobre carnes impuras. Esse argumento é baseado em uma tradução tendenciosa e não em um ensino genuíno das Escrituras.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
Marcos 7:1-23 não trata da abolição das leis dietéticas de Deus, mas sim da rejeição das tradições humanas que priorizavam rituais externos em detrimento do coração. Jesus ensinou que a verdadeira impureza vem de dentro, e não da não observância da lavagem cerimonial das mãos. A alegação de que “Jesus declarou todos os alimentos puros” é uma má interpretação do texto, enraizada em preconceitos contra as leis eternas de Deus. Ao ler cuidadosamente o contexto e o idioma original, fica claro que Jesus manteve os ensinamentos da Torá e não rejeitou as leis alimentares dadas por Deus.
FALSO ARGUMENTO: “Em uma visão, Deus disse ao apóstolo Pedro que agora podemos comer a carne de qualquer animal”
A VERDADE:
Muitos citam a visão de Pedro em Atos 10 como prova de que Deus aboliu as leis dietéticas sobre animais impuros. No entanto, uma análise mais detalhada do contexto e do propósito da visão revela que ela não tinha nada a ver com mudar as regras sobre carne limpa e impura. Em vez disso, a visão foi um meio de ensinar a Pedro a aceitar os gentios no povo de Deus, e não de alterar as instruções alimentares dadas por Deus.
A VISÃO DE PEDRO E SEU PROPÓSITO
Em Atos 10, Pedro tem uma visão de um lençol descendo do céu, contendo diversos tipos de animais, tanto puros quanto impuros, acompanhada da ordem para “matar e comer”. A resposta imediata de Pedro deixa claro seu entendimento:
“De modo nenhum, Senhor! Nunca comi coisa alguma impura ou imunda” (Atos 10:14).
Essa reação é significativa por vários motivos:
- Pedro ainda obedecia às leis dietéticas
Esta visão ocorre depois da ascensão de Jesus e do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Se Jesus tivesse abolido as leis alimentares durante Seu ministério, Pedro, que era um de Seus discípulos mais próximos, saberia disso e não teria reagido com tanta resistência. O fato de Pedro recusar comer animais impuros demonstra que ele ainda observava as leis dietéticas e não tinha conhecimento de qualquer suposta revogação. - O verdadeiro significado da visão
A visão se repete três vezes, enfatizando sua importância, mas seu real significado é esclarecido alguns versículos depois, quando Pedro visita a casa de Cornélio, um gentio. O próprio Pedro explica o significado da visão:
“Deus me mostrou que eu não devo chamar ninguém de impuro ou imundo” (Atos 10:28).A visão não era sobre comida, mas uma mensagem simbólica. Deus usou a imagem dos animais limpos e impuros para ensinar Pedro que as barreiras entre judeus e gentios estavam sendo removidas e que os gentios agora poderiam ser aceitos na comunidade da aliança de Deus.
INCONSISTÊNCIAS LÓGICAS COM A INTERPRETAÇÃO DE QUE “AS LEIS DIETÉTICAS FORAM ABOLIDAS”
A afirmação de que a visão de Pedro aboliu as leis alimentares ignora vários pontos críticos:
- A resistência inicial de Pedro
Se as leis dietéticas já tivessem sido abolidas, a objeção de Pedro não faria sentido. Suas palavras refletem sua continuação na obediência a essas leis, mesmo após anos seguindo Jesus. - Nenhuma evidência bíblica de abolição
Em nenhum momento Atos 10 declara que as leis dietéticas foram abolidas. O foco é exclusivamente na inclusão dos gentios, e não em uma nova definição sobre o que é permitido ou proibido para consumo. - O simbolismo da visão
O propósito da visão se torna evidente na sua aplicação. Quando Pedro percebe que Deus não faz acepção de pessoas, mas aceita aqueles que O temem e praticam a justiça (Atos 10:34-35), fica claro que a visão tratava da inclusão dos gentios, e não da revogação das leis dietéticas. - Contradições na interpretação cristã tradicional
Se a visão fosse realmente sobre a abolição das leis alimentares, ela contraditaria todo o contexto do livro de Atos, onde os crentes judeus, incluindo Pedro, continuaram a observar a Torá. Além disso, a visão perderia seu significado simbólico se fosse interpretada literalmente, pois então trataria apenas das práticas alimentares e não da questão mais importante da inclusão dos gentios.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
A visão de Pedro em Atos 10 não tratava de comida, mas de pessoas. Deus usou a imagem de animais limpos e impuros para transmitir uma verdade espiritual mais profunda: que o evangelho era para todas as nações e que os gentios não deveriam mais ser considerados impuros ou excluídos do povo de Deus.
Interpretar essa visão como uma revogação das leis dietéticas é um erro grave que distorce tanto o contexto quanto o propósito da passagem.
As instruções dietéticas dadas por Deus em Levítico 11 permanecem inalteradas e nunca foram o foco dessa visão. As próprias ações e explicações de Pedro confirmam isso.
O verdadeiro significado da visão é sobre quebrar barreiras entre povos, e não alterar as leis eternas de Deus.
FALSO ARGUMENTO: “O Concílio de Jerusalém decidiu que os gentios poderiam comer qualquer coisa, desde que não fosse estrangulada e com sangue.”
A VERDADE:
O Concílio de Jerusalém é frequentemente mal interpretado para sugerir que os gentios receberam permissão para desconsiderar a maioria dos mandamentos de Deus e seguir apenas quatro requisitos básicos. No entanto, um exame mais atento revela que este concílio não tratava da abolição da Lei para os gentios, mas sim de facilitar sua entrada inicial nas comunidades messiânicas.
O QUE FOI O CONCÍLIO DE JERUSALÉM?
A questão principal discutida no concílio era se os gentios precisavam se comprometer integralmente com toda a Torá—incluindo a circuncisão—antes de ouvirem o evangelho e participarem das reuniões das primeiras congregações messiânicas.
Por séculos, a tradição judaica sustentava que um gentio deveria primeiro adotar todas as práticas da Torá—como a circuncisão, a guarda do sábado, as leis alimentares e outros mandamentos—antes que um judeu pudesse interagir livremente com ele (ver Mateus 10:5-6; João 4:9; Atos 10:28).
O concílio não estava decidindo quais leis os gentios deveriam ou não seguir, mas sim reconhecendo que eles poderiam começar sua jornada de fé sem adotar de imediato todas essas práticas.
QUATRO REQUISITOS INICIAIS PARA A HARMONIA
O concílio concluiu que os gentios poderiam frequentar as reuniões das congregações messiânicas, desde que evitassem quatro práticas específicas (Atos 15:20):
- Comida contaminada por ídolos – Evitar alimentos sacrificados a ídolos, pois a idolatria era profundamente ofensiva aos crentes judeus.
- Imoralidade sexual – Abster-se de pecados sexuais, que eram comuns entre os pagãos.
- Carne de animais estrangulados – Não consumir carne de animais que não foram abatidos corretamente, pois isso preservava o sangue.
- Sangue – Não ingerir sangue, uma prática proibida na Torá (Levítico 17:10-12).
Essas exigências não eram um resumo de todas as leis que os gentios deveriam seguir, mas um ponto de partida para garantir a paz e a unidade entre crentes judeus e gentios dentro das congregações.
O QUE ESSA DECISÃO NÃO SIGNIFICOU
A ideia de que esses quatro requisitos eram as únicas leis que os gentios precisavam obedecer é absurda.
- Os gentios poderiam violar os Dez Mandamentos?
- Poderiam adorar outros deuses, blasfemar contra Deus, roubar ou matar? Claro que não! Essa conclusão contradiz todas as Escrituras sobre a justiça de Deus.
- O concílio estava dando um ponto de partida, não um ponto final.
- A decisão abordava como os gentios poderiam começar sua jornada na fé, e não um conjunto definitivo de regras. Esperava-se que eles crescessem em conhecimento e obediência com o tempo.
ATOS 15:21 TRAZ A CHAVE PARA A QUESTÃO
O concílio não aboliu os mandamentos de Deus, e isso fica claro pelo que foi dito logo após a decisão:
“Porque Moisés [a Lei de Deus] tem em cada cidade, desde os tempos antigos, quem o pregue nas sinagogas, onde é lido todos os sábados.” (Atos 15:21)
Essa passagem demonstra que os gentios continuariam aprendendo a Torá ao frequentar as sinagogas. Os apóstolos nunca sugeriram que os mandamentos de Deus fossem descartados. Pelo contrário, esperava-se que os gentios aprendessem gradualmente a obedecer a Deus conforme ouvissem a Torá sendo ensinada.
CONTEXTO DOS ENSINAMENTOS DE JESUS
O próprio Jesus enfatizou a importância dos mandamentos de Deus.
Nos evangelhos, Ele ensina claramente que guardar os mandamentos faz parte da fé verdadeira:
- “Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos.” (Mateus 19:17)
- “Bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a obedecem.” (Lucas 11:28)
- Todo o Sermão da Montanha (Mateus 5-7) reforça a necessidade de obedecer a Deus.
Se Jesus nunca aboliu os mandamentos, os apóstolos também não poderiam ter feito isso.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
O Concílio de Jerusalém não decretou que os gentios poderiam comer qualquer coisa ou ignorar os mandamentos de Deus. Ele lidou com um problema prático: como os gentios poderiam começar a frequentar as congregações messiânicas sem serem sobrecarregados de imediato com todas as práticas da Torá.
As quatro exigências estabelecidas eram diretrizes iniciais para promover a harmonia entre crentes judeus e gentios em comunidades mistas.
A expectativa sempre foi que os gentios crescessem no conhecimento e na obediência com o tempo, pois a Torá continuava sendo ensinada todos os sábados.
Afirmar que Atos 15 permitiu que os gentios comessem qualquer coisa ou ignorassem os mandamentos é uma distorção da decisão do concílio e do ensino das Escrituras como um todo.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
A alegação de que “o apóstolo Paulo ensinou que Cristo cancelou a necessidade de obedecer às leis de Deus para a salvação” não tem base nas Escrituras que precederam Paulo. Não há profecias no Antigo Testamento que indiquem que Deus enviaria alguém após o Messias para anular Seus mandamentos.
FALSO ARGUMENTO: “O apóstolo Paulo ensinou que Cristo cancelou a necessidade de obedecer às leis de Deus para a salvação.”
A VERDADE:
A maioria dos líderes cristãos interpreta incorretamente os escritos de Paulo, afirmando que ele se opôs à Lei de Deus e ensinou aos gentios que obedecer aos mandamentos era desnecessário ou até perigoso para a salvação.
Essa ideia gerou uma enorme confusão teológica, pois contradiz não apenas os profetas, mas também as próprias palavras de Jesus.
Teólogos que rejeitam essa interpretação gastam tempo tentando harmonizar as cartas de Paulo com a obediência à Lei, argumentando que suas palavras foram mal compreendidas ou retiradas do contexto.
Porém, o problema central não está na interpretação das cartas de Paulo, mas na própria suposição de que devemos considerar sua autoridade para tratar dessa questão.
POR QUE EXPLICAR PAULO É O CAMINHO ERRADO?
Muitas pessoas tentam defender Paulo afirmando que ele não contradisse Jesus nem os profetas do Antigo Testamento. No entanto, o verdadeiro problema não é o que Paulo realmente quis dizer, mas se deveríamos considerar seus ensinamentos como determinantes nessa questão.
Dedicamos esforços para tentar “interpretar corretamente Paulo”, mas isso eleva um ser humano a um status igual ou maior que os profetas e até mesmo que o próprio Jesus.
O caminho correto não é tentar justificar Paulo, mas perguntar: As Escrituras antes de Paulo predisseram ou validaram a ideia de que alguém viria após Jesus para ensinar algo que anula as leis de Deus?
Se houvesse uma profecia clara de que um homem de Tarso seria enviado para modificar ou reinterpretar a Lei, então poderíamos considerar seus ensinamentos nesse sentido como autorizados por Deus. Porém, essa profecia não existe.
A AUSÊNCIA DE PROFECIAS SOBRE PAULO
As Escrituras contêm profecias claras sobre o Messias e sobre alguns indivíduos que apareceriam no Novo Testamento, mas Paulo não é um deles.
As únicas pessoas explicitamente mencionadas ou prefiguradas no Antigo Testamento que aparecem no Novo Testamento são:
- João Batista – O precursor do Messias foi profetizado e confirmado por Jesus (Isaías 40:3, Malaquias 4:5-6, Mateus 11:14).
- Judas Iscariotes – Algumas referências indiretas aparecem em Salmos 41:9 e Salmos 69:25.
- José de Arimateia – Isaías 53:9 faz uma alusão indireta ao homem que providenciaria o sepultamento de Jesus.
Além desses, nenhuma profecia menciona que Deus enviaria outra pessoa para ensinar algo novo após Jesus.
Se Paulo fosse realmente um mensageiro divinamente designado para alterar a Lei de Deus, Deus certamente teria dado uma profecia clara e inequívoca sobre ele antes da sua chegada.
Porém, não há qualquer menção de alguém de Tarso recebendo autoridade para modificar a Lei ou ensinar que a obediência a Deus não era mais necessária.
O QUE JESUS PROFETIZOU QUE ACONTECERIA APÓS SUA ASCENSÃO?
Jesus fez várias profecias sobre eventos futuros, incluindo:
- A destruição do Templo (Mateus 24:2).
- A perseguição aos Seus discípulos (João 15:20, Mateus 10:22).
- A pregação do Reino a todas as nações (Mateus 24:14).
Contudo, em nenhum momento Jesus mencionou que Deus enviaria um novo mestre com autoridade para modificar Seus mandamentos.
Se a vinda de Paulo com um suposto “novo entendimento” fosse parte do plano de Deus, Jesus teria profetizado isso claramente, pois um evento dessa magnitude não poderia passar despercebido.
A ausência total de profecias sobre Paulo é prova suficiente de que ele não foi enviado para mudar nada no plano de Deus.
CONCLUSÃO
A crença de que Paulo ensinou que Cristo cancelou a necessidade de obedecer às leis de Deus para a salvação é um erro grave.
Não existe nenhuma profecia no Antigo Testamento ou nos Evangelhos que mencione que Deus enviaria um novo líder para modificar a Lei ou para ensinar que a obediência não era mais necessária.
Se Deus tivesse a intenção de mudar Seu plano após a ascensão de Jesus, Ele teria profetizado essa mudança com antecedência, como fez com João Batista e com o próprio Messias.
A verdade é simples: as Escrituras que precederam Paulo não validam seus ensinamentos sobre a Lei, porque nunca foi o plano de Deus cancelá-la.
O VERDADEIRO TESTE DOS ESCRITOS DE PAULO
Isso não significa que devemos rejeitar os escritos de Paulo, nem os de Pedro, João ou Tiago. Em vez disso, devemos abordá-los com cautela, garantindo que qualquer interpretação esteja em total harmonia com as Escrituras fundamentais: a Lei e os Profetas do Antigo Testamento e os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos.
O problema não está nos escritos em si, mas sim nas interpretações que teólogos e líderes cristãos impuseram sobre eles.
Portanto, qualquer interpretação dos ensinamentos de Paulo deve ser submetida a dois critérios essenciais:
- O Antigo Testamento – A Lei de Deus revelada através de Seus profetas.
- Os Quatro Evangelhos – As palavras e ações de Jesus, que cumpriu e ensinou a Lei.
Se uma interpretação não estiver alinhada com esses critérios, então não pode ser aceita como verdade.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
A alegação de que Paulo ensinou o cancelamento das leis de Deus, incluindo as instruções alimentares, não encontra suporte nas Escrituras.
Não há nenhuma profecia que anuncie tal mensagem, e o próprio Jesus confirmou a validade da Lei.
Portanto, qualquer ensino que afirme o contrário deve ser examinado à luz da Palavra imutável de Deus.
Como seguidores do Messias, devemos buscar alinhamento com o que Deus já revelou, e não confiar em interpretações que contradizem Seus mandamentos eternos.
O ENSINO DE JESUS, POR PALAVRA E EXEMPLO
O verdadeiro discípulo de Cristo modela toda a sua vida Nele.
Jesus deixou claro que, se O amamos, obedeceremos ao Pai e ao Filho (João 14:15).
Essa não é uma exigência para os fracos, mas para aqueles que têm seus olhos fixos no Reino de Deus e que estão dispostos a fazer o que for necessário para herdar a vida eterna—mesmo que isso traga oposição da família, dos amigos e da igreja.
Os mandamentos sobre cabelos e barba, tzitzit, circuncisão, o sábado e as carnes proibidas são ignorados por quase toda a cristandade.
Os que se recusam a seguir a multidão enfrentarão perseguição, exatamente como Jesus nos advertiu (Mateus 5:10).
Mas a obediência a Deus exige coragem—e a recompensa é a eternidade.

AS CARNES PROIBIDAS SEGUNDO A LEI DE DEUS
As leis dietéticas de Deus, estabelecidas na Torá, definem claramente quais animais Seu povo pode comer e quais devem ser evitados. Essas instruções enfatizam santidade, obediência e separação de práticas que contaminam.
Abaixo está uma lista detalhada das carnes proibidas, com referências bíblicas.
1. ANIMAIS TERRESTRES QUE NÃO RUMINAM OU NÃO POSSUEM CASCOS FENDIDOS
- Para serem considerados puros, os animais terrestres precisam ter ambos os critérios: ruminar e ter cascos fendidos.
- Exemplos de Animais Proibidos:
- Camelo (gamal, גָּמָל) – Rumina, mas não tem cascos fendidos (Levítico 11:4).
- Cavalo (sus, סוּס) – Não rumina e não tem cascos fendidos.
- Porco (chazir, חֲזִיר) – Tem cascos fendidos, mas não rumina (Levítico 11:7).
2. CRIATURAS AQUÁTICAS SEM BARBATANAS E ESCAMAS
- Apenas peixes que possuem barbatanas e escamas são permitidos.
- Exemplos de Criaturas Proibidas:
- Bagre – Não tem escamas.
- Frutos do mar – Inclui camarão, caranguejo, lagosta e mariscos.
- Enguias – Não têm barbatanas nem escamas.
- Lulas e Polvos – Não têm barbatanas nem escamas (Levítico 11:9-12).
3. AVES DE RAPINA, NECRÓFAGAS E OUTRAS AVES PROIBIDAS
- A lei especifica certas aves que não devem ser consumidas, geralmente aquelas associadas à predação ou ao consumo de carniça.
- Exemplos de Aves Proibidas:
- Águia (nesher, נֶשֶׁר) (Levítico 11:13).
- Abutre (da’ah, דַּאָה) (Levítico 11:14).
- Corvo (orev, עֹרֵב) (Levítico 11:15).
- Mocho, falcão, corvo-marinho e outras aves listadas (Levítico 11:16-19).
4. INSETOS VOADORES QUE SE MOVEM SOBRE QUATRO PATAS
- Em geral, insetos voadores são impuros, exceto aqueles que possuem patas articuladas para saltar.
- Exemplos de Insetos Proibidos:
- Moscas, mosquitos e besouros.
- Exceção: Gafanhotos e certos tipos de locustas são permitidos (Levítico 11:20-23).
5. ANIMAIS QUE RASTEJAM SOBRE A TERRA
- Qualquer criatura que se arrasta sobre o ventre ou tem múltiplas patas e rasteja no solo é impura.
- Exemplos de Criaturas Proibidas:
- Serpentes.
- Lagartos.
- Ratos e toupeiras (Levítico 11:29-30, 11:41-42).
6. ANIMAIS MORTOS OU EM DECOMPOSIÇÃO
- Mesmo os animais puros não podem ser comidos se morreram naturalmente ou foram mortos por predadores.
- Referências: Levítico 11:39-40, Êxodo 22:31.
7. CRUZAMENTO ENTRE ESPÉCIES
- Embora não seja diretamente uma lei dietética, o cruzamento de espécies diferentes é proibido, o que implica a necessidade de cuidado com a produção alimentar.
- Referência: Levítico 19:19.
O PROPÓSITO DESSAS LEIS
Essas instruções demonstram o desejo de Deus de que Seu povo seja distinto, honrando-O até mesmo nas escolhas alimentares.
Ao obedecer a essas leis, os seguidores do Senhor demonstram respeito e fidelidade aos Seus mandamentos sagrados.
Apêndice 5: O Dia de Sábado e os Dias de ir à Igreja, Duas Coisas Diferentes
QUAL É O DIA PARA IR À IGREJA?
NENHUM MANDAMENTO SOBRE UM DIA ESPECÍFICO PARA O CULTO
Vamos começar este estudo indo direto ao ponto: não há nenhum mandamento de Deus que indique em que dia um cristão deve ir à igreja, mas há um que determina em que dia ele deve descansar.
O cristão pode ser pentecostal, batista, católico, presbiteriano ou de qualquer outra denominação, frequentando cultos e estudos bíblicos aos domingos ou em qualquer outro dia, mas isso não o isenta da obrigação de descansar no dia ordenado por Deus: o sétimo dia.
O CULTO PODE SER EM QUALQUER DIA
Deus nunca estipulou em que dia Seus filhos deveriam adorá-Lo: não sábado, não domingo, não segunda, terça, etc.
Qualquer dia que o cristão quiser dedicar à adoração a Deus com suas orações, louvores e estudos, ele pode fazê-lo, seja sozinho, em família ou em grupo. O dia em que ele se reúne com seus irmãos para louvar a Deus não tem relação com o quarto mandamento e não está ligado a nenhum outro mandamento dado por Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O MANDAMENTO DO SÉTIMO DIA
O FOCO É O DESCANSO, NÃO O CULTO
Se Deus realmente quisesse que Seus filhos fossem ao tabernáculo, templo ou igreja no sábado (ou no domingo), Ele obviamente teria mencionado esse detalhe importante no mandamento.
Mas, como veremos a seguir, isso nunca aconteceu. O mandamento apenas diz que não devemos trabalhar nem obrigar ninguém, nem mesmo os animais, a trabalhar no dia que Ele, Deus, santificou.
POR QUE DEUS SEPAROU O SÉTIMO DIA?
Deus menciona o sábado como um dia santo (separado, consagrado) em diversos trechos das Escrituras, começando pela semana da criação:
“E Deus completou no sétimo dia a obra que havia feito, e descansou [Heb. שׁבת (Shabbat), verbo: cessar, descansar] nesse dia de toda a obra que havia realizado. E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou [Heb. קדוש (kadosh), substantivo: santo, consagrado, separado], porque nele descansou de toda a obra que havia criado e feito” (Gênesis 2:2-3).
Nesta primeira menção ao sábado, Deus estabelece a base do mandamento que mais tarde nos daria em detalhes:
- 1. O Criador separou este dia dos seis dias que o precederam (domingo, segunda, terça, etc.).
- 2. Ele descansou neste dia. Sabemos, obviamente, que o Criador não precisa descansar, pois Deus é Espírito (João 4:24). No entanto, Ele usou essa linguagem humana, conhecida na teologia como antropomorfismo, para nos fazer entender o que espera que Seus filhos na terra façam no sétimo dia: descansar, em hebraico, Shabbat.

O SÁBADO E O PECADO
O fato de a santificação (ou separação) do sétimo dia dos outros dias ter ocorrido tão cedo na história humana é significativo porque deixa claro que o desejo do Criador de que descansemos especificamente neste dia não está ligado ao pecado, pois o pecado ainda não existia na terra. Isso indica que, no céu e na nova terra, continuaremos a descansar no sétimo dia.
O SÁBADO E O JUDAÍSMO
Também observamos que essa não é uma tradição do judaísmo, pois Abraão, de quem descenderiam os judeus, só surgiria na história séculos depois. Trata-se, sim, de um sinal para mostrar aos verdadeiros filhos de Deus na terra qual é o comportamento do Pai neste dia, para que possamos imitá-Lo, assim como Jesus fez:
“Em verdade, em verdade vos digo: o Filho nada pode fazer de Si mesmo, a não ser o que vê o Pai fazer; porque tudo o que este faz, o Filho também o faz igualmente” (João 5:19).
MAIS DETALHES SOBRE O QUARTO MANDAMENTO
O SÉTIMO DIA EM GÊNESIS
Esta é a referência em Gênesis que deixa mais do que claro que o Criador separou o sétimo dia dos demais e que este é um dia de descanso.
Até este ponto na Bíblia, o Senhor ainda não havia especificado o que o homem, criado no dia anterior, deveria fazer no sétimo dia. Somente quando o povo escolhido iniciou sua jornada rumo à terra prometida é que Deus lhes deu instruções detalhadas sobre o sétimo dia.
Após 400 anos vivendo como escravos em uma terra pagã, o povo escolhido precisava de esclarecimento sobre o sétimo dia. Por isso, Deus escreveu pessoalmente esse mandamento em uma tábua de pedra, para que todos compreendessem que foi o próprio Senhor, e não um ser humano, quem deu essa ordem.
O QUARTO MANDAMENTO COMPLETO
Vejamos o que Deus escreveu sobre o sétimo dia na íntegra:
“Lembra-te do sábado [Heb. שׁבת (Shabbat), v. cessar, descansar, desistir], para o santificar [Heb. קדש (kadesh), v. santificar, consagrar]. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra [Heb. מלאכה (m’larrá), n.d. trabalho, ocupação]; mas o sétimo dia [Heb. ום השׁביעי (uma shivi-i), sétimo dia] é o descanso do Senhor teu Deus. Nele não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus, a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou” (Êxodo 20:8-11).
POR QUE O MANDAMENTO COMEÇA COM O VERBO “LEMBRAR”?
UM LEMBRETE DE UMA PRÁTICA JÁ EXISTENTE
O fato de Deus iniciar o mandamento com o verbo lembrar [Heb. זכר (zakar), v. lembrar, recordar] deixa claro que o descanso no sétimo dia não era algo novo para Seu povo.
Devido à condição de escravidão no Egito, eles não podiam descansar com frequência ou da maneira correta. Além disso, vale notar que este é, de longe, o mandamento mais detalhado dos dez que foram dados ao povo, ocupando um terço dos versículos bíblicos dedicados aos mandamentos.
O FOCO DO MANDAMENTO
Poderíamos explorar esta passagem de Êxodo com profundidade, mas o objetivo deste estudo é destacar um ponto essencial: o Senhor não mencionou nada no quarto mandamento relacionado a adoração a Deus, reuniões em templos para cantar, orar ou estudar as Escrituras.
O que Ele enfatizou foi que devemos lembrar que foi este dia, o sétimo, que Ele santificou e separou como um dia de descanso.
O DESCANSO É OBRIGATÓRIO PARA TODOS
O mandamento de Deus para descansar no sétimo dia é tão sério que Ele ampliou a ordem para incluir nossos visitantes (estrangeiros), empregados (servos) e até mesmo os animais, deixando muito claro que nenhum trabalho secular seria permitido nesse dia.
A OBRA DE DEUS, AS NECESSIDADES BÁSICAS E OS ATOS DE BONDADE NO SÁBADO
OS ENSINAMENTOS DE JESUS SOBRE O SÁBADO
Quando esteve entre nós, Jesus deixou claro que atos relacionados à obra de Deus na terra (João 5:17), às necessidades humanas básicas, como se alimentar (Mateus 12:1), e os atos de bondade para com os outros (João 7:23) podem e devem ser feitos no sétimo dia sem que isso viole o quarto mandamento.
DESCANSAR E SE ALEGRAR EM DEUS
No sétimo dia, o filho de Deus descansa de seu trabalho, imitando assim seu Pai nos céus. Ele também adora a Deus e se deleita em Sua lei, não apenas no sétimo dia, mas em todos os dias da semana.
O filho de Deus ama e tem prazer em obedecer tudo o que seu Pai lhe ensinou:
“Bem-aventurado é o homem que não anda no conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na Sua lei medita de dia e de noite” (Salmos 1:1-2; veja também: Salmos 40:8; 112:1; 119:11; 119:35; 119:48; 119:72; 119:92; Jó 23:12; Jeremias 15:6; Lucas 2:37; 1 João 5:3).
A PROMESSA DE ISAÍAS 58:13-14
Deus usou o profeta Isaías como Seu porta-voz para fazer uma das mais belas promessas da Bíblia àqueles que O obedecem guardando o sábado como um dia de descanso:
“Se desviares o teu pé de profanar o sábado, de fazer a tua vontade no meu santo dia; se chamares o sábado deleitoso, santo e glorioso do Senhor; e o honrares, não seguindo os teus próprios caminhos, nem buscando a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse” (Isaías 58:13-14).
AS BÊNÇÃOS DO SÁBADO TAMBÉM SÃO PARA OS GENTIOS
OS GENTIOS E O SÉTIMO DIA
Uma promessa especial e belíssima relacionada ao sétimo dia está reservada para aqueles que buscam as bênçãos de Deus. Ao mesmo profeta, o Senhor foi ainda mais longe, deixando claro que as bênçãos do sábado não estão limitadas aos judeus.
A PROMESSA DE DEUS AOS GENTIOS QUE GUARDAM O SÁBADO
“E quanto aos gentios (נֵכָר nfikhār – estrangeiros, não judeus) que se unem ao Senhor para servi-Lo, para amar o nome do Senhor e para serem Seus servos, todos os que guardam o sábado sem profaná-lo e abraçam a Minha aliança, eu os levarei ao Meu santo monte e os alegrarei na Minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos sobre o meu altar; pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Isaías 56:6-7).
O SÁBADO E AS ATIVIDADES NA IGREJA
DESCANSANDO NO SÉTIMO DIA
O cristão obediente, seja um judeu messiânico ou um gentio, descansa no sétimo dia porque este, e nenhum outro, é o dia que o Senhor instruiu para o descanso.
Se deseja interagir com Deus em grupo ou adorá-Lo ao lado de irmãos e irmãs em Cristo, pode fazê-lo sempre que houver oportunidade, o que geralmente ocorre aos domingos e também às quartas ou quintas-feiras, quando muitas igrejas realizam cultos de oração, doutrina, cura e outros serviços.
Tanto os judeus no período bíblico quanto os judeus ortodoxos modernos frequentam as sinagogas aos sábados porque isso é, obviamente, mais conveniente, uma vez que não trabalham nesse dia, em obediência ao quarto mandamento.
JESUS E O SÁBADO
SUA PRESENÇA REGULAR NO TEMPLO
O próprio Jesus frequentava o templo aos sábados regularmente, mas em nenhum momento Ele deu a entender que fazia isso porque fazia parte do quarto mandamento — porque simplesmente não faz.

JESUS TRABALHAVA PARA A SALVAÇÃO DAS ALMAS NO SÁBADO
Jesus estava ocupado sete dias por semana realizando a obra do Pai:
“A minha comida”, disse Jesus, “é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a Sua obra” (João 4:34).
E também:
“Mas Jesus lhes respondeu: ‘Meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho'” (João 5:17).
No sábado, Ele frequentemente encontrava o maior número de pessoas no templo que precisavam ouvir a mensagem do Reino:
“Foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era Seu costume. E levantou-se para ler” (Lucas 4:16).
O ENSINO DE JESUS, POR PALAVRA E EXEMPLO
O verdadeiro discípulo de Cristo modela sua vida em todos os aspectos conforme Ele nos ensinou. Jesus indicou claramente que, se O amamos, seremos obedientes ao Pai e ao Filho.
Essa não é uma exigência para os fracos, mas para aqueles que têm seus olhos fixos no Reino de Deus e estão dispostos a fazer o que for necessário para alcançar a vida eterna — mesmo que isso gere oposição de amigos, igreja e família.
O mandamento sobre cabelo e barba, tzitzit, circuncisão, sábado e as carnes proibidas são ignorados por quase todo o cristianismo, e aqueles que se recusam a seguir a multidão certamente serão perseguidos, assim como Jesus nos alertou.
A obediência a Deus exige coragem, mas a recompensa é a eternidade.
Apêndice 4: O Cabelo e a Barba do Cristão
UMA MANDAMENTO DE DEUS TÃO SIMPLES, E COMPLETAMENTE IGNORADO
O MANDAMENTO EM LEVÍTICO 19:27
Não há justificativa bíblica para que praticamente todas as denominações cristãs ignorem o mandamento de Deus sobre os homens manterem seus cabelos e barbas conforme o Senhor instruiu.
Sabemos que esse mandamento foi fielmente observado por todos os judeus durante o período bíblico sem interrupção, assim como os judeus ultraortodoxos ainda o observam hoje, embora com detalhes não bíblicos devido a uma interpretação rabínica equivocada da passagem.
Também não há dúvidas de que Jesus, juntamente com todos os Seus apóstolos e discípulos, obedeceu fielmente a todos os mandamentos contidos na Torá, incluindo Levítico 19:27:
“Não raspem o cabelo em volta da cabeça nem raspem a barba rente à pele.”
INFLUÊNCIA GRECO-ROMANA
Os primeiros cristãos começaram a se afastar do mandamento sobre o cabelo e a barba, em grande parte devido às influências culturais nos primeiros séculos da era cristã.
PRÁTICAS CULTURAIS E COMPROMISSOS
À medida que o cristianismo se espalhava pelo mundo greco-romano, os convertidos traziam consigo suas práticas culturais. Tanto os gregos quanto os romanos tinham normas de higiene e aparência que incluíam raspar e aparar os cabelos e as barbas. Essas práticas começaram a influenciar os costumes dos cristãos gentios.

O FRACASSO DA IGREJA EM SE MANTER FIRME
Esse deveria ter sido o momento em que os líderes da igreja se posicionassem firmemente, enfatizando a necessidade de permanecer fiéis aos ensinamentos dos profetas e de Jesus, independentemente dos valores e práticas culturais.
Eles não deveriam ter feito concessões em nenhum dos mandamentos de Deus. No entanto, essa falta de determinação foi transmitida através das gerações, resultando em um povo enfraquecido em sua capacidade de permanecer fiel à Lei de Deus.
O REMANESCENTE PRESERVADO POR DEUS
Essa fraqueza persiste até os dias de hoje, e a igreja que vemos agora está muito distante daquela que Jesus estabeleceu. A única razão pela qual ela continua existindo é que, como sempre, Deus tem preservado um remanescente fiel:
“Conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou” (1 Reis 19:18).
O SIGNIFICADO DO MANDAMENTO
UM LEMBRETE DE OBEDIÊNCIA
O mandamento referente ao cabelo e à barba é um lembrete tangível da obediência e da separação das influências mundanas. Ele reflete um estilo de vida dedicado a honrar as instruções de Deus acima das normas culturais ou sociais.

Jesus e Seus apóstolos modelaram essa obediência, e o exemplo deles deve inspirar os fiéis de hoje a resgatar esse mandamento muitas vezes negligenciado como parte da sua fidelidade à santa Lei de Deus.
JESUS, SUA BARBA E SEU CABELO
JESUS COMO O EXEMPLO SUPREMO
Jesus Cristo, através de Sua vida, nos deu o exemplo supremo de como qualquer pessoa que busca a vida eterna deve viver neste mundo. Ele demonstrou a importância de obedecer a todos os mandamentos do Pai, incluindo o mandamento sobre o cabelo e a barba dos filhos de Deus.
Seu exemplo é significativo em dois aspectos principais: para Seus contemporâneos e para as futuras gerações de discípulos.
DESAFIANDO AS TRADIÇÕES RABÍNICAS
Em Seu tempo, a obediência de Jesus à Torá serviu para confrontar muitos dos ensinamentos rabínicos que dominavam a vida judaica. Esses ensinamentos pareciam ser ultra-fiéis à Torá, mas na verdade eram, em grande parte, tradições humanas projetadas para manter as pessoas “escravizadas” a essas regras.
OBEDIÊNCIA PURA E SEM CONTAMINAÇÃO
Ao observar fielmente a Torá — incluindo os mandamentos sobre Sua barba e cabelo — Jesus desafiou essas distorções e forneceu um exemplo puro e incontaminado de obediência à Lei de Deus.
A BARBA DE JESUS NA PROFECIA E EM SEU SOFRIMENTO
A importância da barba de Jesus também é destacada na profecia e em Seu sofrimento. Na predição do tormento do Messias, como o servo sofredor, uma das torturas que Jesus suportou foi ter Sua barba arrancada:
“Ofereci as costas àqueles que me feriam, e as faces àqueles que arrancavam a minha barba; não escondi o rosto da zombaria e dos cuspes” (Isaías 50:6).
Esse detalhe destaca não apenas o sofrimento físico de Jesus, mas também Sua obediência inabalável aos mandamentos de Deus, mesmo diante de um tormento inimaginável. Seu exemplo permanece como um poderoso lembrete para Seus seguidores hoje, incentivando-os a honrar a Lei de Deus em todos os aspectos da vida, assim como Ele fez.
COMO OBSERVAR CORRETAMENTE ESTE MANDAMENTO ETERNO
COMPRIMENTO DO CABELO E DA BARBA
Os homens devem manter seus cabelos e barbas em um comprimento que torne evidente que possuem ambos, mesmo quando observados à distância. Nem muito longos nem muito curtos, o aspecto essencial é que nem os cabelos nem a barba sejam aparados de forma excessiva.
NÃO RASPAR OS CONTORNOS NATURAIS
Os cabelos e a barba não devem ser raspados em seus contornos naturais. Esse é o ponto central do mandamento, baseado na palavra hebraica pe’ah פאה, que significa contorno, borda, extremidade ou lateral. Não se refere ao comprimento de cada fio, mas sim às bordas naturais do cabelo e da barba.
Por exemplo, a mesma palavra pe’ah é usada em referência às extremidades de um campo:
“Quando fizerem a colheita da terra de vocês, não colham até as extremidades (pe’ah) do campo, nem recolham as espigas caídas da colheita” (Levítico 19:9).
É evidente que isso não se refere ao tamanho ou altura do trigo (ou qualquer outra planta), mas sim à área periférica do campo. O mesmo entendimento se aplica ao cabelo e à barba.
ESSENCIAIS PARA OBSERVAR O MANDAMENTO
- Manter a visibilidade: O cabelo e a barba devem estar visivelmente presentes e reconhecíveis, refletindo a distinção ordenada por Deus.
- Preservar os contornos naturais: Não raspar ou alterar os contornos naturais das extremidades do cabelo e da barba.
Ao seguir esses princípios, os homens podem observar fielmente essa instrução divina sobre o cabelo e a barba, honrando os mandamentos eternos de Deus conforme foram dados.
ARGUMENTOS INVÁLIDOS PARA NÃO OBEDECER A ESSE MANDAMENTO DE DEUS
ARGUMENTO INVÁLIDO:
“Somente aqueles que querem ter barba precisam obedecer”
Alguns homens, incluindo líderes messiânicos, argumentam que não precisam obedecer a este mandamento porque raspam completamente suas barbas. Segundo esse raciocínio ilógico, o mandamento só se aplicaria se alguém escolhesse “ter uma barba”. Em outras palavras, apenas se um homem quisesse deixar crescer a barba (ou o cabelo) ele precisaria seguir as instruções de Deus.
Esse raciocínio conveniente não se encontra no texto sagrado. Não há nenhum “se” ou “caso” condicional, apenas instruções claras sobre como o cabelo e a barba devem ser mantidos. Usando essa mesma lógica, alguém poderia ignorar outros mandamentos, como o sábado:
- “Eu não preciso guardar o sétimo dia porque não observo nenhum dia.”
- “Eu não preciso me preocupar com carnes proibidas porque nunca pergunto que tipo de carne está no meu prato.”
Esse tipo de atitude não convence a Deus, pois Ele vê que a pessoa considera Suas leis não como algo prazeroso, mas como um incômodo que gostaria que não existisse. Isso está em total contraste com a atitude dos salmistas:
“Ó Senhor, ensina-me a entender as tuas leis, e eu as seguirei sempre. Dá-me entendimento para que eu guarde a tua lei e a obedeça de todo o coração“ (Salmos 119:33-34).
ARGUMENTO INVÁLIDO:
“O mandamento sobre a barba e o cabelo estava relacionado às práticas pagãs das nações vizinhas”
O mandamento sobre cabelo e barba é frequentemente mal interpretado como sendo relacionado a rituais pagãos pelos mortos, simplesmente porque alguns versículos adjacentes no mesmo capítulo mencionam práticas que Deus proíbe. No entanto, quando examinamos o contexto e a tradição judaica, percebemos que essa interpretação carece de base sólida nas Escrituras.
Esse mandamento é uma instrução clara sobre a aparência pessoal, sem qualquer menção a práticas pagãs relacionadas aos mortos ou a qualquer outro costume pagão.
O CONTEXTO MAIS AMPLO DE LEVÍTICO 19
Levítico 19:1-37 contém uma ampla gama de leis que abrangem diversos aspectos da vida diária e da moralidade. Essas leis incluem mandamentos sobre:
- Não praticar advinhação e feitiçaria (Levítico 19:26).
- Não fazer cortes ou tatuagens no corpo pelos mortos (Levítico 19:28).
- Não prostituir (Levítico 19:29).
- Tratar bem os estrangeiros (Levítico 19:33-34).
- Honrar os idosos (Levítico 19:32).
- Usar pesos e medidas justos (Levítico 19:35-36).
- Não misturar diferentes tipos de sementes (Levítico 19:19).
Cada uma dessas leis reflete a preocupação específica de Deus com a santidade e a ordem dentro do povo de Israel. Assim, é essencial considerar cada mandamento por seus próprios méritos. Não se pode simplesmente alegar que o mandamento de não cortar o cabelo e a barba está vinculado a práticas pagãs apenas porque o versículo 28 menciona cortes e marcas no corpo pelos mortos e o versículo 26 trata de feitiçaria.
NENHUMA CLÁUSULA CONDICIONAL NO MANDAMENTO
SEM EXCEÇÕES NAS ESCRITURAS
Embora existam passagens no Tanach que conectam o ato de raspar o cabelo e a barba com o luto, em nenhum lugar das Escrituras se afirma que um homem pode raspar seu cabelo e barba desde que não o faça como sinal de luto.
Essa cláusula condicional ao mandamento é uma adição humana — uma tentativa de criar exceções que Deus não incluiu em Sua Lei. Tal interpretação acrescenta cláusulas que não estão no texto sagrado, revelando uma busca por justificativas para evitar a obediência completa.
AJUSTAR OS MANDAMENTOS É REBELDIA
Essa atitude de ajustar os mandamentos conforme a conveniência pessoal, em vez de seguir o que foi claramente ordenado, vai contra o espírito de submissão à vontade de Deus. As passagens que mencionam raspar-se pelos mortos servem como advertências de que essa desculpa não justificaria a violação do mandamento sobre cabelo e barba.
OS JUDEUS ORTODOXOS
SUA INTERPRETAÇÃO DO MANDAMENTO
Embora tenham uma compreensão equivocada sobre certos detalhes do corte de cabelo e barba, os judeus ortodoxos, desde a antiguidade, sempre entenderam que o mandamento de Levítico 19:27 era distinto das leis relacionadas a práticas pagãs.
Eles mantêm essa distinção, reconhecendo que a proibição reflete um princípio de santidade e separação, sem relação com o luto ou rituais idólatras.
ANALISANDO OS TERMOS HEBRAICOS
As palavras hebraicas usadas no versículo 27, como taqqifu (תקפו), que significa “cortar ou raspar ao redor”, e tashchit תשחית, que significa “danificar” ou “destruir”, indicam uma proibição contra alterar a aparência natural do homem de uma forma que desonre a imagem de santidade que Deus espera de Seu povo.
Não há conexão com as práticas pagãs descritas nos versículos anteriores ou posteriores.
Afirmar que Levítico 19:27 está relacionado a rituais pagãos é incorreto e tendencioso. O versículo faz parte de um conjunto de mandamentos que orientam a conduta e a aparência do povo de Israel e sempre foi entendido como uma ordem distinta, separada dos ritos de luto ou idolatria mencionados em outras passagens.
O ENSINO DE JESUS, POR PALAVRA E EXEMPLO
O verdadeiro seguidor de Cristo usa Sua vida como modelo para tudo. Jesus deixou claro que, se O amamos, seremos obedientes ao Pai e ao Filho.
Esse é um requisito não para os fracos, mas para aqueles que têm seus olhos fixos no Reino de Deus e estão dispostos a fazer o que for necessário para alcançar a vida eterna — mesmo que isso gere oposição de amigos, igreja e família.
MANDAMENTOS IGNORADOS PELA MAIORIA DO CRISTIANISMO
Os mandamentos sobre cabelo e barba, tzitzit, circuncisão, o sábado e as carnes proibidas são ignorados por praticamente todo o cristianismo. Aqueles que se recusam a seguir a multidão certamente enfrentarão perseguição, exatamente como Jesus nos advertiu.
Obedecer a Deus exige coragem, mas a recompensa é a eternidade.
Apêndice 3: O Tzitzit (Franjas, Cordões, Borlas)
O MANDAMENTO DE LEMBRAR DOS MANDAMENTOS
A INSTRUÇÃO SOBRE OS TZITZITS
O mandamento dos tzitzits, dado por Deus através de Moisés durante os 40 anos de peregrinação, instrui os filhos de Israel — tanto os nascidos na terra quanto os gentios — a fazerem franjas (tzitzits [ציצת], que significa cordões, fios, franjas, borlas) nas bordas de suas vestes e a incluir um fio azul entre elas.
Esse símbolo físico serve para distinguir os seguidores de Deus, funcionando como um lembrete constante de sua identidade e compromisso com Seus mandamentos.
O SIGNIFICADO DO FIO AZUL
A inclusão do fio azul — uma cor frequentemente associada aos céus e à divindade — enfatiza a santidade e a importância desse lembrete. Esse mandamento é declarado como válido “por todas as suas gerações”, indicando que não está restrito a um período específico, mas deve ser observado continuamente:
“O Senhor disse a Moisés: ‘Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que, por todas as gerações, façam para si borlas nas extremidades das suas vestes, colocando um fio azul em cada borla. As borlas servirão para que, ao vê-las, vocês se lembrem de todos os mandamentos do Senhor e os obedeçam, para que não se prostituam, seguindo os desejos do próprio coração e dos olhos. Assim vocês lembrarão de obedecer a todos os meus mandamentos e serão consagrados ao seu Deus’” (Números 15:37-40).
O TZITZIT COMO UMA FERRAMENTA SAGRADA
O tzitzit não é um mero adorno; trata-se de uma ferramenta sagrada para guiar o povo de Deus à obediência. Seu propósito é claro: impedir que os fiéis sigam seus próprios desejos e conduzi-los a uma vida de santidade diante de Deus.
Ao usar os tzitzits, os seguidores do Senhor demonstram sua dedicação aos mandamentos e se lembram diariamente da aliança com Ele.
APENAS PARA HOMENS OU PARA TODOS?
A TERMINOLOGIA HEBRAICA
Uma das perguntas mais comuns sobre esse mandamento é se ele se aplica exclusivamente aos homens ou a todos. A resposta está no termo hebraico usado neste versículo, Bnei Yisrael – בני ישראל, que significa “filhos de Israel” (masculino).
Em outros versículos, no entanto, quando Deus dá instruções para toda a comunidade, a frase Kol-Kahal Yisrael (כל-קהל ישראל), que significa “assembleia de Israel”, é usada, indicando claramente que a instrução se aplica a todos (veja Josué 8:35; Deuteronômio 31:11; 2 Crônicas 34:23).
Há também casos em que a população em geral é mencionada usando a palavra am (עַם), que simplesmente significa “povo”, sendo claramente neutra em relação ao gênero. Por exemplo, quando Deus entregou os Dez Mandamentos: “Assim Moisés desceu até o povo (עַם) e lhes falou” (Êxodo 19:25).
A escolha das palavras para o mandamento sobre os tzitzits, no hebraico original, indica que ele foi especificamente direcionado aos filhos (“homens”) de Israel.
A PRÁTICA ENTRE AS MULHERES HOJE
O USO DOS TZITZITS POR MULHERES
Embora algumas mulheres judias modernas e gentias messiânicas gostem de adornar suas roupas com o que chamam de tzitzits, não há nenhuma indicação de que este mandamento foi originalmente destinado a ambos os sexos.
COMO USAR OS TZITZITS
Os tzitzits devem ser fixados na roupa: dois na parte da frente e dois na parte de trás, exceto durante o banho (naturalmente). Alguns consideram opcional usá-los enquanto dormem. Aqueles que optam por não usá-los ao dormir seguem a lógica de que o propósito dos tzitzits é servir como um lembrete visual, o que se torna irrelevante quando se está dormindo.
A pronúncia de tzitzits é (zitzit), e as formas plurais são tzitzitot (zitziôt) ou simplesmente tzitzits.
A COR DOS FIOS
NENHUM TOM ESPECÍFICO DE AZUL É EXIGIDO
É importante observar que a passagem não especifica o tom exato de azul (ou roxo) para o fio especial. No judaísmo moderno, muitos optam por não incluir o fio azul, alegando que a tonalidade exata é desconhecida, e em vez disso utilizam apenas fios brancos nos tzitzits. No entanto, se o tom exato fosse um fator crucial, Deus certamente teria dado uma instrução clara a esse respeito.
A essência do mandamento está na obediência e no lembrete constante dos mandamentos de Deus, e não na exatidão da tonalidade da cor.
O SIMBOLISMO DO FIO AZUL
Alguns acreditam que o fio azul simboliza o Messias, embora não haja base nas Escrituras para essa interpretação, apesar de sua natureza atraente.
Outros aproveitam a ausência de restrições quanto às cores dos demais fios — além da exigência de que um seja azul — para criar tzitzits elaborados e multicoloridos. Isso não é recomendável, pois demonstra uma abordagem casual aos mandamentos de Deus, o que não é construtivo.
CONTEXTO HISTÓRICO DAS CORES
Nos tempos bíblicos, tingir fios era caro, então é quase certo que os tzitzits originais eram feitos com as cores naturais da lã de ovelhas, cabras ou camelos, provavelmente variando entre branco e bege. Recomendamos aderir a esses tons naturais.
O NÚMERO DE FIOS
INSTRUÇÕES BÍBLICAS SOBRE OS FIOS
As Escrituras não especificam quantos fios cada tzitzit deve ter. A única exigência é que um dos fios seja azul.
No judaísmo moderno, os tzitzits são geralmente feitos com quatro fios dobrados ao meio, formando um total de oito fios. Também incorporam nós, que são considerados obrigatórios. No entanto, essa prática de usar oito fios e nós é uma tradição rabínica sem base nas Escrituras.
NÚMEROS SUGERIDOS: CINCO OU DEZ FIOS
Para nossos propósitos, sugerimos o uso de cinco ou dez fios para cada tzitzit. Esse número é escolhido porque, se o propósito dos tzitzits é nos lembrar dos mandamentos de Deus, é apropriado que o número de fios esteja alinhado com os Dez Mandamentos.
Embora a Lei de Deus contenha muito mais do que dez mandamentos, as duas tábuas dos Dez Mandamentos em Êxodo 20 há muito tempo são consideradas um símbolo da totalidade da Lei de Deus.
O SIMBOLISMO DO NÚMERO DE FIOS
Nesse caso:
- Dez fios poderiam representar os Dez Mandamentos em cada tzitzit.
- Cinco fios poderiam simbolizar cinco mandamentos por tábua, embora não se saiba com certeza como os mandamentos foram divididos entre as duas tábuas.
Muitos especulam (sem evidências) que uma tábua continha quatro mandamentos relacionados ao nosso relacionamento com Deus e a outra seis mandamentos sobre nosso relacionamento com outras pessoas.
De qualquer forma, escolher cinco ou dez fios é apenas uma sugestão, pois Deus não forneceu esse detalhe a Moisés.
Faça você mesmo o seu tzitzit segundo o mandamento em Números 15:37-40 Baixar PDF |
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“PARA QUE, AO VÊ-LO, VOCÊS SE LEMBREM”
UMA FERRAMENTA VISUAL PARA A OBEDIÊNCIA
O tzitzit, com seu fio azul, serve como uma ferramenta visual para ajudar os servos de Deus a lembrar e cumprir todos os Seus mandamentos. O versículo enfatiza a importância de não seguir os desejos do coração ou dos olhos, que podem levar ao pecado. Em vez disso, os seguidores de Deus devem focar na obediência aos Seus mandamentos.
UM PRINCÍPIO ETERNO
Esse princípio é atemporal, aplicando-se tanto aos antigos israelitas quanto aos fiéis de hoje, que são chamados a permanecer obedientes aos mandamentos de Deus e evitar as tentações do mundo. Sempre que Deus nos instrui a lembrar de algo, é porque Ele sabe que somos propensos a esquecer.
UMA BARREIRA CONTRA O PECADO
Esse “esquecimento” não significa apenas falhar em lembrar os mandamentos, mas também deixar de colocá-los em prática. Quando uma pessoa está prestes a cometer um pecado e olha para seus tzitzits, é lembrada de que há um Deus que lhe deu mandamentos. Se esses mandamentos não forem obedecidos, haverá consequências.
Nesse sentido, o tzitzit serve como uma barreira contra o pecado, ajudando os crentes a se manterem conscientes de suas obrigações e firmes em sua fidelidade a Deus.
“TODOS OS MEUS MANDAMENTOS“
UM CHAMADO À OBEDIÊNCIA COMPLETA
Observar todos os mandamentos de Deus é essencial para manter a santidade e a fidelidade a Ele. Os tzitzits nas vestes servem como um símbolo tangível para lembrar os servos de Deus de sua responsabilidade de viver uma vida santa e obediente.
Ser santo — separado para Deus — é um tema central em toda a Bíblia, e este mandamento específico fornece um meio pelo qual os servos de Deus podem se lembrar constantemente de sua obrigação de obedecer.
O SIGNIFICADO DE “TODOS” OS MANDAMENTOS
É importante notar o uso do substantivo hebraico kōl כֹּל, que significa “todos”, enfatizando a necessidade de obedecer não apenas alguns mandamentos — como é a prática em praticamente todas as igrejas do mundo —, mas sim todo o conjunto de mandamentos que nos foi dado.
Os mandamentos de Deus são, na verdade, instruções que devem ser seguidas fielmente se desejamos agradá-Lo. Ao fazer isso, estamos nos posicionando para sermos enviados a Jesus e recebermos o perdão de nossos pecados por meio de Seu sacrifício expiatório.
O PROCESSO QUE LEVA À SALVAÇÃO
AGRADANDO AO PAI POR MEIO DA OBEDIÊNCIA
Jesus deixou claro que o caminho para a salvação começa com o indivíduo agradando ao Pai por meio de sua conduta (Salmoss 18:22-24). Quando o Pai examina o coração da pessoa e confirma sua inclinação para a obediência, o Espírito Santo a conduz à observância de todos os Seus santos mandamentos.
O PAPEL DO PAI EM LEVAR ALGUÉM A JESUS
O Pai então envia, ou “dá de presente”, essa pessoa a Jesus:
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:44).
E também:
“Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que Ele me deu, mas os ressuscite no último dia” (João 6:39).
OS TZITZITS COMO UM LEMBRETE DIÁRIO
Os tzitzits, como lembrete visual e físico, desempenham um papel vital nesse processo, servindo como um auxílio diário para que os servos de Deus permaneçam firmes na obediência e na santidade.
Essa conscientização contínua sobre todos os Seus mandamentos não é opcional, mas um aspecto fundamental de uma vida dedicada a Deus e alinhada com Sua vontade.
JESUS E OS TZITZITS
Jesus Cristo, em Sua vida, demonstrou a importância de cumprir os mandamentos de Deus, incluindo o uso dos tzitzits em Suas vestes. Quando lemos o termo grego original (kraspedon) κράσπεδον, que significa tzitzits, fios, franjas, borlas, torna-se evidente que foi isso que a mulher com fluxo de sangue tocou para receber a cura:
“E eis que uma mulher que havia doze anos sofria de uma hemorragia veio por trás Dele e tocou a borla de Sua veste” (Mateus 9:20).
Da mesma forma, no Evangelho de Marcos, vemos que muitos procuravam tocar os tzitzits de Jesus, reconhecendo que simbolizavam os poderosos mandamentos de Deus, que trazem bênçãos e cura:
“E onde quer que Ele entrasse, fosse em povoados, cidades ou campos, colocavam os enfermos nas praças e Lhe rogavam que os deixasse tocar ao menos a borla de Sua veste; e todos os que a tocavam eram curados” (Marcos 6:56).
O SIGNIFICADO DOS TZITZITS NA VIDA DE JESUS
Esses relatos destacam que Jesus observava fielmente o mandamento de usar os tzitzits, conforme instruído na Torá. Os tzitzits não eram meros elementos decorativos, mas símbolos profundos dos mandamentos de Deus, que Jesus incorporou e cumpriu.
O fato de o povo reconhecer os tzitzits como um ponto de conexão com o poder divino ressalta o papel da obediência à Lei de Deus na obtenção de bênçãos e milagres.
A adesão de Jesus a esse mandamento demonstra Sua total submissão à Lei de Deus e fornece um exemplo poderoso para Seus seguidores fazerem o mesmo — não apenas no uso dos tzitzits, mas na obediência a todos os mandamentos do Pai, como o sábado, a circuncisão, o cabelo e a barba e as carnes proibidas.
Apêndice 2: A Circuncisão e o Cristão
CIRCUNCISÃO: UM MANDAMENTO QUE QUASE TODAS AS IGREJAS CONSIDERAM ABOLIDO
Entre todos os santos mandamentos de Deus, a circuncisão parece ser o único que quase todas as igrejas erroneamente consideram abolido. O consenso é tão amplo que até antigos rivais doutrinários — como a Igreja Católica e denominações protestantes (Assembleia de Deus, Adventista, Batista, Presbiteriana, Congregação, etc.) —, bem como grupos frequentemente rotulados como seitas, como os Mórmons e as Testemunhas de Jeová, todos afirmam que este mandamento foi cancelado na cruz.
JESUS NUNCA ENSINOU SEU CANCELAMENTO
Há duas razões principais para essa crença ser tão difundida entre os cristãos, apesar do fato de que Jesus nunca ensinou tal doutrina e de que todos os apóstolos e discípulos de Jesus obedeceram a esse mandamento — incluindo Paulo, cujos escritos são frequentemente usados por líderes para “liberar” os gentios desse requisito estabelecido pelo próprio Deus.
Isso acontece mesmo sem haver qualquer profecia no Antigo Testamento sugerindo que, com a vinda do Messias, o povo de Deus — judeus ou gentios — estaria isento de obedecer a esse mandamento. Na verdade, desde o tempo de Abraão, a circuncisão sempre foi exigida para que qualquer homem fizesse parte do povo que Deus separou para ser salvo, independentemente de ser ou não um descendente de Abraão.
A CIRCUNCISÃO COMO SINAL DO PACTO ETERNO
Ninguém era admitido na comunidade santa (separada das demais nações) sem se submeter à circuncisão. A circuncisão era o sinal físico do pacto entre Deus e Seu povo privilegiado.
Além disso, esse pacto não era limitado a um período específico nem aos descendentes biológicos de Abraão; ele também incluía todos os gentios que desejassem ser oficialmente integrados à comunidade e considerados iguais perante Deus. O Senhor foi explícito: “Isso se aplica não apenas aos nascidos em sua casa, mas também aos servos estrangeiros que você comprou. Quer tenham nascido em sua casa ou tenham sido comprados com seu dinheiro, eles devem ser circuncidados. Meu pacto na sua carne será um pacto eterno” (Gênesis 17:12-13).
OS GENTIOS E A EXIGÊNCIA DA CIRCUNCISÃO
Se os gentios realmente não precisassem desse sinal físico para se tornarem parte do povo separado pelo Senhor, não haveria razão para Deus exigir a circuncisão antes da vinda do Messias, mas não depois.
NENHUM SUPORTE PROFÉTICO PARA UMA MUDANÇA
Para que essa ideia fosse verdadeira, seria necessário que houvesse informações nesse sentido nas profecias, e Jesus teria que nos informar que essa mudança ocorreria após Sua ascensão. No entanto, não há nenhuma menção no Antigo Testamento sobre a inclusão dos gentios no povo de Deus que sugira que eles estariam isentos de qualquer mandamento, incluindo a circuncisão, simplesmente por não serem descendentes biológicos de Abraão.
DUAS RAZÕES COMUMENTE UTILIZADAS PARA NÃO OBEDECER A ESTE MANDAMENTO DE DEUS
PRIMEIRA RAZÃO:
AS IGREJAS ENSINAM ERRONEAMENTE QUE O MANDAMENTO DA CIRCUNCISÃO FOI CANCELADO
A primeira razão pela qual as igrejas ensinam que a lei de Deus sobre a circuncisão foi cancelada (sem especificar quem supostamente a cancelou) está na dificuldade de cumprir esse mandamento. Os líderes religiosos temem que, se aceitarem e ensinarem a verdade — que Deus nunca deu qualquer instrução para aboli-lo —, perderiam muitos membros.
De modo geral, este mandamento é, de fato, inconveniente de cumprir. Sempre foi e continua sendo. Mesmo com os avanços médicos, um cristão que decide obedecer a esse mandamento precisa encontrar um profissional, pagar do próprio bolso (já que a maioria dos planos de saúde não cobre o procedimento), passar pela cirurgia, lidar com os incômodos do pós-operatório e enfrentar o estigma social, além da oposição de familiares, amigos e da própria igreja.
TESTEMUNHO PESSOAL
Um homem precisa estar verdadeiramente determinado a obedecer a este mandamento do Senhor para levá-lo adiante; caso contrário, desistirá com facilidade. Há incentivo de sobra para abandonar esse caminho. Sei disso porque eu mesmo passei por isso aos 63 anos, quando fui circuncidado em obediência ao mandamento.
SEGUNDA RAZÃO:
FALTA DE COMPREENSÃO SOBRE DELEGAÇÃO OU AUTORIZAÇÃO DIVINA
A segunda razão, e certamente a principal, é que a igreja carece de uma compreensão adequada sobre delegação ou autorização divina. Esse equívoco foi explorado desde cedo pelo diabo, quando, apenas algumas décadas após a ascensão de Jesus, começaram as disputas por poder entre os líderes da igreja, culminando na conclusão absurda de que Deus teria delegado a Pedro e a seus supostos sucessores a autoridade para fazer qualquer alteração que desejassem na Lei de Deus.

Essa aberração se estendeu muito além da circuncisão, afetando muitos outros mandamentos do Antigo Testamento, os quais Jesus e Seus seguidores sempre obedeceram fielmente.
AUTORIDADE SOBRE A LEI DE DEUS
Inspirada pelo diabo, a igreja ignorou o fato de que qualquer delegação de autoridade sobre a santa Lei de Deus teria que vir diretamente do próprio Deus — seja através de Seus profetas no Antigo Testamento ou de Seu Messias.
É inconcebível que meros seres humanos se outorguem a autoridade para alterar algo tão precioso para Deus como Sua Lei. Nenhum profeta do Senhor, nem Jesus, jamais nos alertou que o Pai, após o Messias, concederia a qualquer grupo ou indivíduo, dentro ou fora da Bíblia, o poder ou a inspiração para anular, abolir, modificar ou atualizar sequer o menor de Seus mandamentos. Pelo contrário, o Senhor declarou explicitamente que isso seria um grave pecado: “Nada acrescentem às palavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas guardem os mandamentos do Senhor, o seu Deus, que eu lhes ordeno” (Deuteronômio 4:2).
A PERDA DA INDIVIDUALIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS
A IGREJA COMO UM INTERMEDIÁRIO ENTRE O HOMEM E DEUS
Outro problema crítico é a perda da individualidade no relacionamento entre a criatura e o Criador. O papel da igreja nunca foi o de atuar como um intermediário entre Deus e o homem. No entanto, logo no início da era cristã, ela assumiu essa função.
Em vez de cada cristão, guiado pelo Espírito Santo, relacionar-se individualmente com o Pai e o Filho, as pessoas passaram a depender inteiramente de seus líderes para que lhes dissessem o que o Senhor permite ou proíbe.
ACESSO RESTRITO ÀS ESCRITURAS
Esse problema grave ocorreu, em grande parte, porque, até a Reforma do século XVI, o acesso às Escrituras era um privilégio reservado ao clero. Era expressamente proibido que o homem comum lesse a Bíblia por si mesmo, sob a justificativa de que ele seria incapaz de compreendê-la sem a interpretação clerical.
A INFLUÊNCIA DOS LÍDERES SOBRE O POVO
DEPENDÊNCIA DOS ENSINAMENTOS DOS LÍDERES
Cinco séculos se passaram, e apesar do acesso universal às Escrituras, as pessoas continuam a depender exclusivamente do que seus líderes ensinam — certo ou errado — permanecendo incapazes de aprender e agir independentemente em relação ao que Deus exige de cada indivíduo.
Os mesmos ensinamentos errôneos sobre os santos e eternos mandamentos de Deus, que existiam antes da Reforma, continuam sendo transmitidos através dos seminários de todas as denominações.
O ENSINO DE JESUS SOBRE A LEI
Até onde sei, não há uma única instituição cristã que ensine seus futuros líderes o que Jesus claramente ensinou: que nenhum mandamento de Deus perdeu sua validade após a vinda do Messias:
“Porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes menores mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; mas aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus” (Mateus 5:18-19).
OBEDIÊNCIA PARCIAL EM ALGUMAS DENOMINAÇÕES
ADESÃO SELETIVA AOS MANDAMENTOS DE DEUS
Algumas denominações se esforçam para ensinar que os mandamentos do Senhor são eternamente válidos e que nenhum escritor bíblico após o Messias escreveu contra esse entendimento. No entanto, por alguma razão misteriosa, elas limitam a lista de mandamentos válidos àqueles que outras igrejas decidiram declarar abolidos.
Essas denominações enfatizam os Dez Mandamentos (incluindo o sábado, o sétimo dia do quarto mandamento) e as leis dietéticas de Levítico 11, mas não vão além disso.
A INCONSISTÊNCIA DA SELETIVIDADE
O mais curioso é que essas seleções específicas não são acompanhadas por qualquer justificativa clara baseada no Antigo Testamento ou nos quatro Evangelhos que explique por que esses mandamentos em particular são obrigatórios, enquanto outros, como o uso do cabelo e barba, o tzitzit ou a circuncisão, não são mencionados ou defendidos.
Isso levanta a questão: se todos os mandamentos do Senhor são santos e justos, por que escolher obedecer a alguns e não a todos?
O PACTO ETERNO
A CIRCUNCISÃO COMO SINAL DO PACTO
A circuncisão é o comprovante físico do pacto eterno entre Deus e Seu povo, um grupo de seres humanos santos e separados do restante da população. Esse grupo sempre esteve aberto a todos e nunca foi limitado aos descendentes biológicos de Abraão, como alguns assumem.

Desde o momento em que Deus estabeleceu Abraão como o primeiro desse grupo, o Senhor instituiu a circuncisão como um sinal visível e eterno do pacto. Ficou claro que tanto seus descendentes naturais quanto aqueles que não pertenciam à sua linhagem precisariam desse sinal físico do pacto, caso desejassem fazer parte do Seu povo.
OS ESCRITOS DO APÓSTOLO PAULO COMO ARGUMENTO PARA NÃO OBEDECER ÀS LEIS ETERNAS DE DEUS
A INFLUÊNCIA DE MARCIÃO NO CÂNON BÍBLICO
Uma das primeiras tentativas de compilar os diversos escritos que surgiram após a ascensão de Cristo foi feita por Marcião (85 – 160 d.C.), um rico proprietário de navios do século II. Marcião era um seguidor fervoroso de Paulo, mas desprezava os judeus.
Sua Bíblia era composta principalmente pelos escritos de Paulo e por um evangelho próprio, que muitos consideram uma versão plagiada do Evangelho de Lucas. Marcião rejeitou todos os outros evangelhos e epístolas, descartando-os como não inspirados. Em sua Bíblia, todas as referências ao Antigo Testamento foram removidas, pois ele ensinava que o Deus anterior a Jesus não era o mesmo Deus proclamado por Paulo.
A Bíblia de Marcião foi rejeitada pela Igreja de Roma, e ele foi condenado como herege. No entanto, sua visão de que apenas os escritos do apóstolo Paulo eram inspirados por Deus, juntamente com sua rejeição de todo o Antigo Testamento e dos Evangelhos de Mateus, Marcos e João, já havia influenciado as crenças de muitos dos primeiros cristãos.
O PRIMEIRO CÂNON OFICIAL DA IGREJA CATÓLICA
O DESENVOLVIMENTO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
O primeiro cânon do Novo Testamento foi oficialmente reconhecido no final do século IV, cerca de 350 anos depois que Jesus retornou ao Pai. Os concílios da Igreja Católica em Roma, Hipona (393) e Cartago (397), desempenharam um papel fundamental na definição dos 27 livros do Novo Testamento que conhecemos hoje.
Esses concílios foram essenciais para consolidar o cânon e enfrentar as diversas interpretações e textos que circulavam entre as comunidades cristãs.
O PAPEL DOS BISPOS DE ROMA NA FORMAÇÃO DA BÍBLIA
APROVAÇÃO E INCLUSÃO DAS CARTAS DE PAULO
As cartas de Paulo foram incluídas na coleção de escritos aprovados por Roma no século IV. Essa coleção, considerada sagrada pela Igreja Católica, foi chamada de Biblia Sacra em latim e Τὰ βιβλία τὰ ἅγια (ta biblia ta hagia) em grego.
Após séculos de debates sobre quais escritos deveriam compor o cânon oficial, os bispos da Igreja aprovaram e declararam como sagrados: o Antigo Testamento judaico, os quatro Evangelhos, o Livro de Atos (atribuído a Lucas), as epístolas às igrejas (incluindo as cartas de Paulo) e o Livro do Apocalipse, de João.
O USO DO ANTIGO TESTAMENTO NO TEMPO DE JESUS
É importante notar que, no tempo de Jesus, todos os judeus, incluindo o próprio Jesus, liam e referenciavam exclusivamente o Antigo Testamento em seus ensinamentos. Essa prática baseava-se predominantemente na versão grega do texto, conhecida como a Septuaginta, que havia sido compilada cerca de três séculos antes de Cristo.
O DESAFIO DE INTERPRETAR OS ESCRITOS DE PAULO
COMPLEXIDADE E MÁS INTERPRETAÇÕES
Os escritos de Paulo, assim como os de outros autores posteriores a Jesus, foram incorporados à Bíblia oficial aprovada pela Igreja há muitos séculos e, por isso, são considerados fundamentais para a fé cristã.
No entanto, o problema não está em Paulo, mas nas interpretações que fazem de seus escritos. Suas cartas foram escritas em um estilo complexo e difícil, um desafio já reconhecido em sua época (como observado em 2 Pedro 3:16), quando o contexto cultural e histórico ainda era familiar aos leitores. Interpretar esses textos séculos depois, em um contexto completamente diferente, torna essa dificuldade ainda maior.
A QUESTÃO DA AUTORIDADE E DAS INTERPRETAÇÕES
O PROBLEMA DA AUTORIDADE DE PAULO
A questão central não é a relevância dos escritos de Paulo, mas o princípio fundamental da autoridade e sua transferência. Como já explicado, a autoridade que a Igreja atribui a Paulo para cancelar, abolir, corrigir ou atualizar os santos e eternos mandamentos de Deus não é respaldada pelas Escrituras que o precederam. Portanto, essa autoridade não provém do Senhor.
Não há nenhuma profecia no Antigo Testamento ou nos Evangelhos indicando que, após o Messias, Deus enviaria um homem de Tarso a quem todos deveriam ouvir e seguir.
ALINHANDO AS INTERPRETAÇÕES COM O ANTIGO TESTAMENTO E OS EVANGELHOS
A NECESSIDADE DE CONSISTÊNCIA
Isso significa que qualquer compreensão ou interpretação dos escritos de Paulo está errada se não estiver alinhada com as revelações que o precederam. Portanto, um cristão que realmente teme a Deus e Sua Palavra deve rejeitar qualquer interpretação das epístolas — seja de Paulo ou de qualquer outro escritor — que não seja consistente com o que o Senhor revelou por meio de Seus profetas no Antigo Testamento e de Seu Messias, Jesus.
HUMILDADE NA INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS
O cristão deve ter a sabedoria e a humildade de dizer:
“Eu não entendo esta passagem, e as explicações que li são falsas porque não têm o respaldo dos profetas do Senhor e das palavras ditas por Jesus. Vou deixá-la de lado até que, se for da vontade do Senhor, Ele me esclareça.”
UM GRANDE TESTE PARA OS GENTIOS
UM TESTE DE OBEDIÊNCIA E FÉ
Isso pode ser considerado um dos testes mais significativos que o Senhor escolheu impor aos gentios, um teste análogo ao que o povo judeu enfrentou durante sua jornada rumo a Canaã. Como está escrito em Deuteronômio 8:2: “Lembra-te de como o Senhor, teu Deus, te conduziu por todo o caminho no deserto durante estes quarenta anos, para te humilhar e te pôr à prova, a fim de saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os Seus mandamentos.”
IDENTIFICANDO OS GENTIOS OBEDIENTES
Nesse contexto, o Senhor busca identificar quais gentios estão verdadeiramente dispostos a se unir ao Seu povo santo. São aqueles que decidem obedecer a todos os mandamentos, incluindo a circuncisão, apesar da intensa pressão da igreja e das inúmeras passagens nas cartas às igrejas que aparentemente sugerem que vários mandamentos — descritos como eternos nos profetas e nos Evangelhos — foram revogados para os gentios.
A CIRCUNCISÃO DA CARNE E DO CORAÇÃO
UMA ÚNICA CIRCUNCISÃO: FÍSICA E ESPIRITUAL
É importante esclarecer que não existem dois tipos de circuncisão, mas apenas um: o físico. Deveria ser evidente para todos que a expressão “circuncisão do coração”, usada ao longo da Bíblia, é puramente figurativa, assim como “coração quebrantado” ou “coração alegre”.
Quando a Bíblia afirma que alguém é “incircunciso de coração”, isso simplesmente significa que a pessoa não está vivendo como deveria, como alguém que realmente ama a Deus e está disposto a obedecê-Lo.
EXEMPLOS DAS ESCRITURAS
Em outras palavras, esse homem pode ter sido fisicamente circuncidado, mas seu modo de vida não está alinhado com a vida que Deus espera de Seu povo. Por meio do profeta Jeremias, Deus declarou que toda a nação de Israel estava em um estado de “incircuncisão de coração”:
“Pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração” (Jeremias 9:26).
É evidente que todos eram fisicamente circuncidados, mas, ao se afastarem de Deus e abandonarem Sua santa Lei, foram julgados como incircuncisos de coração.
A NECESSIDADE DA CIRCUNCISÃO FÍSICA E DO CORAÇÃO
Todos os filhos homens de Deus, sejam judeus ou gentios, devem ser circuncidados — não apenas fisicamente, mas também de coração. Isso fica claro nestas palavras diretas:
“Assim diz o Soberano Senhor: Nenhum gentio, entre os filhos de Israel ou entre os que vivem no meio deles, entrará no meu santuário, a menos que seja circuncidado no corpo e no coração” (Ezequiel 44:9).
PRINCIPAIS CONCLUSÕES
- O conceito de circuncisão do coração sempre existiu e não foi introduzido no Novo Testamento como uma substituição da verdadeira circuncisão física.
- A circuncisão é exigida de todos os que fazem parte do povo de Deus, sejam judeus ou gentios.
CIRCUNCISÃO E O BATISMO NAS ÁGUAS
UMA SUBSTITUIÇÃO FALSA
Alguns acreditam erroneamente que o batismo nas águas foi instituído para os cristãos como um substituto da circuncisão. No entanto, essa afirmação é uma invenção puramente humana, uma tentativa de evitar a obediência ao mandamento do Senhor.
Se tal alegação fosse verdadeira, esperaríamos encontrar passagens nos profetas ou nos Evangelhos indicando que, após a ascensão do Messias, Deus não exigiria mais a circuncisão dos gentios que desejassem se unir ao Seu povo e que o batismo tomaria seu lugar. No entanto, tais passagens simplesmente não existem.
A ORIGEM DO BATISMO NAS ÁGUAS
Além disso, é importante notar que o batismo nas águas antecede o cristianismo. João Batista não foi o “inventor” nem o “pioneiro” do batismo.
AS ORIGENS JUDAICAS DO BATISMO (MIKVEH)
O MIKVEH COMO RITUAL DE PURIFICAÇÃO
O batismo, ou mikveh, já era um ritual bem estabelecido de imersão entre os judeus muito antes da época de João Batista. O mikveh simbolizava a purificação do pecado e da impureza ritual.

Quando um gentio era circuncidado, ele também passava por um mikveh. Esse ato não apenas servia para purificação ritual, mas também simbolizava a morte — sendo “enterrado” na água — de sua antiga vida pagã. Emergir da água, semelhante ao fluido amniótico do ventre materno, simbolizava seu renascimento para uma nova vida como judeu.
JOÃO BATISTA E O MIKVEH
João Batista não estava criando um novo ritual, mas dando um novo significado a um já existente. Em vez de apenas os gentios “morrerem” para suas vidas antigas e “renascerem” como judeus, João chamava também os judeus que viviam em pecado a “morrer” e “renascer” em um ato de arrependimento.
No entanto, essa imersão não era necessariamente um evento único. Os judeus se imergiam sempre que se tornavam ritualmente impuros, como antes de entrar no Templo. Eles também costumavam — e ainda fazem até hoje — realizar a imersão no Yom Kipur como um ato de arrependimento.
DISTINGUINDO BATISMO E CIRCUNCISÃO
FUNÇÕES DISTINTAS DOS RITUAIS
A ideia de que o batismo substituiu a circuncisão não tem apoio nem nas Escrituras nem na prática histórica judaica. Embora o batismo (mikveh) tenha sido e continue sendo um símbolo significativo de arrependimento e purificação, ele nunca teve a intenção de substituir a circuncisão, que é o sinal eterno do pacto de Deus.
Ambos os rituais possuem propósitos e significados distintos, e um não anula o outro.
Apêndice 1: O Mito dos 613 Mandamentos
O MITO DOS 613 MANDAMENTOS E OS VERDADEIROS MANDAMENTOS QUE TODO SERVO DE DEUS DEVE BUSCAR OBEDECER
EQUÍVOCOS COMUNS
Muitas vezes, quando publicamos textos sobre a necessidade de obedecer a todos os mandamentos do Pai e do Filho para a salvação, alguns leitores se irritam e respondem com comentários como: “Se for assim, teremos que guardar todos os 613 mandamentos!”
Tais comentários revelam que a maioria das pessoas não faz ideia de onde surgiu esse número misterioso de mandamentos — que ninguém jamais viu na Bíblia — ou do que ele realmente se trata.
EXPLICANDO A ORIGEM DO MITO
FORMATO DE PERGUNTAS E RESPOSTAS
Neste estudo, explicaremos a origem desse mito em um formato de perguntas e respostas.
Também esclareceremos quais são os verdadeiros mandamentos de Deus, conforme contidos nas Sagradas Escrituras, que toda pessoa que teme a Deus Pai e espera ser enviada ao Seu Filho para a remissão dos pecados deve buscar obedecer.
Pergunta: O que são os chamados 613 mandamentos?
Resposta: Os 613 mandamentos (613 Mitzvot) foram inventados por rabinos no século XII d.C. para os judeus praticantes. Seu principal autor foi o rabino e filósofo espanhol Moisés Maimônides (1135–1204), também conhecido como Rambam.
Pergunta: Existem realmente 613 mandamentos nas Escrituras?
Resposta: Não. Os verdadeiros mandamentos do Senhor são poucos e simples de obedecer. O diabo inspirou esse mito como parte de seu plano de longo prazo para convencer a humanidade a abandonar a obediência ao Senhor. Essa estratégia está em ação desde o Éden.
Pergunta: De onde veio o número 613?
Resposta: Esse número tem origem na tradição rabínica e no conceito de numerologia hebraica, que atribui um valor numérico a cada letra do alfabeto. Uma dessas tradições afirma que a palavra tzitzit (ציצית), que significa franjas ou cordões (ver Números 15:37-39), tem uma soma numérica de 613 quando suas letras são adicionadas.
Especificamente, segundo o mito, essas franjas teriam um valor numérico inicial de 600. Somando oito fios e cinco nós, chega-se ao total de 613, número que supostamente corresponderia ao total de mandamentos da Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia).
Vale ressaltar que o uso do tzitzit é um mandamento legítimo que deve ser obedecido por todos, mas essa conexão com os 613 mandamentos é pura invenção. É uma das muitas “tradições dos anciãos” mencionadas e condenadas por Jesus (ver Mateus 15:1-20). [Veja o estudo sobre o tzitzit]
Pergunta: Como conseguiram tantos mandamentos para atingir o número 613 a partir do tzitzit (franjas)?
Resposta: Com muita dificuldade e criatividade. Eles dividiram mandamentos verdadeiros em vários menores para inflar a contagem. Também incluíram inúmeros mandamentos relacionados a sacerdotes, ao Templo, à agricultura, à pecuária, às festividades e muito mais.
Pergunta: Quais são os verdadeiros mandamentos que devemos nos esforçar para obedecer?
Resposta: Além dos Dez Mandamentos, há alguns outros, todos simples de obedecer. Alguns são específicos para homens ou mulheres, outros para a comunidade, e alguns para grupos específicos, como agricultores e criadores de animais. Muitos mandamentos não se aplicam aos cristãos porque são exclusivos para os descendentes da tribo de Levi ou estão ligados ao Templo em Jerusalém, que foi destruído em 70 d.C.
Precisamos entender que agora, nos tempos finais, Deus está chamando todos os Seus filhos fiéis para se prepararem, pois a qualquer momento Ele nos tirará deste mundo corrupto. Deus levará apenas aqueles que se esforçam para obedecer a todos os Seus mandamentos, sem exceção.

Não siga os ensinamentos e exemplos de seus líderes, mas siga apenas o que Deus ordenou. Os gentios não estão isentos de nenhum mandamento de Deus:
“A assembleia terá as mesmas leis para vocês e para o gentio [גֵּר gēr (estrangeiro, forasteiro, não judeu)] que reside entre vocês; isto será um decreto perpétuo para todas as suas gerações: perante o Senhor, será o mesmo para vocês e para o gentio que reside entre vocês. A mesma lei e ordenança se aplicarão tanto a vocês quanto ao gentio que reside entre vocês” (Números 15:15-16).
O termo “gentio que reside entre vocês” refere-se a qualquer não judeu que deseja se unir ao povo escolhido de Deus e ser salvo:
“Vocês adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus“ (João 4:22).
Abaixo estão os mandamentos mais ignorados pelos cristãos, todos eles seguidos por Jesus, Seus apóstolos e discípulos. Jesus é o nosso exemplo.
MANDAMENTOS PARA O HOMEM:
- Cabelo e barba: “Não cortareis em volta os cabelos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da vossa barba” (Levítico 19:27).
[Acesse o estudo sobre o cabelo e a barba do cristão.] - Tzitzit: “Dize aos filhos de Israel que façam para si franjas nas bordas de suas vestes pelas suas gerações… e olhem para elas, para se lembrarem de todos os mandamentos do Senhor” (Números 15:37-39).
[Acesse o estudo sobre o tzitzit.] - Circuncisão: “Com oito dias de vida, todo menino entre vocês será circuncidado… Tanto o natural da casa quanto o gentio.” (Gênesis 17:12).
[Acesse o estudo sobre os cristãos e a circuncisão.]
MANDAMENTO PARA A MULHER:
- Abstinência de relações durante a menstruação:
“Se um homem se deitar com uma mulher no tempo da sua impureza e descobrir sua nudez… ambos serão eliminados do meio do seu povo” (Levítico 20:18).
MANDAMENTOS PARA A COMUNIDADE:
- Descanso sabático: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás… mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus” (Êxodo 20:8-11).
[Acesse o estudo sobre o sábado] - Alimentos proibidos: “Dos animais que vivem na terra, estes são os que podereis comer…” (Levítico 11:1-46).
[Acesse o estudo sobre as carnes proibidas]
Pergunta: Em suas cartas (epístolas), Paulo não disse que Jesus obedeceu todos os mandamentos por nós e os cancelou com Sua morte?
Resposta: Absolutamente não. O próprio Paulo ficaria horrorizado ao ver o que os pastores estão ensinando nas igrejas usando seus escritos. Nenhum ser humano, incluindo Paulo, recebeu autoridade de Deus para mudar sequer uma única letra de Sua santa e eterna Lei.
Se isso fosse verdade, tanto os profetas quanto Jesus teriam sido claros ao dizer que Deus enviaria um certo homem de Tarso com essa autoridade. No entanto, o fato é que Paulo não é mencionado em nenhuma profecia — nem pelos profetas no Tanach (Antigo Testamento) nem pelo Messias nos quatro Evangelhos. Um assunto tão importante não teria sido deixado sem esclarecimento por Deus.
Os profetas mencionam apenas três indivíduos que apareceram no período do Novo Testamento: Judas (Salmoss 41:9), João Batista (Isaías 40:3) e José de Arimateia (Isaías 53:9). Não há qualquer referência a Paulo, e isso ocorre porque ele não ensinou nada que acrescentasse ou contradissesse o que já havia sido revelado pelos profetas ou por Jesus.
Qualquer cristão que acredita que Paulo mudou algo do que foi previamente escrito precisa reconsiderar sua compreensão para se alinhar aos profetas e a Jesus — e não o contrário, como a maioria faz.
Se alguém não consegue fazer os escritos de Paulo se encaixarem com os profetas e com Jesus, é melhor deixá-los de lado do que desobedecer a Deus baseando-se na interpretação das palavras de qualquer homem. Esse argumento não será aceito como desculpa no julgamento final.
Ninguém convencerá o Juiz dizendo: “Sou inocente por ter ignorado Seus mandamentos, pois segui Paulo.”
Eis o que foi revelado sobre os tempos finais:
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).
Pergunta: O Espírito Santo não inspirou mudanças e cancelamentos na Lei de Deus?
Resposta: Tal ideia beira a blasfêmia. O Espírito Santo é o próprio Espírito de Deus. Jesus deixou claro que o envio do Espírito Santo tinha como propósito nos instruir, relembrando-nos do que Ele já havia dito:
“Ele (o Espírito) vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que eu vos disse” (João 14:26).
Não há nenhuma menção de que o Espírito Santo traria uma nova doutrina que não tivesse sido ensinada pelo Filho ou pelos profetas do Pai. A salvação é o tema mais importante das Escrituras Sagradas, e toda a informação necessária já havia sido entregue pelos profetas e por Jesus:
“Pois eu não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, me ordenou [εντολη (entolē) — mandamento, regra, instrução] o que dizer e o que falar. Sei que Seu mandamento [entolē] conduz à vida eterna. Assim, tudo o que digo é exatamente o que o Pai me disse para dizer” (João 12:49-50).
Há uma continuidade nas revelações que termina com Cristo. Sabemos disso porque, conforme já mencionado, não há profecias sobre o envio de nenhum ser humano com novas doutrinas primárias após o Messias. As únicas revelações após a ressurreição tratam dos eventos do fim dos tempos, e não há nada sobre novas doutrinas de Deus surgindo entre Jesus e o fim do mundo.
Todos os mandamentos de Deus são contínuos e eternos, e seremos julgados por eles. Aqueles que agradaram ao Pai foram enviados ao Filho para serem redimidos por Ele. Aqueles que desobedeceram aos mandamentos do Pai não O agradaram e, por isso, não foram enviados ao Filho:
“Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai não lhe for concedido” (João 6:65).
Parte 2: O Falso Plano de Salvação
A ESTRATÉGIA DE SATANÁS PARA DESVIAR OS GENTIOS
A NECESSIDADE DE UMA ESTRATÉGIA RADICAL
Para que o diabo levasse os gentios seguidores de Cristo à desobediência à Lei de Deus, algo radical precisava ser feito.
Até algumas décadas após a ascensão de Jesus, as igrejas eram compostas por judeus da Judeia (hebreus), judeus da Diáspora (helenistas) e gentios (não judeus). Muitos dos discípulos originais de Jesus ainda estavam vivos e se reuniam com esses grupos em casas, o que ajudava a manter a fidelidade a tudo o que Jesus ensinou e exemplificou durante Sua vida.
FIDELIDADE À LEI DE DEUS
A Lei de Deus era lida e rigorosamente obedecida, assim como Jesus havia instruído Seus seguidores:
“Ele respondeu: Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus (λογον του Θεου – logon tou Theou – o Tanach, Antigo Testamento) e a guardam” (Lucas 11:28).
Jesus nunca se desviou das instruções de Seu Pai:
“Ordenaste os teus preceitos, para que fossem diligentemente observados” (Salmos 119:4).
A ideia comum nas igrejas hoje — de que a vinda do Messias isentou os gentios de obedecerem às leis de Deus no Antigo Testamento — não tem qualquer fundamento nas palavras de Jesus registradas nos quatro Evangelhos.
O PLANO ORIGINAL DE SALVAÇÃO
A SALVAÇÃO SEMPRE ESTEVE DISPONÍVEL PARA OS GENTIOS
Nunca houve um tempo na história da humanidade em que Deus não permitisse que qualquer pessoa se arrependesse, recebesse o perdão de seus pecados, fosse abençoada e alcançasse a salvação após a morte.
Em outras palavras, a salvação sempre esteve disponível para os gentios, mesmo antes da vinda do Messias. Muitos nas igrejas hoje acreditam erroneamente que somente com a chegada de Jesus e Seu sacrifício expiatório os gentios passaram a ter acesso à salvação.
O PLANO IMUTÁVEL
A verdade é que o mesmo plano de salvação que existia desde o Antigo Testamento permaneceu válido nos dias de Jesus e continua válido até hoje.
A única diferença é que, enquanto antes parte do processo de perdão dos pecados incluía sacrifícios simbólicos, hoje temos o verdadeiro sacrifício do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1:29).
UNINDO-SE AO POVO DO PACTO ETERNO
O REQUISITO PARA SE JUNTAR A ISRAEL
Fora essa diferença crucial, o restante permanece o mesmo de antes de Cristo. Para que um gentio seja salvo, ele deve se unir à nação que Deus designou como Sua através do pacto eterno, selado pelo sinal da circuncisão:
“E quanto aos gentios נֵכָר (nekhar – estrangeiros, forasteiros, não judeus) que se unirem ao Senhor para servi-Lo, para amarem o nome do Senhor e para serem Seus servos… e que se apegarem ao meu pacto, Eu os levarei ao Meu santo monte” (Isaías 56:6-7).
JESUS NÃO CRIOU UMA NOVA RELIGIÃO
É essencial compreender que Jesus não estabeleceu uma nova religião para os gentios, como muitos assumem.
Na verdade, Jesus raramente interagiu com gentios, pois Seu foco sempre foi a Sua própria nação:
“Jesus enviou os Doze com as seguintes instruções: Não sigais pelo caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 10:5-6).
O VERDADEIRO PLANO DE SALVAÇÃO DE DEUS
O CAMINHO PARA A SALVAÇÃO
O verdadeiro plano de salvação, que está em total conformidade com o que Deus revelou através dos profetas do Antigo Testamento e através de Jesus nos Evangelhos, é simples: esforce-se para ser fiel às leis do Pai, e Ele o unirá a Israel e o enviará ao Filho para o perdão dos pecados.
O Pai não envia à salvação aqueles que conhecem Suas leis, mas vivem em aberta desobediência. Rejeitar a Lei de Deus é rebelião, e não há salvação para os rebeldes.
O FALSO PLANO DE SALVAÇÃO
UMA DOUTRINA SEM FUNDAMENTO BÍBLICO
O plano de salvação pregado na maioria das igrejas é falso. Sabemos disso porque ele não tem respaldo no que Deus revelou através dos profetas no Antigo Testamento nem no que Jesus ensinou nos quatro Evangelhos.
Qualquer doutrina relacionada à salvação das almas (doutrinas primárias) deve ser confirmada por essas duas fontes originais:
- O Antigo Testamento (Tanach — Lei e Profetas), do qual Jesus frequentemente citava.
- As palavras do próprio Filho de Deus.
A FALSIDADE CENTRAL
A ideia central promovida pelos defensores desse falso plano de salvação é que os gentios podem ser salvos sem obedecer aos mandamentos de Deus. Essa mensagem de desobediência é idêntica à que a serpente pregou no Éden:
“Certamente não morrereis” (Gênesis 3:4-5).
Se essa mensagem fosse verdadeira:
- O Antigo Testamento conteria inúmeras passagens explicando esse ponto.
- Jesus teria declarado explicitamente que eximir as pessoas da Lei de Deus fazia parte de Sua missão como Messias.
No entanto, a realidade é que nem o Antigo Testamento nem os Evangelhos dão qualquer apoio a essa ideia absurda.
MENSAGEIROS ENVIADOS APÓS JESUS
A DEPENDÊNCIA DE FONTES FORA DOS EVANGELHOS
Os que promovem o plano de salvação sem obediência à Lei de Deus raramente citam Jesus em suas mensagens. O motivo é claro: eles não conseguem encontrar nada nos ensinamentos de Cristo que sugira que Ele veio a este mundo para salvar aqueles que desobedecem deliberadamente às leis de Seu Pai.
A AUSÊNCIA DE APOIO PROFÉTICO
Em vez disso, eles se baseiam nos escritos de indivíduos que surgiram apenas após a ascensão de Cristo. O problema com isso é que:
- Não há profecias no Antigo Testamento sobre qualquer mensageiro de Deus que surgiria após Jesus.
- O próprio Jesus nunca mencionou que alguém viria depois Dele com a missão de ensinar um novo plano de salvação para os gentios.

A IMPORTÂNCIA DAS PROFECIAS
O REQUISITO DA AUTORIDADE DIVINA
As revelações de Deus exigem autoridade prévia e delegação para serem válidas. Sabemos que Jesus é Aquele enviado pelo Pai porque Ele cumpriu as profecias do Antigo Testamento.
No entanto, não existem profecias sobre o envio de outros indivíduos com novos ensinamentos após Cristo.
A FINALIDADE DOS ENSINAMENTOS DE JESUS
Tudo o que precisamos saber sobre a nossa salvação termina com Jesus. Qualquer escrito surgido após a ascensão de Jesus, dentro ou fora da Bíblia, deve ser considerado secundário e auxiliar, pois não há profecia sobre a chegada de qualquer homem encarregado de ensinar algo além do que Jesus ensinou.
O PADRÃO PARA A VALIDADE DOUTRINÁRIA
Qualquer doutrina que não esteja alinhada com as palavras de Jesus nos quatro Evangelhos deve ser rejeitada como falsa, independentemente de sua origem, duração ou popularidade.
PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE A SALVAÇÃO
Todos os eventos relacionados à salvação que ocorreriam após Malaquias foram profetizados no Antigo Testamento. Estes incluem:
- O nascimento do Messias: Isaías 7:14; Mateus 1:22-23
- A vinda de João Batista no espírito de Elias: Malaquias 4:5; Mateus 11:13-14
- A missão de Cristo: Isaías 61:1-2; Lucas 4:17-21
- Sua traição por Judas: Salmos 41:9; Zacarias 11:12-13; Mateus 26:14-16; Mateus 27:9-10
- Seu julgamento: Isaías 53:7-8; Mateus 26:59-63
- Sua morte inocente: Isaías 53:5-6; João 19:6; Lucas 23:47
- Seu sepultamento no túmulo de um rico: Isaías 53:9; Mateus 27:57-60
NENHUMA PROFECIA SOBRE INDIVÍDUOS APÓS JESUS
Porém, não há profecia mencionando qualquer indivíduo após a ascensão de Jesus, dentro ou fora da Bíblia, encarregado de desenvolver um caminho diferente para os gentios serem salvos — muito menos um caminho que permita a alguém viver em desobediência deliberada à Lei de Deus e ainda ser recebido no céu de braços abertos.
OS ENSINAMENTOS DE JESUS, POR PALAVRA E EXEMPLO
Um verdadeiro seguidor de Cristo molda toda a sua vida conforme o exemplo d’Ele. Jesus ensinou claramente que amá-Lo significa obedecer tanto ao Pai quanto ao Filho. Esse mandamento não é para os de coração fraco, mas para aqueles que estão focados no Reino de Deus e dispostos a fazer o que for necessário para alcançar a vida eterna. Esse compromisso pode atrair oposição de amigos, da igreja e da família.
Os mandamentos sobre circuncisão, cabelo e barba, o sábado, alimentos proibidos e o uso dos tzitzit são amplamente ignorados pelo cristianismo atual. Aqueles que escolhem não se conformar e, em vez disso, seguem esses mandamentos, provavelmente enfrentarão perseguição, assim como Jesus nos alertou em Mateus 5:10.
Seguir os mandamentos de Deus exige coragem, mas a recompensa é a vida eterna.
Parte 1: O Grande Plano do Diabo Contra os Gentios
O PLANO DE SATANÁS CONTRA OS GENTIOS
O FRACASSO DE SATANÁS E SUA NOVA ESTRATÉGIA
Poucos anos após Jesus ter retornado ao Pai, Satanás iniciou seu plano de longo prazo contra os gentios. Sua tentativa de convencer Jesus a se aliar a ele havia fracassado (Mateus 4:8-9), e todas as suas esperanças de manter Cristo no túmulo foram permanentemente destruídas pela ressurreição (Atos 2:24).
O que restava para a serpente era continuar fazendo entre os gentios o que sempre fez desde o Éden: convencer a humanidade a não obedecer às leis de Deus (Gênesis 3:4-5).
DOIS OBJETIVOS DO PLANO
Para alcançar esse objetivo, duas coisas precisavam ser realizadas:
- Os gentios precisavam ser afastados o máximo possível dos judeus e de sua fé — uma fé que existia desde a criação da humanidade. A fé da família, dos amigos, dos apóstolos e dos discípulos de Jesus precisava ser abandonada.
- Eles precisavam de um argumento teológico para aceitar que a salvação oferecida a eles era diferente da forma como a salvação sempre foi entendida desde o princípio. Esse novo plano de salvação precisava permitir que os gentios desconsiderassem as leis de Deus.
Então, o diabo inspirou homens talentosos a criar uma nova religião para os gentios, completa com um novo nome, tradições e doutrinas. A mais crítica dessas doutrinas os levou a acreditar que um dos principais propósitos do Messias era “libertar” os gentios da obrigação de guardar a Lei.

O AFASTAMENTO DE ISRAEL
O DESAFIO DA LEI PARA OS GENTIOS
Todo movimento precisa de seguidores para sobreviver e crescer. A Lei de Deus, que até então vinha sendo observada pelos judeus messiânicos, começou a representar um desafio para o grupo de gentios que crescia rapidamente dentro da recém-formada igreja.
Mandamentos como a circuncisão, a observância do sétimo dia e a abstenção de certos alimentos passaram a ser vistos como barreiras para o crescimento do movimento. Gradualmente, a liderança começou a fazer concessões a esse grupo, sob o falso argumento de que a vinda do Messias incluía uma flexibilização da Lei para os não judeus — ainda que tal argumento não tivesse qualquer base no Antigo Testamento ou nas palavras de Jesus registradas nos quatro Evangelhos (Êxodo 12:49).
A RESPOSTA DOS JUDEUS ÀS MUDANÇAS
Enquanto isso, os poucos judeus que ainda demonstravam interesse no movimento — atraídos pelos sinais e maravilhas realizados por Jesus apenas algumas décadas antes e fortalecidos pela presença de testemunhas oculares, incluindo alguns dos apóstolos originais — ficaram compreensivelmente perturbados pelo abandono gradual da obrigação de observar as leis de Deus entregues através dos profetas.
Eram essas as mesmas leis que Jesus, os apóstolos e os discípulos haviam seguido fielmente.
AS CONSEQUÊNCIAS DO AFASTAMENTO
O ESTADO ATUAL DA ADORAÇÃO
O resultado, como sabemos, é que milhões agora se reúnem semanalmente em igrejas alegando adorar a Deus, enquanto ignoram completamente o fato de que esse mesmo Deus separou uma nação para Si através de um pacto eterno.
A PROMESSA DE DEUS A ISRAEL
Deus declarou claramente que nunca quebraria esse pacto:
“Assim como as leis do sol, da lua e das estrelas são imutáveis, assim também os descendentes de Israel nunca deixarão de ser a nação diante de Deus para sempre“ (Jeremias 31:35-37).
O PACTO ETERNO DE DEUS COM ISRAEL
SALVAÇÃO ATRAVÉS DE ISRAEL
Em nenhum lugar do Antigo Testamento lemos que haveria bênção ou salvação para aqueles que não se unissem a Israel:
“E Deus disse a Abraão: Você será uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão abençoadas todas as famílias da terra“ (Gênesis 12:2-3).
O próprio Jesus foi inequívoco ao afirmar que a salvação vem dos judeus:
“Porque a salvação vem dos judeus” (João 4:22).
OS GENTIOS E A OBEDIÊNCIA
O gentio que deseja ser salvo por Cristo deve seguir as mesmas leis que o Pai entregou à nação escolhida para Sua honra e glória — as mesmas leis que Jesus e Seus apóstolos observaram.
O Pai vê a fé e a coragem de um gentio assim, apesar dos desafios. Ele derrama Seu amor sobre ele, une-o a Israel e o conduz ao Filho para perdão e salvação.
Este é o plano de salvação que faz sentido porque é verdadeiro.
A GRANDE COMISSÃO
ESPALHANDO AS BOAS-NOVAS
Segundo historiadores, após a ascensão de Cristo, vários apóstolos e discípulos obedeceram à Grande Comissão e levaram o evangelho ensinado por Jesus às nações gentias:
- Tomé foi para a Índia.
- Barnabé e Paulo foram para a Macedônia, Grécia e Roma.
- André foi para a Rússia e a Escandinávia.
- Matias foi para a Etiópia.
As Boas-Novas se espalharam amplamente.
A MENSAGEM PERMANECEU CONSISTENTE
A mensagem que deveriam pregar era a mesma ensinada por Jesus e centrada no Pai:
- Crer que Jesus veio do Pai.
- Obedecer às leis do Pai.
Jesus deixou claro aos primeiros missionários que eles não estariam sozinhos em sua missão de espalhar as Boas-Novas do Reino de Deus. O Espírito Santo os lembraria do que Cristo havia ensinado durante o tempo que passaram juntos:
“Mas o Ajudador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e lhes lembrará tudo o que eu disse“ (João 14:26).
A instrução era continuar ensinando o que haviam aprendido de seu Mestre.
SALVAÇÃO E OBEDIÊNCIA
UMA ÚNICA MENSAGEM DE SALVAÇÃO
Em nenhum lugar dos Evangelhos vemos Jesus sugerindo que Seus missionários trariam uma mensagem diferente de salvação especialmente adaptada para os não judeus.
A FALSA DOUTRINA DA SALVAÇÃO SEM OBEDIÊNCIA
A ideia de que os gentios poderiam obter a salvação sem obedecer aos santos e eternos mandamentos do Pai está ausente dos ensinamentos de Jesus.
A ideia de salvação sem obediência à Lei não tem respaldo nas palavras de Jesus e, portanto, é falsa, independentemente de sua antiguidade ou popularidade.
A Lei de Deus: Introdução
A HONRA DE ESCREVER SOBRE A LEI DE DEUS
A MAIS NOBRE DAS TAREFAS
Escrever sobre a Lei de Deus é, possivelmente, a mais nobre das tarefas ao alcance de um simples ser humano. A Lei de Deus não é apenas um conjunto de mandamentos divinos, como muitos a percebem, mas sim a expressão de dois de Seus atributos: amor e justiça.
A Lei de Deus revela Suas exigências dentro do contexto e da realidade humana, visando à restauração daqueles que desejam ser reconduzidos à condição que tinham antes da entrada do pecado no mundo.
O SUPREMO OBJETIVO DA LEI
Ao contrário do que tem sido ensinado nas igrejas, cada mandamento é literal e inflexível para alcançar seu supremo objetivo: a salvação das almas rebeldes. Ninguém é forçado a obedecer, mas somente aqueles que obedecem serão restaurados e reconciliados com o Criador.
Escrever sobre essa Lei é, portanto, compartilhar um vislumbre do divino — um privilégio raro que exige humildade e reverência.
UM ESTUDO ABRANGENTE SOBRE A LEI DE DEUS
O PROPÓSITO DESTES ESTUDOS
Nestes estudos, abordaremos tudo o que é verdadeiramente importante saber sobre a Lei de Deus, para que aqueles que assim desejarem possam fazer as mudanças necessárias em suas vidas aqui na terra e se alinhar perfeitamente com as diretrizes estabelecidas pelo próprio Deus.

ALÍVIO E ALEGRIA PARA OS FIÉIS
Os seres humanos foram criados para obedecer a Deus. Aqueles que são corajosos e genuinamente desejam ser enviados ao Filho pelo Pai para perdão e salvação receberão estes estudos com alívio e alegria:
- Alívio: Porque, após dois mil anos de ensinamentos equivocados sobre a Lei de Deus e a salvação, Deus nos confiou a produção deste material, o qual reconhecemos que vai contra praticamente todos os ensinamentos existentes sobre o assunto.
- Alegria: Porque os benefícios de estar em harmonia com a Lei do Criador vão além do que meras criaturas podem expressar — benefícios espirituais, emocionais e físicos.
A LEI NÃO PRECISA DE JUSTIFICATIVA
A ORIGEM SAGRADA DA LEI
Estes estudos não se concentram, em primeiro lugar, em argumentos ou defesas doutrinárias, pois a Lei de Deus, quando corretamente compreendida, não necessita de justificativa, dada a sua origem sagrada.
Engajar-se em debates intermináveis sobre algo que nunca deveria ter sido questionado é um ultraje contra o próprio Deus.
A CRIATURA DESAFIANDO O CRIADOR
O próprio ato de uma criatura finita — um simples pedaço de barro (Isaías 64:8) — desafiar as regras de seu Criador, que a qualquer momento pode descartá-la entre cacos sem valor, revela algo profundamente preocupante nessa criatura.
Essa é uma atitude que deve ser urgentemente corrigida para o próprio bem da criatura.
DO JUDAÍSMO MESSIÂNICO AO CRISTIANISMO MODERNO
A LEI DO PAI E O EXEMPLO DE JESUS
Embora afirmemos que a Lei do Pai deve simplesmente ser obedecida por todos os que dizem seguir Jesus — assim como Jesus e Seus apóstolos fizeram — reconhecemos o enorme dano que foi causado dentro do cristianismo em relação à Sua Lei.
Esse dano tornou necessário explicar o que aconteceu ao longo dos quase dois milênios desde a ascensão de Cristo.
A MUDANÇA NA CRENÇA SOBRE A LEI
Muitos desejam entender como ocorreu a transição do Judaísmo Messiânico — judeus fiéis às leis de Deus no Antigo Testamento que aceitaram Jesus como o Messias de Israel enviado pelo Pai — para o cristianismo moderno, onde a crença predominante é que se esforçar para obedecer à Lei equivale a “rejeitar Cristo”, o que, naturalmente, é equiparado à condenação.
A PERCEPÇÃO ALTERADA DA LEI
DE BÊNÇÃO A REJEIÇÃO
A Lei, que antes era algo para ser meditado dia e noite pelos bem-aventurados (Salmos 1:2), passou a ser vista, na prática, como um conjunto de regras cuja obediência leva ao lago de fogo.
Tudo isso aconteceu sem qualquer respaldo no Antigo Testamento ou nas palavras de Jesus registradas nos quatro Evangelhos.
ABORDANDO OS MANDAMENTOS DESOBEDECIDOS
Nesta série, também abordaremos em detalhes os mandamentos de Deus mais desobedecidos nas igrejas ao redor do mundo, quase sem exceção, tais como a circuncisão, o sábado, as leis alimentares, as regras sobre cabelo e barba e os tzitzit.
Explicaremos não apenas como esses mandamentos claros de Deus deixaram de ser observados na nova religião que se distanciou do Judaísmo Messiânico, mas também como devem ser devidamente seguidos conforme as instruções das Escrituras — e não segundo o Judaísmo Rabínico, que, desde os dias de Jesus, tem incorporado tradições humanas à santa, pura e eterna Lei de Deus.