CIRCUNCISÃO: UM MANDAMENTO QUE QUASE TODAS AS IGREJAS CONSIDERAM ABOLIDO
Entre todos os santos mandamentos de Deus, a circuncisão parece ser o único que quase todas as igrejas erroneamente consideram abolido. O consenso é tão amplo que até antigos rivais doutrinários — como a Igreja Católica e denominações protestantes (Assembleia de Deus, Adventista, Batista, Presbiteriana, Congregação, etc.) —, bem como grupos frequentemente rotulados como seitas, como os Mórmons e as Testemunhas de Jeová, todos afirmam que este mandamento foi cancelado na cruz.
JESUS NUNCA ENSINOU SEU CANCELAMENTO
Há duas razões principais para essa crença ser tão difundida entre os cristãos, apesar do fato de que Jesus nunca ensinou tal doutrina e de que todos os apóstolos e discípulos de Jesus obedeceram a esse mandamento — incluindo Paulo, cujos escritos são frequentemente usados por líderes para “liberar” os gentios desse requisito estabelecido pelo próprio Deus.
Isso acontece mesmo sem haver qualquer profecia no Antigo Testamento sugerindo que, com a vinda do Messias, o povo de Deus — judeus ou gentios — estaria isento de obedecer a esse mandamento. Na verdade, desde o tempo de Abraão, a circuncisão sempre foi exigida para que qualquer homem fizesse parte do povo que Deus separou para ser salvo, independentemente de ser ou não um descendente de Abraão.
A CIRCUNCISÃO COMO SINAL DO PACTO ETERNO
Ninguém era admitido na comunidade santa (separada das demais nações) sem se submeter à circuncisão. A circuncisão era o sinal físico do pacto entre Deus e Seu povo privilegiado.
Além disso, esse pacto não era limitado a um período específico nem aos descendentes biológicos de Abraão; ele também incluía todos os gentios que desejassem ser oficialmente integrados à comunidade e considerados iguais perante Deus. O Senhor foi explícito: “Isso se aplica não apenas aos nascidos em sua casa, mas também aos servos estrangeiros que você comprou. Quer tenham nascido em sua casa ou tenham sido comprados com seu dinheiro, eles devem ser circuncidados. Meu pacto na sua carne será um pacto eterno” (Gênesis 17:12-13).
OS GENTIOS E A EXIGÊNCIA DA CIRCUNCISÃO
Se os gentios realmente não precisassem desse sinal físico para se tornarem parte do povo separado pelo Senhor, não haveria razão para Deus exigir a circuncisão antes da vinda do Messias, mas não depois.
NENHUM SUPORTE PROFÉTICO PARA UMA MUDANÇA
Para que essa ideia fosse verdadeira, seria necessário que houvesse informações nesse sentido nas profecias, e Jesus teria que nos informar que essa mudança ocorreria após Sua ascensão. No entanto, não há nenhuma menção no Antigo Testamento sobre a inclusão dos gentios no povo de Deus que sugira que eles estariam isentos de qualquer mandamento, incluindo a circuncisão, simplesmente por não serem descendentes biológicos de Abraão.
DUAS RAZÕES COMUMENTE UTILIZADAS PARA NÃO OBEDECER A ESTE MANDAMENTO DE DEUS
PRIMEIRA RAZÃO:
AS IGREJAS ENSINAM ERRONEAMENTE QUE O MANDAMENTO DA CIRCUNCISÃO FOI CANCELADO
A primeira razão pela qual as igrejas ensinam que a lei de Deus sobre a circuncisão foi cancelada (sem especificar quem supostamente a cancelou) está na dificuldade de cumprir esse mandamento. Os líderes religiosos temem que, se aceitarem e ensinarem a verdade — que Deus nunca deu qualquer instrução para aboli-lo —, perderiam muitos membros.
De modo geral, este mandamento é, de fato, inconveniente de cumprir. Sempre foi e continua sendo. Mesmo com os avanços médicos, um cristão que decide obedecer a esse mandamento precisa encontrar um profissional, pagar do próprio bolso (já que a maioria dos planos de saúde não cobre o procedimento), passar pela cirurgia, lidar com os incômodos do pós-operatório e enfrentar o estigma social, além da oposição de familiares, amigos e da própria igreja.
TESTEMUNHO PESSOAL
Um homem precisa estar verdadeiramente determinado a obedecer a este mandamento do Senhor para levá-lo adiante; caso contrário, desistirá com facilidade. Há incentivo de sobra para abandonar esse caminho. Sei disso porque eu mesmo passei por isso aos 63 anos, quando fui circuncidado em obediência ao mandamento.
SEGUNDA RAZÃO:
FALTA DE COMPREENSÃO SOBRE DELEGAÇÃO OU AUTORIZAÇÃO DIVINA
A segunda razão, e certamente a principal, é que a igreja carece de uma compreensão adequada sobre delegação ou autorização divina. Esse equívoco foi explorado desde cedo pelo diabo, quando, apenas algumas décadas após a ascensão de Jesus, começaram as disputas por poder entre os líderes da igreja, culminando na conclusão absurda de que Deus teria delegado a Pedro e a seus supostos sucessores a autoridade para fazer qualquer alteração que desejassem na Lei de Deus.

Essa aberração se estendeu muito além da circuncisão, afetando muitos outros mandamentos do Antigo Testamento, os quais Jesus e Seus seguidores sempre obedeceram fielmente.
AUTORIDADE SOBRE A LEI DE DEUS
Inspirada pelo diabo, a igreja ignorou o fato de que qualquer delegação de autoridade sobre a santa Lei de Deus teria que vir diretamente do próprio Deus — seja através de Seus profetas no Antigo Testamento ou de Seu Messias.
É inconcebível que meros seres humanos se outorguem a autoridade para alterar algo tão precioso para Deus como Sua Lei. Nenhum profeta do Senhor, nem Jesus, jamais nos alertou que o Pai, após o Messias, concederia a qualquer grupo ou indivíduo, dentro ou fora da Bíblia, o poder ou a inspiração para anular, abolir, modificar ou atualizar sequer o menor de Seus mandamentos. Pelo contrário, o Senhor declarou explicitamente que isso seria um grave pecado: “Nada acrescentem às palavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas guardem os mandamentos do Senhor, o seu Deus, que eu lhes ordeno” (Deuteronômio 4:2).
A PERDA DA INDIVIDUALIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS
A IGREJA COMO UM INTERMEDIÁRIO ENTRE O HOMEM E DEUS
Outro problema crítico é a perda da individualidade no relacionamento entre a criatura e o Criador. O papel da igreja nunca foi o de atuar como um intermediário entre Deus e o homem. No entanto, logo no início da era cristã, ela assumiu essa função.
Em vez de cada cristão, guiado pelo Espírito Santo, relacionar-se individualmente com o Pai e o Filho, as pessoas passaram a depender inteiramente de seus líderes para que lhes dissessem o que o Senhor permite ou proíbe.
ACESSO RESTRITO ÀS ESCRITURAS
Esse problema grave ocorreu, em grande parte, porque, até a Reforma do século XVI, o acesso às Escrituras era um privilégio reservado ao clero. Era expressamente proibido que o homem comum lesse a Bíblia por si mesmo, sob a justificativa de que ele seria incapaz de compreendê-la sem a interpretação clerical.
A INFLUÊNCIA DOS LÍDERES SOBRE O POVO
DEPENDÊNCIA DOS ENSINAMENTOS DOS LÍDERES
Cinco séculos se passaram, e apesar do acesso universal às Escrituras, as pessoas continuam a depender exclusivamente do que seus líderes ensinam — certo ou errado — permanecendo incapazes de aprender e agir independentemente em relação ao que Deus exige de cada indivíduo.
Os mesmos ensinamentos errôneos sobre os santos e eternos mandamentos de Deus, que existiam antes da Reforma, continuam sendo transmitidos através dos seminários de todas as denominações.
O ENSINO DE JESUS SOBRE A LEI
Até onde sei, não há uma única instituição cristã que ensine seus futuros líderes o que Jesus claramente ensinou: que nenhum mandamento de Deus perdeu sua validade após a vinda do Messias:
“Porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes menores mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; mas aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus” (Mateus 5:18-19).
OBEDIÊNCIA PARCIAL EM ALGUMAS DENOMINAÇÕES
ADESÃO SELETIVA AOS MANDAMENTOS DE DEUS
Algumas denominações se esforçam para ensinar que os mandamentos do Senhor são eternamente válidos e que nenhum escritor bíblico após o Messias escreveu contra esse entendimento. No entanto, por alguma razão misteriosa, elas limitam a lista de mandamentos válidos àqueles que outras igrejas decidiram declarar abolidos.
Essas denominações enfatizam os Dez Mandamentos (incluindo o sábado, o sétimo dia do quarto mandamento) e as leis dietéticas de Levítico 11, mas não vão além disso.
A INCONSISTÊNCIA DA SELETIVIDADE
O mais curioso é que essas seleções específicas não são acompanhadas por qualquer justificativa clara baseada no Antigo Testamento ou nos quatro Evangelhos que explique por que esses mandamentos em particular são obrigatórios, enquanto outros, como o uso do cabelo e barba, o tzitzit ou a circuncisão, não são mencionados ou defendidos.
Isso levanta a questão: se todos os mandamentos do Senhor são santos e justos, por que escolher obedecer a alguns e não a todos?
O PACTO ETERNO
A CIRCUNCISÃO COMO SINAL DO PACTO
A circuncisão é o comprovante físico do pacto eterno entre Deus e Seu povo, um grupo de seres humanos santos e separados do restante da população. Esse grupo sempre esteve aberto a todos e nunca foi limitado aos descendentes biológicos de Abraão, como alguns assumem.

Desde o momento em que Deus estabeleceu Abraão como o primeiro desse grupo, o Senhor instituiu a circuncisão como um sinal visível e eterno do pacto. Ficou claro que tanto seus descendentes naturais quanto aqueles que não pertenciam à sua linhagem precisariam desse sinal físico do pacto, caso desejassem fazer parte do Seu povo.
OS ESCRITOS DO APÓSTOLO PAULO COMO ARGUMENTO PARA NÃO OBEDECER ÀS LEIS ETERNAS DE DEUS
A INFLUÊNCIA DE MARCIÃO NO CÂNON BÍBLICO
Uma das primeiras tentativas de compilar os diversos escritos que surgiram após a ascensão de Cristo foi feita por Marcião (85 – 160 d.C.), um rico proprietário de navios do século II. Marcião era um seguidor fervoroso de Paulo, mas desprezava os judeus.
Sua Bíblia era composta principalmente pelos escritos de Paulo e por um evangelho próprio, que muitos consideram uma versão plagiada do Evangelho de Lucas. Marcião rejeitou todos os outros evangelhos e epístolas, descartando-os como não inspirados. Em sua Bíblia, todas as referências ao Antigo Testamento foram removidas, pois ele ensinava que o Deus anterior a Jesus não era o mesmo Deus proclamado por Paulo.
A Bíblia de Marcião foi rejeitada pela Igreja de Roma, e ele foi condenado como herege. No entanto, sua visão de que apenas os escritos do apóstolo Paulo eram inspirados por Deus, juntamente com sua rejeição de todo o Antigo Testamento e dos Evangelhos de Mateus, Marcos e João, já havia influenciado as crenças de muitos dos primeiros cristãos.
O PRIMEIRO CÂNON OFICIAL DA IGREJA CATÓLICA
O DESENVOLVIMENTO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
O primeiro cânon do Novo Testamento foi oficialmente reconhecido no final do século IV, cerca de 350 anos depois que Jesus retornou ao Pai. Os concílios da Igreja Católica em Roma, Hipona (393) e Cartago (397), desempenharam um papel fundamental na definição dos 27 livros do Novo Testamento que conhecemos hoje.
Esses concílios foram essenciais para consolidar o cânon e enfrentar as diversas interpretações e textos que circulavam entre as comunidades cristãs.
O PAPEL DOS BISPOS DE ROMA NA FORMAÇÃO DA BÍBLIA
APROVAÇÃO E INCLUSÃO DAS CARTAS DE PAULO
As cartas de Paulo foram incluídas na coleção de escritos aprovados por Roma no século IV. Essa coleção, considerada sagrada pela Igreja Católica, foi chamada de Biblia Sacra em latim e Τὰ βιβλία τὰ ἅγια (ta biblia ta hagia) em grego.
Após séculos de debates sobre quais escritos deveriam compor o cânon oficial, os bispos da Igreja aprovaram e declararam como sagrados: o Antigo Testamento judaico, os quatro Evangelhos, o Livro de Atos (atribuído a Lucas), as epístolas às igrejas (incluindo as cartas de Paulo) e o Livro do Apocalipse, de João.
O USO DO ANTIGO TESTAMENTO NO TEMPO DE JESUS
É importante notar que, no tempo de Jesus, todos os judeus, incluindo o próprio Jesus, liam e referenciavam exclusivamente o Antigo Testamento em seus ensinamentos. Essa prática baseava-se predominantemente na versão grega do texto, conhecida como a Septuaginta, que havia sido compilada cerca de três séculos antes de Cristo.
O DESAFIO DE INTERPRETAR OS ESCRITOS DE PAULO
COMPLEXIDADE E MÁS INTERPRETAÇÕES
Os escritos de Paulo, assim como os de outros autores posteriores a Jesus, foram incorporados à Bíblia oficial aprovada pela Igreja há muitos séculos e, por isso, são considerados fundamentais para a fé cristã.
No entanto, o problema não está em Paulo, mas nas interpretações que fazem de seus escritos. Suas cartas foram escritas em um estilo complexo e difícil, um desafio já reconhecido em sua época (como observado em 2 Pedro 3:16), quando o contexto cultural e histórico ainda era familiar aos leitores. Interpretar esses textos séculos depois, em um contexto completamente diferente, torna essa dificuldade ainda maior.
A QUESTÃO DA AUTORIDADE E DAS INTERPRETAÇÕES
O PROBLEMA DA AUTORIDADE DE PAULO
A questão central não é a relevância dos escritos de Paulo, mas o princípio fundamental da autoridade e sua transferência. Como já explicado, a autoridade que a Igreja atribui a Paulo para cancelar, abolir, corrigir ou atualizar os santos e eternos mandamentos de Deus não é respaldada pelas Escrituras que o precederam. Portanto, essa autoridade não provém do Senhor.
Não há nenhuma profecia no Antigo Testamento ou nos Evangelhos indicando que, após o Messias, Deus enviaria um homem de Tarso a quem todos deveriam ouvir e seguir.
ALINHANDO AS INTERPRETAÇÕES COM O ANTIGO TESTAMENTO E OS EVANGELHOS
A NECESSIDADE DE CONSISTÊNCIA
Isso significa que qualquer compreensão ou interpretação dos escritos de Paulo está errada se não estiver alinhada com as revelações que o precederam. Portanto, um cristão que realmente teme a Deus e Sua Palavra deve rejeitar qualquer interpretação das epístolas — seja de Paulo ou de qualquer outro escritor — que não seja consistente com o que o Senhor revelou por meio de Seus profetas no Antigo Testamento e de Seu Messias, Jesus.
HUMILDADE NA INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS
O cristão deve ter a sabedoria e a humildade de dizer:
“Eu não entendo esta passagem, e as explicações que li são falsas porque não têm o respaldo dos profetas do Senhor e das palavras ditas por Jesus. Vou deixá-la de lado até que, se for da vontade do Senhor, Ele me esclareça.”
UM GRANDE TESTE PARA OS GENTIOS
UM TESTE DE OBEDIÊNCIA E FÉ
Isso pode ser considerado um dos testes mais significativos que o Senhor escolheu impor aos gentios, um teste análogo ao que o povo judeu enfrentou durante sua jornada rumo a Canaã. Como está escrito em Deuteronômio 8:2: “Lembra-te de como o Senhor, teu Deus, te conduziu por todo o caminho no deserto durante estes quarenta anos, para te humilhar e te pôr à prova, a fim de saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os Seus mandamentos.”
IDENTIFICANDO OS GENTIOS OBEDIENTES
Nesse contexto, o Senhor busca identificar quais gentios estão verdadeiramente dispostos a se unir ao Seu povo santo. São aqueles que decidem obedecer a todos os mandamentos, incluindo a circuncisão, apesar da intensa pressão da igreja e das inúmeras passagens nas cartas às igrejas que aparentemente sugerem que vários mandamentos — descritos como eternos nos profetas e nos Evangelhos — foram revogados para os gentios.
A CIRCUNCISÃO DA CARNE E DO CORAÇÃO
UMA ÚNICA CIRCUNCISÃO: FÍSICA E ESPIRITUAL
É importante esclarecer que não existem dois tipos de circuncisão, mas apenas um: o físico. Deveria ser evidente para todos que a expressão “circuncisão do coração”, usada ao longo da Bíblia, é puramente figurativa, assim como “coração quebrantado” ou “coração alegre”.
Quando a Bíblia afirma que alguém é “incircunciso de coração”, isso simplesmente significa que a pessoa não está vivendo como deveria, como alguém que realmente ama a Deus e está disposto a obedecê-Lo.
EXEMPLOS DAS ESCRITURAS
Em outras palavras, esse homem pode ter sido fisicamente circuncidado, mas seu modo de vida não está alinhado com a vida que Deus espera de Seu povo. Por meio do profeta Jeremias, Deus declarou que toda a nação de Israel estava em um estado de “incircuncisão de coração”:
“Pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração” (Jeremias 9:26).
É evidente que todos eram fisicamente circuncidados, mas, ao se afastarem de Deus e abandonarem Sua santa Lei, foram julgados como incircuncisos de coração.
A NECESSIDADE DA CIRCUNCISÃO FÍSICA E DO CORAÇÃO
Todos os filhos homens de Deus, sejam judeus ou gentios, devem ser circuncidados — não apenas fisicamente, mas também de coração. Isso fica claro nestas palavras diretas:
“Assim diz o Soberano Senhor: Nenhum gentio, entre os filhos de Israel ou entre os que vivem no meio deles, entrará no meu santuário, a menos que seja circuncidado no corpo e no coração” (Ezequiel 44:9).
PRINCIPAIS CONCLUSÕES
- O conceito de circuncisão do coração sempre existiu e não foi introduzido no Novo Testamento como uma substituição da verdadeira circuncisão física.
- A circuncisão é exigida de todos os que fazem parte do povo de Deus, sejam judeus ou gentios.
CIRCUNCISÃO E O BATISMO NAS ÁGUAS
UMA SUBSTITUIÇÃO FALSA
Alguns acreditam erroneamente que o batismo nas águas foi instituído para os cristãos como um substituto da circuncisão. No entanto, essa afirmação é uma invenção puramente humana, uma tentativa de evitar a obediência ao mandamento do Senhor.
Se tal alegação fosse verdadeira, esperaríamos encontrar passagens nos profetas ou nos Evangelhos indicando que, após a ascensão do Messias, Deus não exigiria mais a circuncisão dos gentios que desejassem se unir ao Seu povo e que o batismo tomaria seu lugar. No entanto, tais passagens simplesmente não existem.
A ORIGEM DO BATISMO NAS ÁGUAS
Além disso, é importante notar que o batismo nas águas antecede o cristianismo. João Batista não foi o “inventor” nem o “pioneiro” do batismo.
AS ORIGENS JUDAICAS DO BATISMO (MIKVEH)
O MIKVEH COMO RITUAL DE PURIFICAÇÃO
O batismo, ou mikveh, já era um ritual bem estabelecido de imersão entre os judeus muito antes da época de João Batista. O mikveh simbolizava a purificação do pecado e da impureza ritual.

Quando um gentio era circuncidado, ele também passava por um mikveh. Esse ato não apenas servia para purificação ritual, mas também simbolizava a morte — sendo “enterrado” na água — de sua antiga vida pagã. Emergir da água, semelhante ao fluido amniótico do ventre materno, simbolizava seu renascimento para uma nova vida como judeu.
JOÃO BATISTA E O MIKVEH
João Batista não estava criando um novo ritual, mas dando um novo significado a um já existente. Em vez de apenas os gentios “morrerem” para suas vidas antigas e “renascerem” como judeus, João chamava também os judeus que viviam em pecado a “morrer” e “renascer” em um ato de arrependimento.
No entanto, essa imersão não era necessariamente um evento único. Os judeus se imergiam sempre que se tornavam ritualmente impuros, como antes de entrar no Templo. Eles também costumavam — e ainda fazem até hoje — realizar a imersão no Yom Kipur como um ato de arrependimento.
DISTINGUINDO BATISMO E CIRCUNCISÃO
FUNÇÕES DISTINTAS DOS RITUAIS
A ideia de que o batismo substituiu a circuncisão não tem apoio nem nas Escrituras nem na prática histórica judaica. Embora o batismo (mikveh) tenha sido e continue sendo um símbolo significativo de arrependimento e purificação, ele nunca teve a intenção de substituir a circuncisão, que é o sinal eterno do pacto de Deus.
Ambos os rituais possuem propósitos e significados distintos, e um não anula o outro.