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Postagens e Versos Sobre a Lei de Deus

Aqui você tem uma grande oportunidade de participar da obra de Deus aqui na terra. Criamos essa seção com centenas de postagens e versos que enaltecem a santa e eterna Lei de Deus e encoraja os cristão a obedecer à Deus enquanto há tempo. Para usar, embaixo de cada postagem/verso tem um link para copiar a imagem e texto, basta tocar/clicar e compartilhar. Não ignore essa oportunidade que o Senhor está lhe dando.

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Apêndice 6: As Carnes Proibidas ao Cristão

Nem todas as coisas vivas foram criadas para serem alimentos para os seres humanos. Essa verdade torna-se evidente quando examinamos o início da humanidade no Jardim do Éden. Adão, o primeiro homem, recebeu a tarefa de cuidar de um jardim. Que tipo de jardim? O texto original em hebraico não especifica, mas há evidências convincentes de que era um jardim de frutas:

“E o Senhor Deus plantou um jardim no éden, ao oriente… E da terra fez o Senhor Deus brotar toda árvore agradável à vista e boa para alimento” (Gênesis 2:15).

Lemos também sobre o papel de Adão em nomear e cuidar dos animais, mas em nenhum lugar das Escrituras se sugere que eles também eram “bons para alimento”, como as árvores. Isso não significa que comer carne seja proibido por Deus—se fosse, haveria instrução explícita nesse sentido em toda a Escritura. No entanto, isso nos diz que o consumo de carne animal não fazia parte da dieta da humanidade desde o princípio. A provisão inicial de Deus na fase inicial da humanidade parece ser totalmente baseada em plantas, enfatizando frutas e outras formas de vegetação.

A DISTINÇÃO ENTRE ANIMAIS PUROS E IMPUROS

Embora Deus eventualmente tenha permitido que os humanos matassem e comessem animais, distinções claras foram estabelecidas entre os animais adequados para consumo e os que não eram. Essa distinção é primeiramente sugerida nas instruções dadas a Noé antes do dilúvio: “Leve com você sete pares de cada tipo de animal puro, macho e fêmea, e um par de cada tipo de animal impuro, macho e fêmea” (Gênesis 7:2).

O fato de Deus não explicar a Noé como distinguir entre animais puros e impuros sugere que tal conhecimento já estava arraigado na humanidade, possivelmente desde o início da criação. Esse reconhecimento de animais puros e impuros pode ser visto como um reflexo de uma ordem divina mais ampla e um propósito, onde certas criaturas foram separadas para funções específicas no contexto natural e espiritual. O provável é que a noção de puro e impuro, até então só se referia a quais animais eram aceitos ou não como oferta ao Senhor.  À medida que as Escrituras se desdobram, essa distinção torna-se mais codificada e elaborada, destacando sua importância no relacionamento de aliança entre Deus e Seu povo.

O SIGNIFICADO INICIAL DE ANIMAIS LIMPOS

Com base no que aconteceu até agora na narrativa de Gênesis, podemos afirmar com segurança que, até o dilúvio, a distinção entre animais puros e impuros estava relacionada apenas à sua aceitabilidade como sacrifícios. A oferta de Abel do primogênito de seu rebanho destaca esse princípio. No texto hebraico, a frase “primogênito de seu rebanho” (מִבְּכֹרוֹת צֹאנוֹ) usa a palavra “rebanho” (צֹאן, tzon), que normalmente se refere a pequenos animais domesticados, como ovelhas e cabras. Portanto, é muito provável que Abel tenha oferecido um cordeiro ou um cabrito de seu rebanho (Gênesis 4:3-5).

Da mesma forma, quando Noé saiu da arca, ele construiu um altar e sacrificou holocaustos ao Senhor usando animais limpos, que foram especificamente mencionados nas instruções de Deus antes do dilúvio (Gênesis 8:20; 7:2). Essa ênfase inicial em animais limpos para o sacrifício estabelece a base para a compreensão de seu papel exclusivo na adoração e na pureza do pacto.

As palavras hebraicas usadas para descrever essas categorias—tahor (טָהוֹר) e tamei (טָמֵא)—não são arbitrárias. Elas estão profundamente conectadas aos conceitos de santidade e separação para o Senhor:

  • טָמֵא (Tamei)
    • Significado: Impuro, imundo.
    • Uso: Refere-se à impureza ritual, moral ou física. Frequentemente associado a animais, objetos ou ações proibidos para consumo ou adoração.
    • Exemplo: “No entanto, estes vocês não deverão comer… eles são impuros (tamei) para vocês” (Levítico 11:4).
  • טָהוֹר (Tahor)
    • Significado: Puro, limpo.
    • Uso: Refere-se a animais, objetos ou pessoas adequados para consumo, adoração ou atividades rituais.
    • Exemplo: “Vocês devem fazer distinção entre o santo e o comum, e entre o impuro e o puro” (Levítico 10:10).

Esses termos formam a base das leis alimentares de Deus, que são detalhadas posteriormente em Levítico 11 e Deuteronômio 14. Esses capítulos listam explicitamente os animais considerados puros (permitidos para alimento) e impuros (proibidos para comer), garantindo que o povo de Deus permaneça distinto e santo.

ADVERTÊNCIAS DE DEUS CONTRA O CONSUMO DE CARNES IMPURAS

Ao longo do Tanach (Antigo Testamento), Deus advertiu repetidamente Seu povo por violar Suas leis alimentares. Várias passagens condenam especificamente o consumo de animais impuros, enfatizando que essa prática era vista como rebelião contra os mandamentos de Deus:

“Um povo que Me provoca continuamente diante do Meu rosto… que come carne de porcos, e em cujos vasos há caldo de carne impura” (Isaías 65:3-4).

“Os que se consagram e se purificam para entrar nos jardins, seguindo aquele que está entre os que comem carne de porcos, ratos e outras coisas impuras—eles terão o mesmo fim junto com aqueles que seguem,” declara o Senhor (Isaías 66:17).

Essas repreensões destacam que comer carne impura não era apenas uma questão dietética, mas uma falha moral e espiritual. O ato de consumir tais alimentos estava vinculado à desobediência às instruções de Deus. Ao se entregarem a práticas explicitamente proibidas, o povo demonstrava um desprezo pela santidade e obediência.

JESUS E AS CARNES IMPURAS

Com a vinda de Jesus, o surgimento do cristianismo e os escritos do Novo Testamento, muitos começaram a questionar se Deus não se importa mais com a obediência às Suas leis, incluindo Suas regras sobre alimentos impuros. Na realidade, praticamente todo o mundo cristão consome o que quiser.

No entanto, o fato é que não há profecia no Antigo Testamento que diga que o Messias cancelaria a lei sobre carnes impuras ou qualquer outra lei de Seu Pai (como alguns argumentam). Jesus claramente obedeceu às ordenanças do Pai em tudo, incluindo neste ponto. Se Jesus tivesse comido carne de porco, assim como sabemos que Ele comeu peixe (Lucas 24:41-43) e cordeiro (Mateus 26:17-30), então teríamos um claro ensinamento pelo exemplo, mas sabemos que não foi o caso. Não há indicação de que Jesus e Seus discípulos violaram essas instruções dadas por Deus através dos profetas.

ARGUMENTOS REFUTADOS

FALSO ARGUMENTO: “Jesus declarou todos os alimentos puros”

A VERDADE: Marcos 7:1-23 é frequentemente citado como evidência de que Jesus aboliu as leis alimentares relacionadas à carne impura. No entanto, um exame cuidadoso do texto revela que essa interpretação é infundada. O versículo frequentemente citado de forma errada diz:

“Porque não entra no coração, mas no estômago, e sai para fora”. (Assim declarou puros todos os alimentos.) (Marcos 7:19).

O CONTEXTO: NÃO SE TRATA DE ALIMENTOS PUROS E IMPUROS

Primeiramente, o contexto dessa passagem não tem nada a ver com alimentos puros ou impuros, conforme delineado em Levítico 11. Em vez disso, ela foca em um debate entre Jesus e os fariseus sobre uma tradição judaica não relacionada às leis alimentares. Os fariseus e escribas notaram que os discípulos de Jesus não realizavam a lavagem cerimonial das mãos antes de comer, conhecida em hebraico como netilat yadayim (נטילת ידיים). Esse ritual envolve lavar as mãos com uma bênção e é uma prática tradicional observada até hoje na comunidade judaica, particularmente entre os ortodoxos.

A preocupação dos fariseus não era com as leis alimentares de Deus, mas com a adesão a essa tradição humana. Eles viam o fato de os discípulos não realizarem o ritual como uma violação de seus costumes, equiparando isso à impureza.

A RESPOSTA DE JESUS: O QUE IMPORTA É O CORAÇÃO

Jesus passa boa parte de Marcos 7 ensinando que o que realmente contamina uma pessoa não são práticas ou tradições externas, mas a condição do coração. Ele enfatiza que a impureza espiritual vem de dentro, de pensamentos e ações pecaminosas, e não de falhar em observar rituais cerimoniais.

Quando Jesus explica que o alimento não contamina uma pessoa porque entra no sistema digestivo e não no coração, Ele não está abordando as leis alimentares, mas sim a tradição da lavagem cerimonial das mãos. Seu foco está na pureza interna, e não em rituais externos.

UMA ANÁLISE MAIS DETALHADA DE MARCOS 7:19

Marcos 7:19 é frequentemente mal compreendido devido a uma nota explicativa inexistente que os publicadores de Bíblias inseriram no texto, afirmando: “Com isso, ele declarou todos os alimentos puros.” No texto grego, a sentença apenas diz: “οτι ουκ εισπορευεται αυτου εις την καρδιαν αλλ εις την κοιλιαν και εις τον αφεδρωνα εκπορευεται καθαριζον παντα τα βρωματα,” que traduzido literalmente significa: “Porque não entra nele no coração, mas no estômago, e sai para a latrina, purificando todos os alimentos.”

Ler: “sai para a latrina, purificando todos os alimentos” e traduzir como: “Com isso, ele declarou todos os alimentos puros” é uma tentativa descarada de manipular o texto para se ajustar a um viés comum contra a Lei de Deus nos seminários e vendedores de Bíblias.

O que faz mais sentido é que toda a frase é Jesus descrevendo na linguagem cotidiana da época o processo de comer. O sistema digestivo ingere o alimento, extrai nutrientes e componentes benéficos que o corpo necessita (a parte limpa), e então expulsa o restante como resíduo. A frase “purificando todos os alimentos” provavelmente se refere a este processo natural de separar os nutrientes úteis do que será descartado.

CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO

Marcos 7:1-23 não trata de abolir as leis alimentares de Deus, mas de rejeitar tradições humanas que elevam rituais externos acima das questões do coração. Jesus ensinou que a verdadeira contaminação vem de dentro, e não de falhar em observar a lavagem cerimonial das mãos. A afirmação de que “Jesus declarou todos os alimentos puros” é uma interpretação errada do texto, enraizada em preconceitos contra as leis eternas de Deus. Ao ler cuidadosamente o contexto e o idioma original, fica claro que Jesus respeitou os ensinamentos da Torá e não desconsiderou as leis alimentares dadas por Deus.

FALSO ARGUMENTO: “Em uma visão, Deus disse ao apóstolo Pedro que agora podemos comer a carne de qualquer animal”

A VERDADE: Muitas pessoas citam a visão de Pedro em Atos 10 como evidência de que Deus aboliu as leis alimentares relacionadas a animais impuros. No entanto, um exame mais detalhado do contexto e do propósito da visão revela que ela nada tinha a ver com a anulação das leis sobre alimentos puros e impuros. Em vez disso, a visão foi destinada a ensinar Pedro a aceitar os gentios no povo de Deus, e não a alterar as instruções dietéticas dadas por Deus.

A VISÃO DE PEDRO E SEU PROPÓSITO

Em Atos 10, Pedro tem uma visão de um lençol descendo do céu, contendo todos os tipos de animais, tanto puros quanto impuros, acompanhada de uma ordem para “matar e comer”. A resposta imediata de Pedro é clara:

“De modo nenhum, Senhor! Eu jamais comi algo impuro ou imundo” (Atos 10:14).

Esta reação é significativa por várias razões:
  1. A Obediência de Pedro às leis alimentares
    Essa visão ocorre após a ascensão de Jesus e o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Se Jesus tivesse abolido as leis alimentares durante Seu ministério, Pedro—um dos discípulos mais próximos de Jesus—teria conhecimento disso e não teria objetado tão fortemente. O fato de Pedro ter recusado comer animais impuros demonstra que ele ainda seguia as leis alimentares e não tinha entendimento de que elas haviam sido abolidas.
  2. O Verdadeiro Propósito da Visão
    A visão é repetida três vezes, enfatizando sua importância, mas seu verdadeiro significado é esclarecido apenas alguns versículos depois, quando Pedro visita a casa de Cornélio, um gentio. O próprio Pedro explica o significado da visão:
    “Deus me mostrou que eu não devo chamar impuro ou imundo nenhum homem” (Atos 10:28).

A visão não tinha nada a ver com comida, mas era uma mensagem simbólica. Deus usou a imagem de animais puros e impuros para ensinar Pedro que as barreiras entre judeus e gentios estavam sendo removidas e que os gentios agora poderiam ser aceitos na comunidade da aliança de Deus.

INCONSISTÊNCIAS LÓGICAS COM O ARGUMENTO DE QUE “A LEI SOBRE ALIMENTOS FOI ABOLIDA”

A afirmação de que a visão de Pedro aboliu as leis alimentares ignora vários pontos cruciais:

  1. A Resistencia Inicial de Pedro
    Se as leis alimentares já tivessem sido abolidas, a objeção de Pedro não faria sentido. Suas palavras refletem sua adesão contínua a essas leis, mesmo após anos seguindo Jesus.
  2. Nenhuma Evidência Escriturística de Abolição
    Em nenhum lugar de Atos 10 o texto afirma explicitamente que as leis alimentares foram abolidas. O foco é inteiramente na inclusão dos gentios, não em uma redefinição de alimentos puros e impuros.
  3. O Simbolismo da Visão
    O propósito da visão torna-se evidente em sua aplicação. Quando Pedro percebe que Deus não faz distinção entre as pessoas, mas aceita aqueles de qualquer nação que O temem e fazem o que é certo (Atos 10:34-35), fica claro que a visão era sobre derrubar preconceitos, não sobre regulações dietéticas.
  4. Contradições na Interpretação
    Se a visão fosse sobre a abolição das leis alimentares, isso contradiziria o contexto mais amplo de Atos, onde os crentes judeus, incluindo Pedro, continuaram a observar as instruções da Torá. Além disso, a visão perderia seu poder simbólico se fosse interpretada literalmente, pois então abordaria apenas práticas dietéticas e não a questão mais significativa da inclusão dos gentios.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO

A visão de Pedro em Atos 10 não era sobre comida, mas sobre pessoas. Deus usou a imagem de animais puros e impuros para transmitir uma verdade espiritual mais profunda: que o evangelho era para todas as nações e que os gentios não deveriam mais ser considerados impuros ou excluídos do povo de Deus. Interpretar essa visão como uma revogação das leis alimentares é um mal-entendido tanto do contexto quanto do propósito da passagem.

As instruções dietéticas dadas por Deus em Levítico 11 permanecem inalteradas e nunca foram o foco dessa visão. As próprias ações e explicações de Pedro confirmam isso. A verdadeira mensagem da visão é sobre derrubar barreiras entre pessoas, não alterar as leis eternas de Deus.

FALSO ARGUMENTO: “O concílio de Jerusalém decidiu que os gentios poderiam comer qualquer coisa, desde que não fosse estrangulada ou com sangue”

A VERDADE: O Concílio de Jerusalém (Atos 15) é frequentemente interpretado de forma errada para sugerir que os gentios receberam permissão para desconsiderar a maioria dos mandamentos de Deus e seguir apenas quatro requisitos básicos. No entanto, um exame mais detalhado revela que esse concílio não se tratava de abolir as leis de Deus para os gentios, mas de facilitar sua participação inicial nas comunidades judaicas messiânicas.

SOBRE O QUE ERA O CONCÍLIO DE JERUSALÉM?

A questão principal abordada no concílio era se os gentios precisavam se comprometer integralmente com toda a Torá—incluindo a circuncisão—antes de serem autorizados a ouvir o evangelho e participar das reuniões das primeiras congregações messiânicas.

Durante séculos, a tradição judaica defendeu que os gentios deveriam se tornar totalmente observantes da Torá, incluindo a adoção de práticas como a circuncisão, a observância do sábado, as leis alimentares e outros mandamentos, antes que um judeu pudesse interagir livremente com eles (veja Mateus 10:5-6; João 4:9; Atos 10:28). A decisão do conselho marcou uma mudança, reconhecendo que os gentios poderiam começar sua jornada de fé sem seguir imediatamente todas essas leis.

QUATRO REQUISITOS INICIAIS PARA HARMONIA

O concílio concluiu que os gentios poderiam frequentar as reuniões congregacionais como estavam, desde que evitassem as seguintes práticas (Atos 15:20):

  1. Alimentos Contaminados por Ídolos: Evitar consumir alimentos sacrificados a ídolos, pois a idolatria era profundamente ofensiva aos crentes judeus.
  2. Imoralidade Sexual: Abster-se de pecados sexuais, que eram comuns nas práticas pagãs.
  3. Carne de Animais Estrangulados: Evitar comer animais que foram mortos de forma inadequada, pois isso retinha sangue, algo proibido pelas leis alimentares de Deus.
  4. Sangue: Evitar consumir sangue, uma prática proibida na Torá (Levítico 17:10-12).

Esses requisitos não eram um resumo de todas as leis que os gentios precisavam seguir. Em vez disso, serviam como um ponto de partida para garantir paz e unidade entre crentes judeus e gentios em congregações mistas.

O QUE ESSA DECISÃO NÃO SIGNIFICAVA

É absurdo afirmar que esses quatro requisitos eram as únicas leis que os gentios precisavam obedecer para agradar a Deus e receber a salvação.

  • Os gentios estavam livres para violar os Dez Mandamentos?
    • Eles poderiam adorar outros deuses, usar o nome de Deus em vão, roubar ou matar? Claro que não. Tal conclusão contradiz tudo o que as Escrituras ensinam sobre as expectativas de Deus quanto à retidão.
  • Um Ponto de Partida, Não um Ponto Final:
    • O concílio abordou a necessidade imediata de permitir que os gentios participassem das reuniões judaico-messiânicas. Pressupunha-se que eles cresceriam em conhecimento e obediência ao longo do tempo.
ATOS 15:21 TRAZ CLAREZA

A decisão do concílio é esclarecida em Atos 15:21:
“Porque, desde os tempos antigos, Moisés [a Torá] é pregado em todas as cidades, sendo lido nas sinagogas a cada sábado.”

Este versículo demonstra que os gentios continuariam aprendendo as leis de Deus à medida que frequentassem a sinagoga e ouvissem a Torá. O concílio não aboliu os mandamentos de Deus, mas estabeleceu uma abordagem prática para que os gentios iniciassem sua jornada de fé sem sobrecarga.

CONTEXTO DOS ENSINAMENTOS DE JESUS

O próprio Jesus enfatizou a importância dos mandamentos de Deus. Por exemplo, em Mateus 19:17 e Lucas 11:28, e em todo o Sermão da Montanha (Mateus 5-7), Jesus afirmou a necessidade de seguir as leis de Deus, como não cometer assassinato, adultério, amar o próximo e muitas outras. Esses princípios eram fundamentais e não teriam sido descartados pelos apóstolos.

CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO

O Concílio de Jerusalém não declarou que os gentios poderiam comer qualquer coisa ou ignorar os mandamentos de Deus. Ele tratou de uma questão específica: como os gentios poderiam começar a participar das congregações judaico-messiânicas sem adotar imediatamente todos os aspectos da Torá. Os quatro requisitos eram medidas práticas para promover a harmonia em comunidades mistas de judeus e gentios.

A expectativa era clara: os gentios cresceriam em sua compreensão das leis de Deus ao longo do tempo por meio do ensino da Torá, que era lida nas sinagogas todos os sábados. Sugerir o contrário deturpa o propósito do concílio e ignora os ensinamentos mais amplos das Escrituras.

FALSO ARGUMENTO: “O apóstolo Paulo ensinou que Cristo cancelou a necessidade de obedecer às leis de Deus para a salvação”

A VERDADE: Muitos líderes cristãos, senão a maioria, ensinam incorretamente que o apóstolo Paulo era contra a Lei de Deus e instruiu os convertidos gentios a desconsiderarem Seus mandamentos. Alguns até sugerem que obedecer às leis de Deus poderia colocar em risco a salvação. Essa interpretação levou a uma confusão teológica significativa.

Estudiosos que discordam dessa perspectiva têm trabalhado arduamente para abordar as controvérsias em torno dos escritos de Paulo, tentando demonstrar um por um que seus ensinamentos foram mal compreendidos ou tirados de contexto em relação à Lei e à salvação. No entanto, nosso ministério tem uma posição diferente.

POR QUE EXPLICAR PAULO É A ABORDAGEM ERRADA

Acreditamos que é desnecessário—e até ofensivo ao Senhor—fazer grandes esforços para explicar a posição de Paulo sobre a Lei. Fazer isso eleva Paulo, um ser humano, a um status igual ou superior ao dos profetas de Deus, e até mesmo de Jesus Cristo.

Em vez disso, a abordagem teológica adequada é examinar se as Escrituras anteriores a Paulo previram ou endossaram a ideia de que alguém viria depois de Jesus para ensinar uma mensagem que anulasse as leis de Deus. Se essa profecia importante existisse, teríamos motivos para aceitar os ensinamentos de Paulo sobre esse assunto como divinamente autorizados, e faria sentido fazer o máximo para entendê-los e viver de acordo com eles.

A AUSÊNCIA DE PROFECIAS SOBRE PAULO

A realidade é que as Escrituras não contêm profecias sobre Paulo—ou qualquer outra figura—trazendo uma mensagem que cancela as leis de Deus. Os únicos indivíduos explicitamente profetizados no Antigo Testamento e que aparecem no Novo Testamento são:

  1. João Batista: Seu papel como precursor do Messias foi predito e confirmado por Jesus (por exemplo, Isaías 40:3, Malaquias 4:5-6, Mateus 11:14).
  2. Judas Iscariotes: Referências indiretas são encontradas em passagens como Salmos 41:9 e Salmos 69:25.
  3. José de Arimateia: Isaías 53:9 alude indiretamente a ele como aquele que providenciou o sepultamento de Jesus.

Além desses indivíduos, não existem profecias sobre qualquer outra pessoa sendo enviada para anular os mandamentos de Deus ou ensinar que os gentios poderiam ser salvos sem obedecer às Suas leis eternas.

O QUE JESUS PROFETIZOU SOBRE O QUE VIRIA APÓS SUA ASCENSÃO

Jesus fez várias profecias sobre o que aconteceria após Seu ministério terreno, incluindo:

  • A destruição do Templo (Mateus 24:2).
  • A perseguição de Seus discípulos (João 15:20, Mateus 10:22).
  • A propagação da mensagem do Reino a todas as nações (Mateus 24:14).

No entanto, não há menção de alguém de Tarso—ou de qualquer outro lugar—sendo enviado e autorizado pelo Pai a ensinar uma nova doutrina contrária à obediência à Lei de Deus; algo ensinado pelos profetas do Senhor desde o início dos tempos e confirmado pelo própio Filho de Deus: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus [Antigo Testamento] e a obedecem” (Lucas 11:28).

O VERDADEIRO TESTE DOS ESCRITOS DE PAULO

Isso não significa que devamos rejeitar os escritos de Paulo ou de Pedro, João e Tiago. Em vez disso, devemos abordar seus escritos com cautela, garantindo que qualquer interpretação esteja alinhada com as Escrituras fundamentais: a Lei e os Profetas do Antigo Testamento, e os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos.

O problema não está nos escritos em si, mas nas interpretações que teólogos e líderes religiosos impuseram sobre eles. Qualquer interpretação dos ensinamentos de Paulo deve ser apoiada por:

  1. O Antigo Testamento: A Lei de Deus revelada por meio de Seus profetas.
  2. Os Quatro Evangelhos: As palavras e ações de Jesus, que cumpriu e confirmou a Lei.

Se uma interpretação não atende a esses critérios, não deve ser aceita como verdade.

CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO

O argumento de que Paulo ensinou o cancelamento das leis de Deus, incluindo as instruções dietéticas, não é sustentado pelas Escrituras. Nenhuma profecia previu tal mensagem, e o próprio Jesus confirmou a Lei. Portanto, qualquer ensinamento que afirme o contrário deve ser analisado à luz da imutável Palavra de Deus.

Como seguidores do Messias, somos chamados a buscar alinhamento com o que já foi escrito e revelado por Deus, e não a confiar em interpretações que contradizem Seus mandamentos eternos.

AS CARNES PROIBIDAS SEGUNDO A LEI DE DEUS

As leis alimentares de Deus, descritas na Torá, definem especificamente os animais que Seu povo pode comer e aqueles que deve evitar. Essas instruções enfatizam santidade, obediência e separação de práticas que contaminam. Abaixo está uma lista detalhada e descritiva das carnes proibidas, com referências bíblicas.

  1. ANIMAIS TERRESTRES QUE NÃO RUMINAM OU NÃO TÊM CASCOS FENDIDOS

  • Os animais são considerados impuros se lhes faltar uma ou ambas essas características.
  • Exemplos de Animais Proibidos:
    • Camelo (gamal, גָּמָל) – Rumina, mas não tem cascos fendidos (Levítico 11:4).
    • Hirax (shafan, שָׁפָן) – Rumina, mas não tem cascos fendidos (Levítico 11:5).
    • Lebre (arnevet, אַרְנֶבֶת) – Rumina, mas não tem cascos fendidos (Levítico 11:6).
    • Porco (chazir, חֲזִיר) – Tem cascos fendidos, mas não rumina (Levítico 11:7).
  1. CRIATURAS AQUÁTICAS SEM BARBATANAS E ESCAMAS

  • Somente peixes com barbatanas e escamas são permitidos. Criaturas que não têm uma dessas características são impuras.
  • Exemplos de Criaturas Proibidas:
    • Bagre – Não tem escamas.
    • Frutos do mar – Inclui camarões, caranguejos, lagostas e mariscos.
    • Enguias – Não têm barbatanas nem escamas.
    • Lulas e Polvos – Não têm barbatanas nem escamas (Levítico 11:9-12).
  1. AVES DE RAPINA, NECRÓFAGAS E OUTRAS AVES PROIBIDAS

  • A lei especifica certas aves que não devem ser comidas, geralmente associadas a comportamentos predatórios ou necrófagos.
  • Exemplos de Aves Proibidas:
    • Águia (nesher, נֶשֶׂר) (Levítico 11:13).
    • Abutre (da’ah, דַּאָה) (Levítico 11:14).
    • Corvo (orev, עֹרֵב) (Levítico 11:15).
    • Coruja, Falcão, Corvo-marinho e outros (Levítico 11:16-19).
  1. INSETOS VOADORES QUE ANDAM SOBRE QUATRO PATAS

  • Os insetos voadores são geralmente impuros, a menos que tenham pernas articuladas para pular.
  • Exemplos de Insetos Proibidos:
    • Moscas, mosquitos e besouros.
    • Gafanhotos e locustas, no entanto, são exceções e permitidos (Levítico 11:20-23).
  1. ANIMAIS QUE RASTEJAM PELO CHÃO

  • Qualquer criatura que se move sobre a barriga ou tem múltiplas pernas e rasteja pelo chão é impura.
  • Exemplos de Criaturas Proibidas:
    • Cobras.
    • Lagartos.
    • Ratos e toupeiras (Levítico 11:29-30, 11:41-42).
  1. ANIMAIS MORTOS OU EM DECOMPOSIÇÃO

  • Mesmo de animais puros, qualquer carcaça que tenha morrido por conta própria ou tenha sido rasgada por predadores é proibida para consumo.
  • Referência: Levítico 11:39-40, Êxodo 22:31.
  1. CRUZAMENTO ENTRE ESPÉCIES

  • Embora não seja diretamente dietética, o cruzamento entre espécies é proibido, implicando cuidado nas práticas de produção de alimentos.
  • Referência: Levítico 19:19.

Essas instruções demonstram o desejo de Deus de que Seu povo seja distinto, honrando-O até mesmo em suas escolhas alimentares. Ao seguir essas leis, Seus seguidores mostram obediência e respeito pela santidade de Seus mandamentos.


Apêndice 5: O Dia de Sábado e os Dias de ir à Igreja, Duas Coisas Diferentes

QUAL É O DIA DE IR À IGREJA?

Comecemos este estudo indo direto ao ponto: não há mandamento de Deus indicando em que dia o cristão deve ir à igreja, mas há um que determina em que dia ele deve descansar. O cristão pode ser Assembleiano, Batista, Católico, Presbiteriano ou de qualquer outra denominação, frequentando cultos e estudos bíblicos aos domingos ou em qualquer outro dia, mas isso não o isenta da obrigação de descansar no dia ordenado por Deus: o sétimo dia.

Deus nunca estipulou qual o dia que os seus filhos aqui na terra deveriam ir adorá-lo: nem no sábado, nem no domingo, nem segunda, terça, etc. Qualquer dia que o cristão quiser adorar a Deus, com as suas orações, louvores e estudos, ele pode fazê-lo, seja a sós, em família ou em grupo. O dia em que ele se congrega com os irmãos para adorar a Deus não tem nada a ver com o quarto mandamento e não tem nada a ver com nenhum outro mandamento que veio de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.

Se Deus de fato quisesse que no sábado (ou domingo) os seus filhos fossem ao tabernáculo, ou templo, ou igreja, obviamente ele mencionaria este importante detalhe no mandamento, mas como veremos a seguir, isto nunca ocorreu. O mandamento apenas diz que não devemos trabalhar e que não devemos forçar ninguém, nem mesmo animais, a trabalhar no dia que Ele, Deus, santificou.

PARA QUE DEUS SEPAROU O SÉTIMO DIA?

Deus menciona o sábado como um dia santo (separado, consagrado) em inúmeros lugares nas Sagradas Escrituras, a começar pela semana da criação. “Ora, havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou [Heb. שׁבת (shabbat) v. parar, descansar, desistir] nesse dia de toda a obra que fizera. Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou [Heb. קדוש (kadôsh) adj. santo, consagrado, separado]; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera” (Gênesis 2:2-3). Aqui nesta primeira menção do sábado, Deus estabelece a base do mandamento que mais tarde nos daria em mais detalhes, que é:

  1. O Criador separou este dos seis dias que o precederam (domingo, segunda, terça, etc.);
  2. Descansou neste dia. Obviamente sabemos que o Criador não precisa descansar, pois Deus é Espírito (João 4.24), mas utilizou desta linguagem humana, conhecida em teologia como antropomorfismo, para que entendamos o que Ele espera que os seus filhos na terra façam no sétimo dia: descansar, no hebraico: shabbat.

O SÁBADO E O PECADO

O fato da santificação (ou separação) do sétimo dia dos demais dias ter ocorrido assim tão cedo na história da raça humana é importante porque fica claro que o desejo do Criador de que descansemos especificamente neste dia não está ligado ao pecado, já que ainda não existia pecado na terra, o que é um indício de que no céu e na nova terra continuaremos descansando no sétimo dia.

O SÁBADO E O JUDAÍSMO

Também observamos que não se trata de uma tradição do judaísmo, já que Abraão, que deu origem aos judeus, não apareceria em cena por vários séculos. Mas se trata, sim, de mostrar aos seus verdadeiros filhos na terra o seu comportamento neste dia, para que assim possamos imitar o nosso Pai, da mesma forma que Jesus o fazia. “Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto Ele faz, o Filho o faz igualmente” (João 5:19).

MAIS DETALHES SOBRE O QUARTO MANDAMENTO

Esta foi a referência em Gênesis, que deixa mais do que óbvio que o Criador separou o sétimo dia de todos os outros e que este é um dia de descanso. Mas até aqui na Bíblia, o Senhor não foi específico quanto ao que o ser humano, que foi criado um dia antes, deveria fazer no sétimo dia. Somente quando o povo escolhido começou a caminhar rumo à terra prometida é que Deus nos deu instruções detalhadas sobre o sétimo dia. Depois de 400 anos vivendo como escravos em uma terra pagã, o povo escolhido precisava de esclarecimentos quanto ao sétimo dia, e isto foi o que Deus escreveu Ele mesmo em uma tábua de pedra, para que todos nós entendêssemos que era Deus e não um ser humano que estava dando aquelas ordens. Vamos ver na íntegra o que Deus escreveu sobre o sétimo dia:

“Lembra-te do dia do sábado [Heb. שׁבת (shabbat) v. parar, descansar, desistir], para o santificar [Heb. קדש (kadesh) v. santificar, consagrar]. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho [Heb. מלאכה (m’larrá) s.f. trabalho, ocupação]; mas o sétimo dia [Heb. ום השׁביעי (uma shiví-i) sétimo dia] é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou” (Êxodo 20:8-11).

POR QUE O MANDAMENTO COMEÇA COM O VERBO “LEMBRAR”?

O fato de Deus iniciar o mandamento com o verbo “lembrar” [Heb. זכר (zakar) v. lembrar, recordar] deixa claro que descansar no sétimo dia não era uma novidade para o seu povo, mas que, devido à condição de escravidão no Egito, não podiam fazê-lo na frequência e na maneira correta. Notemos também que este é, de longe, o mandamento mais detalhado dos 10 que foram entregues ao povo, ocupando 1/3 dos versículos bíblicos dos mandamentos.

Poderíamos falar bem mais sobre esta passagem em Êxodo, mas quero focar no objetivo deste estudo, que é apenas mostrar que o Senhor não mencionou nada no quarto mandamento relacionado a adorar a Deus, ou a se reunir em algum lugar para cantar, ou para orar, ou para estudar a Bíblia, mas tão somente que devemos lembrar que foi este dia, o sétimo, que o nosso Criador santificou e nele descansou, e que assim como Ele, façamos o mesmo.

A ordem que Deus nos deu de descansar no sétimo dia é tão séria que Ele fez questão de expandir o mandamento para os nossos visitantes (estrangeiros), funcionários (servos) e até mesmo os animais, deixando bem claro que não seria admitido qualquer tipo de trabalho secular neste dia.

A OBRA DE DEUS, NECESSIDADES BÁSICAS E ATOS DE BONDADE NO SÁBADO

Quando esteve aqui conosco, Jesus esclareceu para nós que trabalhos que envolvem a obra de Deus na terra (João 5:17), as necessidades básicas do ser humano, como o comer (Mateus 12:1), e os nossos atos de bondade para com o próximo (João 7:23) podem e devem ser feitos no sétimo dia sem quebrar o quarto mandamento.

No sétimo dia, o filho que está na terra descansa do seu trabalho, imitando assim o seu Pai que está no céu. Ele também adora a Deus e se deleita na sua lei, não só no sétimo dia, mas todos os dias da semana. O filho de Deus ama e tem prazer em obedecer a tudo aquilo que o seu Pai lhe ensinou. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Salmos 1.1-2. Ver também: Salmos 40.8; 112.1; 119.11; 119.35; 119.48; 119.72; 119.92; Jó 23.12; Jeremias 15.6; Lucas 2.37; 1 João 5.3).

AS PROMESSAS DE DEUS PARA QUEM OBEDECE AO QUARTO MANDAMENTO

Deus usou o profeta Isaías como o seu porta-voz para fazer uma das mais lindas promessas da Bíblia para aqueles que lhe obedecem observando o dia de sábado como um dia de descanso:

“Se vigiares o teu pé para não profanar o sábado, e deixares de fazer o que bem quiseres no meu santo dia; se chamares ao sábado de deleitoso, de digno de honra é o santo dia do Senhor; se o honrares, não seguindo os teus caminhos, nem te ocupando com os teus afazeres, nem falando palavras vãs; então te deleitarás no Senhor, e eu te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse” (Isaías 58:13-14).

AS BÊNÇÃOS DO SÁBADO SÃO TAMBÉM PARA OS GENTIOS

Linda promessa especial ligada ao sétimo dia; especialmente para aqueles que procuram pelas bênçãos de Deus. Mas a este mesmo profeta, o Senhor foi mais além, Deus quis deixar mais do que claro que as bênçãos que estão reservadas para quem guarda o sétimo dia não estão limitadas aos judeus. Olhe só o que o Criador prometeu aos gentios:

“E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu pacto, sim, a esses os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Isaías 56:6-7).

O SÁBADO E AS ATIVIDADES NAS IGREJAS

O cristão obediente, seja ele um judeu messiânico ou um gentio, descansa no sétimo dia porque este, e não outro, foi o dia que o Senhor lhe instruiu que descansasse. Se ele quer interagir com o seu Deus em grupo, se quer adorar a Deus com os seus irmãos e irmãs em Cristo, ele pode fazê-lo sempre que existir oportunidade, o que geralmente ocorre aos domingos e também às quartas-feiras ou quintas-feiras, quando várias igrejas têm cultos de oração, culto de doutrinas, curas, etc.

Tanto os judeus no período bíblico como os judeus ortodoxos modernos vão às sinagogas aos sábados porque, obviamente, é mais conveniente, já que neste dia não trabalham, em obediência ao quarto mandamento. O próprio Jesus ia ao templo aos sábados regularmente, mas em nenhum momento deu a entender que ia ao templo no sétimo dia porque isso fazia parte do quarto mandamento, porque simplesmente não faz. Jesus se ocupava todos os sete dias da semana em terminar a obra do seu Pai (João 4.34), e no sábado era no templo que encontraria o maior número de pessoas que precisavam ouvir a mensagem do Reino (Lucas 4.16).


Apêndice 4: O Cabelo e a Barba do Cristão

Este é mais um mandamento que não tem nenhum argumento teológico que justifique o fato de que praticamente nenhuma denominação ensine que deve ser obedecido por todos os fiéis do sexo masculino. Sabemos que este era um mandamento observado por todos os judeus no período bíblico, sem interrupção, porque, ainda que de uma forma errada nos seus detalhes, os judeus ultraortodoxos atuais nunca pararam de observá-lo. Também não há dúvida de que Jesus e todos os seus apóstolos e discípulos eram fiéis cumpridores de todos os mandamentos contidos na Torá, incluindo o de Levítico 19:27: “Não raspem o cabelo ao redor da cabeça nem raspem o contorno da barba rente à pele”.

Os primeiros cristãos começaram a se afastar do mandamento de Levítico 19:27, principalmente devido à influência cultural ao longo dos primeiros séculos da era cristã.

 INFLUÊNCIA GREGA E ROMANA

À medida que o cristianismo se espalhou pelo mundo greco-romano, os convertidos trouxeram consigo suas práticas culturais. Tanto os gregos quanto os romanos tinham normas de higiene e apresentação pessoal que incluíam o corte de cabelo e barba. Essas práticas influenciaram os costumes dos cristãos gentios. Este deveria ter sido o período em que os líderes da igreja fossem firmes quanto à necessidade de se manterem fiéis aos ensinos dos profetas e de Jesus, independentemente de valores e práticas culturais. Não deveriam ceder em relação a nenhum dos mandamentos de Deus, mas a falta de firmeza foi passando de geração em geração, resultando em um povo fraco e incapaz de ser fiel à Lei de Deus. Essa fraqueza persiste até os nossos dias, onde encontramos uma igreja distante daquela que Jesus iniciou. A única razão pela qual ela ainda existe é porque, como sempre, Deus mantém os sete mil que não dobraram o joelho a Baal e nem o beijaram (1 Reis 19:18).

PRÁTICA AO LONGO DOS SÉCULOS

Durante os primeiros séculos, a prática de não cortar o cabelo e a barba foi gradualmente abandonada pelos cristãos gentios, enquanto os judeus messiânicos (judeus que aceitavam a Jesus como o Messias) continuaram a observar todos os mandamentos de Deus contidos na Torá até que a separação entre judaísmo e cristianismo se tornou mais distinta. Nos séculos seguintes, especialmente após a legalização do cristianismo no Império Romano com o Edito de Milão em 313 d.C., as práticas culturais romanas se tornaram ainda mais prevalentes entre os cristãos.

Ou seja, os primeiros cristãos começaram a ignorar o mandamento de Levítico 19:27 devido à combinação de influências culturais do mundo greco-romano e uma interpretação secular das Escrituras, diferente daquela que Jesus ensinou. Esta mudança refletiu uma adaptação do cristianismo ao contexto cultural secular predominante enquanto ainda tentava manter uma conexão com os primeiros cristãos, que eram fieis a todos os mandamentos de Deus, assim como Jesus: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mateus 5:17).

JESUS, A BARBA E O CABELO

Jesus Cristo, em sua vida, nos deu o exemplo de como todo aquele que deseja a vida eterna deve viver aqui neste mundo. Ele demonstrou a importância de cumprir todos os mandamentos do Pai, incluindo o mandamento sobre o cabelo e barba dos filhos de Deus. A importância do seu exemplo serviu em dois aspectos importantes: um para a sua própria época e outro para as futuras gerações de discípulos.

Para o seu próprio período, o exemplo de Jesus em obedecer à Torá serviu para eliminar muitos dos ensinamentos rabínicos que predominavam entre os judeus. Esses ensinamentos tinham a aparência de serem ultra fiéis à Torá, mas na verdade eram em grande parte tradições humanas destinadas a manter o povo “escravo” de suas tradições.

Nas profecias de Isaías sobre Jesus, uma das torturas que Ele sofreu foi ter sua barba puxada e arrancada: “Ofereci minhas costas àqueles que me batiam, as faces àqueles que arrancavam minha barba; não escondi o rosto da zombaria e dos cuspes” (Isaías 50:6).

COMO CUMPRIR CORRETAMENTE ESTE MANDAMENTO ETERNO

  • Tamanho do Cabelo e Barba: O homem deve manter o cabelo e a barba em um tamanho que deixe claro que ele tem ambos, mesmo quando observado de longe. Nem muito longo nem muito curto, mas o principal é que não sejam curtos demais.
  • Não Raspar o Contorno Natural: O cabelo e a barba não devem ser raspados no seu contorno natural. Essa é a palavra-chave do mandamento: פאה (Peá), que significa contorno, extremidade, fronteira, esquina, quina, lados. Não se refere ao comprimento de cada fio, mas sim ao contorno do cabelo e barba. Por exemplo, esta mesma palavra é usada referindo-se a uma plantação: “Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as [פאה] extremidades da sua lavoura, nem ajuntem as espigas caídas de sua colheita” (Levítico 19:9).

Esses pontos são essenciais para a correta observância do mandamento, assegurando que os homens sigam fielmente a instrução divina sobre o cabelo e a barba.

Dois homens lado a lado mostrando a forma correta e incorreta de manter a barba e o cabelo de acordo com o mandamento de Deus conforme descrito nas Escrituras.

ARGUMENTOS INVÁLIDOS PARA NÃO OBEDECER A ESSE MANDAMENTO DE DEUS:

INVÁLIDO: Só precisa obedecer quem deseja ter barba.

Alguns homens, incluindo líderes messiânicos, argumentam que não precisam obedecer a esse mandamento porque raspam a barba por completo. Nesse entendimento ilógico, o mandamento só se aplicaria se a pessoa decidisse “ter barba”. Ou seja, apenas se o homem quisesse ter barba (ou cabelo), ele teria que seguir as instruções de Deus. Esse raciocínio conveniente não está no texto sagrado. Não existe o condicional “se” ou “caso”, mas apenas instruções claras sobre como o cabelo e a barba devem ser mantidos.

Dentro dessa mesma lógica, a pessoa poderia se esquivar de outros mandamentos, como o do Sábado: “Não preciso guardar o sétimo dia porque não guardo nenhum dia”, ou das carnes proibidas: “Não preciso me preocupar com a proibição de certas carnes porque eu nunca pergunto que carne está no prato”. Esse tipo de atitude não convence a Deus, pois o Senhor percebe que o indivíduo considera as leis de Deus, não como algo agradável, mas sim como uma inconveniência que preferiria se não existisse. Um contraste com a atitude dos salmistas: “Ó Senhor Deus, ensina-me a entender as tuas leis, e eu sempre as seguirei. Dá-me entendimento para que eu possa guardar a tua lei e cumpri-la de todo o coração” (Salmos 119:33-34).

INVÁLIDO: O mandamento sobre a barba e o cabelo tinha a ver com as práticas pagãs das nações vizinhas.

Em Levítico 19:27, o mandamento sobre não raspar o cabelo ao redor da cabeça e nem raspar o contorno da barba rente à pele é frequentemente mal interpretado como relacionado a rituais pagãos sobre os mortos. Entretanto, ao examinarmos o contexto e a tradição judaica, notamos que essa interpretação carece de base sólida nas Escrituras.

O texto em hebraico diz: “לא תקפו פאת ראשכם, ולא תשחית את פאת זקנך” (lo taqqifu peá roshkhem, velo tashchit et peá zekanekha), que significa: “Não raspem o cabelo ao redor da cabeça nem raspem o contorno da barba rente à pele” A palavra פאת (peá) significa contorno, extremidade, fronteira, esquina, quina ou lados. Esse mandamento é uma instrução clara sobre aparência pessoal, sem qualquer menção a práticas pagãs sobre os mortos ou algum outro costume pagão.

O capítulo 19 de Levítico contém uma vasta gama de leis que abrangem diversos aspectos da vida diária e da moralidade. Entre elas estão mandamentos sobre não comer sangue (v. 26), a guarda do sábado (v. 3 e 30), o tratamento justo aos estrangeiros (v. 33-34), a honra aos idosos (v. 32), o uso de pesos e medidas honestas (v. 35-36), a proibição de misturar diferentes tipos de sementes (v. 19), e a mistura de lã e linho em vestes (v. 19). Cada uma dessas leis reflete uma preocupação específica de Deus com a santidade e a ordem dentro do povo de Israel. Assim, é fundamental que cada mandamento seja considerado em seu próprio mérito. Não se pode simplesmente afirmar que o mandamento de não cortar o cabelo e a barba (v. 27) está ligado a práticas pagãs, apenas porque o versículo 28 menciona cortes no corpo pelos mortos e o versículo 26 aborda a feitiçaria.

Embora existam algumas passagens na Tanach que conectam o ato de raspar o cabelo e a barba ao luto, em nenhum lugar das Escrituras foi dito que um homem pode raspar o cabelo e a barba desde que não esteja fazendo isso em sinal de luto. Essa condição, portanto, é uma adição humana, uma tentativa de criar exceções que Deus não colocou em Sua Lei. Tal interpretação acrescenta cláusulas que não estão no texto sagrado, revelando uma busca por justificativas para evitar a obediência total. Essa atitude de ajustar os mandamentos segundo conveniências pessoais, em vez de seguir o que foi claramente ordenado, vai contra o espírito de submissão à vontade de Deus. O que de fato ocorre nessas passagens sobre não raspar o cabelo e a barba para os mortos, é um alerta de que esse argumento não seria aceito para justificar a quebra do mandamento sobre o cabelo e barba.

OS JUDEUS ORTODOXOS

Ainda que eles tenham um entendimento errado em certos detalhes sobre o corte do cabelo e barba, os judeus ortodoxos, desde os tempos antigos, sempre entenderam o mandamento de Levítico 19:27 como separado das leis referentes a práticas pagãs. Eles mantêm a distinção, compreendendo que a proibição reflete um princípio de santidade e separação, não ligado ao luto ou rituais idólatras.

As palavras hebraicas usadas no versículo 27, como תקפו (taqqifu), que significa “cortar ou raspar ao redor”, e תשחית (tashchit), que significa “danificar” ou “destruir”, indicam uma proibição de modificar a aparência natural do homem de maneira que desonre a imagem de santidade que Deus espera de Seu povo. Não há nenhuma ligação direta com as práticas pagãs descritas nos versículos anteriores ou seguintes.

Assim, afirmar que Levítico 19:27 está relacionado a rituais pagãos é incorreto e tendencioso. O versículo faz parte de um conjunto de mandamentos que orientam a conduta e a aparência do povo de Israel, e foi sempre entendido como uma ordem separada dos ritos de luto ou idolatria mencionados em outras passagens.


TODOS OS MANDAMENTO SE APLICAM AOS GENTIOS

Tanto os descendentes biológicos de Abraão quanto os gentios que se unirem ao povo de Deus terão que obedecer a todos os mandamentos, sem exceção: “A assembleia deverá ter as mesmas leis, que valerão tanto para vocês como para o estrangeiro (גר, ger) que vive entre vocês; este é um decreto perpétuo pelas suas gerações, que, perante o Senhor, valerá tanto para vocês quanto para o estrangeiro residente (גר). A mesma lei e ordenança se aplicará tanto a vocês como ao estrangeiro residente (גר)” (Números 15:15-16).

 O ESTRANGEIRO RESIDENTE

(Todos os Gentios, no Passado e Presente, Que Querem Fazer Parte do Povo de Deus)

Este termo (גר, ger) se refere a um estrangeiro, um indivíduo não-judeu que vive permanentemente entre os israelitas e se compromete a seguir suas leis e práticas de fé no único e verdadeiro Deus. O “ger” era diferente de outros tipos de gentios em contato com Israel, pois ele se integrava na comunidade e adotava um estilo de vida idêntico ao dos israelitas, incluindo a observância das santas leis de Deus.

Outros tipos de estrangeiros incluíam:

  • Nokri (נכרי): Um estrangeiro que não tinha laços com a comunidade israelita e geralmente era visto como um visitante ou comerciante temporário. Eles não eram obrigados a seguir as leis de Israel, mas deviam respeitar algumas normas básicas enquanto estivessem no território.
  • Toshav (תושב): Este termo pode se referir a um residente temporário ou um imigrante que vivia entre os israelitas, mas que não se comprometia com a plena observância das leis religiosas de Israel. Embora eles pudessem viver por longos períodos no território, não tinham os mesmos direitos e deveres que os “gerim” (plural de “ger”).

O “ger” tinha um status especial, pois ao aceitar as leis de Deus, ele podia participar plenamente da vida religiosa e social da comunidade. Isso incluía a participação em sacrifícios e festividades.


Apêndice 3: O Tzitzit (Franjas, Cordões, Borlas)

O MANDAMENTO PARA LEMBRAR DOS MANDAMENTOS

O mandamento do tzitzit, dado por Deus através de Moisés durante os 40 anos de peregrinação, ordena que os filhos de Israel, nativos ou gentios, façam cordões (franjas) [Hb. ציצת (tzitzit) sf. cordões, franjas, borla] nas bordas de suas vestes e que coloquem um cordão azul nessas franjas. Este símbolo físico serve para distinguir os seguidores de Deus, sendo um lembrete constante de sua identidade e compromisso com Seus mandamentos. A inclusão do cordão azul, uma cor frequentemente associada com o céu e a divindade, sublinha a santidade e a importância desse lembrete. Este mandamento é declarado para ser seguido “pelas suas gerações”, indicando que não é limitado a um período específico, mas deve ser observado continuamente.

Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes que façam para si cordões nas bordas das suas vestes pelas suas gerações; e que nos cordões em cada uma das bordas, um cordão seja azul;  para que quando vires estes cordões, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os observeis; e para que não sigais o vosso coração e os vossos olhos, após os quais vos prostituís; para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os observeis, e sejais santos para com o vosso Deus. (Números 15:37-40)

SÓ PARA HOMENS OU PARA TODOS?

A questão mais comum sobre este mandamento é se ele se aplica apenas aos homens ou a todos. A dificuldade está no fato de que, em Hebraico, o termo usado neste verso é בני ישראל (Bnei Yisrael), que significa “filhos de Israel” (masculino), enquanto em outros versos onde Deus também dá instruções ao povo, a expressão é כל-קהל ישראל, que se traduz como “assembleia” e claramente se refere a toda a comunidade (veja Josué 8:35; Deuteronômio 31:11; 2 Crônicas 34:23).

Embora algumas mulheres judias modernas e gentias messiânicas gostem de adornar suas roupas com o que chamam de tzitzit, a realidade é que não temos nenhuma indicação de que esta lei se aplicava a ambos os sexos.

QUANDO E COMO USAR

Quanto ao uso, deve estar na roupa: dois na frente e dois atrás, exceto durante o banho (óbvio). Alguns consideram o uso ao dormir como opcional. Quem não usa ao dormir segue a lógica de que a função do tzitzit é ser um lembrete visual, e não se pode vê-lo quando se dorme. A pronúncia de tzitzit é (zitzit); o plural é tzitzitot (zitziôt) ou simplesmente tizitzits.

A COR DOS CORDÕES

É importante notar que a passagem não especifica o tom exato do cordão azul (ou roxo). No judaísmo moderno, muitos optam por não usar o cordão azul, argumentando que não sabem o tom exato e decidiram então usar apenas cordões brancos nos seus tzitzits. No entanto, se a tonalidade específica fosse crucial, Deus certamente teria sido claro sobre isso. A essência do mandamento é a obediência e o lembrete constante dos mandamentos de Deus, não a exata tonalidade da cor.

Muitos também creem que o cordão azul é simbólico do Messias, mas não temos respaldo para este entendimento, embora reconhecemos ser uma ideia atrativa. Alguns também aproveitam do fato de o mandamento não mencionar qual a cor dos fios — além de que um deles deverá ser azul — para fazer tzitzitot elaborados, com várias cores, etc. Não é aconselhável, pois isto demonstra uma liberdade com os mandamentos de Deus que não tem nada de positivo. No período bíblico, colorir fios de tecelagem era caro e é quase garantido que os tzitzitot originais eram da cor natural da lã que era tirada do carneiro, cabra ou camelo, provavelmente a maioria era entre branco a bege. Sugerimos que fiquemos dentro destas cores.

Imagens dos tipos de tzitzits (franja, borlas, cordões) mais usados. Dois errados e um correto.

A QUANTIDADE DE FIOS

As Escrituras não especificam quantos fios cada tzitzit deve ter. O único requisito é que um dos fios seja azul. No judaísmo moderno, os tzitzitot geralmente são feitos com quatro fios que são dobrados ao meio para formar oito fios em cada tzitzit. Eles também adicionaram nós e consideram estes nós obrigatórios. No entanto, este número de oito fios e os nós é uma tradição rabínica sem base nas Escrituras.

No nosso caso, sugerimos que seja ou de cinco ou dez fios em cada tzitzit. Escolhemos este número porque, se o Senhor nos disse que a função é que nos lembre dos seus mandamentos, é apropriado que a quantidade de fios seja a mesma dos dez mandamentos. Não que só existam dez mandamentos do Senhor, mas sim que as duas tábuas dos dez mandamentos de Êxodo 20 sempre foram consideradas como um símbolo de toda a Lei de Deus.

Neste caso, podemos ter dez fios ou cinco em cada tzitzit seguindo o mesmo símbolo. Se for dez, temos os dez mandamentos em cada, se for cinco, temos uma representação de cinco mandamentos por tábua, embora ninguém saiba se de fato eram cinco em cada tábua. Aliás, muitos deduzem (sem provas) que eram quatro mandamentos ligados ao nosso relacionamento com Deus em uma tábua, e seis mandamentos ligados ao nosso relacionamento com o próximo na outra. Mas, quanto ao número de fios em cada tzitzit, o número de cinco ou dez fios que mencionamos são apenas sugestões, uma vez que Deus não passou esta informação a Moisés.

Faça você mesmo o seu tzitzit segundo o mandamento em Números 15:37-40
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imagem com link para o PDF sobre como fazer o seu próprio tzitzit

“PARA QUE, VENDO-OS, VOS LEMBREIS”

O tzitzit, com o cordão azul, serve como uma ferramenta visual para ajudar os servos de Deus a lembrar e cumprir todos os Seus mandamentos. Este versículo enfatiza a importância de não seguir os desejos do coração ou dos olhos, que podem levar ao pecado. Em vez disso, os seguidores de Deus devem focar-se em obedecer aos Seus mandamentos. Este princípio é atemporal e se aplica tanto aos israelitas antigos quanto aos cristãos de hoje, que são chamados a manter-se fiéis aos mandamentos de Deus e a fugir das tentações do mundo.

Todas as vezes que Deus nos alerta para nos lembrarmos de algo, é porque Ele sabe muito bem que podemos esquecer. Este “esquecer” não significa apenas que não nos lembramos dos mandamentos, mas que quando estamos prestes a cometer um pecado e olhamos para baixo e vemos os tzitzitot, somos lembrados de que existe um Deus e que este Deus nos deu mandamentos que, se não cumprirmos, haverá consequências. Neste sentido, o tzitzit serve como uma barreira contra o pecado.

“TODOS OS MEUS MANDAMENTOS”

A observância de todos os mandamentos de Deus é fundamental para manter a santidade e a fidelidade a Ele. Os tzitzits nas vestes são um símbolo tangível para lembrar os servos de Deus da necessidade de viver uma vida santa e obediente.

Ser santo, separado para Deus, é um tema central em toda a Bíblia, e este mandamento específico é um meio pelo qual os servos de Deus podem manter-se conscientes de sua responsabilidade de obedecer. É importante observar o uso do substantivo כֹּל (todos) que enfatiza a importância de obedecer não somente alguns dos mandamentos, como ocorre em praticamente todas as igrejas no mundo inteiro, mas sim ao “pacote” de mandamentos que nos foram dados.

Recordemos que os mandamentos de Deus são de fato instruções que deverão ser seguidas fielmente se queremos agradá-lo, para que assim sejamos enviados a Jesus e termos os nossos pecados perdoados através do seu sacrifício expiatório. Jesus foi claro que o processo que leva à salvação se inicia com o ser humano agradando ao Pai na sua conduta (Salmos 18:22-24).

QUANDO A ALMA É ENVIADA A JESUS PARA PERDÃO E SALVAÇÃO

Após o Pai sondar o coração do homem e confirmar que a sua inclinação é para a obediência, o Espírito Santo guia este homem a guardar todos os seus santos mandamentos. O Pai então envia este homem a Jesus, ou “presenteia” este homem a Jesus: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:44). E também: “Esta é a vontade de Deus: que eu não perca nenhum dos que me deu, mas que os ressuscite no último dia.” (João 6:39).

JESUS E OS CORDÕES

aleidedeus.org - mulher com fluxo de sangue toca no tzitzit de Jesus

Jesus Cristo, em Sua vida, demonstrou a importância de cumprir os mandamentos de Deus, incluindo o uso do tzitzit em suas vestes. Quando lemos o original grego [Gr. κράσπεδον (kraspedon) sn. tzitzit, cordões, franjas, borlas], vemos que foi nisto que a mulher com fluxo de sangue tocou e foi curada: “E eis que uma mulher, que durante doze anos vinha padecendo de uma hemorragia, veio por trás dele e lhe tocou nos cordões do seu manto” (Mateus 9:20). E em Marcos lemos que várias pessoas queriam tocar nos tzitzits de Jesus, pois sabiam que estes simbolizavam os poderosos mandamentos de Deus que trazem bênção e curas: “Onde quer que ele entrasse nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças, rogando-lhe que os deixasse tocar ao menos nos cordões da sua veste; e quantos o tocavam saíam curados” (Marcos 6:56).

O SIGNIFICADO DOS TZITZITS NA VIDA DE JESUS

Esses relatos destacam que Jesus observava fielmente o mandamento de usar tzitzits, conforme instruído na Torá. Os tzitsits não eram apenas elementos decorativos, mas símbolos profundos dos mandamentos de Deus, que Jesus encarnava e defendia. O reconhecimento do povo dos tzitsits como um ponto de conexão com o poder divino ressalta o papel da obediência à Lei de Deus em trazer bênçãos e milagres.

A observância de Jesus a esse mandamento demonstra Sua completa submissão à Lei de Deus e fornece um exemplo poderoso para que Seus seguidores façam o mesmo; não apenas para os tzitzits, mas para todos os mandamentos de Seu Pai, como o sábado, a circuncisão, o cabelo e a barba e as carnes proibidas.


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Apêndice 2: A Circuncisão e o Cristão

Entre todos os santos mandamentos de Deus, se não me engano, a circuncisão é o único que praticamente todas as igrejas erroneamente consideram abolido. O consenso é tão grande que até mesmo antigos rivais doutrinários, como a igreja católica e as protestantes (pentecostal, adventista, batista, presbiteriana, congregação, etc.), incluindo as consideradas seitas, como os mórmons e os testemunhos de Jeová, todos defendem que este mandamento foi cancelado na cruz.

DUAS RAZÕES COMUMENTE USADAS PARA NÃO OBEDECER A ESTE MANDAMENTO DE DEUS

Existem duas razões principais para este entendimento ser tão popular entre os cristãos, apesar de Jesus nunca ter ensinado tal doutrina e de todos os apóstolos e discípulos de Jesus estarem em obediência a este mandamento, incluindo Paulo, cujos escritos os líderes usam para “liberar” os gentios dessa exigência do próprio Deus. Isso ocorre mesmo sem haver nenhuma profecia no Antigo Testamento sugerindo que, com a vinda do Messias, o povo de Deus, judeus ou gentios, estariam isentos de obedecer a este mandamento do Senhor. Ou seja, apesar da circuncisão sempre ter sido exigida, desde Abraão, para que o homem faça parte do povo que Deus separou para ser salvo, seja ele descendente de Abraão ou não.

Ninguém era admitido como parte da comunidade santa (separada dos outros povos) se não se submetesse à circuncisão. A circuncisão era o sinal físico da aliança entre Deus e o povo privilegiado. Novamente, este pacto não era limitado ao tempo ou aos descendentes biológicos de Abraão, mas também incluía todos os estrangeiros, para serem oficialmente incluídos na comunidade e serem considerados iguais perante Deus. O Senhor foi claro: “Isso se aplica não apenas aos membros de sua família, mas também aos servos nascidos em sua casa e aos servos estrangeiros que você comprou. Quer sejam nascidos em sua casa, quer os tenha comprado, todos devem ser circuncidados. Terão no corpo o sinal da minha aliança sem fim” (Gênesis 17:12-13).

Se os gentios realmente não precisassem deste sinal físico para se tornarem parte do povo separado pelo Senhor, não haveria motivo para Deus exigir a circuncisão antes da vinda do Messias, mas não depois. Para isso ser verdade, teria que haver tal informação nas profecias, e Jesus teria que nos informar que isso ocorreria após sua ascensão. No entanto, nenhuma menção no Antigo Testamento sobre a inclusão dos gentios no povo de Deus menciona que eles estariam isentos de qualquer mandamento, incluindo a circuncisão, apenas porque não eram descendentes biológicos de Abraão.

TODOS OS MANDAMENTO SE APLICAM AOS GENTIOS

Tanto os descendentes biológicos de Abraão quanto os gentios que se unirem ao povo de Deus terão que obedecer a todos os mandamentos, sem exceção: “A assembleia deverá ter as mesmas leis, que valerão tanto para vocês como para o estrangeiro (גר, ger) que vive entre vocês; este é um decreto perpétuo pelas suas gerações, que, perante o Senhor, valerá tanto para vocês quanto para o estrangeiro residente (גר). A mesma lei e ordenança se aplicará tanto a vocês como ao estrangeiro residente (גר)” (Números 15:15-16).

O ESTRANGEIRO RESIDENTE

(Todos os Gentios, no Passado e Presente, Que Querem Fazer Parte do Povo de Deus)

Este termo (גר, ger) se refere a um estrangeiro, um indivíduo não-judeu que vive permanentemente entre os israelitas e se compromete a seguir suas leis e práticas de fé no único e verdadeiro Deus. O “ger” era diferente de outros tipos de gentios em contato com Israel, pois ele se integrava na comunidade e adotava um estilo de vida idêntico ao dos israelitas, incluindo a observância das santas leis de Deus.

Outros tipos de estrangeiros incluíam:

  • Nokri (נכרי): Um estrangeiro que não tinha laços com a comunidade israelita e geralmente era visto como um visitante ou comerciante temporário. Eles não eram obrigados a seguir as leis de Israel, mas deviam respeitar algumas normas básicas enquanto estivessem no território.
  • Toshav (תושב): Este termo pode se referir a um residente temporário ou um imigrante que vivia entre os israelitas, mas que não se comprometia com a plena observância das leis religiosas de Israel. Embora eles pudessem viver por longos períodos no território, não tinham os mesmos direitos e deveres que os “gerim” (plural de “ger”).

O “ger” tinha um status especial, pois ao aceitar as leis de Deus, ele podia participar plenamente da vida religiosa e social da comunidade. Isso incluía a participação em sacrifícios e festividades.

A PRIMEIRA RAZÃO

A primeira razão pela qual as igrejas ensinam erroneamente que o mandamento da circuncisão foi cancelado — sem nunca mencionar quem o cancelou — reside na dificuldade de cumprir esse mandamento. Se os líderes aceitassem e ensinassem a verdade de que Deus nunca nos deu tal instrução, temem que perderiam muitos membros.

Em termos gerais, este é, de fato, um mandamento inconveniente de se cumprir. Sempre foi e continua sendo. Mesmo com os avanços médicos, o cristão que decidir cumprir este mandamento terá que procurar um profissional, pagar uma quantia do próprio bolso (geralmente planos de saúde não cobrem), passar pela cirurgia em si, lidar com as inconveniências pós-cirúrgicas, além do estigma associado, causando a oposição da família, amigos e igreja. O homem tem que estar realmente decidido a cumprir este mandamento do Senhor para ir adiante, caso contrário, ele facilmente desistirá. Incentivo para desistir não falta. Sei disso porque tive que passar por tudo isso aos 63 anos, quando fui circuncidado em obediência ao mandamento.

A SEGUNDA RAZÃO

A segunda razão, e certamente a principal, é que a igreja não possui o correto conceito de delegação ou autorização divina. Esta falta de entendimento foi explorada logo de início pelo diabo quando, poucas décadas após a ascensão de Jesus, começaram as disputas pelo poder entre os líderes das igrejas, culminando com a conclusão absurda de que Deus delegou a Pedro e a seus supostos sucessores a autoridade para fazer qualquer mudança que quisessem na Lei de Deus. Esta aberração não se limitou à circuncisão, mas a vários outros mandamentos contidos no Antigo Testamento que o próprio Jesus e os seus seguidores sempre obedeceram. Inspirada pelo diabo, a igreja desconsiderou que qualquer delegação de autoridade sobre a santa Lei de Deus teria que vir do próprio Deus, através dos seus profetas do Antigo Testamento ou através do seu Messias. É inconcebível que simples seres humanos deleguem a si mesmos autoridade para mudar algo tão precioso para Deus como a sua Lei.

O PECADO DE ACRESCENTAR OU RETIRAR DAS REVELAÇÕES DO ANTIGO TESTAMENTO

Nenhum profeta do Senhor e tampouco Jesus nos alertou que o Pai, após o Messias, daria a qualquer grupo ou ser humano, dentro ou fora da Bíblia, o poder ou a inspiração para anular, abolir, mudar ou atualizar sequer o menor dos seus mandamentos, muito pelo contrário, o Senhor foi claro que isso seria um pecado sério: “Nada acrescentem às palavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas obedeçam aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, que eu lhes ordeno” (Deuteronômio 4:2). Outro ponto importante é a perda da individualidade no relacionamento entre a criatura e o seu Criador. A função da igreja nunca foi a de ser intermediária entre Deus e o homem, mas logo no início da era cristã ela assumiu esse papel. Em vez de cada convertido, guiado pelo Espírito Santo, se relacionar com o Pai e o Filho individualmente, todos começaram a depender totalmente dos seus líderes para lhes dizer o que o Senhor permite ou proíbe. Esse sério problema ocorreu em grande parte porque, até a Reforma do século XVI, o acesso às Escrituras era um privilégio eclesiástico, e era especificamente proibido que o homem comum lesse a Bíblia por si mesmo, sob a justificativa de que ele não tinha condições de entendê-la sem a interpretação do clérigo.

A INFLUÊNCIA DOS LÍDERES SOBRE O POVO

Cinco séculos se passaram, e apesar de agora todos terem acesso às Escrituras, o povo continua sendo guiado exclusivamente por aquilo que os seus líderes ensinam, certo ou errado, sendo incapazes de aprender e agir por si mesmos quanto ao que Deus exige de cada indivíduo. Os mesmos ensinos errados sobre os santos e eternos mandamentos de Deus que ocorriam antes da reforma continuam sendo transferidos de geração a geração pelos seminários de todas as denominações. Pelo que estou a par, não existe sequer uma entidade cristã que ensina aos futuros líderes o que Jesus ensinou, que nenhum mandamento de Deus perdeu a validade após a chegada do Messias: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um j ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus” (Mat 5:18-19).

A OBEDIÊNCIA PARCIAL DE ALGUMAS DENOMINAÇÕES

Algumas poucas igrejas realmente se empenham em ensinar que os mandamentos do Senhor são eternos e válidos para todos os tempos. Contudo, de maneira intrigante, essas mesmas igrejas tendem a limitar a lista de mandamentos que consideram obrigatórios. Geralmente, defendem com vigor os Dez Mandamentos (incluindo o sábado, referido no quarto mandamento) e as leis alimentares de Levítico 11, mas não vão além disso.

O mais curioso é que essas seleções específicas não são acompanhadas de nenhuma justificativa clara baseada no Antigo Testamento ou nos quatro Evangelhos que explique por que esses mandamentos em particular são obrigatórios, enquanto outros, como o uso do cabelo e da barba, o tzitzit ou a circuncisão, não são mencionados ou defendidos. Isso levanta a pergunta: se todos os mandamentos do Senhor são santos e justos, por que escolher obedecer a alguns e não a todos?

O PACTO ETERNO

A circuncisão é o pacto eterno entre Deus e o seu povo, um grupo de seres humanos santos, separados do resto da população. Este grupo sempre esteve aberto a todos e nunca houve um período em que fosse limitado aos descendentes biológicos de Abraão, como alguns imaginam. Desde que Deus estabeleceu Abraão como o primeiro deste grupo, o Senhor instituiu a circuncisão como um sinal visível e eterno do pacto. Ficou claro que tanto os seus descendentes naturais quanto aqueles que não são da sua semente teriam que possuir este sinal físico do pacto se quisessem fazer parte do seu povo.

AS CARTAS DO APÓSTOLO PAULO ESTÃO NA BÍBLIA E FAZEM PARTE DA FÉ CRISTÃ

Uma das primeiras tentativas de reunir os vários escritos que surgiram após a ascensão de Cristo foi feita por Marcião, um rico proprietário de frotas de barcos, no século II. Marcião era um fervoroso seguidor de Paulo, mas desprezava os judeus. Sua Bíblia consistia primariamente nos escritos de Paulo e de um evangelho próprio, que muitos consideram um plágio do evangelho de Lucas. Todos os outros evangelhos e epístolas ele considerava invenções sem inspiração divina. Na sua Bíblia, todas as menções ao Antigo Testamento foram removidas, pois ele entendia e ensinava que o Deus anterior a Jesus não era o mesmo Deus de Paulo.

O PRIMEIRO CÂNONE OFICIAL DA IGREJA CATÓLICA

O primeiro cânone do Novo Testamento foi oficialmente reconhecido no final do século IV, cerca de 350 anos após Jesus voltar para o Pai. Os concílios da Igreja Católica, com sede em Roma, Hipona (393) e Cartago (397), foram cruciais para a aceitação dos 27 livros do Novo Testamento que conhecemos hoje. Esses concílios ajudaram a consolidar o cânone em resposta às diversas interpretações e textos que circulavam nas comunidades cristãs.

OS BISPOS DE ROMA E A FORMAÇÃO DA BÍBLIA: A INCLUSÃO DAS CARTAS DE PAULO NO SÉCULO IV

As cartas de Paulo integram a coletânea de escritos aprovada por Roma no século IV. A coletânea considerada sagrada pela Igreja Católica era denominada Biblia Sacra em latim e Τὰ βιβλία τὰ ἅγια (ta biblia ta hagia) em grego. Após séculos de debates sobre quais escritos deveriam compor a coletânea oficial, os bispos da Igreja aprovaram e declararam como sagrados: o Antigo Testamento dos judeus, os quatro evangelhos, o livro de Atos, atribuído a Lucas, as cartas às igrejas, incluindo as de Paulo, e o Apocalipse de João.

É importante ressaltar que, nos dias de Jesus, todos os judeus, incluindo o próprio Jesus, liam e mencionavam exclusivamente o Antigo Testamento em seus ensinamentos. Essa prática era predominantemente baseada na versão grega do texto, conhecida como Septuaginta, que foi compilada cerca de três séculos antes de Cristo.

Os escritos de Paulo, assim como os de outros autores posteriores a Jesus, foram incorporados à Bíblia oficial aprovada pela Igreja há muitos séculos. Por isso, são considerados fundamentais para a fé cristã. No entanto, o problema não reside em Paulo, mas nas interpretações de seus textos. Sabemos que suas cartas foram redigidas em um estilo complexo e difícil de compreender. Essa dificuldade já era reconhecida na época em que foram escritas (como indicado em 2 Pedro 3:16), quando o contexto cultural e histórico ainda era familiar aos leitores originais. Imagine, então, interpretar esses textos séculos depois, em um contexto totalmente diferente.

A questão principal não é a relevância de seus escritos, mas o princípio fundamental de autoridade e sua transferência. Como já foi explicado, a autoridade que a Igreja atribui a Paulo para cancelar, abolir, corrigir ou atualizar os santos e eternos mandamentos de Deus não tem respaldo nas Escrituras que o precederam. Portanto, essa autoridade não é proveniente do Senhor. Não há nenhuma profecia no Antigo Testamento ou nos evangelhos que indique que, após o Messias, Deus enviaria um homem de Tarso a quem todos deveriam ouvir e seguir.

A NECESSIDADE DE ALINHAR AS INTERPRETAÇÕES DAS CARTAS COM O ANTIGO TESTAMENTO E OS EVANGELHOS

O que isso significa é que qualquer entendimento, ou interpretação do que ele escreveu, não está correto se não estiver alinhado com as revelações anteriores a ele. Portanto, o cristão que verdadeiramente teme a Deus e Sua Palavra, deverá descartar qualquer explicação das epístolas, seja de Paulo ou de qualquer outro escritor, que não esteja alinhada com o que o Senhor nos revelou por meio de Seus profetas no Antigo Testamento e por meio de Seu Messias, Jesus. O cristão deverá ter a sabedoria e a humildade para dizer: “Não entendo essa passagem e as explicações que li são falsas porque não possuem o respaldo dos profetas do Senhor e das palavras que saíram dos lábios de Jesus. Deixarei de lado até que um dia, se for da vontade do Senhor, Ele me explica.”

UM GRANDE TESTE PARA OS GENTIOS

Podemos considerar que esse talvez seja o teste mais significativo que o Senhor decidiu impor aos gentios, um teste análogo ao enfrentado pelo povo judeu durante sua jornada para Canaã. Como diz Deuteronômio 8:2: “Lembra-te de como o Senhor teu Deus te guiou pelo deserto durante quarenta anos, humilhando-te e pondo à prova o teu caráter, para ver se obedecerias ou não aos seus mandamentos“.

Nesse contexto, o Senhor procura identificar quais dos gentios estão realmente dispostos a se unir ao seu povo santo. Aqueles que decidem obedecer a todos os mandamentos, inclusive a circuncisão, mesmo diante da intensa pressão da igreja e apesar de várias passagens nas cartas às igrejas que aparentemente diz que vários mandamentos, descritos como eternos nos profetas e nos evangelhos, foram revogados para os gentios.

A CIRCUNCISÃO DA CARNE E A DO CORAÇÃO

É importante esclarecer que não existem duas formas de circuncisão, mas apenas uma: a física. Deveria ser evidente para todos que a expressão “circuncisão do coração”, usada em toda a Bíblia, é puramente figurativa, semelhante a “coração partido” ou “coração alegre”. Quando a Bíblia afirma que alguém não é circuncidado de coração, ela simplesmente está dizendo que a pessoa não está vivendo como deveria, caso realmente amasse a Deus e estivesse disposta a obedecê-lo. Ou seja, este homem pode ter sido fisicamente circuncidado, mas a maneira como vive não está em conformidade com o tipo de vida que Deus espera de seu povo.

Através do profeta Jeremias, Deus disse que todo Israel se encontrava em um estado de “incircuncisos de coração”: “Porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração” (Jeremias 9:26). Obviamente, todos eram circuncidados fisicamente, mas ao se afastarem de Deus, abandonando a sua santa Lei, eles foram reprovados porque não eram circuncidados também de coração.

Todos os filhos de Deus do sexo masculino, sejam judeus ou gentios, devem ser circuncidados, não apenas fisicamente, mas também de coração. Isso é evidenciado nestas palavras claras: “Portanto, assim diz o Senhor Soberano: Nenhum estrangeiro, nem mesmo aqueles que vivem entre o povo de Israel, entrará em meu santuário se não tiver sido circuncidado, de corpo e coração” (Ezequiel 44:9). Portanto, podemos concluir que:

  1. O conceito de circuncisão de coração sempre existiu e não foi introduzido no Novo Testamento para substituir a verdadeira circuncisão física.
  2. A circuncisão é exigida de todos que fazem parte do povo de Deus, sejam judeus ou gentios.

A CIRCUNCISÃO E O BATISMO NAS ÁGUAS

Alguns erroneamente imaginam que o batismo nas águas foi instituído para os cristãos como substituto da circuncisão. Evidentemente, essa afirmação é puramente uma invenção humana, uma tentativa de evitar a obediência ao mandamento do Senhor.

Se tal afirmação fosse verdadeira, deveríamos encontrar passagens nos profetas ou nos evangelhos indicando que, após a ascensão do Messias, Deus não mais exigiria a circuncisão dos gentios que desejassem fazer parte do Seu povo, e que o batismo tomaria o seu lugar. No entanto, tais passagens não existem. Além disso, é importante lembrar que o batismo nas águas já existia antes mesmo do surgimento do cristianismo. João Batista não foi o “inventor” ou o “pioneiro” do batismo.

O batismo, ou mikveh, ou Micvê (em hebraico מִקְוָה), era um ritual de imersão já comum entre os judeus muito antes da chegada de João. O mikveh simbolizava a purificação do pecado e da impureza ritual. Quando um gentio era circuncidado, ele também se submetia ao mikveh. Este ato não era apenas para purificação ritual, mas também simbolizava a morte – como ser “enterrado” na água – de sua antiga vida pagã. Ao emergir da água, semelhante ao líquido amniótico do útero, ele renascia para sua nova vida como judeu.

João Batista não estava criando um novo ritual. Em vez disso, ele estava dando um novo significado ao existente: em vez de apenas os gentios “morrerem” para suas vidas antigas e serem “ressuscitados” como judeus, os judeus que viviam em pecado também estavam “morrendo” e “renascendo” em um ato de arrependimento. No entanto, essa imersão não seria necessariamente a última vez que eles se submeteriam a esse ritual. Eles se imergiam sempre que se tornavam ritualmente impuros, por exemplo, antes de ir ao templo. Os judeus também costumavam – e ainda hoje o fazem – se submeter ao ritual de imersão no Yom Kippur como uma demonstração de arrependimento.


Apêndice 1: O Mito dos 613 Mandamentos


O MITO DOS 613 MANDAMENTOS E OS VERDADEIROS MANDAMENTOS QUE TODO O SERVO DE DEUS TEM QUE PROCURAR OBEDECER.

Por várias vezes, quando publicamos algum texto sobre a necessidade de obedecer a todos os mandamentos do Pai e do Filho para a salvação, alguns leitores se irritam e escrevem algo como: “Se for assim, teremos que guardar todos os 613 mandamentos!” Comentários assim deixam claro que a maioria não sabe de onde surgiu e do que se trata este número misterioso de mandamentos que ninguém nunca viu na Bíblia. Neste artigo, vamos explicar a origem deste mito no formato de perguntas e respostas. Também explicaremos quais são os verdadeiros mandamentos de Deus contidos nas Escrituras Sagradas que todo ser humano que teme ao Deus Pai e espera ser enviado ao seu Filho para a remissão dos pecados deve procurar obedecer.

Pergunta: Do que se trata os conhecidos 613 mandamentos?

Resposta: Os 613 mandamentos (613 Mitzvot) foram algo inventado pelos rabinos no século 12 d.C. para os judeus praticantes. Seu principal autor foi o rabino e filósofo espanhol Moisés Maimônides (1135-1204), também conhecido como Rambam.

Pergunta: Realmente existem 613 mandamentos nas Escrituras?

Resposta: Não. Os verdadeiros mandamentos do Senhor são poucos e simples de obedecer. O diabo inspirou esse mito como parte de seu projeto de longo prazo para convencer a raça humana a desistir de obedecer ao Senhor. Tem sido assim desde o Éden.

Pergunta: De onde tiraram o número 613?

Resposta: Este número tem a ver com a tradição rabínica e o conceito de numerologia hebraica que designa um número a cada letra do alfabeto. Uma destas tradições diz que a palavra “tzitzit” (ציצית), que significa franjas, cordões, borlas (ver Números 15:37-39), possui uma soma numérica de 613 quando suas letras são adicionadas.

Mais especificamente, estes cordões, segundo o mito, têm um valor numérico inicial de 600. Adicionando oito fios e cinco nós, temos um total de 613, que segundo eles corresponde ao número de mandamentos na Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia). Vale ressaltar que o uso do tzitzit é um mandamento real e que deve ser obedecido por todos, mas esta conexão com 613 mandamentos é pura invenção. É uma das muitas tradições dos anciãos mencionadas e condenadas por Jesus (Ver Mateus 15:1-20.)

Pergunta: Como conseguiram tantos mandamentos para se encaixar com o número 613 do tzitzit (cordões)?

Resposta: Com muita dificuldade e criatividade. Eles dividiram os verdadeiros mandamentos em vários para aumentar a quantidade. Também incluíram inúmeros mandamentos relacionados aos sacerdotes, templo, plantação e colheita, criação de animais, festivais, etc.

Pergunta: E quais são os verdadeiros mandamentos que temos que procurar obedecer?

Resposta: Além dos dez mandamentos, existem outros poucos mandamentos. Todos são simples de obedecer. Alguns deles são específicos para homens ou mulheres, alguns para a comunidade e outros para grupos específicos, como agricultores e pecuaristas. Grande parte dos mandamentos não se aplicam aos cristãos porque são exclusivos para os descendentes da tribo de Levi ou estão conectados ao Templo de Jerusalém, que foi destruído no ano 70 d.C.

Devemos entender que agora, no fim dos tempos, Deus está chamando a todos os seus filhos fieis para que se preparem pois a qualquer momento Ele nos levará deste mundo em podridão. Deus apenas levará aqueles que buscam obedecer a todos os seus mandamentos, sem exceção.

Não siga os ensinos e exemplos dos seus líderes, mas siga apenas o que Deus ordenou. Gentios não estão isentos de nenhum mandamento de Deus: “A assembleia deverá ter as mesmas leis, que valerão tanto para vocês como para o estrangeiro que vive entre vocês; este é um decreto perpétuo pelas suas gerações, que, perante o Senhor, valerá tanto para vocês quanto para o estrangeiro residente. A mesma lei e ordenança se aplicará tanto a vocês como ao estrangeiro residente” (Números 15:15-16). Estrangeiro residente se refere a todo não-judeu que deseja fazer parte do povo escolhido e se salvar. “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, visto que a salvação vem dos judeus” (João 4:22).

Abaixo estão os mandamentos mais ignorados pelos cristãos, todos devidamente seguidos por Jesus, seus apóstolos e discípulos. Jesus é o nosso exemplo.

Pergunta: Nas suas cartas (epístolas), Paulo não diz que Jesus obedeceu todos os mandamentos para nós e que ao morrer cancelou todos?

Resposta: De maneira alguma. O próprio Paulo ficaria horrorizado se soubesse o que os pastores estão ensinando nas igrejas utilizando dos seus escritos. A nenhum ser humano, incluindo Paulo, Deus deu autoridade para mudar sequer uma letra da sua santa e eterna Lei. Se isso fosse verdade, tanto os profetas quanto Jesus teriam sido claros que Deus enviaria um certo homem de Tarso com este nível de autoridade, mas o fato é que Paulo não é sequer mencionado, nem pelos profetas da Tanach (Antigo Testamento) e nem pelo Messias nos quatro evangelhos. Isto seria algo importante demais para Deus ficar em silêncio sobre o assunto. Os profetas mencionam apenas três seres humanos que surgiram no período do Novo Testamento: Judas (Salmos 41:9 ), João Batista (Isaías 40:3) e José de Arimateia (Isaías 53:9). Existe zero referência a Paulo, isto porque ele na realidade não ensinou nada que adiciona ou contradiz o que já havia sido revelado pelos profetas ou Jesus. O cristão que entende que Paulo mudou algo do que já havia sido escrito, terá que reconsiderar o seu entendimento para que se encaixe com os profetas e Jesus, e não o contrário, como a maioria faz. Se não conseguir que encaixe, então deixe de lado, mas jamais desobedeça a Deus confiando no seu entendimento sobre os escritos de qualquer ser humano. Isso não vai ser aceito como desculpa no juízo final. Ninguém vai convencer ao Juiz se falar: “Sou inocente de ter ignorado os teus mandamentos porque segui a Paulo”. Eis o que nos foi revelado sobre o fim dos tempos: “Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).

Pergunta: E o Espírito Santo, Ele não inspirou mudanças e cancelamentos da Lei de Deus?

Resposta: Isto chega a ser blasfemo só de pensar.  O Espírito Santo é o Espirito do Próprio Deus. Jesus foi claro que o envio do Espírito Santo seria para nos instruir através da lembrança daquilo que Ele já havia dito: “εκεινος (Ele) υμας (vocês) διδαξει (instruirá) παντα (tudo) και (e) υπομνησει (trará à memória) υμας (sua) παντα (tudo) α (que) ειπον (eu disse) υμιν (vocês)” (João 14:26). Não houve nenhuma menção de que o Espírito Santo nos traria uma nova doutrina que nem o Filho e nem os profetas do Pai ensinaram. O plano de salvação é o assunto mais importante das Escrituras Sagradas e toda a informação necessária já havia sido transmitida pelos profetas e Jesus: “Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu ordem [εντολη (endoli) ordem, comando, regra, mandamento] quanto ao que dizer e como falar. E sei que a sua ordem [endoli] é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou” (João 12:49-50).

Existe uma continuidade de revelações que terminou em Cristo. Sabemos disso porque, como já mencionado, não há profecias sobre o envio de nenhum ser humano com novas doutrinas primárias após o Messias. As únicas revelações após a ressurreição dizem respeito aos eventos finais e não existe nada sobre novas doutrinas vindas de Deus que surgiriam entre Jesus e o fim dos tempos. Todos os mandamentos de Deus são contínuos e eternos e seremos julgados por eles. Quem agradou ao Pai foi enviado ao Filho para ser redimido por ele. Quem desobedeceu aos mandamentos do Pai não o agradou e não foi enviado ao Filho. “Foi por esse motivo que eu disse a vocês que só pode vir a mim a pessoa que for trazida pelo Pai” (João 6:65).


Parte 2: O Falso Plano de Salvação

Conforme já mencionado, para que o diabo pudesse levar os gentios seguidores de Cristo a desobedecer à Lei de Deus, algo radical teria que ser feito. Até algumas décadas após a ascensão de Jesus, as igrejas eram compostas por judeus da Judeia (hebreus), judeus da diáspora (helenísticos) e gentios (não-judeus). Muitos dos discípulos originais de Jesus ainda estavam vivos e congregavam com eles nas casas, o que ajudava a manter a fidelidade a tudo o que Jesus ensinou e exemplificou em vida.

A Lei de Deus era lida e obedecida rigorosamente, assim como Jesus ensinou aos seus seguidores: “Ele, porém, respondeu: Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus [λογον του Θεου (logon tou Theou) A Tanach, Antigo Testamento)] e a guardam!” (Lucas 11:28).

Jesus jamais se desviou das instruções do Seu Pai: “Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca” (Salmos 119:4). A ideia comum nas igrejas de hoje, de que a vinda do Messias isentaria os gentios de obedecer às leis de Deus no Antigo Testamento, não encontra respaldo algum nas palavras de Jesus nos quatro evangelhos.

O PLANO DE SALVAÇÃO ORIGINAL

Nunca houve um período na história da civilização em que Deus não permitisse que qualquer ser humano se voltasse para Ele em arrependimento, tivesse seus pecados perdoados, fosse abençoado e obtivesse a salvação ao morrer. Ou seja, sempre houve salvação para os gentios, mesmo antes do envio do Messias. Muitos nas igrejas pensam erroneamente que somente com a vinda de Jesus e Seu sacrifício expiatório é que os gentios obtiveram acesso à salvação.

UM SÓ PLANO DE SALVAÇÃO PARA TODOS

A verdade é que o mesmo plano de salvação que sempre existiu no Antigo Testamento continuou valendo nos dias de Jesus e segue válido até hoje. A única diferença nos nossos dias é que, se antes parte do processo para o perdão dos pecados era o sacrifício simbólico, hoje temos o verdadeiro sacrifício do Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo (João 1:29).

Além dessa importante diferença, o restante continua o mesmo que era antes de Cristo. Para ser salvo, o gentio precisa se unir à nação que Deus designou como Sua, através do pacto eterno selado com o sinal da circuncisão: “O gentio que se unir ao Senhor, para o servir, sendo deste modo seu servo… e que se mantiver firme no meu pacto, também os levarei ao meu santo monte” (Isaías 56:6-7).

JESUS NÃO FUNDOU UMA NOVA RELIGIÃO PARA OS GENTIOS

É importante entender que Jesus não fundou uma nova religião para gentios, como muitos pensam. Na realidade, foram poucas as vezes que Jesus sequer interagiu com gentios, pois Seu foco sempre foi Sua própria nação: “Jesus enviou os Doze com as seguintes instruções: Não vão aos gentios nem aos samaritanos; mas sim às ovelhas perdidas do povo de Israel” (Mateus 10:5-6). O verdadeiro plano de salvação, que está em total acordo com o que Deus revelou pelos profetas do Antigo Testamento e por Jesus nos Evangelhos, é simples e direto: busque ser fiel às leis do Pai, e Ele o unirá a Israel e o enviará ao Filho para o perdão dos pecados. O Pai não envia aqueles que conhecem as Suas leis, mas vivem em desobediência declarada. Rejeitar a Lei de Deus é estar em rebeldia, e não há salvação para os rebeldes.

O FALSO PLANO DE SALVAÇÃO

O plano de salvação pregado na maioria das igrejas é falso. Sabemos disso porque esse plano não tem o respaldo do que Deus revelou através dos profetas no Antigo Testamento e do que Jesus ensinou nos quatro evangelhos. Qualquer doutrina ligada à salvação de almas (doutrinas primárias) tem que ser confirmada por essas duas fontes originais: o Antigo Testamento (a Tanach — a Lei e os Profetas, que Jesus constantemente citava) e as palavras do próprio Filho de Deus.

A ideia central dos promotores desse falso plano de salvação é que os gentios serão salvos sem precisar obedecer aos mandamentos de Deus. Essa mensagem de desobediência é idêntica à que a serpente pregou no Éden: “Certamente não morrerás” (Gênesis 3:4-5). Se essa mensagem fosse verdadeira, o Antigo Testamento traria inúmeras passagens explicando esse ponto, e Jesus teria declarado explicitamente que isentar as pessoas da Lei de Deus fazia parte de Sua missão como Messias. Mas a realidade é que nem o Antigo Testamento nem os Evangelhos contêm qualquer suporte para essa ideia absurda.

O ENVIO DE MENSAGEIROS APÓS JESUS

Os promotores do plano de salvação sem a obediência à Lei de Deus raramente citam Jesus nas suas mensagens, e a razão, obviamente, é que eles não encontram nada nos ensinamentos de Cristo indicando que Ele veio a esse mundo para salvar pessoas que deliberadamente desobedecem às leis do Seu Pai. O que eles fazem então é se apoiar em escritos de seres humanos que apareceram em cena somente depois da ascensão de Cristo. O problema é que não temos profecias no Antigo Testamento sobre nenhum mensageiro de Deus que surgiria após Jesus. E o próprio Jesus nunca mencionou que haveria algum homem depois Dele com a missão de ensinar um novo plano de salvação para os gentios.

A IMPORTÂNCIA DAS PROFECIAS

As revelações de Deus precisam de autoridade e delegação prévia para serem válidas. Sabemos que Jesus é o enviado do Pai porque Ele cumpriu as profecias do Antigo Testamento, mas não há profecias sobre o envio de outros seres humanos com novos ensinos após Cristo. Tudo o que precisamos saber sobre a nossa salvação termina em Jesus.

Todos os escritos que surgiram após a ascensão de Jesus, estejam eles dentro ou fora da Bíblia, devem ser considerados auxiliares e secundários, pois nada foi profetizado sobre a chegada de nenhum homem com a missão de nos ensinar algo que Jesus não tenha ensinado. Qualquer doutrina que não esteja em linha com as palavras de Jesus nos quatro Evangelhos deve ser rejeitada como falsa, independentemente de sua origem, duração ou popularidade.

AS INSTRUÇÕES SOBRE A SALVAÇÃO TERMINARAM EM JESUS

Todos os eventos relacionados à salvação que deveriam acontecer após Malaquias foram profetizados no Antigo Testamento, incluindo o nascimento do Messias, João Batista vindo no espírito de Elias, a missão de Cristo, Sua traição por Judas, julgamento, morte inocente e até mesmo que seria sepultado em um túmulo entre os ricos. No entanto, não existe nenhuma profecia que mencione qualquer pessoa após a ascensão de Jesus, dentro ou fora da Bíblia, com a tarefa e autoridade para desenvolver uma maneira diferente para os gentios serem salvos, muito menos uma maneira que permita à pessoa viver em desobediência assumida à Lei de Deus e, mesmo assim, ser recebida de braços abertos no céu.


Parte 1: O Grande Plano do Diabo Contra os Gentios

Poucos anos após a volta de Jesus ao Pai, satanás iniciou seu projeto de longo prazo contra os gentios. Sua tentativa de convencer Jesus a se unir a ele falhou (Mateus 4:8-9), e toda a sua esperança de manter Cristo no túmulo foi destruída permanentemente na ressurreição (Atos 2:24). O que restou à serpente foi continuar fazendo entre os gentios o que sempre fez desde o Éden: convencer os seres humanos a não obedecer às leis de Deus (Gênesis 3:4-5).

Para atingir esse objetivo, duas coisas precisavam ser feitas. Primeiramente, os gentios teriam que se desvincular ao máximo do judaísmo. Em segundo lugar, precisariam de algum argumento teológico para aceitar que a salvação oferecida por Deus aos gentios difere de como a salvação ocorria no antigo Israel, acima de tudo, em permitir que Suas leis fossem ignoradas.

O diabo, então, inspirou homens talentosos a fabricar uma nova religião para os gentios, completa, com um novo nome, tradições e, principalmente, doutrinas que levassem a crer que um dos principais objetivos da vinda do Messias seria “liberar” os gentios da obrigação de guardar a Lei.

O DISTANCIAMENTO DE ISRAEL

Todo movimento busca por adeptos para sobreviver e crescer. A Lei de Deus, até então seguida pelos judeus messiânicos, começou a se tornar um obstáculo para o grupo que mais crescia na recém-formada igreja: os gentios. Mandamentos como a circuncisão, a guarda do sétimo dia e a abstenção de certos alimentos passaram a ser vistos como barreiras para a expansão do movimento.

Aos poucos, a liderança começou a abrir concessões para esse grupo, sob o falso argumento de que a vinda do Messias previa uma flexibilização na guarda da Lei para os não-judeus, mesmo que tal argumento carecesse de qualquer respaldo no Antigo Testamento ou nas palavras de Jesus nos quatro Evangelhos (Êxodo 12:49).

JUDEUS MESSIÂNICOS SE ISOLAM DO MOVIMENTO

Enquanto isso, os poucos judeus que ainda demonstravam interesse pelo movimento, devido aos sinais e maravilhas realizados por Jesus algumas décadas antes — e que ainda contavam com testemunhas oculares, incluindo alguns dos apóstolos originais —, sentiam-se corretamente incomodados com o gradual afastamento da obrigação de guardar as leis de Deus entregues aos profetas, leis que o próprio Jesus, apóstolos e discípulos obedeciam fielmente.

O resultado, como sabemos, é que milhões se reúnem semanalmente nas igrejas dizendo adorar a Deus, mas ignorando por completo o fato de que esse mesmo Deus separou uma nação para Si com um pacto e foi claro que nunca romperia esse pacto: “Assim como as leis do sol, da lua e das estrelas são imutáveis, assim também a descendência de Israel nunca deixará de ser a nação diante de Deus, para sempre” (Jeremias 31:35-37).

O PLANO DO INIMIGO NÃO POSSUI RESPALDO NAS ESCRITURAS USADAS POR JESUS E SEUS DISCÍPULOS

Jesus, seus apóstolos e discípulos, seguiam tudo aquilo que Deus revelou nas Escrituras através dos profetas: “Revelei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu os deste a mim; e eles têm obedecido à tua palavra [Antigo Testamento]” (João 17:6. Ver também: Lucas 8:21 e Lucas 11:28). Em nenhum lugar no Antigo Testamento lemos que haveria bênçãos ou salvação para aqueles que não se unirem a Israel: “E disse Deus a Abraão: Tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12:2-3). E o próprio Jesus foi mais do que claro ao afirmar que a salvação vem dos judeus (João 4:22).

O gentio que deseja ser salvo por Cristo deve seguir as mesmas leis que o Pai entregou à nação escolhida para Sua honra e glória, leis que o próprio Jesus e Seus apóstolos seguiam. O Pai vê a fé e a coragem desse gentio, apesar das dificuldades. Ele derrama Seu amor sobre ele, o une a Israel e o conduz ao Filho para perdão e salvação. Esse é o plano de salvação que faz sentido porque é verdadeiro.

A GRANDE COMISSÃO

Segundo os historiadores, após a ascensão de Cristo, vários apóstolos e discípulos obedeceram à grande comissão e levaram o evangelho ensinado por Jesus às nações gentias. Tomé foi para a Índia, Barnabé e Paulo para a Macedônia, Grécia e Roma, André para a Rússia e Escandinávia, Matias para a Etiópia, e as boas novas se espalharam.

A mensagem que deveriam pregar era a mesma ensinada por Jesus e tinha como foco o Pai: crer e obedecer. Crer que Jesus veio do Pai e obedecer às leis do Pai. Jesus deixou claro para os primeiros missionários que eles não estariam sós na missão de espalhar as boas novas da chegada do Reino de Deus; o Espírito Santo os lembraria do que Cristo ensinou durante os anos que estiveram juntos, pregando as boas novas em Israel (João 14:26).

A instrução foi que continuassem ensinando o que haviam aprendido do Seu Mestre. Em nenhum lugar nos Evangelhos vemos Jesus dando a entender que os Seus missionários levariam uma mensagem de salvação diferente e especialmente criada para os não-judeus, muito menos com a seríssima e falsa noção de que, por não serem judeus, eles obteriam a salvação sem precisar obedecer aos santos e eternos mandamentos do Seu Pai. A ideia de salvação sem obedecer à Lei não possui respaldo nas palavras de Jesus, e, portanto, é falsa, ainda que seja antiga e popular.


A Lei de Deus: Introdução

Escrever sobre a Lei de Deus é possivelmente a tarefa mais nobre ao alcance de um simples ser humano. A Lei de Deus não é apenas um conjunto de mandamentos divinos, como a maioria a considera, mas sim uma expressão de dois dos seus atributos: amor e justiça. A Lei de Deus revela Suas exigências no contexto e realidade humana para a restauração daqueles que desejam ser restituídos à condição anterior à entrada do pecado.

DEUS NÃO NEGOCIA COM AS SUAS LEIS

Ao contrário do que se tem ensinado nas igrejas, cada mandamento é literal e inflexível para atingir o objetivo supremo: a salvação das almas rebeldes. Ninguém é obrigado a obedecer, mas apenas quem obedece será restaurado e reconciliado com o Criador. Escrever sobre essa Lei é, portanto, compartilhar um vislumbre do divino, um privilégio raro que exige humildade e reverência.

O ESSENCIAL SOBRE A LEI

Nesses estudos, abordaremos tudo o que é realmente importante saber sobre a Lei de Deus, para que aqueles que assim desejarem possam efetuar as mudanças necessárias em sua vida aqui na terra e se alinhar perfeitamente com as diretrizes estabelecidas pelo próprio Deus. Aqueles que forem corajosos e realmente desejarem ser enviados a Jesus pelo Pai, para perdão e salvação, receberão esses estudos com alívio e alegria (João 6:37, 39, 44-45, 65; 10:29).

Alívio, porque, após dois mil anos de ensinamentos errados sobre a Lei de Deus e a salvação, Deus achou por bem nos incumbir de produzir este material, que reconhecemos ir contra praticamente todos os ensinos existentes sobre o tema. Alegria, porque os benefícios de estar em harmonia com a Lei do Criador vão além de palavras que simples criaturas podem expressar. Benefícios espirituais, emocionais e físicos. Os seres humanos foram criados para obedecer a Deus.

ARGUMENTAÇÕES INFINDÁVEIS

Esses estudos não têm como foco principal argumentações ou defesas doutrinárias, pois a Lei de Deus, entendida da maneira correta, dispensa justificativas, considerando sua origem sagrada. De fato, envolver-se em discussões intermináveis sobre algo que nunca deveria ser questionado é uma afronta ao próprio Deus. O simples ato de uma criatura finita, um pedaço de barro (Isaías 64:8), desafiar as regras de seu Criador, que a qualquer momento pode descartá-la entre os cacos sem valor, aponta para algo profundamente preocupante nessa criatura. Essa é uma atitude que deverá ser corrigida em caráter de urgência, para o seu próprio benefício.

O ESTRAGO QUE FOI FEITO PELOS LÍDERES NO DECORRER DOS SÉCULOS

Embora defendamos que a Lei do Pai devesse simplesmente ser obedecida por todo aquele que se autodenomina seguidor de Jesus, assim como o próprio Jesus e Seus apóstolos faziam, reconhecemos que houve um estrago tão grande no meio cristão em relação à Sua Lei que se tornou necessária uma explicação do que ocorreu nos quase dois mil anos desde a ascensão de Cristo.

A LEI DE DEUS: DA REVERÊNCIA DO JUDAÍSMO MESSIÂNICO À REJEIÇÃO DA IGREJA

Muitos querem entender como sucedeu a transição de judaísmo messiânico (judeus que eram fiéis às leis de Deus no Antigo Testamento e aceitaram que Jesus era o Messias de Israel enviado do Pai) para o atual cristianismo, cujo entendimento sobre a Lei é que buscar obedecê-la é o mesmo que “rejeitar a Cristo”, o que, obviamente, significa a perdição. A Lei que antes era vista como algo que “bem-aventurado é o varão que medita nela de dia e de noite” (Salmos 1:3), passou a ser considerada, na prática, um conjunto de regras cuja obediência leva ao lago de fogo. Tudo isso, sem haver uma gota de respaldo naquilo que lemos no Antigo Testamento e nas palavras de Jesus nos quatro Evangelhos.

ENSINOS ESPECÍFICOS SOBRE AS LEIS IGNORADAS PELAS IGREJAS

Nessa série, também cobriremos em detalhes os mandamentos de Deus que mais são desobedecidos nas igrejas em todo o mundo, praticamente sem exceção, como a circuncisão, o sábado, os alimentos impuros, o cabelo e barba, e o tzitzit. Explicaremos não só como esses mandamentos claros de Deus deixaram de ser obedecidos na nova religião que se distanciou do judaísmo messiânico, mas também ensinaremos como eles devem ser corretamente obedecidos, de acordo com as instruções nas Escrituras e não de acordo com o judaísmo rabínico, que, desde os dias de Jesus vem inserindo suas tradições humanas dentro da santa, pura e eterna Lei de Deus.