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Apêndice 7d: Perguntas e Respostas: Virgens, Viúvas e Divorciadas
Esta página faz parte da série sobre as uniões que Deus aceita e segue a seguinte sequência:
- Apêndice 7a: Virgens, Viúvas e Divorciadas: As Uniões que Deus Aceita.
- Apêndice 7b: A Carta de Divórcio: Verdades e Mitos.
- Apêndice 7c: Marcos 10:11-12 e a Falsa Igualdade no Adultério.
- Apêndice 7d: Perguntas e Respostas: Virgens, Viúvas e Divorciadas (Esta página).
O que é o casamento, segundo a definição de Deus?
Desde o princípio, as Escrituras revelam que o casamento não é definido por cerimônias, votos ou instituições humanas, mas pelo momento em que uma mulher — seja virgem ou viúva — tem relações sexuais com um homem. Esse primeiro ato de união física é o que o próprio Deus considera como a união de duas almas em uma só carne. A Bíblia mostra consistentemente que é apenas por meio desse vínculo sexual que a mulher se torna ligada ao homem, permanecendo unida a ele até a sua morte. É sobre essa base — clara nas Escrituras — que examinamos as questões comuns sobre virgens, viúvas e mulheres divorciadas, e expomos as distorções que foram introduzidas devido à pressão da sociedade.
Aqui, reunimos algumas das dúvidas mais frequentes sobre o que a Bíblia realmente ensina a respeito de casamento, adultério e divórcio. Nosso objetivo é esclarecer, com base nas Escrituras, interpretações equivocadas que têm sido propagadas ao longo do tempo, muitas vezes em contradição direta com os mandamentos de Deus. Todas as respostas seguem a perspectiva bíblica que preserva a coerência entre Antigo e Novo Testamento.
Dúvida: E Raabe? Ela era prostituta, mas se casou e faz parte da descendência de Jesus!
“Tudo quanto havia na cidade destruíram totalmente ao fio da espada — tanto homens como mulheres, meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos” (Josué 6:21). Raabe era viúva quando se juntou aos israelitas. Josué jamais teria permitido que um judeu se casasse com uma mulher gentia e que não fosse virgem, a menos que ela se convertesse e fosse viúva, só assim estaria livre para se unir a outro homem, conforme a Lei de Deus.
Dúvida: Jesus não veio para perdoar os nossos pecados?
Sim, praticamente todos os pecados são perdoados quando a alma se arrepende e procura a Jesus, incluindo o adultério. Ao ser perdoado, porém, o indivíduo terá que sair do relacionamento adúltero em que se encontra. Isto se aplica a todos os pecados: o ladrão tem que parar de roubar, o mentiroso de mentir, o profano de profanar, etc. Da mesma forma, o adúltero não pode continuar no relacionamento adúltero e esperar que o pecado do adultério não mais exista.
Enquanto o primeiro homem da mulher viver, a alma dela está unida à dele. Quando ele morre, a alma dele volta para Deus (Eclesiastes 12:7) e só então a alma da mulher está livre para se unir à alma de outro homem, caso queira (Romanos 7:3). Deus não perdoa pecados antecipadamente, apenas os já ocorridos. Se a pessoa pede perdão a Deus na igreja, é perdoada, mas naquela mesma noite se deita com alguém que não é o seu cônjuge segundo Deus, ela voltou a adulterar.
Dúvida: A Bíblia não diz àquele que se converte: “Eis que tudo se fez novo”? Isto não quer dizer que posso começar do zero?
Não. Passagens que fazem referência à nova vida da pessoa convertida dizem respeito a como Deus espera que a pessoa viva após ter os seus pecados perdoados, e não que as consequências dos seus erros foram canceladas.
Sim, o apóstolo Paulo escreveu no verso 17 de 2 Coríntios 5: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”, como conclusão do que disse dois versos antes (verso 15): “E ele morreu, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. Absolutamente nada a ver com Deus dando permissão à mulher para começar a sua vida amorosa do zero, como tantos líderes mundanos ensinam.
Dúvida: A Bíblia não diz que Deus não considera o tempo de ignorância?
A frase “tempo de ignorância” (Atos 17:30) foi usada por Paulo quando passava pela Grécia, dirigindo-se a um povo idólatra que nunca havia ouvido falar do Deus de Israel, da Bíblia ou de Jesus. Ninguém que está lendo este texto era ignorante destas coisas antes da sua conversão.
Além disso, esta passagem tem a ver com o arrependimento e o perdão de pecados. A Palavra nem de longe insinua que não existe perdão para o pecado do adultério. O problema é que muitos não querem apenas o perdão do adultério já cometido; eles querem também continuar no relacionamento adúltero, e isto Deus não aceita, seja homem ou mulher.
Dúvida: Por que não se fala nada dos homens? Homem não comete adultério?
Sim, o homem também comete adultério, e a punição no período bíblico era a mesma da mulher. Deus, no entanto, considera de maneira diferente como o adultério ocorre para os dois. Não existe conexão entre a virgindade masculina e a união entre casais. A mulher, e não o homem, é quem determina se um relacionamento é adultério ou não.
Segundo a Bíblia, o homem, casado ou solteiro, adultera sempre que tem relação com uma mulher que não é virgem ou viúva. Por exemplo, se um rapaz virgem de 25 anos se deita com uma jovem que não é virgem de 23 anos, o rapaz comete adultério, pois a jovem, segundo Deus, é mulher de um outro homem (Mateus 5:32; Romanos 7:3; Levítico 20:10; Deuteronômio 22:22–24).
Referência | Instrução |
---|---|
Números 31:17-18 | Destruir todos os homens e as mulheres não virgens. As virgens devem ser mantidas vivas. |
Juízes 21:11 | Destruir todos os homens e as mulheres não virgens. As virgens devem ser mantidas vivas. |
Deuteronômio 20:13-14 | Destruir todos os homens adultos. As mulheres que restarem serão viúvas e virgens. |
Dúvida: Então a mulher divorciada/separada não pode se casar enquanto o seu ex-marido não morrer, mas o homem não precisa esperar a sua ex-mulher morrer?
Não precisa. Pela lei de Deus, o homem que se separa da sua mulher com base bíblica (ver Mateus 5:32) pode casar-se com uma virgem ou viúva. A realidade, porém, é que, em quase todos os casos nos nossos dias, o homem se separa da sua esposa e se casa com uma mulher divorciada/separada, e ele então está em adultério, já que, para Deus, a sua nova mulher pertence a outro homem.
Dúvida: Já que o homem não comete adultério ao se casar com virgens ou viúvas, isso quer dizer que Deus aceita a poligamia hoje em dia?
Não. A poligamia não é permitida em nossos dias devido ao evangelho de Jesus e à sua aplicação mais rigorosa da Lei do Pai. A letra da Lei, dada desde a criação (τὸ γράμμα τοῦ νόμου – to grámma tou nómou), estabelece que a alma de uma mulher está ligada a apenas um homem, mas não declara que a alma de um homem está ligada a apenas uma mulher. Por isso, nas Escrituras, o adultério é sempre caracterizado como um pecado contra o homem de uma mulher. Essa é a razão pela qual Deus nunca disse que os patriarcas e reis eram adúlteros, já que suas mulheres eram virgens ou viúvas quando se casaram.
Com a vinda do Messias, porém, recebemos o pleno entendimento do Espírito da Lei (τὸ πνεῦμα τοῦ νόμου – to pneûma tou nómou). Jesus, como o único porta-voz vindo do céu (João 3:13; João 12:48–50; Mateus 17:5), ensinou que todos os mandamentos de Deus têm como base o amor e o bem das suas criaturas. A letra da Lei é a expressão; o Espírito da Lei é a sua essência.
No caso do adultério, ainda que a letra da Lei não proíba um homem de se relacionar com mais de uma mulher, desde que elas sejam virgens ou viúvas, o Espírito da Lei não permite tal prática. Por quê? Porque hoje isso causaria sofrimento e confusão para todos os envolvidos — e amar ao próximo como a nós mesmos é o segundo mandamento mais importante (Levítico 19:18; Mateus 22:39). No período bíblico, isso era algo culturalmente aceito e esperado; em nossos dias, é inaceitável sob todos os aspectos.
Dúvida: E se o casal separado decide voltar e restaurar o casamento, tudo bem?
Sim, o casal pode voltar desde que:
- O marido tenha sido, de fato, o primeiro homem da esposa, caso contrário o casamento não era válido, mesmo antes da separação.
- A mulher não tenha se deitado com outro homem durante o período em que esteve separada (Deuteronômio 24:1-4; Jeremias 3:1).
Essas respostas reforçam que o ensino bíblico sobre casamento e adultério é coerente e consistente do início ao fim das Escrituras. Ao seguir fielmente o que Deus determinou, evitamos distorções doutrinárias e preservamos a santidade da união estabelecida por Ele.
Apêndice 7c: Marcos 10:11-12 e a Falsa Igualdade no Adultério
Esta página faz parte da série sobre as uniões que Deus aceita e segue a seguinte sequência:
- Apêndice 7a: Virgens, Viúvas e Divorciadas: As Uniões que Deus Aceita.
- Apêndice 7b: A Carta de Divórcio: Verdades e Mitos.
- Apêndice 7c: Marcos 10:11-12 e a Falsa Igualdade no Adultério (Esta página).
- Apêndice 7d: Perguntas e Respostas: Virgens, Viúvas e Divorciadas.
O Significado de Marcos 10 na Doutrina do Divórcio
Esse artigo refuta interpretações erradas de Marcos 10:11-12, que sugerem que Jesus ensinou igualdade entre homens e mulheres no adultério ou que mulheres podiam iniciar divórcio no contexto judaico. Complementa Apêndice 7a: As Uniões que Deus Aceita.
PERGUNTA: Marcos 10:11-12 é prova de que Jesus mudou a lei de Deus sobre o divórcio?
RESPOSTA: Não é prova — nem de longe. O ponto mais importante contra a ideia de que, em Marcos 10:11–12, Jesus ensina que (1) a mulher também pode ser vítima de adultério e (2) que a mulher também pode se divorciar do marido, é o fato de que esse entendimento contradiz o ensino geral das Escrituras sobre esse tema.
Um princípio essencial na exegese teológica é que nenhuma doutrina deve ser construída com base em um único versículo. É necessário considerar todo o contexto bíblico, inclusive o que dizem outros livros e autores inspirados. Esse é um princípio fundamental para preservar a integridade doutrinária das Escrituras e impedir interpretações isoladas ou distorcidas.
Ou seja, esses dois entendimentos equivocados extraídos dessa frase em Marcos são sérios demais para que se afirme que, ali, Jesus mudou tudo o que Deus havia ensinado sobre o assunto desde os patriarcas.
Se essa fosse realmente uma nova instrução do Messias, ela deveria aparecer em outros lugares — e com mais clareza — especialmente no Sermão da Montanha, onde o tema do divórcio foi tratado. Teríamos algo como:
“Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: o homem pode deixar sua mulher e casar com outra virgem ou viúva. Eu, porém, vos digo: se deixar sua mulher para unir-se a outra, comete adultério contra a primeira…”
Mas isso, obviamente, não existe.
Exegese de Marcos 10:11-12
Marcos 10 é altamente contextual. A passagem foi escrita em um período em que o divórcio ocorria com o mínimo de regras, podendo ser iniciado por ambos os sexos — algo muito diferente da realidade dos tempos de Moisés ou Samuel. Basta considerar o motivo pelo qual João Batista foi preso. Essa era a Palestina de Herodes, não a dos patriarcas.
Nesse período, os judeus estavam fortemente influenciados pelos costumes da sociedade greco-romana, inclusive no que diz respeito a casamentos, aparência física, autoridade feminina, etc. (Comentamos sobre isso também no estudo sobre a Lei de Deus referente ao cabelo e barba: https://aleidedeus.org/apendice-4-o-cabelo-e-a-barba-do-cristao.)
A doutrina do divórcio por qualquer motivo
A doutrina do divórcio por qualquer motivo, ensinada pelo rabino Hillel, era resultado da pressão social exercida sobre os homens judeus, que, como é natural do ser humano caído, desejavam se livrar de suas esposas para se casar com outras mais atraentes, mais jovens ou de famílias mais afluentes.
Essa mentalidade, infelizmente, continua viva até hoje, inclusive dentro das igrejas, onde homens se separam de suas esposas para se unirem a outras — quase sempre também mulheres já separadas.
Três pontos linguísticos centrais
A passagem de Marcos 10:11 possui três palavras-chave que ajudam a esclarecer o real sentido do texto:
και λεγει αυτοις Ος εαν απολυση την γυναικα αυτου και γαμηση αλλην μοιχαται ἐπ’ αὐτήν
γυναικα (gynaika)
γυναίκα é o acusativo singular de γυνή, termo que, em contextos conjugais como Marcos 10:11, designa especificamente uma mulher casada — não uma mulher em sentido genérico. Isso mostra que a resposta de Jesus está centrada na violação da aliança matrimonial, e não em novos vínculos legítimos com viúvas ou virgens.
ἐπ’ (epí)
ἐπί é uma preposição que normalmente significa “sobre”, “junto” “em cima”, “dentro”, “com”. Embora algumas traduções optem por “contra” neste versículo, essa não é a nuance mais comum de ἐπί — especialmente à luz do contexto linguístico e teológico.
Na Bíblia mais usada no mundo, a NIV (New International Version), por exemplo, das 832 ocorrências de ἐπί, apenas 35 são traduzidas como “contra”; nas demais, a ideia expressa é “sobre”, “em cima”, “dentro”, “junto”, “com”.
αὐτήν (autēn)
αὐτήν é a forma acusativa singular feminina do pronome αὐτός. Na gramática do grego bíblico (koiné) de Marcos 10:11, a palavra “αὐτήν” (autēn – ela) não especifica a qual mulher Jesus está se referindo.
A ambiguidade gramatical surge porque há dois possíveis antecedentes:
- τὴν γυναῖκα αὐτοῦ (“sua esposa”) — a primeira mulher
- ἄλλην (“outra [mulher]”) — a segunda mulher
Ambas estão no feminino, singular, acusativo e aparecem dentro da mesma estrutura frasal, o que torna a referência de “αὐτήν” gramaticalmente ambígua.
Tradução contextualizada
Considerando o que se lê no original, a tradução mais coerente com o contexto histórico, linguístico e doutrinário seria:
“Qualquer um que se separa da sua esposa (γυναίκα) e se casa com outra — isto é, outra γυναίκα, outra mulher que já é esposa de alguém — comete adultério sobre/dentro/em cima/junto/com (ἐπί) ela.”
A ideia é clara: o homem que deixa sua esposa legítima e se une a outra mulher que também já era esposa de outro (portanto, não virgem), comete adultério com essa nova mulher — uma alma já unida a outro homem.
O verdadeiro significado do verbo “apolýō”
Quanto à ideia de que há suporte bíblico em Marcos 10:12 para um divórcio legal por parte da mulher — e que, assim, ela poderia se casar com outro homem — trata-se de uma interpretação anacrônica, sem respaldo no contexto bíblico original.
Primeiramente, porque nesse próprio verso Jesus conclui a frase dizendo que, se ela se unir a outro homem, os dois cometem adultério — exatamente como Ele afirma em Mateus 5:32. Mas, em termos linguísticos, esse equívoco nasce do verdadeiro significado do verbo traduzido como “divorciar” na maioria das Bíblias: ἀπολύω (apolýō).
A tradução como “divorciar” reflete costumes modernos, mas no período bíblico, ἀπολύω significava simplesmente: desapegar, libertar, soltar, mandar embora, entre outras ações físicas ou relacionais. No uso bíblico, ἀπολύω não carrega uma conotação jurídica — trata-se de um verbo que expressa separação, sem implicar formalidade legal.
Ou seja, Marcos 10:12 simplesmente afirma que, se uma mulher abandona seu marido e se une a outro homem enquanto o primeiro ainda está vivo, ela comete adultério — não por questões legais, mas porque rompe uma aliança ainda vigente.
Conclusão
A correta leitura de Marcos 10:11-12 preserva a coerência com todo o restante das Escrituras, que apresentam distinções entre virgens e mulheres casadas, e evita a introdução de doutrinas novas baseadas em uma única frase mal traduzida.
Apêndice 7b: A Carta de Divórcio: Verdades e Mitos
Esta página faz parte da série sobre as uniões que Deus aceita e segue a seguinte sequência:
- Apêndice 7a: Virgens, Viúvas e Divorciadas: As Uniões que Deus Aceita.
- Apêndice 7b: A Carta de Divórcio: Verdades e Mitos (Esta página).
- Apêndice 7c: Marcos 10:11-12 e a Falsa Igualdade no Adultério.
- Apêndice 7d: Perguntas e Respostas: Virgens, Viúvas e Divorciadas.
A “carta de divórcio” mencionada na Bíblia é frequentemente mal interpretada como uma autorização divina para dissolver casamentos e permitir novas uniões. Este artigo esclarece o verdadeiro significado de [סֵפֶר כְּרִיתוּת (sefer keritut) em Deuteronômio 24:1-4 e [βιβλίον ἀποστασίου (biblíon apostasíou)] em Mateus 5:31, refutando ensinos errados que sugerem que a mulher repudiada fica livre para se casar novamente. Com base nas Escrituras, mostramos que essa prática, tolerada por Moisés devido à dureza do coração humano, nunca foi um mandamento de Deus. Complementando Apêndice 7a: As Uniões que Deus Aceita, esta análise destaca que, segundo Deus, o casamento é uma união espiritual que liga a mulher ao marido até a morte dele, e a “carta de divórcio” não dissolve esse vínculo, mantendo a mulher vinculada enquanto ele viver.
PERGUNTA: O que é a carta de divórcio mencionada na Bíblia?
RESPOSTA: Que fique claro que, ao contrário do que a maioria dos líderes judeus e cristãos ensina, não existe nenhuma instrução divina sobre a tal “carta de divórcio” — e muito menos a ideia de que a mulher que a recebe esteja livre para um novo matrimônio.
Moisés menciona a “carta de divórcio” apenas como parte de uma ilustração em Deuteronômio 24:1-4, com o objetivo de conduzir ao verdadeiro mandamento contido na passagem: a proibição de o primeiro marido voltar a se deitar com sua ex-mulher caso ela tenha se deitado com outro homem (ver Jeremias 3:1). A propósito, o primeiro marido até poderia recebê-la de volta — mas não podia mais ter relações com ela, como vemos no caso de Davi e das concubinas violadas por Absalão (2 Samuel 20:3).
A principal evidência de que Moisés está apenas ilustrando uma situação é a repetição da conjunção כִּי (ki, “se”) no texto: Se um homem toma uma mulher… Se ele acha nela algo indecente [עֶרְוָה, ervah, “nudez”]… Se o segundo marido morrer… Moisés constrói um cenário possível como instrumento de retórica.
Jesus foi claro ao dizer que Moisés não proibiu o divórcio, mas isso não significa que aquela passagem seja uma autorização formal. De fato, não há nenhuma passagem em que Moisés autorize o divórcio. Ele apenas adotou uma postura passiva diante da dureza do coração do povo — um povo recém-saído de cerca de 400 anos de escravidão.
Esse entendimento equivocado de Deuteronômio 24 é muito antigo. Nos dias de Jesus, o rabino Hillel e seus seguidores também extraíram dessa passagem algo que não está lá: a ideia de que o homem pode mandar sua mulher embora por qualquer motivo. (O que “nudez” עֶרְוָה tem a ver com “qualquer motivo”?)
Jesus, então, corrigiu esses erros:
1. Ele enfatizou que πορνεία (porneía — algo indecente) é o único motivo aceitável.
2. Deixou claro que Moisés apenas tolerou o que faziam com as mulheres, por causa da dureza do coração dos homens de Israel.
3. No Sermão da Montanha, ao mencionar a “carta de divórcio” e concluir com a expressão “Eu, porém, vos digo”, Jesus proibiu o uso desse instrumento jurídico para a separação de almas (Mateus 5:31-32).
É importante frisar que, se Moisés não ensinou nada sobre o divórcio, é porque Deus não o instruiu a fazê-lo — afinal, Moisés era fiel e dizia apenas o que ouvia de Deus.
A expressão sefer keritut, que significa literalmente “livro de separação” ou “carta de divórcio”, aparece apenas uma vez em toda a Torá — justamente em Deuteronômio 24:1-4. Ou seja, em nenhum lugar Moisés ensinou que os homens deveriam usar essa carta para mandar suas esposas embora. Isso indica que se tratava de uma prática já existente, herdada do período de cativeiro no Egito. Moisés apenas mencionou algo que já era feito, mas não o instruiu como mandamento divino. Vale lembrar que o próprio Moisés, cerca de quarenta anos antes, viveu no Egito e certamente conhecia esse tipo de instrumento jurídico.
Fora da Torá, o Tanach também usa sefer keritut apenas duas vezes — ambas de forma metafórica, referindo-se à relação entre Deus e Israel (Jeremias 3:8 e Isaías 50:1).
Nesses dois usos simbólicos não há qualquer indicação de que, por Deus ter dado uma “carta de divórcio” a Israel, a nação estaria livre para se unir a outros deuses. Pelo contrário, a traição espiritual é condenada em todo o texto. Ou seja, nem simbolicamente essa “carta de divórcio” permite uma nova união da mulher.
Jesus também nunca reconheceu essa carta como algo autorizado por Deus para legalizar a separação entre almas. As duas vezes que ela aparece nos Evangelhos são em Mateus — e uma vez no paralelo de Marcos (Marcos 10:4):
1. Mateus 19:7-8: os fariseus a mencionam, e Jesus responde que Moisés apenas permitiu (epétrepsen) o uso da carta por causa da dureza do coração deles — ou seja, não foi mandamento de Deus.
2. Mateus 5:31-32, no Sermão da Montanha, quando Jesus diz:
“Foi dito: ‘Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que repudiar sua mulher, a não ser por causa de porneía, a faz adulterar; e quem se casa com a repudiada comete adultério.”
Portanto, essa tal “carta de divórcio” nunca foi uma autorização divina, mas apenas algo tolerado por Moisés diante da dureza do povo. Nenhuma parte das Escrituras dá suporte à ideia de que, ao receber essa carta, a mulher estaria espiritualmente desligada e livre para se unir a outro homem. Essa ideia não possui respaldo na Palavra e se trata de um mito. O ensino de Jesus, claro e direto, confirma essa verdade.
Apêndice 7a: Virgens, Viúvas e Divorciadas: As Uniões que Deus Aceita
Esta página faz parte da série sobre as uniões que Deus aceita e segue a seguinte sequência:
- Apêndice 7a: Virgens, Viúvas e Divorciadas: As Uniões que Deus Aceita (Esta página).
- Apêndice 7b: A Carta de Divórcio: Verdades e Mitos.
- Apêndice 7c: Marcos 10:11-12 e a Falsa Igualdade no Adultério.
- Apêndice 7d: Perguntas e Respostas: Virgens, Viúvas e Divorciadas.
A Origem do Casamento na Criação
É de conhecimento geral que o primeiro casamento ocorreu logo após o Criador ter feito uma fêmea [נְקֵבָה (nᵉqēvāh)] para ser companheira do primeiro ser humano, um macho [זָכָר (zākhār)]. Macho e fêmea — esses são os termos que o próprio Criador usou tanto para os animais quanto para os seres humanos (Gênesis 1:27). O relato em Gênesis diz que esse macho, criado à imagem e semelhança de Deus, observou que nenhuma das fêmeas entre as outras criaturas da terra se parecia com ele. Nenhuma lhe atraía, e ele desejou uma companheira. A expressão no original é [עֵזֶר כְּנֶגְדּוֹ (ʿēzer kᵉnegdô)], que significa “ajudadora compatível”. E o Senhor percebeu a necessidade de Adão e decidiu criar para ele uma fêmea, a versão feminina do seu corpo: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele uma ajudadora compatível” (Gênesis 2:18). Eva foi então feita a partir do corpo de Adão.
A Primeira União Segundo a Bíblia
Assim, a primeira união de almas aconteceu: sem cerimônia, sem votos, sem testemunhas, sem festa, sem cartório e sem oficiante. Deus simplesmente entregou a mulher ao homem, e essa foi a sua reação: “Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada” (Gênesis 2:23). Logo adiante, lemos que Adão teve relações [יָדַע (yāḏaʿ) — conhecer, ter relação sexual] com Eva e a engravidou. Essa mesma expressão (conhecer), ligada à gravidez, é também usada depois com a união de Caim e sua mulher (Gênesis 4:17). Todas as uniões mencionadas na Bíblia consistem simplesmente de um homem tomando para si uma virgem (ou viúva) e tendo relações com ela — quase sempre usando a expressão “conhecer” ou “entrar” — o que confirma que a união de fato ocorreu. Em nenhum relato bíblico é dito que houve qualquer cerimônia, seja de caráter religioso ou civil.
Quando Ocorre a União aos Olhos de Deus?
A questão central é: quando Deus considera que houve um casamento? Existem três opções possíveis — uma bíblica e verdadeira e duas falsas e de fabricação humana.
1. A Opção Bíblica
Deus considera casados o homem e a mulher no momento em que a mulher virgem tem sua primeira relação consensual com ele. Se ela já teve outro homem, a união só pode acontecer se o anterior tiver morrido.
2. A Opção Falsa Relativista
Deus considera que a união ocorre quando o casal decidir. Ou seja, o homem ou a mulher podem ter quantos parceiros sexuais quiserem, mas apenas no dia em que os dois decidirem que o relacionamento ficou sério, talvez porque vão morar juntos, é que Deus considera os dois como uma só carne. Neste caso seria a criatura e não o Criador que decide quando a alma de um homem está ligada à alma de uma mulher. Não existe a menor base bíblica para este entendimento.
3. A Opção Falsa Mais Comum
Deus só considera que houve uma união quando ocorre uma cerimônia. Esta opção não é muito diferente da segunda, pois na prática a única coisa que mudou foi a adição de um terceiro ser humano no processo, que pode ser um juiz de paz, um funcionário do cartório, um padre, um pastor, etc. Nesta opção, o casal também pode ter tido vários parceiros sexuais no passado, mas só agora que se colocou de frente a um líder é que Deus considera que as duas almas estão unidas.
A Ausência de Cerimônias nas Festas de Casamento
Deve-se observar que a Bíblia menciona quatro festas de casamento, mas em nenhum dos relatos se menciona uma cerimônia para oficializar ou abençoar a união. Não existe ensinamento que um rito ou processo externo é necessário para que a união seja válida diante de Deus (Gênesis 29:21-28; Juízes 14:10-20; Ester 2:18; João 2:1-11). A confirmação da união ocorre quando uma virgem tem relação sexual consensual com seu primeiro homem (a consumação). A ideia de que Deus só une o casal quando os dois se apresentam diante de um líder religioso ou juiz de paz não possui qualquer respaldo nas Escrituras.
O Adultério e a Lei de Deus
Desde o início, Deus proibiu o adultério, que se refere a uma mulher ter relações com mais de um homem. Isso porque a alma da mulher só pode se unir a um homem por vez aqui na terra. Não há limite de quantos homens uma mulher pode ter durante a vida, mas cada novo relacionamento só pode ocorrer se o anterior estiver encerrado pela morte, porque só então a alma do homem retornou a Deus, de onde veio (Eclesiastes 12:7). Ou seja, ela precisa ser viúva para se unir a outro homem. Essa verdade é facilmente confirmada nas Escrituras, como quando o rei Davi mandou buscar Abigail somente depois que soube da morte de Nabal (1 Samuel 25:39-40); quando Boaz tomou Rute como esposa, porque soube que seu marido, Malom, havia morrido (Rute 4:13) e quando Judá instruiu seu segundo filho, Onã, a casar com Tamar para gerar descendentes em nome do irmão falecido (Gênesis 38:8). Ver também: Mateus 5:32; Romanos 7:3.
Homem e Mulher: Diferenças no Adultério
Algo que é claramente observável nas Escrituras é que não existe adultério contra a mulher, mas apenas contra o homem. A ideia ensinada por muitas igrejas — de que, ao se separar de uma mulher e casar com outra virgem ou viúva, o homem comete adultério contra sua ex-mulher — não tem apoio na Bíblia, mas sim nas convenções sociais.
Prova disso são os vários exemplos de servos do Senhor que passaram por múltiplos casamentos com virgens e viúvas, sem a reprovação de Deus — inclusive o exemplo de Jacó, que teve quatro esposas, das quais vieram as doze tribos de Israel e o próprio Messias. Nunca foi dito que Jacó cometia adultério com cada nova mulher.
Um outro exemplo bem conhecido foi o adultério de Davi. O profeta Natã não falou nada sobre ter havido adultério contra alguma mulher do rei quando ele teve relações com Bate-Seba (2 Samuel 12:9), mas apenas contra Urias, o seu marido. Lembrando que Davi já era casado com Mical, Abigail e Aionã (1 Samuel 25:42). Ou seja, adultério é sempre contra um homem e nunca contra uma mulher.
Alguns líderes gostam de afirmar que Deus iguala homens e mulheres em tudo, mas isso não reflete o que é observado nos quatro mil anos abrangidos pelas Escrituras. Simplesmente não existe sequer um exemplo na Bíblia em que Deus censurou um homem por ter cometido adultério contra a sua mulher.
Isso não quer dizer que o homem não comete adultério, mas que Deus considera o adultério do homem e da mulher de forma diferente. A punição bíblica era a mesma para os dois (Levítico 20:10; Deuteronômio 22:22–24), mas não há ligação entre virgindade masculina e casamento. A mulher, e não o homem, é quem determina se há adultério ou não. Segundo a Bíblia, o homem adultera sempre que tem relação com uma mulher que não é virgem ou viúva. Por exemplo, se um rapaz virgem de 25 anos se deita com uma jovem de 23 anos que já teve outro homem, ele comete adultério — pois, segundo Deus, essa jovem é mulher de outro homem (Mateus 5:32; Romanos 7:3; Números 5:12) .
O Casamento Levirato e a Preservação da Linhagem
Esse princípio da mulher só poder se unir a outro homem após a morte do primeiro também é confirmado na lei do levirato, dada por Deus para preservar os bens das famílias: “Se dois irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem deixar filhos, a mulher do falecido não se casará com um estranho fora da família. Seu cunhado irá até ela, tomá-la por esposa e cumprirá o dever de cunhado para com ela…” (Deuteronômio 25:5-10. Ver também Gênesis 38:8; Rute 1:12-13; Mateus 22:24). Observe que essa lei deveria ser cumprida mesmo que o cunhado já tivesse outra esposa. No caso de Boaz, ele chegou a oferecer Rute a um parente mais próximo, mas o homem não quis, pois não desejava adquirir mais uma mulher e ter que dividir sua herança: “No dia em que comprares o campo da mão de Noemi, também adquirirás Rute, a moabita, mulher do falecido, para gerar filhos e ela participar da sua herança” (Rute 4:5).
A Perspectiva Bíblica sobre o Casamento
A visão bíblica do casamento, conforme apresentada nas Escrituras, é clara e distinta das tradições humanas modernas. Deus estabeleceu o casamento como uma união espiritual selada pela consumação entre um homem e uma mulher virgem ou viúva, sem a necessidade de cerimônias, oficiantes ou ritos externos.
Isso não significa que a Bíblia proíba cerimônias como parte dos casamentos, mas deve ficar claro que elas não são nem um requisito nem uma confirmação de que uma união de almas ocorreu segundo a lei de Deus.
A união é considerada válida aos olhos de Deus somente no momento da relação consensual, refletindo a ordem divina de que a mulher se una a apenas um homem por vez, até que a morte dissolva esse vínculo. A ausência de cerimônias nas festas de casamento descritas na Bíblia reforça que o foco está na aliança íntima e no propósito divino de continuidade da linhagem, não em formalidades humanas.
Conclusão
À luz de todos esses relatos e princípios bíblicos, fica evidente que a definição de casamento por Deus está fundamentada em Seu próprio desígnio, não em tradições humanas ou formalidades legais. O Criador estabeleceu o padrão desde o início: um casamento é selado aos Seus olhos quando um homem se une em relações consensuais com uma mulher que está livre para se casar — ou seja, que é virgem ou viúva. Embora cerimônias civis ou religiosas possam servir como declarações públicas, elas não têm peso para determinar se uma união é válida perante Deus. O que importa é a obediência à Sua ordem, o respeito pela santidade do vínculo matrimonial e a fidelidade aos Seus mandamentos, que permanecem imutáveis, independentemente de mudanças culturais ou opiniões humanas.
Apêndice 6: As Carnes Proibidas ao Cristão
NEM TODOS OS SERES VIVOS FORAM CRIADOS PARA SER ALIMENTO
O JARDIM DO ÉDEN: UMA DIETA À BASE DE PLANTAS
Essa verdade se torna evidente quando examinamos o início da humanidade no Jardim do Éden. Adão, o primeiro homem, recebeu a tarefa de cuidar de um jardim. Que tipo de jardim? O texto original hebraico não especifica, mas há evidências convincentes de que era um pomar:
“E o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, ao oriente… E da terra fez o Senhor Deus brotar toda árvore agradável à vista e boa para alimento” (Gênesis 2:15).
Também lemos sobre o papel de Adão em nomear e cuidar dos animais, mas em nenhum lugar das Escrituras se sugere que eles eram “bons para alimento”, como as árvores.
O CONSUMO DE ANIMAIS NO PLANO DE DEUS
Isso não significa que comer carne seja proibido por Deus — se fosse, haveria uma instrução explícita nesse sentido em toda a Escritura. No entanto, isso nos mostra que o consumo de carne animal não fazia parte da dieta original da humanidade.
A provisão inicial de Deus para o homem parece ser inteiramente baseada em plantas, enfatizando frutas e outras formas de vegetação.
A DISTINÇÃO ENTRE ANIMAIS PUROS E IMPUROS
INTRODUZIDA NA ÉPOCA DE NOÉ
Embora Deus eventualmente tenha permitido aos seres humanos matar e comer animais, Ele estabeleceu distinções claras entre os que eram apropriados para consumo e os que não eram.
Essa distinção é sugerida pela primeira vez nas instruções dadas a Noé antes do dilúvio:
“Leve com você sete pares de cada espécie de animal puro, um macho e sua fêmea, e um par de cada espécie de animal impuro, um macho e sua fêmea” (Gênesis 7:2).
O CONHECIMENTO IMPLÍCITO SOBRE ANIMAIS PUROS
O fato de Deus não explicar a Noé como distinguir entre animais puros e impuros sugere que esse conhecimento já estava presente na humanidade, possivelmente desde a criação.
Essa diferenciação entre animais limpos e impuros reflete uma ordem e um propósito divino mais amplos, em que certas criaturas foram separadas para funções específicas dentro do equilíbrio natural e espiritual.
O SIGNIFICADO PRIMÁRIO DOS ANIMAIS PUROS
ASSOCIADOS AO SACRIFÍCIO
Com base no que ocorreu até o momento na narrativa de Gênesis, podemos assumir com segurança que, até o dilúvio, a distinção entre animais puros e impuros estava relacionada apenas à sua aceitação como sacrifícios.
A oferta de Abel, feita com os primogênitos de seu rebanho, destaca esse princípio. No texto hebraico, a expressão “primogênitos de seu rebanho” (מִבְּכֹרוֹת צֹאנוֹ) usa a palavra “rebanho” (tzon, צֹאן), que se refere tipicamente a pequenos animais domesticados, como ovelhas e cabras. Assim, é muito provável que Abel tenha oferecido um cordeiro ou um cabrito de seu rebanho (Gênesis 4:3-5).
OS SACRIFÍCIOS DE NOÉ COM ANIMAIS PUROS
Da mesma forma, quando Noé saiu da arca, ele construiu um altar e ofereceu holocaustos ao Senhor usando animais puros, que haviam sido mencionados especificamente nas instruções divinas antes do dilúvio (Gênesis 8:20; 7:2).
Esse foco inicial nos animais puros para sacrifício estabelece a base para entender seu papel único na adoração e na pureza da aliança.
Os termos hebraicos usados para descrever essas categorias — tahor (טָהוֹר) e tamei (טָמֵא) — não são arbitrários. Eles estão profundamente ligados aos conceitos de santidade e separação para o Senhor:
- טָמֵא (Tamei)
Significado: Impuro, contaminado.
Uso: Refere-se à impureza ritual, moral ou física. Frequentemente associado a animais, objetos ou ações proibidas para consumo ou adoração.
Exemplo: “Todavia, destes não comereis… são impuros (tamei) para vós” (Levítico 11:4).* - טָהוֹר (Tahor)
Significado: Puro, limpo.
Uso: Refere-se a animais, objetos ou pessoas adequadas para consumo, adoração ou atividades rituais.
Exemplo: “Deveis fazer distinção entre o santo e o comum, e entre o impuro e o puro” (Levítico 10:10).*
Esses termos formam a base das leis dietéticas de Deus, que são detalhadas posteriormente em Levítico 11 e Deuteronômio 14. Esses capítulos listam explicitamente os animais considerados puros (permitidos para alimento) e impuros (proibidos para consumo), garantindo que o povo de Deus permaneça distinto e santo.
AS ADVERTÊNCIAS DE DEUS CONTRA O CONSUMO DE CARNES IMPURAS
Ao longo do Tanach (Antigo Testamento), Deus advertiu repetidamente Seu povo por violar Suas leis dietéticas. Vários trechos condenam especificamente o consumo de animais impuros, enfatizando que essa prática era vista como um ato de rebelião contra os mandamentos divinos:
“Um povo que continuamente Me provoca diante do Meu rosto… que come carne de porco, e em cujas panelas há caldo de carnes impuras” (Isaías 65:3-4).
“Aqueles que se consagram e se purificam para entrar nos jardins, seguindo aquele que come carne de porco, ratos e outras coisas impuras—eles encontrarão seu fim, juntamente com aquele que seguem,” declara o Senhor (Isaías 66:17).
Essas advertências demonstram que comer carne impura não era apenas uma questão dietética, mas um fracasso moral e espiritual. O ato de consumir tais alimentos estava ligado à desobediência direta às instruções de Deus. Ao se entregarem a práticas explicitamente proibidas, as pessoas demonstravam desrespeito pela santidade e pela obediência.

JESUS E A CARNE IMPURA
Com a vinda de Jesus, o crescimento do cristianismo e os escritos do Novo Testamento, muitos começaram a questionar se Deus ainda se importava com a obediência às Suas leis, incluindo as regras sobre alimentos impuros. De fato, praticamente todo o mundo cristão hoje come qualquer coisa que deseja.
Entretanto, não existe nenhuma profecia no Antigo Testamento que diga que o Messias cancelaria a lei sobre carnes impuras ou qualquer outra lei de Seu Pai (como alguns argumentam). Jesus claramente obedeceu às ordenanças do Pai em tudo, inclusive nesse ponto. Se Jesus tivesse comido carne de porco, assim como sabemos que Ele comeu peixe (Lucas 24:41-43) e cordeiro (Mateus 26:17-30), teríamos um claro ensino pelo exemplo, mas sabemos que isso não aconteceu. Não há indicação de que Jesus e Seus discípulos desrespeitaram essas instruções dadas por Deus por meio dos profetas.
ARGUMENTOS REFUTADOS
FALSO ARGUMENTO: “Jesus declarou todos os alimentos puros”
A VERDADE:
Marcos 7:1-23 é frequentemente citado como prova de que Jesus aboliu as leis dietéticas sobre carnes impuras. No entanto, uma análise cuidadosa do texto revela que essa interpretação não tem fundamento. O versículo mais citado diz:
“‘Porque a comida não entra em seu coração, mas em seu estômago, e é expelida como dejeto.’ (Assim, ele declarou todos os alimentos puros)” (Marcos 7:19).
O CONTEXTO: NÃO SE TRATA DE CARNE PURA OU IMPURA
Primeiramente, o contexto dessa passagem não tem nada a ver com carnes puras e impuras, conforme estabelecido em Levítico 11. Em vez disso, trata-se de um debate entre Jesus e os fariseus sobre uma tradição judaica que não estava relacionada às leis dietéticas. Os fariseus e escribas perceberam que os discípulos de Jesus não realizavam a lavagem cerimonial das mãos antes de comer, conhecida em hebraico como netilat yadayim (נטילת ידיים). Esse ritual envolve lavar as mãos com uma bênção e ainda hoje é uma prática tradicional no judaísmo ortodoxo.
A preocupação dos fariseus não era sobre as leis alimentares de Deus, mas sobre a adesão a essa tradição humana. Eles viam o fato de os discípulos não realizarem o ritual como uma violação dos costumes, equiparando isso à impureza.
A RESPOSTA DE JESUS: O QUE IMPORTA É O CORAÇÃO
Jesus passa grande parte de Marcos 7 ensinando que o que realmente contamina uma pessoa não são práticas externas ou tradições, mas sim a condição do coração. Ele enfatiza que a impureza espiritual vem de dentro, dos pensamentos e ações pecaminosas, e não da não observância de rituais cerimoniais.
Quando Jesus explica que a comida não torna uma pessoa impura porque entra no sistema digestivo e não no coração, Ele não está falando das leis dietéticas, mas sim da tradição da lavagem das mãos. Seu foco está na pureza interna, e não em rituais externos.
UMA ANÁLISE MAIS PROFUNDA DE MARCOS 7:19
Marcos 7:19 é muitas vezes mal interpretado devido a uma nota entre parênteses inexistente no texto original que algumas versões da Bíblia inseriram, afirmando: “Assim, ele declarou todos os alimentos puros.” No texto grego, a frase real diz apenas:
“οτι ουκ εισπορευεται αυτου εις την καρδιαν αλλ εις την κοιλιαν και εις τον αφεδρωνα εκπορευεται καθαριζον παντα τα βρωματα,”
que traduzido literalmente significa:
“Porque não entra em seu coração, mas no ventre, e sai para a latrina, purificando todos os alimentos.”
Ler “sai para a latrina, purificando todos os alimentos” e traduzir como “com isso, ele declarou todos os alimentos puros” é uma tentativa grosseira de manipular o texto para se encaixar em um viés comum contra a Lei de Deus entre seminários e editores de Bíblias.
O que faz mais sentido é que Jesus está simplesmente descrevendo o processo digestivo em termos comuns da época. O sistema digestivo recebe os alimentos, extrai os nutrientes e componentes benéficos que o corpo precisa (a parte limpa) e depois expele o restante como dejeto. A frase “purificando todos os alimentos” provavelmente se refere a esse processo natural de separação dos nutrientes do que será descartado.
Portanto, não há nenhuma evidência no texto original de Marcos 7 que sugira que Jesus estava abolindo as leis sobre carnes impuras. Esse argumento é baseado em uma tradução tendenciosa e não em um ensino genuíno das Escrituras.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
Marcos 7:1-23 não trata da abolição das leis dietéticas de Deus, mas sim da rejeição das tradições humanas que priorizavam rituais externos em detrimento do coração. Jesus ensinou que a verdadeira impureza vem de dentro, e não da não observância da lavagem cerimonial das mãos. A alegação de que “Jesus declarou todos os alimentos puros” é uma má interpretação do texto, enraizada em preconceitos contra as leis eternas de Deus. Ao ler cuidadosamente o contexto e o idioma original, fica claro que Jesus manteve os ensinamentos da Torá e não rejeitou as leis alimentares dadas por Deus.
FALSO ARGUMENTO: “Em uma visão, Deus disse ao apóstolo Pedro que agora podemos comer a carne de qualquer animal”
A VERDADE:
Muitos citam a visão de Pedro em Atos 10 como prova de que Deus aboliu as leis dietéticas sobre animais impuros. No entanto, uma análise mais detalhada do contexto e do propósito da visão revela que ela não tinha nada a ver com mudar as regras sobre carne limpa e impura. Em vez disso, a visão foi um meio de ensinar a Pedro a aceitar os gentios no povo de Deus, e não de alterar as instruções alimentares dadas por Deus.
A VISÃO DE PEDRO E SEU PROPÓSITO
Em Atos 10, Pedro tem uma visão de um lençol descendo do céu, contendo diversos tipos de animais, tanto puros quanto impuros, acompanhada da ordem para “matar e comer”. A resposta imediata de Pedro deixa claro seu entendimento:
“De modo nenhum, Senhor! Nunca comi coisa alguma impura ou imunda” (Atos 10:14).
Essa reação é significativa por vários motivos:
- Pedro ainda obedecia às leis dietéticas
Esta visão ocorre depois da ascensão de Jesus e do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Se Jesus tivesse abolido as leis alimentares durante Seu ministério, Pedro, que era um de Seus discípulos mais próximos, saberia disso e não teria reagido com tanta resistência. O fato de Pedro recusar comer animais impuros demonstra que ele ainda observava as leis dietéticas e não tinha conhecimento de qualquer suposta revogação. - O verdadeiro significado da visão
A visão se repete três vezes, enfatizando sua importância, mas seu real significado é esclarecido alguns versículos depois, quando Pedro visita a casa de Cornélio, um gentio. O próprio Pedro explica o significado da visão:
“Deus me mostrou que eu não devo chamar ninguém de impuro ou imundo” (Atos 10:28).A visão não era sobre comida, mas uma mensagem simbólica. Deus usou a imagem dos animais limpos e impuros para ensinar Pedro que as barreiras entre judeus e gentios estavam sendo removidas e que os gentios agora poderiam ser aceitos na comunidade da aliança de Deus.
INCONSISTÊNCIAS LÓGICAS COM A INTERPRETAÇÃO DE QUE “AS LEIS DIETÉTICAS FORAM ABOLIDAS”
A afirmação de que a visão de Pedro aboliu as leis alimentares ignora vários pontos críticos:
- A resistência inicial de Pedro
Se as leis dietéticas já tivessem sido abolidas, a objeção de Pedro não faria sentido. Suas palavras refletem sua continuação na obediência a essas leis, mesmo após anos seguindo Jesus. - Nenhuma evidência bíblica de abolição
Em nenhum momento Atos 10 declara que as leis dietéticas foram abolidas. O foco é exclusivamente na inclusão dos gentios, e não em uma nova definição sobre o que é permitido ou proibido para consumo. - O simbolismo da visão
O propósito da visão se torna evidente na sua aplicação. Quando Pedro percebe que Deus não faz acepção de pessoas, mas aceita aqueles que O temem e praticam a justiça (Atos 10:34-35), fica claro que a visão tratava da inclusão dos gentios, e não da revogação das leis dietéticas. - Contradições na interpretação cristã tradicional
Se a visão fosse realmente sobre a abolição das leis alimentares, ela contraditaria todo o contexto do livro de Atos, onde os crentes judeus, incluindo Pedro, continuaram a observar a Torá. Além disso, a visão perderia seu significado simbólico se fosse interpretada literalmente, pois então trataria apenas das práticas alimentares e não da questão mais importante da inclusão dos gentios.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
A visão de Pedro em Atos 10 não tratava de comida, mas de pessoas. Deus usou a imagem de animais limpos e impuros para transmitir uma verdade espiritual mais profunda: que o evangelho era para todas as nações e que os gentios não deveriam mais ser considerados impuros ou excluídos do povo de Deus.
Interpretar essa visão como uma revogação das leis dietéticas é um erro grave que distorce tanto o contexto quanto o propósito da passagem.
As instruções dietéticas dadas por Deus em Levítico 11 permanecem inalteradas e nunca foram o foco dessa visão. As próprias ações e explicações de Pedro confirmam isso.
O verdadeiro significado da visão é sobre quebrar barreiras entre povos, e não alterar as leis eternas de Deus.
FALSO ARGUMENTO: “O Concílio de Jerusalém decidiu que os gentios poderiam comer qualquer coisa, desde que não fosse estrangulada e com sangue.”
A VERDADE:
O Concílio de Jerusalém é frequentemente mal interpretado para sugerir que os gentios receberam permissão para desconsiderar a maioria dos mandamentos de Deus e seguir apenas quatro requisitos básicos. No entanto, um exame mais atento revela que este concílio não tratava da abolição da Lei para os gentios, mas sim de facilitar sua entrada inicial nas comunidades messiânicas.
O QUE FOI O CONCÍLIO DE JERUSALÉM?
A questão principal discutida no concílio era se os gentios precisavam se comprometer integralmente com toda a Torá—incluindo a circuncisão—antes de ouvirem o evangelho e participarem das reuniões das primeiras congregações messiânicas.
Por séculos, a tradição judaica sustentava que um gentio deveria primeiro adotar todas as práticas da Torá—como a circuncisão, a guarda do sábado, as leis alimentares e outros mandamentos—antes que um judeu pudesse interagir livremente com ele (ver Mateus 10:5-6; João 4:9; Atos 10:28).
O concílio não estava decidindo quais leis os gentios deveriam ou não seguir, mas sim reconhecendo que eles poderiam começar sua jornada de fé sem adotar de imediato todas essas práticas.
QUATRO REQUISITOS INICIAIS PARA A HARMONIA
O concílio concluiu que os gentios poderiam frequentar as reuniões das congregações messiânicas, desde que evitassem quatro práticas específicas (Atos 15:20):
- Comida contaminada por ídolos – Evitar alimentos sacrificados a ídolos, pois a idolatria era profundamente ofensiva aos crentes judeus.
- Imoralidade sexual – Abster-se de pecados sexuais, que eram comuns entre os pagãos.
- Carne de animais estrangulados – Não consumir carne de animais que não foram abatidos corretamente, pois isso preservava o sangue.
- Sangue – Não ingerir sangue, uma prática proibida na Torá (Levítico 17:10-12).
Essas exigências não eram um resumo de todas as leis que os gentios deveriam seguir, mas um ponto de partida para garantir a paz e a unidade entre crentes judeus e gentios dentro das congregações.
O QUE ESSA DECISÃO NÃO SIGNIFICOU
A ideia de que esses quatro requisitos eram as únicas leis que os gentios precisavam obedecer é absurda.
- Os gentios poderiam violar os Dez Mandamentos?
- Poderiam adorar outros deuses, blasfemar contra Deus, roubar ou matar? Claro que não! Essa conclusão contradiz todas as Escrituras sobre a justiça de Deus.
- O concílio estava dando um ponto de partida, não um ponto final.
- A decisão abordava como os gentios poderiam começar sua jornada na fé, e não um conjunto definitivo de regras. Esperava-se que eles crescessem em conhecimento e obediência com o tempo.
ATOS 15:21 TRAZ A CHAVE PARA A QUESTÃO
O concílio não aboliu os mandamentos de Deus, e isso fica claro pelo que foi dito logo após a decisão:
“Porque Moisés [a Lei de Deus] tem em cada cidade, desde os tempos antigos, quem o pregue nas sinagogas, onde é lido todos os sábados.” (Atos 15:21)
Essa passagem demonstra que os gentios continuariam aprendendo a Torá ao frequentar as sinagogas. Os apóstolos nunca sugeriram que os mandamentos de Deus fossem descartados. Pelo contrário, esperava-se que os gentios aprendessem gradualmente a obedecer a Deus conforme ouvissem a Torá sendo ensinada.
CONTEXTO DOS ENSINAMENTOS DE JESUS
O próprio Jesus enfatizou a importância dos mandamentos de Deus.
Nos evangelhos, Ele ensina claramente que guardar os mandamentos faz parte da fé verdadeira:
- “Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos.” (Mateus 19:17)
- “Bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a obedecem.” (Lucas 11:28)
- Todo o Sermão da Montanha (Mateus 5-7) reforça a necessidade de obedecer a Deus.
Se Jesus nunca aboliu os mandamentos, os apóstolos também não poderiam ter feito isso.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
O Concílio de Jerusalém não decretou que os gentios poderiam comer qualquer coisa ou ignorar os mandamentos de Deus. Ele lidou com um problema prático: como os gentios poderiam começar a frequentar as congregações messiânicas sem serem sobrecarregados de imediato com todas as práticas da Torá.
As quatro exigências estabelecidas eram diretrizes iniciais para promover a harmonia entre crentes judeus e gentios em comunidades mistas.
A expectativa sempre foi que os gentios crescessem no conhecimento e na obediência com o tempo, pois a Torá continuava sendo ensinada todos os sábados.
Afirmar que Atos 15 permitiu que os gentios comessem qualquer coisa ou ignorassem os mandamentos é uma distorção da decisão do concílio e do ensino das Escrituras como um todo.
FALSO ARGUMENTO: “O apóstolo Paulo ensinou que Cristo cancelou a necessidade de obedecer às leis de Deus para a salvação.”
A VERDADE:
A maioria dos líderes cristãos interpreta incorretamente os escritos de Paulo, afirmando que ele se opôs à Lei de Deus e ensinou aos gentios que obedecer aos mandamentos era desnecessário ou até perigoso para a salvação.
Essa ideia gerou uma enorme confusão teológica, pois contradiz não apenas os profetas, mas também as próprias palavras de Jesus.
Teólogos que rejeitam essa interpretação gastam tempo tentando harmonizar as cartas de Paulo com a obediência à Lei, argumentando que suas palavras foram mal compreendidas ou retiradas do contexto.
Porém, o problema central não está na interpretação das cartas de Paulo, mas na própria suposição de que devemos considerar sua autoridade para tratar dessa questão.
POR QUE EXPLICAR PAULO É O CAMINHO ERRADO?
Muitas pessoas tentam defender Paulo afirmando que ele não contradisse Jesus nem os profetas do Antigo Testamento. No entanto, o verdadeiro problema não é o que Paulo realmente quis dizer, mas se deveríamos considerar seus ensinamentos como determinantes nessa questão.
Dedicamos esforços para tentar “interpretar corretamente Paulo”, mas isso eleva um ser humano a um status igual ou maior que os profetas e até mesmo que o próprio Jesus.
O caminho correto não é tentar justificar Paulo, mas perguntar: As Escrituras antes de Paulo predisseram ou validaram a ideia de que alguém viria após Jesus para ensinar algo que anula as leis de Deus?
Se houvesse uma profecia clara de que um homem de Tarso seria enviado para modificar ou reinterpretar a Lei, então poderíamos considerar seus ensinamentos nesse sentido como autorizados por Deus. Porém, essa profecia não existe.
A AUSÊNCIA DE PROFECIAS SOBRE PAULO
As Escrituras contêm profecias claras sobre o Messias e sobre alguns indivíduos que apareceriam no Novo Testamento, mas Paulo não é um deles.
As únicas pessoas explicitamente mencionadas ou prefiguradas no Antigo Testamento que aparecem no Novo Testamento são:
- João Batista – O precursor do Messias foi profetizado e confirmado por Jesus (Isaías 40:3, Malaquias 4:5-6, Mateus 11:14).
- Judas Iscariotes – Algumas referências indiretas aparecem em Salmos 41:9 e Salmos 69:25.
- José de Arimateia – Isaías 53:9 faz uma alusão indireta ao homem que providenciaria o sepultamento de Jesus.
Além desses, nenhuma profecia menciona que Deus enviaria outra pessoa para ensinar algo novo após Jesus.
Se Paulo fosse realmente um mensageiro divinamente designado para alterar a Lei de Deus, Deus certamente teria dado uma profecia clara e inequívoca sobre ele antes da sua chegada.
Porém, não há qualquer menção de alguém de Tarso recebendo autoridade para modificar a Lei ou ensinar que a obediência a Deus não era mais necessária.
O QUE JESUS PROFETIZOU QUE ACONTECERIA APÓS SUA ASCENSÃO?
Jesus fez várias profecias sobre eventos futuros, incluindo:
- A destruição do Templo (Mateus 24:2).
- A perseguição aos Seus discípulos (João 15:20, Mateus 10:22).
- A pregação do Reino a todas as nações (Mateus 24:14).
Contudo, em nenhum momento Jesus mencionou que Deus enviaria um novo mestre com autoridade para modificar Seus mandamentos.
Se a vinda de Paulo com um suposto “novo entendimento” fosse parte do plano de Deus, Jesus teria profetizado isso claramente, pois um evento dessa magnitude não poderia passar despercebido.
A ausência total de profecias sobre Paulo é prova suficiente de que ele não foi enviado para mudar nada no plano de Deus.
CONCLUSÃO
A crença de que Paulo ensinou que Cristo cancelou a necessidade de obedecer às leis de Deus para a salvação é um erro grave.
Não existe nenhuma profecia no Antigo Testamento ou nos Evangelhos que mencione que Deus enviaria um novo líder para modificar a Lei ou para ensinar que a obediência não era mais necessária.
Se Deus tivesse a intenção de mudar Seu plano após a ascensão de Jesus, Ele teria profetizado essa mudança com antecedência, como fez com João Batista e com o próprio Messias.
A verdade é simples: as Escrituras que precederam Paulo não validam seus ensinamentos sobre a Lei, porque nunca foi o plano de Deus cancelá-la.
O VERDADEIRO TESTE DOS ESCRITOS DE PAULO
Isso não significa que devemos rejeitar os escritos de Paulo, nem os de Pedro, João ou Tiago. Em vez disso, devemos abordá-los com cautela, garantindo que qualquer interpretação esteja em total harmonia com as Escrituras fundamentais: a Lei e os Profetas do Antigo Testamento e os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos.
O problema não está nos escritos em si, mas sim nas interpretações que teólogos e líderes cristãos impuseram sobre eles.
Portanto, qualquer interpretação dos ensinamentos de Paulo deve ser submetida a dois critérios essenciais:
- O Antigo Testamento – A Lei de Deus revelada através de Seus profetas.
- Os Quatro Evangelhos – As palavras e ações de Jesus, que cumpriu e ensinou a Lei.
Se uma interpretação não estiver alinhada com esses critérios, então não pode ser aceita como verdade.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
A alegação de que Paulo ensinou o cancelamento das leis de Deus, incluindo as instruções alimentares, não encontra suporte nas Escrituras.
Não há nenhuma profecia que anuncie tal mensagem, e o próprio Jesus confirmou a validade da Lei.
Portanto, qualquer ensino que afirme o contrário deve ser examinado à luz da Palavra imutável de Deus.
Como seguidores do Messias, devemos buscar alinhamento com o que Deus já revelou, e não confiar em interpretações que contradizem Seus mandamentos eternos.
O ENSINO DE JESUS, POR PALAVRA E EXEMPLO
O verdadeiro discípulo de Cristo modela toda a sua vida Nele.
Jesus deixou claro que, se O amamos, obedeceremos ao Pai e ao Filho (João 14:15).
Essa não é uma exigência para os fracos, mas para aqueles que têm seus olhos fixos no Reino de Deus e que estão dispostos a fazer o que for necessário para herdar a vida eterna—mesmo que isso traga oposição da família, dos amigos e da igreja.
Os mandamentos sobre cabelos e barba, tzitzit, circuncisão, o sábado e as carnes proibidas são ignorados por quase toda a cristandade.
Os que se recusam a seguir a multidão enfrentarão perseguição, exatamente como Jesus nos advertiu (Mateus 5:10).
Mas a obediência a Deus exige coragem—e a recompensa é a eternidade.

AS CARNES PROIBIDAS SEGUNDO A LEI DE DEUS
As leis dietéticas de Deus, estabelecidas na Torá, definem claramente quais animais Seu povo pode comer e quais devem ser evitados. Essas instruções enfatizam santidade, obediência e separação de práticas que contaminam.
Abaixo está uma lista detalhada das carnes proibidas, com referências bíblicas.
1. ANIMAIS TERRESTRES QUE NÃO RUMINAM OU NÃO POSSUEM CASCOS FENDIDOS
- Para serem considerados puros, os animais terrestres precisam ter ambos os critérios: ruminar e ter cascos fendidos.
- Exemplos de Animais Proibidos:
- Camelo (gamal, גָּמָל) – Rumina, mas não tem cascos fendidos (Levítico 11:4).
- Cavalo (sus, סוּס) – Não rumina e não tem cascos fendidos.
- Porco (chazir, חֲזִיר) – Tem cascos fendidos, mas não rumina (Levítico 11:7).
2. CRIATURAS AQUÁTICAS SEM BARBATANAS E ESCAMAS
- Apenas peixes que possuem barbatanas e escamas são permitidos.
- Exemplos de Criaturas Proibidas:
- Bagre – Não tem escamas.
- Frutos do mar – Inclui camarão, caranguejo, lagosta e mariscos.
- Enguias – Não têm barbatanas nem escamas.
- Lulas e Polvos – Não têm barbatanas nem escamas (Levítico 11:9-12).
3. AVES DE RAPINA, NECRÓFAGAS E OUTRAS AVES PROIBIDAS
- A lei especifica certas aves que não devem ser consumidas, geralmente aquelas associadas à predação ou ao consumo de carniça.
- Exemplos de Aves Proibidas:
- Águia (nesher, נֶשֶׁר) (Levítico 11:13).
- Abutre (da’ah, דַּאָה) (Levítico 11:14).
- Corvo (orev, עֹרֵב) (Levítico 11:15).
- Mocho, falcão, corvo-marinho e outras aves listadas (Levítico 11:16-19).
4. INSETOS VOADORES QUE SE MOVEM SOBRE QUATRO PATAS
- Em geral, insetos voadores são impuros, exceto aqueles que possuem patas articuladas para saltar.
- Exemplos de Insetos Proibidos:
- Moscas, mosquitos e besouros.
- Exceção: Gafanhotos e certos tipos de locustas são permitidos (Levítico 11:20-23).
5. ANIMAIS QUE RASTEJAM SOBRE A TERRA
- Qualquer criatura que se arrasta sobre o ventre ou tem múltiplas patas e rasteja no solo é impura.
- Exemplos de Criaturas Proibidas:
- Serpentes.
- Lagartos.
- Ratos e toupeiras (Levítico 11:29-30, 11:41-42).
6. ANIMAIS MORTOS OU EM DECOMPOSIÇÃO
- Mesmo os animais puros não podem ser comidos se morreram naturalmente ou foram mortos por predadores.
- Referências: Levítico 11:39-40, Êxodo 22:31.
7. CRUZAMENTO ENTRE ESPÉCIES
- Embora não seja diretamente uma lei dietética, o cruzamento de espécies diferentes é proibido, o que implica a necessidade de cuidado com a produção alimentar.
- Referência: Levítico 19:19.
O PROPÓSITO DESSAS LEIS
Essas instruções demonstram o desejo de Deus de que Seu povo seja distinto, honrando-O até mesmo nas escolhas alimentares.
Ao obedecer a essas leis, os seguidores do Senhor demonstram respeito e fidelidade aos Seus mandamentos sagrados.
Apêndice 5: O Dia de Sábado e os Dias de ir à Igreja, Duas Coisas Diferentes
QUAL É O DIA PARA IR À IGREJA?
NENHUM MANDAMENTO SOBRE UM DIA ESPECÍFICO PARA O CULTO
Vamos começar este estudo indo direto ao ponto: não há nenhum mandamento de Deus que indique em que dia um cristão deve ir à igreja, mas há um que determina em que dia ele deve descansar.
O cristão pode ser pentecostal, batista, católico, presbiteriano ou de qualquer outra denominação, frequentando cultos e estudos bíblicos aos domingos ou em qualquer outro dia, mas isso não o isenta da obrigação de descansar no dia ordenado por Deus: o sétimo dia.
O CULTO PODE SER EM QUALQUER DIA
Deus nunca estipulou em que dia Seus filhos deveriam adorá-Lo: não sábado, não domingo, não segunda, terça, etc.
Qualquer dia que o cristão quiser dedicar à adoração a Deus com suas orações, louvores e estudos, ele pode fazê-lo, seja sozinho, em família ou em grupo. O dia em que ele se reúne com seus irmãos para louvar a Deus não tem relação com o quarto mandamento e não está ligado a nenhum outro mandamento dado por Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O MANDAMENTO DO SÉTIMO DIA
O FOCO É O DESCANSO, NÃO O CULTO
Se Deus realmente quisesse que Seus filhos fossem ao tabernáculo, templo ou igreja no sábado (ou no domingo), Ele obviamente teria mencionado esse detalhe importante no mandamento.
Mas, como veremos a seguir, isso nunca aconteceu. O mandamento apenas diz que não devemos trabalhar nem obrigar ninguém, nem mesmo os animais, a trabalhar no dia que Ele, Deus, santificou.
POR QUE DEUS SEPAROU O SÉTIMO DIA?
Deus menciona o sábado como um dia santo (separado, consagrado) em diversos trechos das Escrituras, começando pela semana da criação:
“E Deus completou no sétimo dia a obra que havia feito, e descansou [Heb. שׁבת (Shabbat), verbo: cessar, descansar] nesse dia de toda a obra que havia realizado. E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou [Heb. קדוש (kadosh), substantivo: santo, consagrado, separado], porque nele descansou de toda a obra que havia criado e feito” (Gênesis 2:2-3).
Nesta primeira menção ao sábado, Deus estabelece a base do mandamento que mais tarde nos daria em detalhes:
- 1. O Criador separou este dia dos seis dias que o precederam (domingo, segunda, terça, etc.).
- 2. Ele descansou neste dia. Sabemos, obviamente, que o Criador não precisa descansar, pois Deus é Espírito (João 4:24). No entanto, Ele usou essa linguagem humana, conhecida na teologia como antropomorfismo, para nos fazer entender o que espera que Seus filhos na terra façam no sétimo dia: descansar, em hebraico, Shabbat.

O SÁBADO E O PECADO
O fato de a santificação (ou separação) do sétimo dia dos outros dias ter ocorrido tão cedo na história humana é significativo porque deixa claro que o desejo do Criador de que descansemos especificamente neste dia não está ligado ao pecado, pois o pecado ainda não existia na terra. Isso indica que, no céu e na nova terra, continuaremos a descansar no sétimo dia.
O SÁBADO E O JUDAÍSMO
Também observamos que essa não é uma tradição do judaísmo, pois Abraão, de quem descenderiam os judeus, só surgiria na história séculos depois. Trata-se, sim, de um sinal para mostrar aos verdadeiros filhos de Deus na terra qual é o comportamento do Pai neste dia, para que possamos imitá-Lo, assim como Jesus fez:
“Em verdade, em verdade vos digo: o Filho nada pode fazer de Si mesmo, a não ser o que vê o Pai fazer; porque tudo o que este faz, o Filho também o faz igualmente” (João 5:19).
MAIS DETALHES SOBRE O QUARTO MANDAMENTO
O SÉTIMO DIA EM GÊNESIS
Esta é a referência em Gênesis que deixa mais do que claro que o Criador separou o sétimo dia dos demais e que este é um dia de descanso.
Até este ponto na Bíblia, o Senhor ainda não havia especificado o que o homem, criado no dia anterior, deveria fazer no sétimo dia. Somente quando o povo escolhido iniciou sua jornada rumo à terra prometida é que Deus lhes deu instruções detalhadas sobre o sétimo dia.
Após 400 anos vivendo como escravos em uma terra pagã, o povo escolhido precisava de esclarecimento sobre o sétimo dia. Por isso, Deus escreveu pessoalmente esse mandamento em uma tábua de pedra, para que todos compreendessem que foi o próprio Senhor, e não um ser humano, quem deu essa ordem.
O QUARTO MANDAMENTO COMPLETO
Vejamos o que Deus escreveu sobre o sétimo dia na íntegra:
“Lembra-te do sábado [Heb. שׁבת (Shabbat), v. cessar, descansar, desistir], para o santificar [Heb. קדש (kadesh), v. santificar, consagrar]. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra [Heb. מלאכה (m’larrá), n.d. trabalho, ocupação]; mas o sétimo dia [Heb. ום השׁביעי (uma shivi-i), sétimo dia] é o descanso do Senhor teu Deus. Nele não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus, a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou” (Êxodo 20:8-11).
POR QUE O MANDAMENTO COMEÇA COM O VERBO “LEMBRAR”?
UM LEMBRETE DE UMA PRÁTICA JÁ EXISTENTE
O fato de Deus iniciar o mandamento com o verbo lembrar [Heb. זכר (zakar), v. lembrar, recordar] deixa claro que o descanso no sétimo dia não era algo novo para Seu povo.
Devido à condição de escravidão no Egito, eles não podiam descansar com frequência ou da maneira correta. Além disso, vale notar que este é, de longe, o mandamento mais detalhado dos dez que foram dados ao povo, ocupando um terço dos versículos bíblicos dedicados aos mandamentos.
O FOCO DO MANDAMENTO
Poderíamos explorar esta passagem de Êxodo com profundidade, mas o objetivo deste estudo é destacar um ponto essencial: o Senhor não mencionou nada no quarto mandamento relacionado a adoração a Deus, reuniões em templos para cantar, orar ou estudar as Escrituras.
O que Ele enfatizou foi que devemos lembrar que foi este dia, o sétimo, que Ele santificou e separou como um dia de descanso.
O DESCANSO É OBRIGATÓRIO PARA TODOS
O mandamento de Deus para descansar no sétimo dia é tão sério que Ele ampliou a ordem para incluir nossos visitantes (estrangeiros), empregados (servos) e até mesmo os animais, deixando muito claro que nenhum trabalho secular seria permitido nesse dia.
A OBRA DE DEUS, AS NECESSIDADES BÁSICAS E OS ATOS DE BONDADE NO SÁBADO
OS ENSINAMENTOS DE JESUS SOBRE O SÁBADO
Quando esteve entre nós, Jesus deixou claro que atos relacionados à obra de Deus na terra (João 5:17), às necessidades humanas básicas, como se alimentar (Mateus 12:1), e os atos de bondade para com os outros (João 7:23) podem e devem ser feitos no sétimo dia sem que isso viole o quarto mandamento.
DESCANSAR E SE ALEGRAR EM DEUS
No sétimo dia, o filho de Deus descansa de seu trabalho, imitando assim seu Pai nos céus. Ele também adora a Deus e se deleita em Sua lei, não apenas no sétimo dia, mas em todos os dias da semana.
O filho de Deus ama e tem prazer em obedecer tudo o que seu Pai lhe ensinou:
“Bem-aventurado é o homem que não anda no conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na Sua lei medita de dia e de noite” (Salmos 1:1-2; veja também: Salmos 40:8; 112:1; 119:11; 119:35; 119:48; 119:72; 119:92; Jó 23:12; Jeremias 15:16; Lucas 2:37; 1 João 5:3).
A PROMESSA DE ISAÍAS 58:13-14
Deus usou o profeta Isaías como Seu porta-voz para fazer uma das mais belas promessas da Bíblia àqueles que O obedecem guardando o sábado como um dia de descanso:
“Se desviares o teu pé de profanar o sábado, de fazer a tua vontade no meu santo dia; se chamares o sábado deleitoso, santo e glorioso do Senhor; e o honrares, não seguindo os teus próprios caminhos, nem buscando a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse” (Isaías 58:13-14).
AS BÊNÇÃOS DO SÁBADO TAMBÉM SÃO PARA OS GENTIOS
OS GENTIOS E O SÉTIMO DIA
Uma promessa especial e belíssima relacionada ao sétimo dia está reservada para aqueles que buscam as bênçãos de Deus. Ao mesmo profeta, o Senhor foi ainda mais longe, deixando claro que as bênçãos do sábado não estão limitadas aos judeus.
A PROMESSA DE DEUS AOS GENTIOS QUE GUARDAM O SÁBADO
“E quanto aos gentios (נֵכָר nfikhār – estrangeiros, não judeus) que se unem ao Senhor para servi-Lo, para amar o nome do Senhor e para serem Seus servos, todos os que guardam o sábado sem profaná-lo e abraçam a Minha aliança, eu os levarei ao Meu santo monte e os alegrarei na Minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos sobre o meu altar; pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Isaías 56:6-7).
O SÁBADO E AS ATIVIDADES NA IGREJA
DESCANSANDO NO SÉTIMO DIA
O cristão obediente, seja um judeu messiânico ou um gentio, descansa no sétimo dia porque este, e nenhum outro, é o dia que o Senhor instruiu para o descanso.
Se deseja interagir com Deus em grupo ou adorá-Lo ao lado de irmãos e irmãs em Cristo, pode fazê-lo sempre que houver oportunidade, o que geralmente ocorre aos domingos e também às quartas ou quintas-feiras, quando muitas igrejas realizam cultos de oração, doutrina, cura e outros serviços.
Tanto os judeus no período bíblico quanto os judeus ortodoxos modernos frequentam as sinagogas aos sábados porque isso é, obviamente, mais conveniente, uma vez que não trabalham nesse dia, em obediência ao quarto mandamento.
JESUS E O SÁBADO
SUA PRESENÇA REGULAR NO TEMPLO
O próprio Jesus frequentava o templo aos sábados regularmente, mas em nenhum momento Ele deu a entender que fazia isso porque fazia parte do quarto mandamento — porque simplesmente não faz.

JESUS TRABALHAVA PARA A SALVAÇÃO DAS ALMAS NO SÁBADO
Jesus estava ocupado sete dias por semana realizando a obra do Pai:
“A minha comida”, disse Jesus, “é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a Sua obra” (João 4:34).
E também:
“Mas Jesus lhes respondeu: ‘Meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho'” (João 5:17).
No sábado, Ele frequentemente encontrava o maior número de pessoas no templo que precisavam ouvir a mensagem do Reino:
“Foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era Seu costume. E levantou-se para ler” (Lucas 4:16).
O ENSINO DE JESUS, POR PALAVRA E EXEMPLO
O verdadeiro discípulo de Cristo modela sua vida em todos os aspectos conforme Ele nos ensinou. Jesus indicou claramente que, se O amamos, seremos obedientes ao Pai e ao Filho.
Essa não é uma exigência para os fracos, mas para aqueles que têm seus olhos fixos no Reino de Deus e estão dispostos a fazer o que for necessário para alcançar a vida eterna — mesmo que isso gere oposição de amigos, igreja e família.
O mandamento sobre cabelo e barba, tzitzit, circuncisão, sábado e as carnes proibidas são ignorados por quase todo o cristianismo, e aqueles que se recusam a seguir a multidão certamente serão perseguidos, assim como Jesus nos alertou.
A obediência a Deus exige coragem, mas a recompensa é a eternidade.
Apêndice 4: O Cabelo e a Barba do Cristão
UM MANDAMENTO DE DEUS TÃO SIMPLES, E COMPLETAMENTE IGNORADO
O MANDAMENTO EM LEVÍTICO 19:27
Não há justificativa bíblica para que praticamente todas as denominações cristãs ignorem o mandamento de Deus sobre os homens manterem seus cabelos e barbas conforme o Senhor instruiu.
Sabemos que esse mandamento foi fielmente observado por todos os judeus durante o período bíblico sem interrupção, assim como os judeus ultraortodoxos ainda o observam hoje, embora com detalhes não bíblicos devido a uma interpretação rabínica equivocada da passagem.
Também não há dúvidas de que Jesus, juntamente com todos os Seus apóstolos e discípulos, obedeceu fielmente a todos os mandamentos contidos na Torá, incluindo Levítico 19:27:
“Não raspem o cabelo em volta da cabeça nem raspem a barba rente à pele.”
INFLUÊNCIA GRECO-ROMANA
Os primeiros cristãos começaram a se afastar do mandamento sobre o cabelo e a barba, em grande parte devido às influências culturais nos primeiros séculos da era cristã.
PRÁTICAS CULTURAIS E COMPROMISSOS
À medida que o cristianismo se espalhava pelo mundo greco-romano, os convertidos traziam consigo suas práticas culturais. Tanto os gregos quanto os romanos tinham normas de higiene e aparência que incluíam raspar e aparar os cabelos e as barbas. Essas práticas começaram a influenciar os costumes dos cristãos gentios.

O FRACASSO DA IGREJA EM SE MANTER FIRME
Esse deveria ter sido o momento em que os líderes da igreja se posicionassem firmemente, enfatizando a necessidade de permanecer fiéis aos ensinamentos dos profetas e de Jesus, independentemente dos valores e práticas culturais.
Eles não deveriam ter feito concessões em nenhum dos mandamentos de Deus. No entanto, essa falta de determinação foi transmitida através das gerações, resultando em um povo enfraquecido em sua capacidade de permanecer fiel à Lei de Deus.
O REMANESCENTE PRESERVADO POR DEUS
Essa fraqueza persiste até os dias de hoje, e a igreja que vemos agora está muito distante daquela que Jesus estabeleceu. A única razão pela qual ela continua existindo é que, como sempre, Deus tem preservado um remanescente fiel:
“Conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou” (1 Reis 19:18).
O SIGNIFICADO DO MANDAMENTO
UM LEMBRETE DE OBEDIÊNCIA
O mandamento referente ao cabelo e à barba é um lembrete tangível da obediência e da separação das influências mundanas. Ele reflete um estilo de vida dedicado a honrar as instruções de Deus acima das normas culturais ou sociais.

Jesus e Seus apóstolos modelaram essa obediência, e o exemplo deles deve inspirar os fiéis de hoje a resgatar esse mandamento muitas vezes negligenciado como parte da sua fidelidade à santa Lei de Deus.
JESUS, SUA BARBA E SEU CABELO
JESUS COMO O EXEMPLO SUPREMO
Jesus Cristo, através de Sua vida, nos deu o exemplo supremo de como qualquer pessoa que busca a vida eterna deve viver neste mundo. Ele demonstrou a importância de obedecer a todos os mandamentos do Pai, incluindo o mandamento sobre o cabelo e a barba dos filhos de Deus.
Seu exemplo é significativo em dois aspectos principais: para Seus contemporâneos e para as futuras gerações de discípulos.
DESAFIANDO AS TRADIÇÕES RABÍNICAS
Em Seu tempo, a obediência de Jesus à Torá serviu para confrontar muitos dos ensinamentos rabínicos que dominavam a vida judaica. Esses ensinamentos pareciam ser ultra-fiéis à Torá, mas na verdade eram, em grande parte, tradições humanas projetadas para manter as pessoas “escravizadas” a essas regras.
OBEDIÊNCIA PURA E SEM CONTAMINAÇÃO
Ao observar fielmente a Torá — incluindo os mandamentos sobre Sua barba e cabelo — Jesus desafiou essas distorções e forneceu um exemplo puro e incontaminado de obediência à Lei de Deus.
A BARBA DE JESUS NA PROFECIA E EM SEU SOFRIMENTO
A importância da barba de Jesus também é destacada na profecia e em Seu sofrimento. Na predição do tormento do Messias, como o servo sofredor, uma das torturas que Jesus suportou foi ter Sua barba arrancada:
“Ofereci as costas àqueles que me feriam, e as faces àqueles que arrancavam a minha barba; não escondi o rosto da zombaria e dos cuspes” (Isaías 50:6).
Esse detalhe destaca não apenas o sofrimento físico de Jesus, mas também Sua obediência inabalável aos mandamentos de Deus, mesmo diante de um tormento inimaginável. Seu exemplo permanece como um poderoso lembrete para Seus seguidores hoje, incentivando-os a honrar a Lei de Deus em todos os aspectos da vida, assim como Ele fez.
COMO OBSERVAR CORRETAMENTE ESTE MANDAMENTO ETERNO
COMPRIMENTO DO CABELO E DA BARBA
Os homens devem manter seus cabelos e barbas em um comprimento que torne evidente que possuem ambos, mesmo quando observados à distância. Nem muito longos nem muito curtos, o aspecto essencial é que nem os cabelos nem a barba sejam aparados de forma excessiva.
NÃO RASPAR OS CONTORNOS NATURAIS
Os cabelos e a barba não devem ser raspados em seus contornos naturais. Esse é o ponto central do mandamento, baseado na palavra hebraica pe’ah פאה, que significa contorno, borda, extremidade ou lateral. Não se refere ao comprimento de cada fio, mas sim às bordas naturais do cabelo e da barba.
Por exemplo, a mesma palavra pe’ah é usada em referência às extremidades de um campo:
“Quando fizerem a colheita da terra de vocês, não colham até as extremidades (pe’ah) do campo, nem recolham as espigas caídas da colheita” (Levítico 19:9).
É evidente que isso não se refere ao tamanho ou altura do trigo (ou qualquer outra planta), mas sim à área periférica do campo. O mesmo entendimento se aplica ao cabelo e à barba.
ESSENCIAIS PARA OBSERVAR O MANDAMENTO
- Manter a visibilidade: O cabelo e a barba devem estar visivelmente presentes e reconhecíveis, refletindo a distinção ordenada por Deus.
- Preservar os contornos naturais: Não raspar ou alterar os contornos naturais das extremidades do cabelo e da barba.
Ao seguir esses princípios, os homens podem observar fielmente essa instrução divina sobre o cabelo e a barba, honrando os mandamentos eternos de Deus conforme foram dados.
ARGUMENTOS INVÁLIDOS PARA NÃO OBEDECER A ESSE MANDAMENTO DE DEUS
ARGUMENTO INVÁLIDO:
“Somente aqueles que querem ter barba precisam obedecer”
Alguns homens, incluindo líderes messiânicos, argumentam que não precisam obedecer a este mandamento porque raspam completamente suas barbas. Segundo esse raciocínio ilógico, o mandamento só se aplicaria se alguém escolhesse “ter uma barba”. Em outras palavras, apenas se um homem quisesse deixar crescer a barba (ou o cabelo) ele precisaria seguir as instruções de Deus.
Esse raciocínio conveniente não se encontra no texto sagrado. Não há nenhum “se” ou “caso” condicional, apenas instruções claras sobre como o cabelo e a barba devem ser mantidos. Usando essa mesma lógica, alguém poderia ignorar outros mandamentos, como o sábado:
- “Eu não preciso guardar o sétimo dia porque não observo nenhum dia.”
- “Eu não preciso me preocupar com carnes proibidas porque nunca pergunto que tipo de carne está no meu prato.”
Esse tipo de atitude não convence a Deus, pois Ele vê que a pessoa considera Suas leis não como algo prazeroso, mas como um incômodo que gostaria que não existisse. Isso está em total contraste com a atitude dos salmistas:
“Ó Senhor, ensina-me a entender as tuas leis, e eu as seguirei sempre. Dá-me entendimento para que eu guarde a tua lei e a obedeça de todo o coração“ (Salmos 119:33-34).
ARGUMENTO INVÁLIDO:
“O mandamento sobre a barba e o cabelo estava relacionado às práticas pagãs das nações vizinhas”
O mandamento sobre cabelo e barba é frequentemente mal interpretado como sendo relacionado a rituais pagãos pelos mortos, simplesmente porque alguns versículos adjacentes no mesmo capítulo mencionam práticas que Deus proíbe. No entanto, quando examinamos o contexto e a tradição judaica, percebemos que essa interpretação carece de base sólida nas Escrituras.
Esse mandamento é uma instrução clara sobre a aparência pessoal, sem qualquer menção a práticas pagãs relacionadas aos mortos ou a qualquer outro costume pagão.
O CONTEXTO MAIS AMPLO DE LEVÍTICO 19
Levítico 19:1-37 contém uma ampla gama de leis que abrangem diversos aspectos da vida diária e da moralidade. Essas leis incluem mandamentos sobre:
- Não praticar advinhação e feitiçaria (Levítico 19:26).
- Não fazer cortes ou tatuagens no corpo pelos mortos (Levítico 19:28).
- Não prostituir (Levítico 19:29).
- Tratar bem os estrangeiros (Levítico 19:33-34).
- Honrar os idosos (Levítico 19:32).
- Usar pesos e medidas justos (Levítico 19:35-36).
- Não misturar diferentes tipos de sementes (Levítico 19:19).
Cada uma dessas leis reflete a preocupação específica de Deus com a santidade e a ordem dentro do povo de Israel. Assim, é essencial considerar cada mandamento por seus próprios méritos. Não se pode simplesmente alegar que o mandamento de não cortar o cabelo e a barba está vinculado a práticas pagãs apenas porque o versículo 28 menciona cortes e marcas no corpo pelos mortos e o versículo 26 trata de feitiçaria.
NENHUMA CLÁUSULA CONDICIONAL NO MANDAMENTO
SEM EXCEÇÕES NAS ESCRITURAS
Embora existam passagens no Tanach que conectam o ato de raspar o cabelo e a barba com o luto, em nenhum lugar das Escrituras se afirma que um homem pode raspar seu cabelo e barba desde que não o faça como sinal de luto.
Essa cláusula condicional ao mandamento é uma adição humana — uma tentativa de criar exceções que Deus não incluiu em Sua Lei. Tal interpretação acrescenta cláusulas que não estão no texto sagrado, revelando uma busca por justificativas para evitar a obediência completa.
AJUSTAR OS MANDAMENTOS É REBELDIA
Essa atitude de ajustar os mandamentos conforme a conveniência pessoal, em vez de seguir o que foi claramente ordenado, vai contra o espírito de submissão à vontade de Deus. As passagens que mencionam raspar-se pelos mortos servem como advertências de que essa desculpa não justificaria a violação do mandamento sobre cabelo e barba.
OS JUDEUS ORTODOXOS
SUA INTERPRETAÇÃO DO MANDAMENTO
Embora tenham uma compreensão equivocada sobre certos detalhes do corte de cabelo e barba, os judeus ortodoxos, desde a antiguidade, sempre entenderam que o mandamento de Levítico 19:27 era distinto das leis relacionadas a práticas pagãs.
Eles mantêm essa distinção, reconhecendo que a proibição reflete um princípio de santidade e separação, sem relação com o luto ou rituais idólatras.
ANALISANDO OS TERMOS HEBRAICOS
As palavras hebraicas usadas no versículo 27, como taqqifu (תקפו), que significa “cortar ou raspar ao redor”, e tashchit תשחית, que significa “danificar” ou “destruir”, indicam uma proibição contra alterar a aparência natural do homem de uma forma que desonre a imagem de santidade que Deus espera de Seu povo.
Não há conexão com as práticas pagãs descritas nos versículos anteriores ou posteriores.
Afirmar que Levítico 19:27 está relacionado a rituais pagãos é incorreto e tendencioso. O versículo faz parte de um conjunto de mandamentos que orientam a conduta e a aparência do povo de Israel e sempre foi entendido como uma ordem distinta, separada dos ritos de luto ou idolatria mencionados em outras passagens.
O ENSINO DE JESUS, POR PALAVRA E EXEMPLO
O verdadeiro seguidor de Cristo usa Sua vida como modelo para tudo. Jesus deixou claro que, se O amamos, seremos obedientes ao Pai e ao Filho.
Esse é um requisito não para os fracos, mas para aqueles que têm seus olhos fixos no Reino de Deus e estão dispostos a fazer o que for necessário para alcançar a vida eterna — mesmo que isso gere oposição de amigos, igreja e família.
MANDAMENTOS IGNORADOS PELA MAIORIA DO CRISTIANISMO
Os mandamentos sobre cabelo e barba, tzitzit, circuncisão, o sábado e as carnes proibidas são ignorados por praticamente todo o cristianismo. Aqueles que se recusam a seguir a multidão certamente enfrentarão perseguição, exatamente como Jesus nos advertiu.
Obedecer a Deus exige coragem, mas a recompensa é a eternidade.
Apêndice 3: O Tzitzit (Franjas, Cordões, Borlas)
O MANDAMENTO DE LEMBRAR DOS MANDAMENTOS
A INSTRUÇÃO SOBRE OS TZITZITS
O mandamento dos tzitzits, dado por Deus através de Moisés durante os 40 anos de peregrinação, instrui os filhos de Israel — tanto os nascidos na terra quanto os gentios — a fazerem franjas (tzitzits [ציצת], que significa cordões, fios, franjas, borlas) nas bordas de suas vestes e a incluir um fio azul entre elas.
Esse símbolo físico serve para distinguir os seguidores de Deus, funcionando como um lembrete constante de sua identidade e compromisso com Seus mandamentos.
O SIGNIFICADO DO FIO AZUL
A inclusão do fio azul — uma cor frequentemente associada aos céus e à divindade — enfatiza a santidade e a importância desse lembrete. Esse mandamento é declarado como válido “por todas as suas gerações”, indicando que não está restrito a um período específico, mas deve ser observado continuamente:
“O Senhor disse a Moisés: ‘Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que, por todas as gerações, façam para si borlas nas extremidades das suas vestes, colocando um fio azul em cada borla. As borlas servirão para que, ao vê-las, vocês se lembrem de todos os mandamentos do Senhor e os obedeçam, para que não se prostituam, seguindo os desejos do próprio coração e dos olhos. Assim vocês lembrarão de obedecer a todos os meus mandamentos e serão consagrados ao seu Deus’” (Números 15:37-40).
O TZITZIT COMO UMA FERRAMENTA SAGRADA
O tzitzit não é um mero adorno; trata-se de uma ferramenta sagrada para guiar o povo de Deus à obediência. Seu propósito é claro: impedir que os fiéis sigam seus próprios desejos e conduzi-los a uma vida de santidade diante de Deus.
Ao usar os tzitzits, os seguidores do Senhor demonstram sua dedicação aos mandamentos e se lembram diariamente da aliança com Ele.
APENAS PARA HOMENS OU PARA TODOS?
A TERMINOLOGIA HEBRAICA
Uma das perguntas mais comuns sobre esse mandamento é se ele se aplica exclusivamente aos homens ou a todos. A resposta está no termo hebraico usado neste versículo, Bnei Yisrael – בני ישראל, que significa “filhos de Israel” (masculino).
Em outros versículos, no entanto, quando Deus dá instruções para toda a comunidade, a frase Kol-Kahal Yisrael (כל-קהל ישראל), que significa “assembleia de Israel”, é usada, indicando claramente que a instrução se aplica a todos (veja Josué 8:35; Deuteronômio 31:11; 2 Crônicas 34:30).
Há também casos em que a população em geral é mencionada usando a palavra am (עַם), que simplesmente significa “povo”, sendo claramente neutra em relação ao gênero. Por exemplo, quando Deus entregou os Dez Mandamentos: “Assim Moisés desceu até o povo (עַם) e lhes falou” (Êxodo 19:25).
A escolha das palavras para o mandamento sobre os tzitzits, no hebraico original, indica que ele foi especificamente direcionado aos filhos (“homens”) de Israel.
A PRÁTICA ENTRE AS MULHERES HOJE
O USO DOS TZITZITS POR MULHERES
Embora algumas mulheres judias modernas e gentias messiânicas gostem de adornar suas roupas com o que chamam de tzitzits, não há nenhuma indicação de que este mandamento foi originalmente destinado a ambos os sexos.
COMO USAR OS TZITZITS
Os tzitzits devem ser fixados na roupa: dois na parte da frente e dois na parte de trás, exceto durante o banho (naturalmente). Alguns consideram opcional usá-los enquanto dormem. Aqueles que optam por não usá-los ao dormir seguem a lógica de que o propósito dos tzitzits é servir como um lembrete visual, o que se torna irrelevante quando se está dormindo.
A pronúncia de tzitzits é (zitzit), e as formas plurais são tzitzitot (zitziôt) ou simplesmente tzitzits.
A COR DOS FIOS
NENHUM TOM ESPECÍFICO DE AZUL É EXIGIDO
É importante observar que a passagem não especifica o tom exato de azul (ou roxo) para o fio especial. No judaísmo moderno, muitos optam por não incluir o fio azul, alegando que a tonalidade exata é desconhecida, e em vez disso utilizam apenas fios brancos nos tzitzits. No entanto, se o tom exato fosse um fator crucial, Deus certamente teria dado uma instrução clara a esse respeito.
A essência do mandamento está na obediência e no lembrete constante dos mandamentos de Deus, e não na exatidão da tonalidade da cor.
O SIMBOLISMO DO FIO AZUL
Alguns acreditam que o fio azul simboliza o Messias, embora não haja base nas Escrituras para essa interpretação, apesar de sua natureza atraente.
Outros aproveitam a ausência de restrições quanto às cores dos demais fios — além da exigência de que um seja azul — para criar tzitzits elaborados e multicoloridos. Isso não é recomendável, pois demonstra uma abordagem casual aos mandamentos de Deus, o que não é construtivo.
CONTEXTO HISTÓRICO DAS CORES
Nos tempos bíblicos, tingir fios era caro, então é quase certo que os tzitzits originais eram feitos com as cores naturais da lã de ovelhas, cabras ou camelos, provavelmente variando entre branco e bege. Recomendamos aderir a esses tons naturais.
O NÚMERO DE FIOS
INSTRUÇÕES BÍBLICAS SOBRE OS FIOS
As Escrituras não especificam quantos fios cada tzitzit deve ter. A única exigência é que um dos fios seja azul.
No judaísmo moderno, os tzitzits são geralmente feitos com quatro fios dobrados ao meio, formando um total de oito fios. Também incorporam nós, que são considerados obrigatórios. No entanto, essa prática de usar oito fios e nós é uma tradição rabínica sem base nas Escrituras.
NÚMEROS SUGERIDOS: CINCO OU DEZ FIOS
Para nossos propósitos, sugerimos o uso de cinco ou dez fios para cada tzitzit. Esse número é escolhido porque, se o propósito dos tzitzits é nos lembrar dos mandamentos de Deus, é apropriado que o número de fios esteja alinhado com os Dez Mandamentos.
Embora a Lei de Deus contenha muito mais do que dez mandamentos, as duas tábuas dos Dez Mandamentos em Êxodo 20 há muito tempo são consideradas um símbolo da totalidade da Lei de Deus.
O SIMBOLISMO DO NÚMERO DE FIOS
Nesse caso:
- Dez fios poderiam representar os Dez Mandamentos em cada tzitzit.
- Cinco fios poderiam simbolizar cinco mandamentos por tábua, embora não se saiba com certeza como os mandamentos foram divididos entre as duas tábuas.
Muitos especulam (sem evidências) que uma tábua continha quatro mandamentos relacionados ao nosso relacionamento com Deus e a outra seis mandamentos sobre nosso relacionamento com outras pessoas.
De qualquer forma, escolher cinco ou dez fios é apenas uma sugestão, pois Deus não forneceu esse detalhe a Moisés.
Faça você mesmo o seu tzitzit segundo o mandamento em Números 15:37-40 Baixar PDF |
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“PARA QUE, AO VÊ-LO, VOCÊS SE LEMBREM”
UMA FERRAMENTA VISUAL PARA A OBEDIÊNCIA
O tzitzit, com seu fio azul, serve como uma ferramenta visual para ajudar os servos de Deus a lembrar e cumprir todos os Seus mandamentos. O versículo enfatiza a importância de não seguir os desejos do coração ou dos olhos, que podem levar ao pecado. Em vez disso, os seguidores de Deus devem focar na obediência aos Seus mandamentos.
UM PRINCÍPIO ETERNO
Esse princípio é atemporal, aplicando-se tanto aos antigos israelitas quanto aos fiéis de hoje, que são chamados a permanecer obedientes aos mandamentos de Deus e evitar as tentações do mundo. Sempre que Deus nos instrui a lembrar de algo, é porque Ele sabe que somos propensos a esquecer.
UMA BARREIRA CONTRA O PECADO
Esse “esquecimento” não significa apenas falhar em lembrar os mandamentos, mas também deixar de colocá-los em prática. Quando uma pessoa está prestes a cometer um pecado e olha para seus tzitzits, é lembrada de que há um Deus que lhe deu mandamentos. Se esses mandamentos não forem obedecidos, haverá consequências.
Nesse sentido, o tzitzit serve como uma barreira contra o pecado, ajudando os crentes a se manterem conscientes de suas obrigações e firmes em sua fidelidade a Deus.
“TODOS OS MEUS MANDAMENTOS“
UM CHAMADO À OBEDIÊNCIA COMPLETA
Observar todos os mandamentos de Deus é essencial para manter a santidade e a fidelidade a Ele. Os tzitzits nas vestes servem como um símbolo tangível para lembrar os servos de Deus de sua responsabilidade de viver uma vida santa e obediente.
Ser santo — separado para Deus — é um tema central em toda a Bíblia, e este mandamento específico fornece um meio pelo qual os servos de Deus podem se lembrar constantemente de sua obrigação de obedecer.
O SIGNIFICADO DE “TODOS” OS MANDAMENTOS
É importante notar o uso do substantivo hebraico kōl כֹּל, que significa “todos”, enfatizando a necessidade de obedecer não apenas alguns mandamentos — como é a prática em praticamente todas as igrejas do mundo —, mas sim todo o conjunto de mandamentos que nos foi dado.
Os mandamentos de Deus são, na verdade, instruções que devem ser seguidas fielmente se desejamos agradá-Lo. Ao fazer isso, estamos nos posicionando para sermos enviados a Jesus e recebermos o perdão de nossos pecados por meio de Seu sacrifício expiatório.
O PROCESSO QUE LEVA À SALVAÇÃO
AGRADANDO AO PAI POR MEIO DA OBEDIÊNCIA
Jesus deixou claro que o caminho para a salvação começa com o indivíduo agradando ao Pai por meio de sua conduta (Salmoss 18:22-24). Quando o Pai examina o coração da pessoa e confirma sua inclinação para a obediência, o Espírito Santo a conduz à observância de todos os Seus santos mandamentos.
O PAPEL DO PAI EM LEVAR ALGUÉM A JESUS
O Pai então envia, ou “dá de presente”, essa pessoa a Jesus:
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:44).
E também:
“Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que Ele me deu, mas os ressuscite no último dia” (João 6:39).
OS TZITZITS COMO UM LEMBRETE DIÁRIO
Os tzitzits, como lembrete visual e físico, desempenham um papel vital nesse processo, servindo como um auxílio diário para que os servos de Deus permaneçam firmes na obediência e na santidade.
Essa conscientização contínua sobre todos os Seus mandamentos não é opcional, mas um aspecto fundamental de uma vida dedicada a Deus e alinhada com Sua vontade.
JESUS E OS TZITZITS
Jesus Cristo, em Sua vida, demonstrou a importância de cumprir os mandamentos de Deus, incluindo o uso dos tzitzits em Suas vestes. Quando lemos o termo grego original (kraspedon) κράσπεδον, que significa tzitzits, fios, franjas, borlas, torna-se evidente que foi isso que a mulher com fluxo de sangue tocou para receber a cura:
“E eis que uma mulher que havia doze anos sofria de uma hemorragia veio por trás Dele e tocou a borla de Sua veste” (Mateus 9:20).
Da mesma forma, no Evangelho de Marcos, vemos que muitos procuravam tocar os tzitzits de Jesus, reconhecendo que simbolizavam os poderosos mandamentos de Deus, que trazem bênçãos e cura:
“E onde quer que Ele entrasse, fosse em povoados, cidades ou campos, colocavam os enfermos nas praças e Lhe rogavam que os deixasse tocar ao menos a borla de Sua veste; e todos os que a tocavam eram curados” (Marcos 6:56).
O SIGNIFICADO DOS TZITZITS NA VIDA DE JESUS
Esses relatos destacam que Jesus observava fielmente o mandamento de usar os tzitzits, conforme instruído na Torá. Os tzitzits não eram meros elementos decorativos, mas símbolos profundos dos mandamentos de Deus, que Jesus incorporou e cumpriu.
O fato de o povo reconhecer os tzitzits como um ponto de conexão com o poder divino ressalta o papel da obediência à Lei de Deus na obtenção de bênçãos e milagres.
A adesão de Jesus a esse mandamento demonstra Sua total submissão à Lei de Deus e fornece um exemplo poderoso para Seus seguidores fazerem o mesmo — não apenas no uso dos tzitzits, mas na obediência a todos os mandamentos do Pai, como o sábado, a circuncisão, o cabelo e a barba e as carnes proibidas.
Apêndice 2: A Circuncisão e o Cristão
CIRCUNCISÃO: UM MANDAMENTO QUE QUASE TODAS AS IGREJAS CONSIDERAM ABOLIDO
Entre todos os santos mandamentos de Deus, a circuncisão parece ser o único que quase todas as igrejas erroneamente consideram abolido. O consenso é tão amplo que até antigos rivais doutrinários — como a Igreja Católica e denominações protestantes (Assembleia de Deus, Adventista, Batista, Presbiteriana, Congregação, etc.) —, bem como grupos frequentemente rotulados como seitas, como os Mórmons e as Testemunhas de Jeová, todos afirmam que este mandamento foi cancelado na cruz.
JESUS NUNCA ENSINOU SEU CANCELAMENTO
Há duas razões principais para essa crença ser tão difundida entre os cristãos, apesar do fato de que Jesus nunca ensinou tal doutrina e de que todos os apóstolos e discípulos de Jesus obedeceram a esse mandamento — incluindo Paulo, cujos escritos são frequentemente usados por líderes para “liberar” os gentios desse requisito estabelecido pelo próprio Deus.
Isso acontece mesmo sem haver qualquer profecia no Antigo Testamento sugerindo que, com a vinda do Messias, o povo de Deus — judeus ou gentios — estaria isento de obedecer a esse mandamento. Na verdade, desde o tempo de Abraão, a circuncisão sempre foi exigida para que qualquer homem fizesse parte do povo que Deus separou para ser salvo, independentemente de ser ou não um descendente de Abraão.
A CIRCUNCISÃO COMO SINAL DO PACTO ETERNO
Ninguém era admitido na comunidade santa (separada das demais nações) sem se submeter à circuncisão. A circuncisão era o sinal físico do pacto entre Deus e Seu povo privilegiado.
Além disso, esse pacto não era limitado a um período específico nem aos descendentes biológicos de Abraão; ele também incluía todos os gentios que desejassem ser oficialmente integrados à comunidade e considerados iguais perante Deus. O Senhor foi explícito: “Isso se aplica não apenas aos nascidos em sua casa, mas também aos servos estrangeiros que você comprou. Quer tenham nascido em sua casa ou tenham sido comprados com seu dinheiro, eles devem ser circuncidados. Meu pacto na sua carne será um pacto eterno” (Gênesis 17:12-13).
OS GENTIOS E A EXIGÊNCIA DA CIRCUNCISÃO
Se os gentios realmente não precisassem desse sinal físico para se tornarem parte do povo separado pelo Senhor, não haveria razão para Deus exigir a circuncisão antes da vinda do Messias, mas não depois.
NENHUM SUPORTE PROFÉTICO PARA UMA MUDANÇA
Para que essa ideia fosse verdadeira, seria necessário que houvesse informações nesse sentido nas profecias, e Jesus teria que nos informar que essa mudança ocorreria após Sua ascensão. No entanto, não há nenhuma menção no Antigo Testamento sobre a inclusão dos gentios no povo de Deus que sugira que eles estariam isentos de qualquer mandamento, incluindo a circuncisão, simplesmente por não serem descendentes biológicos de Abraão.
DUAS RAZÕES COMUMENTE UTILIZADAS PARA NÃO OBEDECER A ESTE MANDAMENTO DE DEUS
PRIMEIRA RAZÃO:
AS IGREJAS ENSINAM ERRONEAMENTE QUE O MANDAMENTO DA CIRCUNCISÃO FOI CANCELADO
A primeira razão pela qual as igrejas ensinam que a lei de Deus sobre a circuncisão foi cancelada (sem especificar quem supostamente a cancelou) está na dificuldade de cumprir esse mandamento. Os líderes religiosos temem que, se aceitarem e ensinarem a verdade — que Deus nunca deu qualquer instrução para aboli-lo —, perderiam muitos membros.
De modo geral, este mandamento é, de fato, inconveniente de cumprir. Sempre foi e continua sendo. Mesmo com os avanços médicos, um cristão que decide obedecer a esse mandamento precisa encontrar um profissional, pagar do próprio bolso (já que a maioria dos planos de saúde não cobre o procedimento), passar pela cirurgia, lidar com os incômodos do pós-operatório e enfrentar o estigma social, além da oposição de familiares, amigos e da própria igreja.
TESTEMUNHO PESSOAL
Um homem precisa estar verdadeiramente determinado a obedecer a este mandamento do Senhor para levá-lo adiante; caso contrário, desistirá com facilidade. Há incentivo de sobra para abandonar esse caminho. Sei disso porque eu mesmo passei por isso aos 63 anos, quando fui circuncidado em obediência ao mandamento.
SEGUNDA RAZÃO:
FALTA DE COMPREENSÃO SOBRE DELEGAÇÃO OU AUTORIZAÇÃO DIVINA
A segunda razão, e certamente a principal, é que a igreja carece de uma compreensão adequada sobre delegação ou autorização divina. Esse equívoco foi explorado desde cedo pelo diabo, quando, apenas algumas décadas após a ascensão de Jesus, começaram as disputas por poder entre os líderes da igreja, culminando na conclusão absurda de que Deus teria delegado a Pedro e a seus supostos sucessores a autoridade para fazer qualquer alteração que desejassem na Lei de Deus.

Essa aberração se estendeu muito além da circuncisão, afetando muitos outros mandamentos do Antigo Testamento, os quais Jesus e Seus seguidores sempre obedeceram fielmente.
AUTORIDADE SOBRE A LEI DE DEUS
Inspirada pelo diabo, a igreja ignorou o fato de que qualquer delegação de autoridade sobre a santa Lei de Deus teria que vir diretamente do próprio Deus — seja através de Seus profetas no Antigo Testamento ou de Seu Messias.
É inconcebível que meros seres humanos se outorguem a autoridade para alterar algo tão precioso para Deus como Sua Lei. Nenhum profeta do Senhor, nem Jesus, jamais nos alertou que o Pai, após o Messias, concederia a qualquer grupo ou indivíduo, dentro ou fora da Bíblia, o poder ou a inspiração para anular, abolir, modificar ou atualizar sequer o menor de Seus mandamentos. Pelo contrário, o Senhor declarou explicitamente que isso seria um grave pecado: “Nada acrescentem às palavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas guardem os mandamentos do Senhor, o seu Deus, que eu lhes ordeno” (Deuteronômio 4:2).
A PERDA DA INDIVIDUALIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS
A IGREJA COMO UM INTERMEDIÁRIO ENTRE O HOMEM E DEUS
Outro problema crítico é a perda da individualidade no relacionamento entre a criatura e o Criador. O papel da igreja nunca foi o de atuar como um intermediário entre Deus e o homem. No entanto, logo no início da era cristã, ela assumiu essa função.
Em vez de cada cristão, guiado pelo Espírito Santo, relacionar-se individualmente com o Pai e o Filho, as pessoas passaram a depender inteiramente de seus líderes para que lhes dissessem o que o Senhor permite ou proíbe.
ACESSO RESTRITO ÀS ESCRITURAS
Esse problema grave ocorreu, em grande parte, porque, até a Reforma do século XVI, o acesso às Escrituras era um privilégio reservado ao clero. Era expressamente proibido que o homem comum lesse a Bíblia por si mesmo, sob a justificativa de que ele seria incapaz de compreendê-la sem a interpretação clerical.
A INFLUÊNCIA DOS LÍDERES SOBRE O POVO
DEPENDÊNCIA DOS ENSINAMENTOS DOS LÍDERES
Cinco séculos se passaram, e apesar do acesso universal às Escrituras, as pessoas continuam a depender exclusivamente do que seus líderes ensinam — certo ou errado — permanecendo incapazes de aprender e agir independentemente em relação ao que Deus exige de cada indivíduo.
Os mesmos ensinamentos errôneos sobre os santos e eternos mandamentos de Deus, que existiam antes da Reforma, continuam sendo transmitidos através dos seminários de todas as denominações.
O ENSINO DE JESUS SOBRE A LEI
Até onde sei, não há uma única instituição cristã que ensine seus futuros líderes o que Jesus claramente ensinou: que nenhum mandamento de Deus perdeu sua validade após a vinda do Messias:
“Porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes menores mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; mas aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus” (Mateus 5:18-19).
OBEDIÊNCIA PARCIAL EM ALGUMAS DENOMINAÇÕES
ADESÃO SELETIVA AOS MANDAMENTOS DE DEUS
Algumas denominações se esforçam para ensinar que os mandamentos do Senhor são eternamente válidos e que nenhum escritor bíblico após o Messias escreveu contra esse entendimento. No entanto, por alguma razão misteriosa, elas limitam a lista de mandamentos válidos àqueles que outras igrejas decidiram declarar abolidos.
Essas denominações enfatizam os Dez Mandamentos (incluindo o sábado, o sétimo dia do quarto mandamento) e as leis dietéticas de Levítico 11, mas não vão além disso.
A INCONSISTÊNCIA DA SELETIVIDADE
O mais curioso é que essas seleções específicas não são acompanhadas por qualquer justificativa clara baseada no Antigo Testamento ou nos quatro Evangelhos que explique por que esses mandamentos em particular são obrigatórios, enquanto outros, como o uso do cabelo e barba, o tzitzit ou a circuncisão, não são mencionados ou defendidos.
Isso levanta a questão: se todos os mandamentos do Senhor são santos e justos, por que escolher obedecer a alguns e não a todos?
O PACTO ETERNO
A CIRCUNCISÃO COMO SINAL DO PACTO
A circuncisão é o comprovante físico do pacto eterno entre Deus e Seu povo, um grupo de seres humanos santos e separados do restante da população. Esse grupo sempre esteve aberto a todos e nunca foi limitado aos descendentes biológicos de Abraão, como alguns assumem.

Desde o momento em que Deus estabeleceu Abraão como o primeiro desse grupo, o Senhor instituiu a circuncisão como um sinal visível e eterno do pacto. Ficou claro que tanto seus descendentes naturais quanto aqueles que não pertenciam à sua linhagem precisariam desse sinal físico do pacto, caso desejassem fazer parte do Seu povo.
OS ESCRITOS DO APÓSTOLO PAULO COMO ARGUMENTO PARA NÃO OBEDECER ÀS LEIS ETERNAS DE DEUS
A INFLUÊNCIA DE MARCIÃO NO CÂNON BÍBLICO
Uma das primeiras tentativas de compilar os diversos escritos que surgiram após a ascensão de Cristo foi feita por Marcião (85 – 160 d.C.), um rico proprietário de navios do século II. Marcião era um seguidor fervoroso de Paulo, mas desprezava os judeus.
Sua Bíblia era composta principalmente pelos escritos de Paulo e por um evangelho próprio, que muitos consideram uma versão plagiada do Evangelho de Lucas. Marcião rejeitou todos os outros evangelhos e epístolas, descartando-os como não inspirados. Em sua Bíblia, todas as referências ao Antigo Testamento foram removidas, pois ele ensinava que o Deus anterior a Jesus não era o mesmo Deus proclamado por Paulo.
A Bíblia de Marcião foi rejeitada pela Igreja de Roma, e ele foi condenado como herege. No entanto, sua visão de que apenas os escritos do apóstolo Paulo eram inspirados por Deus, juntamente com sua rejeição de todo o Antigo Testamento e dos Evangelhos de Mateus, Marcos e João, já havia influenciado as crenças de muitos dos primeiros cristãos.
O PRIMEIRO CÂNON OFICIAL DA IGREJA CATÓLICA
O DESENVOLVIMENTO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
O primeiro cânon do Novo Testamento foi oficialmente reconhecido no final do século IV, cerca de 350 anos depois que Jesus retornou ao Pai. Os concílios da Igreja Católica em Roma, Hipona (393) e Cartago (397), desempenharam um papel fundamental na definição dos 27 livros do Novo Testamento que conhecemos hoje.
Esses concílios foram essenciais para consolidar o cânon e enfrentar as diversas interpretações e textos que circulavam entre as comunidades cristãs.
O PAPEL DOS BISPOS DE ROMA NA FORMAÇÃO DA BÍBLIA
APROVAÇÃO E INCLUSÃO DAS CARTAS DE PAULO
As cartas de Paulo foram incluídas na coleção de escritos aprovados por Roma no século IV. Essa coleção, considerada sagrada pela Igreja Católica, foi chamada de Biblia Sacra em latim e Τὰ βιβλία τὰ ἅγια (ta biblia ta hagia) em grego.
Após séculos de debates sobre quais escritos deveriam compor o cânon oficial, os bispos da Igreja aprovaram e declararam como sagrados: o Antigo Testamento judaico, os quatro Evangelhos, o Livro de Atos (atribuído a Lucas), as epístolas às igrejas (incluindo as cartas de Paulo) e o Livro do Apocalipse, de João.
O USO DO ANTIGO TESTAMENTO NO TEMPO DE JESUS
É importante notar que, no tempo de Jesus, todos os judeus, incluindo o próprio Jesus, liam e referenciavam exclusivamente o Antigo Testamento em seus ensinamentos. Essa prática baseava-se predominantemente na versão grega do texto, conhecida como a Septuaginta, que havia sido compilada cerca de três séculos antes de Cristo.
O DESAFIO DE INTERPRETAR OS ESCRITOS DE PAULO
COMPLEXIDADE E MÁS INTERPRETAÇÕES
Os escritos de Paulo, assim como os de outros autores posteriores a Jesus, foram incorporados à Bíblia oficial aprovada pela Igreja há muitos séculos e, por isso, são considerados fundamentais para a fé cristã.
No entanto, o problema não está em Paulo, mas nas interpretações que fazem de seus escritos. Suas cartas foram escritas em um estilo complexo e difícil, um desafio já reconhecido em sua época (como observado em 2 Pedro 3:16), quando o contexto cultural e histórico ainda era familiar aos leitores. Interpretar esses textos séculos depois, em um contexto completamente diferente, torna essa dificuldade ainda maior.
A QUESTÃO DA AUTORIDADE E DAS INTERPRETAÇÕES
O PROBLEMA DA AUTORIDADE DE PAULO
A questão central não é a relevância dos escritos de Paulo, mas o princípio fundamental da autoridade e sua transferência. Como já explicado, a autoridade que a Igreja atribui a Paulo para cancelar, abolir, corrigir ou atualizar os santos e eternos mandamentos de Deus não é respaldada pelas Escrituras que o precederam. Portanto, essa autoridade não provém do Senhor.
Não há nenhuma profecia no Antigo Testamento ou nos Evangelhos indicando que, após o Messias, Deus enviaria um homem de Tarso a quem todos deveriam ouvir e seguir.
ALINHANDO AS INTERPRETAÇÕES COM O ANTIGO TESTAMENTO E OS EVANGELHOS
A NECESSIDADE DE CONSISTÊNCIA
Isso significa que qualquer compreensão ou interpretação dos escritos de Paulo está errada se não estiver alinhada com as revelações que o precederam. Portanto, um cristão que realmente teme a Deus e Sua Palavra deve rejeitar qualquer interpretação das epístolas — seja de Paulo ou de qualquer outro escritor — que não seja consistente com o que o Senhor revelou por meio de Seus profetas no Antigo Testamento e de Seu Messias, Jesus.
HUMILDADE NA INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS
O cristão deve ter a sabedoria e a humildade de dizer:
“Eu não entendo esta passagem, e as explicações que li são falsas porque não têm o respaldo dos profetas do Senhor e das palavras ditas por Jesus. Vou deixá-la de lado até que, se for da vontade do Senhor, Ele me esclareça.”
UM GRANDE TESTE PARA OS GENTIOS
UM TESTE DE OBEDIÊNCIA E FÉ
Isso pode ser considerado um dos testes mais significativos que o Senhor escolheu impor aos gentios, um teste análogo ao que o povo judeu enfrentou durante sua jornada rumo a Canaã. Como está escrito em Deuteronômio 8:2: “Lembra-te de como o Senhor, teu Deus, te conduziu por todo o caminho no deserto durante estes quarenta anos, para te humilhar e te pôr à prova, a fim de saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os Seus mandamentos.”
IDENTIFICANDO OS GENTIOS OBEDIENTES
Nesse contexto, o Senhor busca identificar quais gentios estão verdadeiramente dispostos a se unir ao Seu povo santo. São aqueles que decidem obedecer a todos os mandamentos, incluindo a circuncisão, apesar da intensa pressão da igreja e das inúmeras passagens nas cartas às igrejas que aparentemente sugerem que vários mandamentos — descritos como eternos nos profetas e nos Evangelhos — foram revogados para os gentios.
A CIRCUNCISÃO DA CARNE E DO CORAÇÃO
UMA ÚNICA CIRCUNCISÃO: FÍSICA E ESPIRITUAL
É importante esclarecer que não existem dois tipos de circuncisão, mas apenas um: o físico. Deveria ser evidente para todos que a expressão “circuncisão do coração”, usada ao longo da Bíblia, é puramente figurativa, assim como “coração quebrantado” ou “coração alegre”.
Quando a Bíblia afirma que alguém é “incircunciso de coração”, isso simplesmente significa que a pessoa não está vivendo como deveria, como alguém que realmente ama a Deus e está disposto a obedecê-Lo.
EXEMPLOS DAS ESCRITURAS
Em outras palavras, esse homem pode ter sido fisicamente circuncidado, mas seu modo de vida não está alinhado com a vida que Deus espera de Seu povo. Por meio do profeta Jeremias, Deus declarou que toda a nação de Israel estava em um estado de “incircuncisão de coração”:
“Pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração” (Jeremias 9:26).
É evidente que todos eram fisicamente circuncidados, mas, ao se afastarem de Deus e abandonarem Sua santa Lei, foram julgados como incircuncisos de coração.
A NECESSIDADE DA CIRCUNCISÃO FÍSICA E DO CORAÇÃO
Todos os filhos homens de Deus, sejam judeus ou gentios, devem ser circuncidados — não apenas fisicamente, mas também de coração. Isso fica claro nestas palavras diretas:
“Assim diz o Soberano Senhor: Nenhum gentio, entre os filhos de Israel ou entre os que vivem no meio deles, entrará no meu santuário, a menos que seja circuncidado no corpo e no coração” (Ezequiel 44:9).
PRINCIPAIS CONCLUSÕES
- O conceito de circuncisão do coração sempre existiu e não foi introduzido no Novo Testamento como uma substituição da verdadeira circuncisão física.
- A circuncisão é exigida de todos os que fazem parte do povo de Deus, sejam judeus ou gentios.
CIRCUNCISÃO E O BATISMO NAS ÁGUAS
UMA SUBSTITUIÇÃO FALSA
Alguns acreditam erroneamente que o batismo nas águas foi instituído para os cristãos como um substituto da circuncisão. No entanto, essa afirmação é uma invenção puramente humana, uma tentativa de evitar a obediência ao mandamento do Senhor.
Se tal alegação fosse verdadeira, esperaríamos encontrar passagens nos profetas ou nos Evangelhos indicando que, após a ascensão do Messias, Deus não exigiria mais a circuncisão dos gentios que desejassem se unir ao Seu povo e que o batismo tomaria seu lugar. No entanto, tais passagens simplesmente não existem.
A ORIGEM DO BATISMO NAS ÁGUAS
Além disso, é importante notar que o batismo nas águas antecede o cristianismo. João Batista não foi o “inventor” nem o “pioneiro” do batismo.
AS ORIGENS JUDAICAS DO BATISMO (MIKVEH)
O MIKVEH COMO RITUAL DE PURIFICAÇÃO
O batismo, ou mikveh, já era um ritual bem estabelecido de imersão entre os judeus muito antes da época de João Batista. O mikveh simbolizava a purificação do pecado e da impureza ritual.

Quando um gentio era circuncidado, ele também passava por um mikveh. Esse ato não apenas servia para purificação ritual, mas também simbolizava a morte — sendo “enterrado” na água — de sua antiga vida pagã. Emergir da água, semelhante ao fluido amniótico do ventre materno, simbolizava seu renascimento para uma nova vida como judeu.
JOÃO BATISTA E O MIKVEH
João Batista não estava criando um novo ritual, mas dando um novo significado a um já existente. Em vez de apenas os gentios “morrerem” para suas vidas antigas e “renascerem” como judeus, João chamava também os judeus que viviam em pecado a “morrer” e “renascer” em um ato de arrependimento.
No entanto, essa imersão não era necessariamente um evento único. Os judeus se imergiam sempre que se tornavam ritualmente impuros, como antes de entrar no Templo. Eles também costumavam — e ainda fazem até hoje — realizar a imersão no Yom Kipur como um ato de arrependimento.
DISTINGUINDO BATISMO E CIRCUNCISÃO
FUNÇÕES DISTINTAS DOS RITUAIS
A ideia de que o batismo substituiu a circuncisão não tem apoio nem nas Escrituras nem na prática histórica judaica. Embora o batismo (mikveh) tenha sido e continue sendo um símbolo significativo de arrependimento e purificação, ele nunca teve a intenção de substituir a circuncisão, que é o sinal eterno do pacto de Deus.
Ambos os rituais possuem propósitos e significados distintos, e um não anula o outro.