Nem todas as coisas vivas foram criadas para serem alimentos para os seres humanos. Essa verdade torna-se evidente quando examinamos o início da humanidade no Jardim do Éden. Adão, o primeiro homem, recebeu a tarefa de cuidar de um jardim. Que tipo de jardim? O texto original em hebraico não especifica, mas há evidências convincentes de que era um jardim de frutas:
“E o Senhor Deus plantou um jardim no éden, ao oriente… E da terra fez o Senhor Deus brotar toda árvore agradável à vista e boa para alimento” (Gênesis 2:15).
Lemos também sobre o papel de Adão em nomear e cuidar dos animais, mas em nenhum lugar das Escrituras se sugere que eles também eram “bons para alimento”, como as árvores. Isso não significa que comer carne seja proibido por Deus—se fosse, haveria instrução explícita nesse sentido em toda a Escritura. No entanto, isso nos diz que o consumo de carne animal não fazia parte da dieta da humanidade desde o princípio. A provisão inicial de Deus na fase inicial da humanidade parece ser totalmente baseada em plantas, enfatizando frutas e outras formas de vegetação.
A DISTINÇÃO ENTRE ANIMAIS PUROS E IMPUROS
Embora Deus eventualmente tenha permitido que os humanos matassem e comessem animais, distinções claras foram estabelecidas entre os animais adequados para consumo e os que não eram. Essa distinção é primeiramente sugerida nas instruções dadas a Noé antes do dilúvio: “Leve com você sete pares de cada tipo de animal puro, macho e fêmea, e um par de cada tipo de animal impuro, macho e fêmea” (Gênesis 7:2).
O fato de Deus não explicar a Noé como distinguir entre animais puros e impuros sugere que tal conhecimento já estava arraigado na humanidade, possivelmente desde o início da criação. Esse reconhecimento de animais puros e impuros pode ser visto como um reflexo de uma ordem divina mais ampla e um propósito, onde certas criaturas foram separadas para funções específicas no contexto natural e espiritual. O provável é que a noção de puro e impuro, até então só se referia a quais animais eram aceitos ou não como oferta ao Senhor. À medida que as Escrituras se desdobram, essa distinção torna-se mais codificada e elaborada, destacando sua importância no relacionamento de aliança entre Deus e Seu povo.
O SIGNIFICADO INICIAL DE ANIMAIS LIMPOS
Com base no que aconteceu até agora na narrativa de Gênesis, podemos afirmar com segurança que, até o dilúvio, a distinção entre animais puros e impuros estava relacionada apenas à sua aceitabilidade como sacrifícios. A oferta de Abel do primogênito de seu rebanho destaca esse princípio. No texto hebraico, a frase “primogênito de seu rebanho” (מִבְּכֹרוֹת צֹאנוֹ) usa a palavra “rebanho” (צֹאן, tzon), que normalmente se refere a pequenos animais domesticados, como ovelhas e cabras. Portanto, é muito provável que Abel tenha oferecido um cordeiro ou um cabrito de seu rebanho (Gênesis 4:3-5).
Da mesma forma, quando Noé saiu da arca, ele construiu um altar e sacrificou holocaustos ao Senhor usando animais limpos, que foram especificamente mencionados nas instruções de Deus antes do dilúvio (Gênesis 8:20; 7:2). Essa ênfase inicial em animais limpos para o sacrifício estabelece a base para a compreensão de seu papel exclusivo na adoração e na pureza do pacto.
As palavras hebraicas usadas para descrever essas categorias—tahor (טָהוֹר) e tamei (טָמֵא)—não são arbitrárias. Elas estão profundamente conectadas aos conceitos de santidade e separação para o Senhor:
- טָמֵא (Tamei)
- Significado: Impuro, imundo.
- Uso: Refere-se à impureza ritual, moral ou física. Frequentemente associado a animais, objetos ou ações proibidos para consumo ou adoração.
- Exemplo: “No entanto, estes vocês não deverão comer… eles são impuros (tamei) para vocês” (Levítico 11:4).
- טָהוֹר (Tahor)
- Significado: Puro, limpo.
- Uso: Refere-se a animais, objetos ou pessoas adequados para consumo, adoração ou atividades rituais.
- Exemplo: “Vocês devem fazer distinção entre o santo e o comum, e entre o impuro e o puro” (Levítico 10:10).
Esses termos formam a base das leis alimentares de Deus, que são detalhadas posteriormente em Levítico 11 e Deuteronômio 14. Esses capítulos listam explicitamente os animais considerados puros (permitidos para alimento) e impuros (proibidos para comer), garantindo que o povo de Deus permaneça distinto e santo.
ADVERTÊNCIAS DE DEUS CONTRA O CONSUMO DE CARNES IMPURAS
Ao longo do Tanach (Antigo Testamento), Deus advertiu repetidamente Seu povo por violar Suas leis alimentares. Várias passagens condenam especificamente o consumo de animais impuros, enfatizando que essa prática era vista como rebelião contra os mandamentos de Deus:
“Um povo que Me provoca continuamente diante do Meu rosto… que come carne de porcos, e em cujos vasos há caldo de carne impura” (Isaías 65:3-4).
“Os que se consagram e se purificam para entrar nos jardins, seguindo aquele que está entre os que comem carne de porcos, ratos e outras coisas impuras—eles terão o mesmo fim junto com aqueles que seguem,” declara o Senhor (Isaías 66:17).
Essas repreensões destacam que comer carne impura não era apenas uma questão dietética, mas uma falha moral e espiritual. O ato de consumir tais alimentos estava vinculado à desobediência às instruções de Deus. Ao se entregarem a práticas explicitamente proibidas, o povo demonstrava um desprezo pela santidade e obediência.
JESUS E AS CARNES IMPURAS
Com a vinda de Jesus, o surgimento do cristianismo e os escritos do Novo Testamento, muitos começaram a questionar se Deus não se importa mais com a obediência às Suas leis, incluindo Suas regras sobre alimentos impuros. Na realidade, praticamente todo o mundo cristão consome o que quiser.
No entanto, o fato é que não há profecia no Antigo Testamento que diga que o Messias cancelaria a lei sobre carnes impuras ou qualquer outra lei de Seu Pai (como alguns argumentam). Jesus claramente obedeceu às ordenanças do Pai em tudo, incluindo neste ponto. Se Jesus tivesse comido carne de porco, assim como sabemos que Ele comeu peixe (Lucas 24:41-43) e cordeiro (Mateus 26:17-30), então teríamos um claro ensinamento pelo exemplo, mas sabemos que não foi o caso. Não há indicação de que Jesus e Seus discípulos violaram essas instruções dadas por Deus através dos profetas.
ARGUMENTOS REFUTADOS
FALSO ARGUMENTO: “Jesus declarou todos os alimentos puros”
A VERDADE: Marcos 7:1-23 é frequentemente citado como evidência de que Jesus aboliu as leis alimentares relacionadas à carne impura. No entanto, um exame cuidadoso do texto revela que essa interpretação é infundada. O versículo frequentemente citado de forma errada diz:
“Porque não entra no coração, mas no estômago, e sai para fora”. (Assim declarou puros todos os alimentos.) (Marcos 7:19).
O CONTEXTO: NÃO SE TRATA DE ALIMENTOS PUROS E IMPUROS
Primeiramente, o contexto dessa passagem não tem nada a ver com alimentos puros ou impuros, conforme delineado em Levítico 11. Em vez disso, ela foca em um debate entre Jesus e os fariseus sobre uma tradição judaica não relacionada às leis alimentares. Os fariseus e escribas notaram que os discípulos de Jesus não realizavam a lavagem cerimonial das mãos antes de comer, conhecida em hebraico como netilat yadayim (נטילת ידיים). Esse ritual envolve lavar as mãos com uma bênção e é uma prática tradicional observada até hoje na comunidade judaica, particularmente entre os ortodoxos.
A preocupação dos fariseus não era com as leis alimentares de Deus, mas com a adesão a essa tradição humana. Eles viam o fato de os discípulos não realizarem o ritual como uma violação de seus costumes, equiparando isso à impureza.
A RESPOSTA DE JESUS: O QUE IMPORTA É O CORAÇÃO
Jesus passa boa parte de Marcos 7 ensinando que o que realmente contamina uma pessoa não são práticas ou tradições externas, mas a condição do coração. Ele enfatiza que a impureza espiritual vem de dentro, de pensamentos e ações pecaminosas, e não de falhar em observar rituais cerimoniais.
Quando Jesus explica que o alimento não contamina uma pessoa porque entra no sistema digestivo e não no coração, Ele não está abordando as leis alimentares, mas sim a tradição da lavagem cerimonial das mãos. Seu foco está na pureza interna, e não em rituais externos.
UMA ANÁLISE MAIS DETALHADA DE MARCOS 7:19
Marcos 7:19 é frequentemente mal compreendido devido a uma nota explicativa inexistente que os publicadores de Bíblias inseriram no texto, afirmando: “Com isso, ele declarou todos os alimentos puros.” No texto grego, a sentença apenas diz: “οτι ουκ εισπορευεται αυτου εις την καρδιαν αλλ εις την κοιλιαν και εις τον αφεδρωνα εκπορευεται καθαριζον παντα τα βρωματα,” que traduzido literalmente significa: “Porque não entra nele no coração, mas no estômago, e sai para a latrina, purificando todos os alimentos.”
Ler: “sai para a latrina, purificando todos os alimentos” e traduzir como: “Com isso, ele declarou todos os alimentos puros” é uma tentativa descarada de manipular o texto para se ajustar a um viés comum contra a Lei de Deus nos seminários e vendedores de Bíblias.
O que faz mais sentido é que toda a frase é Jesus descrevendo na linguagem cotidiana da época o processo de comer. O sistema digestivo ingere o alimento, extrai nutrientes e componentes benéficos que o corpo necessita (a parte limpa), e então expulsa o restante como resíduo. A frase “purificando todos os alimentos” provavelmente se refere a este processo natural de separar os nutrientes úteis do que será descartado.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
Marcos 7:1-23 não trata de abolir as leis alimentares de Deus, mas de rejeitar tradições humanas que elevam rituais externos acima das questões do coração. Jesus ensinou que a verdadeira contaminação vem de dentro, e não de falhar em observar a lavagem cerimonial das mãos. A afirmação de que “Jesus declarou todos os alimentos puros” é uma interpretação errada do texto, enraizada em preconceitos contra as leis eternas de Deus. Ao ler cuidadosamente o contexto e o idioma original, fica claro que Jesus respeitou os ensinamentos da Torá e não desconsiderou as leis alimentares dadas por Deus.
FALSO ARGUMENTO: “Em uma visão, Deus disse ao apóstolo Pedro que agora podemos comer a carne de qualquer animal”
A VERDADE: Muitas pessoas citam a visão de Pedro em Atos 10 como evidência de que Deus aboliu as leis alimentares relacionadas a animais impuros. No entanto, um exame mais detalhado do contexto e do propósito da visão revela que ela nada tinha a ver com a anulação das leis sobre alimentos puros e impuros. Em vez disso, a visão foi destinada a ensinar Pedro a aceitar os gentios no povo de Deus, e não a alterar as instruções dietéticas dadas por Deus.
A VISÃO DE PEDRO E SEU PROPÓSITO
Em Atos 10, Pedro tem uma visão de um lençol descendo do céu, contendo todos os tipos de animais, tanto puros quanto impuros, acompanhada de uma ordem para “matar e comer”. A resposta imediata de Pedro é clara:
“De modo nenhum, Senhor! Eu jamais comi algo impuro ou imundo” (Atos 10:14).
Esta reação é significativa por várias razões:
- A Obediência de Pedro às leis alimentares
Essa visão ocorre após a ascensão de Jesus e o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Se Jesus tivesse abolido as leis alimentares durante Seu ministério, Pedro—um dos discípulos mais próximos de Jesus—teria conhecimento disso e não teria objetado tão fortemente. O fato de Pedro ter recusado comer animais impuros demonstra que ele ainda seguia as leis alimentares e não tinha entendimento de que elas haviam sido abolidas.
- O Verdadeiro Propósito da Visão
A visão é repetida três vezes, enfatizando sua importância, mas seu verdadeiro significado é esclarecido apenas alguns versículos depois, quando Pedro visita a casa de Cornélio, um gentio. O próprio Pedro explica o significado da visão:
“Deus me mostrou que eu não devo chamar impuro ou imundo nenhum homem” (Atos 10:28).
A visão não tinha nada a ver com comida, mas era uma mensagem simbólica. Deus usou a imagem de animais puros e impuros para ensinar Pedro que as barreiras entre judeus e gentios estavam sendo removidas e que os gentios agora poderiam ser aceitos na comunidade da aliança de Deus.
INCONSISTÊNCIAS LÓGICAS COM O ARGUMENTO DE QUE “A LEI SOBRE ALIMENTOS FOI ABOLIDA”
A afirmação de que a visão de Pedro aboliu as leis alimentares ignora vários pontos cruciais:
- A Resistencia Inicial de Pedro
Se as leis alimentares já tivessem sido abolidas, a objeção de Pedro não faria sentido. Suas palavras refletem sua adesão contínua a essas leis, mesmo após anos seguindo Jesus.
- Nenhuma Evidência Escriturística de Abolição
Em nenhum lugar de Atos 10 o texto afirma explicitamente que as leis alimentares foram abolidas. O foco é inteiramente na inclusão dos gentios, não em uma redefinição de alimentos puros e impuros.
- O Simbolismo da Visão
O propósito da visão torna-se evidente em sua aplicação. Quando Pedro percebe que Deus não faz distinção entre as pessoas, mas aceita aqueles de qualquer nação que O temem e fazem o que é certo (Atos 10:34-35), fica claro que a visão era sobre derrubar preconceitos, não sobre regulações dietéticas.
- Contradições na Interpretação
Se a visão fosse sobre a abolição das leis alimentares, isso contradiziria o contexto mais amplo de Atos, onde os crentes judeus, incluindo Pedro, continuaram a observar as instruções da Torá. Além disso, a visão perderia seu poder simbólico se fosse interpretada literalmente, pois então abordaria apenas práticas dietéticas e não a questão mais significativa da inclusão dos gentios.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
A visão de Pedro em Atos 10 não era sobre comida, mas sobre pessoas. Deus usou a imagem de animais puros e impuros para transmitir uma verdade espiritual mais profunda: que o evangelho era para todas as nações e que os gentios não deveriam mais ser considerados impuros ou excluídos do povo de Deus. Interpretar essa visão como uma revogação das leis alimentares é um mal-entendido tanto do contexto quanto do propósito da passagem.
As instruções dietéticas dadas por Deus em Levítico 11 permanecem inalteradas e nunca foram o foco dessa visão. As próprias ações e explicações de Pedro confirmam isso. A verdadeira mensagem da visão é sobre derrubar barreiras entre pessoas, não alterar as leis eternas de Deus.
FALSO ARGUMENTO: “O concílio de Jerusalém decidiu que os gentios poderiam comer qualquer coisa, desde que não fosse estrangulada ou com sangue”
A VERDADE: O Concílio de Jerusalém (Atos 15) é frequentemente interpretado de forma errada para sugerir que os gentios receberam permissão para desconsiderar a maioria dos mandamentos de Deus e seguir apenas quatro requisitos básicos. No entanto, um exame mais detalhado revela que esse concílio não se tratava de abolir as leis de Deus para os gentios, mas de facilitar sua participação inicial nas comunidades judaicas messiânicas.
SOBRE O QUE ERA O CONCÍLIO DE JERUSALÉM?
A questão principal abordada no concílio era se os gentios precisavam se comprometer integralmente com toda a Torá—incluindo a circuncisão—antes de serem autorizados a ouvir o evangelho e participar das reuniões das primeiras congregações messiânicas.
Durante séculos, a tradição judaica defendeu que os gentios deveriam se tornar totalmente observantes da Torá, incluindo a adoção de práticas como a circuncisão, a observância do sábado, as leis alimentares e outros mandamentos, antes que um judeu pudesse interagir livremente com eles (veja Mateus 10:5-6; João 4:9; Atos 10:28). A decisão do conselho marcou uma mudança, reconhecendo que os gentios poderiam começar sua jornada de fé sem seguir imediatamente todas essas leis.
QUATRO REQUISITOS INICIAIS PARA HARMONIA
O concílio concluiu que os gentios poderiam frequentar as reuniões congregacionais como estavam, desde que evitassem as seguintes práticas (Atos 15:20):
- Alimentos Contaminados por Ídolos: Evitar consumir alimentos sacrificados a ídolos, pois a idolatria era profundamente ofensiva aos crentes judeus.
- Imoralidade Sexual: Abster-se de pecados sexuais, que eram comuns nas práticas pagãs.
- Carne de Animais Estrangulados: Evitar comer animais que foram mortos de forma inadequada, pois isso retinha sangue, algo proibido pelas leis alimentares de Deus.
- Sangue: Evitar consumir sangue, uma prática proibida na Torá (Levítico 17:10-12).
Esses requisitos não eram um resumo de todas as leis que os gentios precisavam seguir. Em vez disso, serviam como um ponto de partida para garantir paz e unidade entre crentes judeus e gentios em congregações mistas.
O QUE ESSA DECISÃO NÃO SIGNIFICAVA
É absurdo afirmar que esses quatro requisitos eram as únicas leis que os gentios precisavam obedecer para agradar a Deus e receber a salvação.
- Os gentios estavam livres para violar os Dez Mandamentos?
- Eles poderiam adorar outros deuses, usar o nome de Deus em vão, roubar ou matar? Claro que não. Tal conclusão contradiz tudo o que as Escrituras ensinam sobre as expectativas de Deus quanto à retidão.
- Um Ponto de Partida, Não um Ponto Final:
- O concílio abordou a necessidade imediata de permitir que os gentios participassem das reuniões judaico-messiânicas. Pressupunha-se que eles cresceriam em conhecimento e obediência ao longo do tempo.
ATOS 15:21 TRAZ CLAREZA
A decisão do concílio é esclarecida em Atos 15:21:
“Porque, desde os tempos antigos, Moisés [a Torá] é pregado em todas as cidades, sendo lido nas sinagogas a cada sábado.”
Este versículo demonstra que os gentios continuariam aprendendo as leis de Deus à medida que frequentassem a sinagoga e ouvissem a Torá. O concílio não aboliu os mandamentos de Deus, mas estabeleceu uma abordagem prática para que os gentios iniciassem sua jornada de fé sem sobrecarga.
CONTEXTO DOS ENSINAMENTOS DE JESUS
O próprio Jesus enfatizou a importância dos mandamentos de Deus. Por exemplo, em Mateus 19:17 e Lucas 11:28, e em todo o Sermão da Montanha (Mateus 5-7), Jesus afirmou a necessidade de seguir as leis de Deus, como não cometer assassinato, adultério, amar o próximo e muitas outras. Esses princípios eram fundamentais e não teriam sido descartados pelos apóstolos.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
O Concílio de Jerusalém não declarou que os gentios poderiam comer qualquer coisa ou ignorar os mandamentos de Deus. Ele tratou de uma questão específica: como os gentios poderiam começar a participar das congregações judaico-messiânicas sem adotar imediatamente todos os aspectos da Torá. Os quatro requisitos eram medidas práticas para promover a harmonia em comunidades mistas de judeus e gentios.
A expectativa era clara: os gentios cresceriam em sua compreensão das leis de Deus ao longo do tempo por meio do ensino da Torá, que era lida nas sinagogas todos os sábados. Sugerir o contrário deturpa o propósito do concílio e ignora os ensinamentos mais amplos das Escrituras.
FALSO ARGUMENTO: “O apóstolo Paulo ensinou que Cristo cancelou a necessidade de obedecer às leis de Deus para a salvação”
A VERDADE: Muitos líderes cristãos, senão a maioria, ensinam incorretamente que o apóstolo Paulo era contra a Lei de Deus e instruiu os convertidos gentios a desconsiderarem Seus mandamentos. Alguns até sugerem que obedecer às leis de Deus poderia colocar em risco a salvação. Essa interpretação levou a uma confusão teológica significativa.
Estudiosos que discordam dessa perspectiva têm trabalhado arduamente para abordar as controvérsias em torno dos escritos de Paulo, tentando demonstrar um por um que seus ensinamentos foram mal compreendidos ou tirados de contexto em relação à Lei e à salvação. No entanto, nosso ministério tem uma posição diferente.
POR QUE EXPLICAR PAULO É A ABORDAGEM ERRADA
Acreditamos que é desnecessário—e até ofensivo ao Senhor—fazer grandes esforços para explicar a posição de Paulo sobre a Lei. Fazer isso eleva Paulo, um ser humano, a um status igual ou superior ao dos profetas de Deus, e até mesmo de Jesus Cristo.
Em vez disso, a abordagem teológica adequada é examinar se as Escrituras anteriores a Paulo previram ou endossaram a ideia de que alguém viria depois de Jesus para ensinar uma mensagem que anulasse as leis de Deus. Se essa profecia importante existisse, teríamos motivos para aceitar os ensinamentos de Paulo sobre esse assunto como divinamente autorizados, e faria sentido fazer o máximo para entendê-los e viver de acordo com eles.
A AUSÊNCIA DE PROFECIAS SOBRE PAULO
A realidade é que as Escrituras não contêm profecias sobre Paulo—ou qualquer outra figura—trazendo uma mensagem que cancela as leis de Deus. Os únicos indivíduos explicitamente profetizados no Antigo Testamento e que aparecem no Novo Testamento são:
- João Batista: Seu papel como precursor do Messias foi predito e confirmado por Jesus (por exemplo, Isaías 40:3, Malaquias 4:5-6, Mateus 11:14).
- Judas Iscariotes: Referências indiretas são encontradas em passagens como Salmos 41:9 e Salmos 69:25.
- José de Arimateia: Isaías 53:9 alude indiretamente a ele como aquele que providenciou o sepultamento de Jesus.
Além desses indivíduos, não existem profecias sobre qualquer outra pessoa sendo enviada para anular os mandamentos de Deus ou ensinar que os gentios poderiam ser salvos sem obedecer às Suas leis eternas.
O QUE JESUS PROFETIZOU SOBRE O QUE VIRIA APÓS SUA ASCENSÃO
Jesus fez várias profecias sobre o que aconteceria após Seu ministério terreno, incluindo:
- A destruição do Templo (Mateus 24:2).
- A perseguição de Seus discípulos (João 15:20, Mateus 10:22).
- A propagação da mensagem do Reino a todas as nações (Mateus 24:14).
No entanto, não há menção de alguém de Tarso—ou de qualquer outro lugar—sendo enviado e autorizado pelo Pai a ensinar uma nova doutrina contrária à obediência à Lei de Deus; algo ensinado pelos profetas do Senhor desde o início dos tempos e confirmado pelo própio Filho de Deus: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus [Antigo Testamento] e a obedecem” (Lucas 11:28).
O VERDADEIRO TESTE DOS ESCRITOS DE PAULO
Isso não significa que devamos rejeitar os escritos de Paulo ou de Pedro, João e Tiago. Em vez disso, devemos abordar seus escritos com cautela, garantindo que qualquer interpretação esteja alinhada com as Escrituras fundamentais: a Lei e os Profetas do Antigo Testamento, e os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos.
O problema não está nos escritos em si, mas nas interpretações que teólogos e líderes religiosos impuseram sobre eles. Qualquer interpretação dos ensinamentos de Paulo deve ser apoiada por:
- O Antigo Testamento: A Lei de Deus revelada por meio de Seus profetas.
- Os Quatro Evangelhos: As palavras e ações de Jesus, que cumpriu e confirmou a Lei.
Se uma interpretação não atende a esses critérios, não deve ser aceita como verdade.
CONCLUSÃO SOBRE ESTE FALSO ARGUMENTO
O argumento de que Paulo ensinou o cancelamento das leis de Deus, incluindo as instruções dietéticas, não é sustentado pelas Escrituras. Nenhuma profecia previu tal mensagem, e o próprio Jesus confirmou a Lei. Portanto, qualquer ensinamento que afirme o contrário deve ser analisado à luz da imutável Palavra de Deus.
Como seguidores do Messias, somos chamados a buscar alinhamento com o que já foi escrito e revelado por Deus, e não a confiar em interpretações que contradizem Seus mandamentos eternos.
AS CARNES PROIBIDAS SEGUNDO A LEI DE DEUS
As leis alimentares de Deus, descritas na Torá, definem especificamente os animais que Seu povo pode comer e aqueles que deve evitar. Essas instruções enfatizam santidade, obediência e separação de práticas que contaminam. Abaixo está uma lista detalhada e descritiva das carnes proibidas, com referências bíblicas.
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ANIMAIS TERRESTRES QUE NÃO RUMINAM OU NÃO TÊM CASCOS FENDIDOS
- Os animais são considerados impuros se lhes faltar uma ou ambas essas características.
- Exemplos de Animais Proibidos:
- Camelo (gamal, גָּמָל) – Rumina, mas não tem cascos fendidos (Levítico 11:4).
- Hirax (shafan, שָׁפָן) – Rumina, mas não tem cascos fendidos (Levítico 11:5).
- Lebre (arnevet, אַרְנֶבֶת) – Rumina, mas não tem cascos fendidos (Levítico 11:6).
- Porco (chazir, חֲזִיר) – Tem cascos fendidos, mas não rumina (Levítico 11:7).
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CRIATURAS AQUÁTICAS SEM BARBATANAS E ESCAMAS
- Somente peixes com barbatanas e escamas são permitidos. Criaturas que não têm uma dessas características são impuras.
- Exemplos de Criaturas Proibidas:
- Bagre – Não tem escamas.
- Frutos do mar – Inclui camarões, caranguejos, lagostas e mariscos.
- Enguias – Não têm barbatanas nem escamas.
- Lulas e Polvos – Não têm barbatanas nem escamas (Levítico 11:9-12).
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AVES DE RAPINA, NECRÓFAGAS E OUTRAS AVES PROIBIDAS
- A lei especifica certas aves que não devem ser comidas, geralmente associadas a comportamentos predatórios ou necrófagos.
- Exemplos de Aves Proibidas:
- Águia (nesher, נֶשֶׂר) (Levítico 11:13).
- Abutre (da’ah, דַּאָה) (Levítico 11:14).
- Corvo (orev, עֹרֵב) (Levítico 11:15).
- Coruja, Falcão, Corvo-marinho e outros (Levítico 11:16-19).
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INSETOS VOADORES QUE ANDAM SOBRE QUATRO PATAS
- Os insetos voadores são geralmente impuros, a menos que tenham pernas articuladas para pular.
- Exemplos de Insetos Proibidos:
- Moscas, mosquitos e besouros.
- Gafanhotos e locustas, no entanto, são exceções e permitidos (Levítico 11:20-23).
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ANIMAIS QUE RASTEJAM PELO CHÃO
- Qualquer criatura que se move sobre a barriga ou tem múltiplas pernas e rasteja pelo chão é impura.
- Exemplos de Criaturas Proibidas:
- Cobras.
- Lagartos.
- Ratos e toupeiras (Levítico 11:29-30, 11:41-42).
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ANIMAIS MORTOS OU EM DECOMPOSIÇÃO
- Mesmo de animais puros, qualquer carcaça que tenha morrido por conta própria ou tenha sido rasgada por predadores é proibida para consumo.
- Referência: Levítico 11:39-40, Êxodo 22:31.
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CRUZAMENTO ENTRE ESPÉCIES
- Embora não seja diretamente dietética, o cruzamento entre espécies é proibido, implicando cuidado nas práticas de produção de alimentos.
- Referência: Levítico 19:19.
Essas instruções demonstram o desejo de Deus de que Seu povo seja distinto, honrando-O até mesmo em suas escolhas alimentares. Ao seguir essas leis, Seus seguidores mostram obediência e respeito pela santidade de Seus mandamentos.