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Apêndice 2: A Circuncisão e o Cristão

Entre todos os santos mandamentos de Deus, se não me engano, a circuncisão é o único que praticamente todas as igrejas erroneamente consideram abolido. O consenso é tão grande que até mesmo antigos rivais doutrinários, como a igreja católica e as protestantes (pentecostal, adventista, batista, presbiteriana, congregação, etc.), incluindo as consideradas seitas, como os mórmons e os testemunhos de Jeová, todos defendem que este mandamento foi cancelado na cruz.

DUAS RAZÕES COMUMENTE USADAS PARA NÃO OBEDECER A ESTE MANDAMENTO DE DEUS

Existem duas razões principais para este entendimento ser tão popular entre os cristãos, apesar de Jesus nunca ter ensinado tal doutrina e de todos os apóstolos e discípulos de Jesus estarem em obediência a este mandamento, incluindo Paulo, cujos escritos os líderes usam para “liberar” os gentios dessa exigência do próprio Deus. Isso ocorre mesmo sem haver nenhuma profecia no Antigo Testamento sugerindo que, com a vinda do Messias, o povo de Deus, judeus ou gentios, estariam isentos de obedecer a este mandamento do Senhor. Ou seja, apesar da circuncisão sempre ter sido exigida, desde Abraão, para que o homem faça parte do povo que Deus separou para ser salvo, seja ele descendente de Abraão ou não.

Ninguém era admitido como parte da comunidade santa (separada dos outros povos) se não se submetesse à circuncisão. A circuncisão era o sinal físico da aliança entre Deus e o povo privilegiado. Novamente, este pacto não era limitado ao tempo ou aos descendentes biológicos de Abraão, mas também incluía todos os estrangeiros, para serem oficialmente incluídos na comunidade e serem considerados iguais perante Deus. O Senhor foi claro: “Isso se aplica não apenas aos membros de sua família, mas também aos servos nascidos em sua casa e aos servos estrangeiros que você comprou. Quer sejam nascidos em sua casa, quer os tenha comprado, todos devem ser circuncidados. Terão no corpo o sinal da minha aliança sem fim” (Gênesis 17:12-13).

Se os gentios realmente não precisassem deste sinal físico para se tornarem parte do povo separado pelo Senhor, não haveria motivo para Deus exigir a circuncisão antes da vinda do Messias, mas não depois. Para isso ser verdade, teria que haver tal informação nas profecias, e Jesus teria que nos informar que isso ocorreria após sua ascensão. No entanto, nenhuma menção no Antigo Testamento sobre a inclusão dos gentios no povo de Deus menciona que eles estariam isentos de qualquer mandamento, incluindo a circuncisão, apenas porque não eram descendentes biológicos de Abraão.

TODOS OS MANDAMENTO SE APLICAM AOS GENTIOS

Tanto os descendentes biológicos de Abraão quanto os gentios que se unirem ao povo de Deus terão que obedecer a todos os mandamentos, sem exceção: “A assembleia deverá ter as mesmas leis, que valerão tanto para vocês como para o estrangeiro (גר, ger) que vive entre vocês; este é um decreto perpétuo pelas suas gerações, que, perante o Senhor, valerá tanto para vocês quanto para o estrangeiro residente (גר). A mesma lei e ordenança se aplicará tanto a vocês como ao estrangeiro residente (גר)” (Números 15:15-16).

O ESTRANGEIRO RESIDENTE

(Todos os Gentios, no Passado e Presente, Que Querem Fazer Parte do Povo de Deus)

Este termo (גר, ger) se refere a um estrangeiro, um indivíduo não-judeu que vive permanentemente entre os israelitas e se compromete a seguir suas leis e práticas de fé no único e verdadeiro Deus. O “ger” era diferente de outros tipos de gentios em contato com Israel, pois ele se integrava na comunidade e adotava um estilo de vida idêntico ao dos israelitas, incluindo a observância das santas leis de Deus.

Outros tipos de estrangeiros incluíam:

  • Nokri (נכרי): Um estrangeiro que não tinha laços com a comunidade israelita e geralmente era visto como um visitante ou comerciante temporário. Eles não eram obrigados a seguir as leis de Israel, mas deviam respeitar algumas normas básicas enquanto estivessem no território.
  • Toshav (תושב): Este termo pode se referir a um residente temporário ou um imigrante que vivia entre os israelitas, mas que não se comprometia com a plena observância das leis religiosas de Israel. Embora eles pudessem viver por longos períodos no território, não tinham os mesmos direitos e deveres que os “gerim” (plural de “ger”).

O “ger” tinha um status especial, pois ao aceitar as leis de Deus, ele podia participar plenamente da vida religiosa e social da comunidade. Isso incluía a participação em sacrifícios e festividades.

A PRIMEIRA RAZÃO

A primeira razão pela qual as igrejas ensinam erroneamente que o mandamento da circuncisão foi cancelado — sem nunca mencionar quem o cancelou — reside na dificuldade de cumprir esse mandamento. Se os líderes aceitassem e ensinassem a verdade de que Deus nunca nos deu tal instrução, temem que perderiam muitos membros.

Em termos gerais, este é, de fato, um mandamento inconveniente de se cumprir. Sempre foi e continua sendo. Mesmo com os avanços médicos, o cristão que decidir cumprir este mandamento terá que procurar um profissional, pagar uma quantia do próprio bolso (geralmente planos de saúde não cobrem), passar pela cirurgia em si, lidar com as inconveniências pós-cirúrgicas, além do estigma associado, causando a oposição da família, amigos e igreja. O homem tem que estar realmente decidido a cumprir este mandamento do Senhor para ir adiante, caso contrário, ele facilmente desistirá. Incentivo para desistir não falta. Sei disso porque tive que passar por tudo isso aos 63 anos, quando fui circuncidado em obediência ao mandamento.

A SEGUNDA RAZÃO

A segunda razão, e certamente a principal, é que a igreja não possui o correto conceito de delegação ou autorização divina. Esta falta de entendimento foi explorada logo de início pelo diabo quando, poucas décadas após a ascensão de Jesus, começaram as disputas pelo poder entre os líderes das igrejas, culminando com a conclusão absurda de que Deus delegou a Pedro e a seus supostos sucessores a autoridade para fazer qualquer mudança que quisessem na Lei de Deus. Esta aberração não se limitou à circuncisão, mas a vários outros mandamentos contidos no Antigo Testamento que o próprio Jesus e os seus seguidores sempre obedeceram. Inspirada pelo diabo, a igreja desconsiderou que qualquer delegação de autoridade sobre a santa Lei de Deus teria que vir do próprio Deus, através dos seus profetas do Antigo Testamento ou através do seu Messias. É inconcebível que simples seres humanos deleguem a si mesmos autoridade para mudar algo tão precioso para Deus como a sua Lei.

O PECADO DE ACRESCENTAR OU RETIRAR DAS REVELAÇÕES DO ANTIGO TESTAMENTO

Nenhum profeta do Senhor e tampouco Jesus nos alertou que o Pai, após o Messias, daria a qualquer grupo ou ser humano, dentro ou fora da Bíblia, o poder ou a inspiração para anular, abolir, mudar ou atualizar sequer o menor dos seus mandamentos, muito pelo contrário, o Senhor foi claro que isso seria um pecado sério: “Nada acrescentem às palavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas obedeçam aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, que eu lhes ordeno” (Deuteronômio 4:2). Outro ponto importante é a perda da individualidade no relacionamento entre a criatura e o seu Criador. A função da igreja nunca foi a de ser intermediária entre Deus e o homem, mas logo no início da era cristã ela assumiu esse papel. Em vez de cada convertido, guiado pelo Espírito Santo, se relacionar com o Pai e o Filho individualmente, todos começaram a depender totalmente dos seus líderes para lhes dizer o que o Senhor permite ou proíbe. Esse sério problema ocorreu em grande parte porque, até a Reforma do século XVI, o acesso às Escrituras era um privilégio eclesiástico, e era especificamente proibido que o homem comum lesse a Bíblia por si mesmo, sob a justificativa de que ele não tinha condições de entendê-la sem a interpretação do clérigo.

A INFLUÊNCIA DOS LÍDERES SOBRE O POVO

Cinco séculos se passaram, e apesar de agora todos terem acesso às Escrituras, o povo continua sendo guiado exclusivamente por aquilo que os seus líderes ensinam, certo ou errado, sendo incapazes de aprender e agir por si mesmos quanto ao que Deus exige de cada indivíduo. Os mesmos ensinos errados sobre os santos e eternos mandamentos de Deus que ocorriam antes da reforma continuam sendo transferidos de geração a geração pelos seminários de todas as denominações. Pelo que estou a par, não existe sequer uma entidade cristã que ensina aos futuros líderes o que Jesus ensinou, que nenhum mandamento de Deus perdeu a validade após a chegada do Messias: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um j ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus” (Mat 5:18-19).

A OBEDIÊNCIA PARCIAL DE ALGUMAS DENOMINAÇÕES

Algumas poucas igrejas realmente se empenham em ensinar que os mandamentos do Senhor são eternos e válidos para todos os tempos. Contudo, de maneira intrigante, essas mesmas igrejas tendem a limitar a lista de mandamentos que consideram obrigatórios. Geralmente, defendem com vigor os Dez Mandamentos (incluindo o sábado, referido no quarto mandamento) e as leis alimentares de Levítico 11, mas não vão além disso.

O mais curioso é que essas seleções específicas não são acompanhadas de nenhuma justificativa clara baseada no Antigo Testamento ou nos quatro Evangelhos que explique por que esses mandamentos em particular são obrigatórios, enquanto outros, como o uso do cabelo e da barba, o tzitzit ou a circuncisão, não são mencionados ou defendidos. Isso levanta a pergunta: se todos os mandamentos do Senhor são santos e justos, por que escolher obedecer a alguns e não a todos?

O PACTO ETERNO

A circuncisão é o pacto eterno entre Deus e o seu povo, um grupo de seres humanos santos, separados do resto da população. Este grupo sempre esteve aberto a todos e nunca houve um período em que fosse limitado aos descendentes biológicos de Abraão, como alguns imaginam. Desde que Deus estabeleceu Abraão como o primeiro deste grupo, o Senhor instituiu a circuncisão como um sinal visível e eterno do pacto. Ficou claro que tanto os seus descendentes naturais quanto aqueles que não são da sua semente teriam que possuir este sinal físico do pacto se quisessem fazer parte do seu povo.

AS CARTAS DO APÓSTOLO PAULO ESTÃO NA BÍBLIA E FAZEM PARTE DA FÉ CRISTÃ

Uma das primeiras tentativas de reunir os vários escritos que surgiram após a ascensão de Cristo foi feita por Marcião, um rico proprietário de frotas de barcos, no século II. Marcião era um fervoroso seguidor de Paulo, mas desprezava os judeus. Sua Bíblia consistia primariamente nos escritos de Paulo e de um evangelho próprio, que muitos consideram um plágio do evangelho de Lucas. Todos os outros evangelhos e epístolas ele considerava invenções sem inspiração divina. Na sua Bíblia, todas as menções ao Antigo Testamento foram removidas, pois ele entendia e ensinava que o Deus anterior a Jesus não era o mesmo Deus de Paulo.

O PRIMEIRO CÂNONE OFICIAL DA IGREJA CATÓLICA

O primeiro cânone do Novo Testamento foi oficialmente reconhecido no final do século IV, cerca de 350 anos após Jesus voltar para o Pai. Os concílios da Igreja Católica, com sede em Roma, Hipona (393) e Cartago (397), foram cruciais para a aceitação dos 27 livros do Novo Testamento que conhecemos hoje. Esses concílios ajudaram a consolidar o cânone em resposta às diversas interpretações e textos que circulavam nas comunidades cristãs.

OS BISPOS DE ROMA E A FORMAÇÃO DA BÍBLIA: A INCLUSÃO DAS CARTAS DE PAULO NO SÉCULO IV

As cartas de Paulo integram a coletânea de escritos aprovada por Roma no século IV. A coletânea considerada sagrada pela Igreja Católica era denominada Biblia Sacra em latim e Τὰ βιβλία τὰ ἅγια (ta biblia ta hagia) em grego. Após séculos de debates sobre quais escritos deveriam compor a coletânea oficial, os bispos da Igreja aprovaram e declararam como sagrados: o Antigo Testamento dos judeus, os quatro evangelhos, o livro de Atos, atribuído a Lucas, as cartas às igrejas, incluindo as de Paulo, e o Apocalipse de João.

É importante ressaltar que, nos dias de Jesus, todos os judeus, incluindo o próprio Jesus, liam e mencionavam exclusivamente o Antigo Testamento em seus ensinamentos. Essa prática era predominantemente baseada na versão grega do texto, conhecida como Septuaginta, que foi compilada cerca de três séculos antes de Cristo.

Os escritos de Paulo, assim como os de outros autores posteriores a Jesus, foram incorporados à Bíblia oficial aprovada pela Igreja há muitos séculos. Por isso, são considerados fundamentais para a fé cristã. No entanto, o problema não reside em Paulo, mas nas interpretações de seus textos. Sabemos que suas cartas foram redigidas em um estilo complexo e difícil de compreender. Essa dificuldade já era reconhecida na época em que foram escritas (como indicado em 2 Pedro 3:16), quando o contexto cultural e histórico ainda era familiar aos leitores originais. Imagine, então, interpretar esses textos séculos depois, em um contexto totalmente diferente.

A questão principal não é a relevância de seus escritos, mas o princípio fundamental de autoridade e sua transferência. Como já foi explicado, a autoridade que a Igreja atribui a Paulo para cancelar, abolir, corrigir ou atualizar os santos e eternos mandamentos de Deus não tem respaldo nas Escrituras que o precederam. Portanto, essa autoridade não é proveniente do Senhor. Não há nenhuma profecia no Antigo Testamento ou nos evangelhos que indique que, após o Messias, Deus enviaria um homem de Tarso a quem todos deveriam ouvir e seguir.

A NECESSIDADE DE ALINHAR AS INTERPRETAÇÕES DAS CARTAS COM O ANTIGO TESTAMENTO E OS EVANGELHOS

O que isso significa é que qualquer entendimento, ou interpretação do que ele escreveu, não está correto se não estiver alinhado com as revelações anteriores a ele. Portanto, o cristão que verdadeiramente teme a Deus e Sua Palavra, deverá descartar qualquer explicação das epístolas, seja de Paulo ou de qualquer outro escritor, que não esteja alinhada com o que o Senhor nos revelou por meio de Seus profetas no Antigo Testamento e por meio de Seu Messias, Jesus. O cristão deverá ter a sabedoria e a humildade para dizer: “Não entendo essa passagem e as explicações que li são falsas porque não possuem o respaldo dos profetas do Senhor e das palavras que saíram dos lábios de Jesus. Deixarei de lado até que um dia, se for da vontade do Senhor, Ele me explica.”

UM GRANDE TESTE PARA OS GENTIOS

Podemos considerar que esse talvez seja o teste mais significativo que o Senhor decidiu impor aos gentios, um teste análogo ao enfrentado pelo povo judeu durante sua jornada para Canaã. Como diz Deuteronômio 8:2: “Lembra-te de como o Senhor teu Deus te guiou pelo deserto durante quarenta anos, humilhando-te e pondo à prova o teu caráter, para ver se obedecerias ou não aos seus mandamentos“.

Nesse contexto, o Senhor procura identificar quais dos gentios estão realmente dispostos a se unir ao seu povo santo. Aqueles que decidem obedecer a todos os mandamentos, inclusive a circuncisão, mesmo diante da intensa pressão da igreja e apesar de várias passagens nas cartas às igrejas que aparentemente diz que vários mandamentos, descritos como eternos nos profetas e nos evangelhos, foram revogados para os gentios.

A CIRCUNCISÃO DA CARNE E A DO CORAÇÃO

É importante esclarecer que não existem duas formas de circuncisão, mas apenas uma: a física. Deveria ser evidente para todos que a expressão “circuncisão do coração”, usada em toda a Bíblia, é puramente figurativa, semelhante a “coração partido” ou “coração alegre”. Quando a Bíblia afirma que alguém não é circuncidado de coração, ela simplesmente está dizendo que a pessoa não está vivendo como deveria, caso realmente amasse a Deus e estivesse disposta a obedecê-lo. Ou seja, este homem pode ter sido fisicamente circuncidado, mas a maneira como vive não está em conformidade com o tipo de vida que Deus espera de seu povo.

Através do profeta Jeremias, Deus disse que todo Israel se encontrava em um estado de “incircuncisos de coração”: “Porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração” (Jeremias 9:26). Obviamente, todos eram circuncidados fisicamente, mas ao se afastarem de Deus, abandonando a sua santa Lei, eles foram reprovados porque não eram circuncidados também de coração.

Todos os filhos de Deus do sexo masculino, sejam judeus ou gentios, devem ser circuncidados, não apenas fisicamente, mas também de coração. Isso é evidenciado nestas palavras claras: “Portanto, assim diz o Senhor Soberano: Nenhum estrangeiro, nem mesmo aqueles que vivem entre o povo de Israel, entrará em meu santuário se não tiver sido circuncidado, de corpo e coração” (Ezequiel 44:9). Portanto, podemos concluir que:

  1. O conceito de circuncisão de coração sempre existiu e não foi introduzido no Novo Testamento para substituir a verdadeira circuncisão física.
  2. A circuncisão é exigida de todos que fazem parte do povo de Deus, sejam judeus ou gentios.

A CIRCUNCISÃO E O BATISMO NAS ÁGUAS

Alguns erroneamente imaginam que o batismo nas águas foi instituído para os cristãos como substituto da circuncisão. Evidentemente, essa afirmação é puramente uma invenção humana, uma tentativa de evitar a obediência ao mandamento do Senhor.

Se tal afirmação fosse verdadeira, deveríamos encontrar passagens nos profetas ou nos evangelhos indicando que, após a ascensão do Messias, Deus não mais exigiria a circuncisão dos gentios que desejassem fazer parte do Seu povo, e que o batismo tomaria o seu lugar. No entanto, tais passagens não existem. Além disso, é importante lembrar que o batismo nas águas já existia antes mesmo do surgimento do cristianismo. João Batista não foi o “inventor” ou o “pioneiro” do batismo.

O batismo, ou mikveh, ou Micvê (em hebraico מִקְוָה), era um ritual de imersão já comum entre os judeus muito antes da chegada de João. O mikveh simbolizava a purificação do pecado e da impureza ritual. Quando um gentio era circuncidado, ele também se submetia ao mikveh. Este ato não era apenas para purificação ritual, mas também simbolizava a morte – como ser “enterrado” na água – de sua antiga vida pagã. Ao emergir da água, semelhante ao líquido amniótico do útero, ele renascia para sua nova vida como judeu.

João Batista não estava criando um novo ritual. Em vez disso, ele estava dando um novo significado ao existente: em vez de apenas os gentios “morrerem” para suas vidas antigas e serem “ressuscitados” como judeus, os judeus que viviam em pecado também estavam “morrendo” e “renascendo” em um ato de arrependimento. No entanto, essa imersão não seria necessariamente a última vez que eles se submeteriam a esse ritual. Eles se imergiam sempre que se tornavam ritualmente impuros, por exemplo, antes de ir ao templo. Os judeus também costumavam – e ainda hoje o fazem – se submeter ao ritual de imersão no Yom Kippur como uma demonstração de arrependimento.


Apêndice 1: O Mito dos 613 Mandamentos


O MITO DOS 613 MANDAMENTOS E OS VERDADEIROS MANDAMENTOS QUE TODO O SERVO DE DEUS TEM QUE PROCURAR OBEDECER.

Por várias vezes, quando publicamos algum texto sobre a necessidade de obedecer a todos os mandamentos do Pai e do Filho para a salvação, alguns leitores se irritam e escrevem algo como: “Se for assim, teremos que guardar todos os 613 mandamentos!” Comentários assim deixam claro que a maioria não sabe de onde surgiu e do que se trata este número misterioso de mandamentos que ninguém nunca viu na Bíblia. Neste artigo, vamos explicar a origem deste mito no formato de perguntas e respostas. Também explicaremos quais são os verdadeiros mandamentos de Deus contidos nas Escrituras Sagradas que todo ser humano que teme ao Deus Pai e espera ser enviado ao seu Filho para a remissão dos pecados deve procurar obedecer.

Pergunta: Do que se trata os conhecidos 613 mandamentos?

Resposta: Os 613 mandamentos (613 Mitzvot) foram algo inventado pelos rabinos no século 12 d.C. para os judeus praticantes. Seu principal autor foi o rabino e filósofo espanhol Moisés Maimônides (1135-1204), também conhecido como Rambam.

Pergunta: Realmente existem 613 mandamentos nas Escrituras?

Resposta: Não. Os verdadeiros mandamentos do Senhor são poucos e simples de obedecer. O diabo inspirou esse mito como parte de seu projeto de longo prazo para convencer a raça humana a desistir de obedecer ao Senhor. Tem sido assim desde o Éden.

Pergunta: De onde tiraram o número 613?

Resposta: Este número tem a ver com a tradição rabínica e o conceito de numerologia hebraica que designa um número a cada letra do alfabeto. Uma destas tradições diz que a palavra “tzitzit” (ציצית), que significa franjas, cordões, borlas (ver Números 15:37-39), possui uma soma numérica de 613 quando suas letras são adicionadas.

Mais especificamente, estes cordões, segundo o mito, têm um valor numérico inicial de 600. Adicionando oito fios e cinco nós, temos um total de 613, que segundo eles corresponde ao número de mandamentos na Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia). Vale ressaltar que o uso do tzitzit é um mandamento real e que deve ser obedecido por todos, mas esta conexão com 613 mandamentos é pura invenção. É uma das muitas tradições dos anciãos mencionadas e condenadas por Jesus (Ver Mateus 15:1-20.)

Pergunta: Como conseguiram tantos mandamentos para se encaixar com o número 613 do tzitzit (cordões)?

Resposta: Com muita dificuldade e criatividade. Eles dividiram os verdadeiros mandamentos em vários para aumentar a quantidade. Também incluíram inúmeros mandamentos relacionados aos sacerdotes, templo, plantação e colheita, criação de animais, festivais, etc.

Pergunta: E quais são os verdadeiros mandamentos que temos que procurar obedecer?

Resposta: Além dos dez mandamentos, existem outros poucos mandamentos. Todos são simples de obedecer. Alguns deles são específicos para homens ou mulheres, alguns para a comunidade e outros para grupos específicos, como agricultores e pecuaristas. Grande parte dos mandamentos não se aplicam aos cristãos porque são exclusivos para os descendentes da tribo de Levi ou estão conectados ao Templo de Jerusalém, que foi destruído no ano 70 d.C.

Devemos entender que agora, no fim dos tempos, Deus está chamando a todos os seus filhos fieis para que se preparem pois a qualquer momento Ele nos levará deste mundo em podridão. Deus apenas levará aqueles que buscam obedecer a todos os seus mandamentos, sem exceção.

Não siga os ensinos e exemplos dos seus líderes, mas siga apenas o que Deus ordenou. Gentios não estão isentos de nenhum mandamento de Deus: “A assembleia deverá ter as mesmas leis, que valerão tanto para vocês como para o estrangeiro que vive entre vocês; este é um decreto perpétuo pelas suas gerações, que, perante o Senhor, valerá tanto para vocês quanto para o estrangeiro residente. A mesma lei e ordenança se aplicará tanto a vocês como ao estrangeiro residente” (Números 15:15-16). Estrangeiro residente se refere a todo não-judeu que deseja fazer parte do povo escolhido e se salvar. “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, visto que a salvação vem dos judeus” (João 4:22).

Abaixo estão os mandamentos mais ignorados pelos cristãos, todos devidamente seguidos por Jesus, seus apóstolos e discípulos. Jesus é o nosso exemplo.

Pergunta: Nas suas cartas (epístolas), Paulo não diz que Jesus obedeceu todos os mandamentos para nós e que ao morrer cancelou todos?

Resposta: De maneira alguma. O próprio Paulo ficaria horrorizado se soubesse o que os pastores estão ensinando nas igrejas utilizando dos seus escritos. A nenhum ser humano, incluindo Paulo, Deus deu autoridade para mudar sequer uma letra da sua santa e eterna Lei. Se isso fosse verdade, tanto os profetas quanto Jesus teriam sido claros que Deus enviaria um certo homem de Tarso com este nível de autoridade, mas o fato é que Paulo não é sequer mencionado, nem pelos profetas da Tanach (Antigo Testamento) e nem pelo Messias nos quatro evangelhos. Isto seria algo importante demais para Deus ficar em silêncio sobre o assunto. Os profetas mencionam apenas três seres humanos que surgiram no período do Novo Testamento: Judas (Salmos 41:9 ), João Batista (Isaías 40:3) e José de Arimateia (Isaías 53:9). Existe zero referência a Paulo, isto porque ele na realidade não ensinou nada que adiciona ou contradiz o que já havia sido revelado pelos profetas ou Jesus. O cristão que entende que Paulo mudou algo do que já havia sido escrito, terá que reconsiderar o seu entendimento para que se encaixe com os profetas e Jesus, e não o contrário, como a maioria faz. Se não conseguir que encaixe, então deixe de lado, mas jamais desobedeça a Deus confiando no seu entendimento sobre os escritos de qualquer ser humano. Isso não vai ser aceito como desculpa no juízo final. Ninguém vai convencer ao Juiz se falar: “Sou inocente de ter ignorado os teus mandamentos porque segui a Paulo”. Eis o que nos foi revelado sobre o fim dos tempos: “Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).

Pergunta: E o Espírito Santo, Ele não inspirou mudanças e cancelamentos da Lei de Deus?

Resposta: Isto chega a ser blasfemo só de pensar.  O Espírito Santo é o Espirito do Próprio Deus. Jesus foi claro que o envio do Espírito Santo seria para nos instruir através da lembrança daquilo que Ele já havia dito: “εκεινος (Ele) υμας (vocês) διδαξει (instruirá) παντα (tudo) και (e) υπομνησει (trará à memória) υμας (sua) παντα (tudo) α (que) ειπον (eu disse) υμιν (vocês)” (João 14:26). Não houve nenhuma menção de que o Espírito Santo nos traria uma nova doutrina que nem o Filho e nem os profetas do Pai ensinaram. O plano de salvação é o assunto mais importante das Escrituras Sagradas e toda a informação necessária já havia sido transmitida pelos profetas e Jesus: “Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu ordem [εντολη (endoli) ordem, comando, regra, mandamento] quanto ao que dizer e como falar. E sei que a sua ordem [endoli] é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou” (João 12:49-50).

Existe uma continuidade de revelações que terminou em Cristo. Sabemos disso porque, como já mencionado, não há profecias sobre o envio de nenhum ser humano com novas doutrinas primárias após o Messias. As únicas revelações após a ressurreição dizem respeito aos eventos finais e não existe nada sobre novas doutrinas vindas de Deus que surgiriam entre Jesus e o fim dos tempos. Todos os mandamentos de Deus são contínuos e eternos e seremos julgados por eles. Quem agradou ao Pai foi enviado ao Filho para ser redimido por ele. Quem desobedeceu aos mandamentos do Pai não o agradou e não foi enviado ao Filho. “Foi por esse motivo que eu disse a vocês que só pode vir a mim a pessoa que for trazida pelo Pai” (João 6:65).


Parte 2: O Falso Plano de Salvação

Conforme já mencionado, para que o diabo pudesse levar os gentios seguidores de Cristo a desobedecer à Lei de Deus, algo radical teria que ser feito. Até algumas décadas após a ascensão de Jesus, as igrejas eram compostas por judeus da Judeia (hebreus), judeus da diáspora (helenísticos) e gentios (não-judeus). Muitos dos discípulos originais de Jesus ainda estavam vivos e congregavam com eles nas casas, o que ajudava a manter a fidelidade a tudo o que Jesus ensinou e exemplificou em vida.

A Lei de Deus era lida e obedecida rigorosamente, assim como Jesus ensinou aos seus seguidores: “Ele, porém, respondeu: Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus [λογον του Θεου (logon tou Theou) A Tanach, Antigo Testamento)] e a guardam!” (Lucas 11:28).

Jesus jamais se desviou das instruções do Seu Pai: “Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca” (Salmos 119:4). A ideia comum nas igrejas de hoje, de que a vinda do Messias isentaria os gentios de obedecer às leis de Deus no Antigo Testamento, não encontra respaldo algum nas palavras de Jesus nos quatro evangelhos.

O PLANO DE SALVAÇÃO ORIGINAL

Nunca houve um período na história da civilização em que Deus não permitisse que qualquer ser humano se voltasse para Ele em arrependimento, tivesse seus pecados perdoados, fosse abençoado e obtivesse a salvação ao morrer. Ou seja, sempre houve salvação para os gentios, mesmo antes do envio do Messias. Muitos nas igrejas pensam erroneamente que somente com a vinda de Jesus e Seu sacrifício expiatório é que os gentios obtiveram acesso à salvação.

UM SÓ PLANO DE SALVAÇÃO PARA TODOS

A verdade é que o mesmo plano de salvação que sempre existiu no Antigo Testamento continuou valendo nos dias de Jesus e segue válido até hoje. A única diferença nos nossos dias é que, se antes parte do processo para o perdão dos pecados era o sacrifício simbólico, hoje temos o verdadeiro sacrifício do Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo (João 1:29).

Além dessa importante diferença, o restante continua o mesmo que era antes de Cristo. Para ser salvo, o gentio precisa se unir à nação que Deus designou como Sua, através do pacto eterno selado com o sinal da circuncisão: “O gentio que se unir ao Senhor, para o servir, sendo deste modo seu servo… e que se mantiver firme no meu pacto, também os levarei ao meu santo monte” (Isaías 56:6-7).

JESUS NÃO FUNDOU UMA NOVA RELIGIÃO PARA OS GENTIOS

É importante entender que Jesus não fundou uma nova religião para gentios, como muitos pensam. Na realidade, foram poucas as vezes que Jesus sequer interagiu com gentios, pois Seu foco sempre foi Sua própria nação: “Jesus enviou os Doze com as seguintes instruções: Não vão aos gentios nem aos samaritanos; mas sim às ovelhas perdidas do povo de Israel” (Mateus 10:5-6). O verdadeiro plano de salvação, que está em total acordo com o que Deus revelou pelos profetas do Antigo Testamento e por Jesus nos Evangelhos, é simples e direto: busque ser fiel às leis do Pai, e Ele o unirá a Israel e o enviará ao Filho para o perdão dos pecados. O Pai não envia aqueles que conhecem as Suas leis, mas vivem em desobediência declarada. Rejeitar a Lei de Deus é estar em rebeldia, e não há salvação para os rebeldes.

O FALSO PLANO DE SALVAÇÃO

O plano de salvação pregado na maioria das igrejas é falso. Sabemos disso porque esse plano não tem o respaldo do que Deus revelou através dos profetas no Antigo Testamento e do que Jesus ensinou nos quatro evangelhos. Qualquer doutrina ligada à salvação de almas (doutrinas primárias) tem que ser confirmada por essas duas fontes originais: o Antigo Testamento (a Tanach — a Lei e os Profetas, que Jesus constantemente citava) e as palavras do próprio Filho de Deus.

A ideia central dos promotores desse falso plano de salvação é que os gentios serão salvos sem precisar obedecer aos mandamentos de Deus. Essa mensagem de desobediência é idêntica à que a serpente pregou no Éden: “Certamente não morrerás” (Gênesis 3:4-5). Se essa mensagem fosse verdadeira, o Antigo Testamento traria inúmeras passagens explicando esse ponto, e Jesus teria declarado explicitamente que isentar as pessoas da Lei de Deus fazia parte de Sua missão como Messias. Mas a realidade é que nem o Antigo Testamento nem os Evangelhos contêm qualquer suporte para essa ideia absurda.

O ENVIO DE MENSAGEIROS APÓS JESUS

Os promotores do plano de salvação sem a obediência à Lei de Deus raramente citam Jesus nas suas mensagens, e a razão, obviamente, é que eles não encontram nada nos ensinamentos de Cristo indicando que Ele veio a esse mundo para salvar pessoas que deliberadamente desobedecem às leis do Seu Pai. O que eles fazem então é se apoiar em escritos de seres humanos que apareceram em cena somente depois da ascensão de Cristo. O problema é que não temos profecias no Antigo Testamento sobre nenhum mensageiro de Deus que surgiria após Jesus. E o próprio Jesus nunca mencionou que haveria algum homem depois Dele com a missão de ensinar um novo plano de salvação para os gentios.

A IMPORTÂNCIA DAS PROFECIAS

As revelações de Deus precisam de autoridade e delegação prévia para serem válidas. Sabemos que Jesus é o enviado do Pai porque Ele cumpriu as profecias do Antigo Testamento, mas não há profecias sobre o envio de outros seres humanos com novos ensinos após Cristo. Tudo o que precisamos saber sobre a nossa salvação termina em Jesus.

Todos os escritos que surgiram após a ascensão de Jesus, estejam eles dentro ou fora da Bíblia, devem ser considerados auxiliares e secundários, pois nada foi profetizado sobre a chegada de nenhum homem com a missão de nos ensinar algo que Jesus não tenha ensinado. Qualquer doutrina que não esteja em linha com as palavras de Jesus nos quatro Evangelhos deve ser rejeitada como falsa, independentemente de sua origem, duração ou popularidade.

AS INSTRUÇÕES SOBRE A SALVAÇÃO TERMINARAM EM JESUS

Todos os eventos relacionados à salvação que deveriam acontecer após Malaquias foram profetizados no Antigo Testamento, incluindo o nascimento do Messias, João Batista vindo no espírito de Elias, a missão de Cristo, Sua traição por Judas, julgamento, morte inocente e até mesmo que seria sepultado em um túmulo entre os ricos. No entanto, não existe nenhuma profecia que mencione qualquer pessoa após a ascensão de Jesus, dentro ou fora da Bíblia, com a tarefa e autoridade para desenvolver uma maneira diferente para os gentios serem salvos, muito menos uma maneira que permita à pessoa viver em desobediência assumida à Lei de Deus e, mesmo assim, ser recebida de braços abertos no céu.


Parte 1: O Grande Plano do Diabo Contra os Gentios

Poucos anos após a volta de Jesus ao Pai, satanás iniciou seu projeto de longo prazo contra os gentios. Sua tentativa de convencer Jesus a se unir a ele falhou (Mateus 4:8-9), e toda a sua esperança de manter Cristo no túmulo foi destruída permanentemente na ressurreição (Atos 2:24). O que restou à serpente foi continuar fazendo entre os gentios o que sempre fez desde o Éden: convencer os seres humanos a não obedecer às leis de Deus (Gênesis 3:4-5).

Para atingir esse objetivo, duas coisas precisavam ser feitas. Primeiramente, os gentios teriam que se desvincular ao máximo do judaísmo. Em segundo lugar, precisariam de algum argumento teológico para aceitar que a salvação oferecida por Deus aos gentios difere de como a salvação ocorria no antigo Israel, acima de tudo, em permitir que Suas leis fossem ignoradas.

O diabo, então, inspirou homens talentosos a fabricar uma nova religião para os gentios, completa, com um novo nome, tradições e, principalmente, doutrinas que levassem a crer que um dos principais objetivos da vinda do Messias seria “liberar” os gentios da obrigação de guardar a Lei.

O DISTANCIAMENTO DE ISRAEL

Todo movimento busca por adeptos para sobreviver e crescer. A Lei de Deus, até então seguida pelos judeus messiânicos, começou a se tornar um obstáculo para o grupo que mais crescia na recém-formada igreja: os gentios. Mandamentos como a circuncisão, a guarda do sétimo dia e a abstenção de certos alimentos passaram a ser vistos como barreiras para a expansão do movimento.

Aos poucos, a liderança começou a abrir concessões para esse grupo, sob o falso argumento de que a vinda do Messias previa uma flexibilização na guarda da Lei para os não-judeus, mesmo que tal argumento carecesse de qualquer respaldo no Antigo Testamento ou nas palavras de Jesus nos quatro Evangelhos (Êxodo 12:49).

JUDEUS MESSIÂNICOS SE ISOLAM DO MOVIMENTO

Enquanto isso, os poucos judeus que ainda demonstravam interesse pelo movimento, devido aos sinais e maravilhas realizados por Jesus algumas décadas antes — e que ainda contavam com testemunhas oculares, incluindo alguns dos apóstolos originais —, sentiam-se corretamente incomodados com o gradual afastamento da obrigação de guardar as leis de Deus entregues aos profetas, leis que o próprio Jesus, apóstolos e discípulos obedeciam fielmente.

O resultado, como sabemos, é que milhões se reúnem semanalmente nas igrejas dizendo adorar a Deus, mas ignorando por completo o fato de que esse mesmo Deus separou uma nação para Si com um pacto e foi claro que nunca romperia esse pacto: “Assim como as leis do sol, da lua e das estrelas são imutáveis, assim também a descendência de Israel nunca deixará de ser a nação diante de Deus, para sempre” (Jeremias 31:35-37).

O PLANO DO INIMIGO NÃO POSSUI RESPALDO NAS ESCRITURAS USADAS POR JESUS E SEUS DISCÍPULOS

Jesus, seus apóstolos e discípulos, seguiam tudo aquilo que Deus revelou nas Escrituras através dos profetas: “Revelei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu os deste a mim; e eles têm obedecido à tua palavra [Antigo Testamento]” (João 17:6. Ver também: Lucas 8:21 e Lucas 11:28). Em nenhum lugar no Antigo Testamento lemos que haveria bênçãos ou salvação para aqueles que não se unirem a Israel: “E disse Deus a Abraão: Tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12:2-3). E o próprio Jesus foi mais do que claro ao afirmar que a salvação vem dos judeus (João 4:22).

O gentio que deseja ser salvo por Cristo deve seguir as mesmas leis que o Pai entregou à nação escolhida para Sua honra e glória, leis que o próprio Jesus e Seus apóstolos seguiam. O Pai vê a fé e a coragem desse gentio, apesar das dificuldades. Ele derrama Seu amor sobre ele, o une a Israel e o conduz ao Filho para perdão e salvação. Esse é o plano de salvação que faz sentido porque é verdadeiro.

A GRANDE COMISSÃO

Segundo os historiadores, após a ascensão de Cristo, vários apóstolos e discípulos obedeceram à grande comissão e levaram o evangelho ensinado por Jesus às nações gentias. Tomé foi para a Índia, Barnabé e Paulo para a Macedônia, Grécia e Roma, André para a Rússia e Escandinávia, Matias para a Etiópia, e as boas novas se espalharam.

A mensagem que deveriam pregar era a mesma ensinada por Jesus e tinha como foco o Pai: crer e obedecer. Crer que Jesus veio do Pai e obedecer às leis do Pai. Jesus deixou claro para os primeiros missionários que eles não estariam sós na missão de espalhar as boas novas da chegada do Reino de Deus; o Espírito Santo os lembraria do que Cristo ensinou durante os anos que estiveram juntos, pregando as boas novas em Israel (João 14:26).

A instrução foi que continuassem ensinando o que haviam aprendido do Seu Mestre. Em nenhum lugar nos Evangelhos vemos Jesus dando a entender que os Seus missionários levariam uma mensagem de salvação diferente e especialmente criada para os não-judeus, muito menos com a seríssima e falsa noção de que, por não serem judeus, eles obteriam a salvação sem precisar obedecer aos santos e eternos mandamentos do Seu Pai. A ideia de salvação sem obedecer à Lei não possui respaldo nas palavras de Jesus, e, portanto, é falsa, ainda que seja antiga e popular.


A Lei de Deus: Introdução

Escrever sobre a Lei de Deus é possivelmente a tarefa mais nobre ao alcance de um simples ser humano. A Lei de Deus não é apenas um conjunto de mandamentos divinos, como a maioria a considera, mas sim uma expressão de dois dos seus atributos: amor e justiça. A Lei de Deus revela Suas exigências no contexto e realidade humana para a restauração daqueles que desejam ser restituídos à condição anterior à entrada do pecado.

DEUS NÃO NEGOCIA COM AS SUAS LEIS

Ao contrário do que se tem ensinado nas igrejas, cada mandamento é literal e inflexível para atingir o objetivo supremo: a salvação das almas rebeldes. Ninguém é obrigado a obedecer, mas apenas quem obedece será restaurado e reconciliado com o Criador. Escrever sobre essa Lei é, portanto, compartilhar um vislumbre do divino, um privilégio raro que exige humildade e reverência.

O ESSENCIAL SOBRE A LEI

Nesses estudos, abordaremos tudo o que é realmente importante saber sobre a Lei de Deus, para que aqueles que assim desejarem possam efetuar as mudanças necessárias em sua vida aqui na terra e se alinhar perfeitamente com as diretrizes estabelecidas pelo próprio Deus. Aqueles que forem corajosos e realmente desejarem ser enviados a Jesus pelo Pai, para perdão e salvação, receberão esses estudos com alívio e alegria (João 6:37, 39, 44-45, 65; 10:29).

Alívio, porque, após dois mil anos de ensinamentos errados sobre a Lei de Deus e a salvação, Deus achou por bem nos incumbir de produzir este material, que reconhecemos ir contra praticamente todos os ensinos existentes sobre o tema. Alegria, porque os benefícios de estar em harmonia com a Lei do Criador vão além de palavras que simples criaturas podem expressar. Benefícios espirituais, emocionais e físicos. Os seres humanos foram criados para obedecer a Deus.

ARGUMENTAÇÕES INFINDÁVEIS

Esses estudos não têm como foco principal argumentações ou defesas doutrinárias, pois a Lei de Deus, entendida da maneira correta, dispensa justificativas, considerando sua origem sagrada. De fato, envolver-se em discussões intermináveis sobre algo que nunca deveria ser questionado é uma afronta ao próprio Deus. O simples ato de uma criatura finita, um pedaço de barro (Isaías 64:8), desafiar as regras de seu Criador, que a qualquer momento pode descartá-la entre os cacos sem valor, aponta para algo profundamente preocupante nessa criatura. Essa é uma atitude que deverá ser corrigida em caráter de urgência, para o seu próprio benefício.

O ESTRAGO QUE FOI FEITO PELOS LÍDERES NO DECORRER DOS SÉCULOS

Embora defendamos que a Lei do Pai devesse simplesmente ser obedecida por todo aquele que se autodenomina seguidor de Jesus, assim como o próprio Jesus e Seus apóstolos faziam, reconhecemos que houve um estrago tão grande no meio cristão em relação à Sua Lei que se tornou necessária uma explicação do que ocorreu nos quase dois mil anos desde a ascensão de Cristo.

A LEI DE DEUS: DA REVERÊNCIA DO JUDAÍSMO MESSIÂNICO À REJEIÇÃO DA IGREJA

Muitos querem entender como sucedeu a transição de judaísmo messiânico (judeus que eram fiéis às leis de Deus no Antigo Testamento e aceitaram que Jesus era o Messias de Israel enviado do Pai) para o atual cristianismo, cujo entendimento sobre a Lei é que buscar obedecê-la é o mesmo que “rejeitar a Cristo”, o que, obviamente, significa a perdição. A Lei que antes era vista como algo que “bem-aventurado é o varão que medita nela de dia e de noite” (Salmos 1:3), passou a ser considerada, na prática, um conjunto de regras cuja obediência leva ao lago de fogo. Tudo isso, sem haver uma gota de respaldo naquilo que lemos no Antigo Testamento e nas palavras de Jesus nos quatro Evangelhos.

ENSINOS ESPECÍFICOS SOBRE AS LEIS IGNORADAS PELAS IGREJAS

Nessa série, também cobriremos em detalhes os mandamentos de Deus que mais são desobedecidos nas igrejas em todo o mundo, praticamente sem exceção, como a circuncisão, o sábado, os alimentos impuros, o cabelo e barba, e o tzitzit. Explicaremos não só como esses mandamentos claros de Deus deixaram de ser obedecidos na nova religião que se distanciou do judaísmo messiânico, mas também ensinaremos como eles devem ser corretamente obedecidos, de acordo com as instruções nas Escrituras e não de acordo com o judaísmo rabínico, que, desde os dias de Jesus vem inserindo suas tradições humanas dentro da santa, pura e eterna Lei de Deus.


A Lei de Deus: Resumo da série

A LEI DE DEUS: UM TESTEMUNHO DE AMOR E JUSTIÇA

A Lei de Deus é um testemunho de Seu amor e justiça, ultrapassando em muito a percepção de que seja um mero conjunto de ordens divinas. Ela oferece um roteiro para a restauração da humanidade, orientando aqueles que buscam retornar ao estado sem pecado idealizado por seu Criador. Cada mandamento é literal e inabalável, projetado para reconciliar almas rebeldes e colocá-las em harmonia com a perfeita vontade de Deus.

OBEDIÊNCIA: REQUISITO ABSOLUTO PARA A SALVAÇÃO

A obediência à Lei não é forçada a ninguém, mas é um requisito absoluto para a salvação. Ninguém que desobedece consciente e deliberadamente pode ser restaurado ou reconciliado com o Criador. O Pai não enviará alguém que intencionalmente desobedece à Sua Lei para se beneficiar do sacrifício expiatório do Filho. Somente aqueles que procuram fielmente seguir Seus mandamentos serão unidos a Jesus para o perdão e a salvação.

COMPARTILHAR A LEI: HUMILDADE E REVERÊNCIA

Compartilhar as verdades da Lei exige humildade e reverência, pois capacita aqueles que estão dispostos a alinhar suas vidas com as diretrizes de Deus. Esta série oferece alívio de séculos de ensinamentos errôneos e a alegria de experimentar os profundos benefícios espirituais, emocionais e físicos de viver em harmonia com o Criador.

EXPLORANDO A TRANSIÇÃO: DA LEI À REJEIÇÃO

Os estudos dessa série explorarão a transição do judaísmo messiânico de Jesus e Seus apóstolos – onde a Lei era fundamental – para o cristianismo moderno, onde a obediência é geralmente mal interpretada como rejeição a Cristo. Essa mudança, sem o apoio do Antigo Testamento ou das palavras de Jesus, levou a uma negligência generalizada dos mandamentos de Deus, incluindo o sábado, a circuncisão, as leis alimentares e outros.

RETORNO À LEI PURA E ETERNA DE DEUS

Ao abordar esses mandamentos à luz das Escrituras, livre da influência das tradições rabínicas e do ciclo enraizado de conformidade teológica dentro dos seminários, esta série pede um retorno à Lei pura e eterna de Deus. A obediência à Lei do Criador nunca deveria ser negligenciada por uma questão de promoção na carreira ou segurança no emprego dos líderes, mas infelizmente, frequentemente este é o caso. A obediência à Lei trata-se de uma expressão necessária e inegociável da verdadeira fé e devoção ao Criador, que leva à vida eterna por meio de Jesus, o Filho de Deus.


Lista de Estudos