Esta página faz parte de uma série que explora as leis de Deus que só podiam ser obedecidas enquanto o Templo estava presente em Jerusalém.
- Apêndice 8a: As Leis de Deus Que Exigem o Templo
- Apêndice 8b: Os Sacrifícios — Por Que Eles Não Podem Ser Obedecidos Hoje
- Apêndice 8c: As Festas Bíblicas — Por Que Nenhuma Delas Pode Ser Obedecida Hoje
- Apêndice 8d: As Leis de Purificação — Por Que Elas Não Podem Ser Obedecidas Sem o Templo
- Apêndice 8e: Dízimos e Primícias — Por Que Eles Não Podem Ser Obedecidos Hoje
- Apêndice 8f: A Santa Ceia — A Última Ceia Foi a Páscoa
- Apêndice 8g: As Leis do Nazireado e dos Votos — Por Que Elas Não Podem Ser Obedecidas Hoje (Esta página).
- Apêndice 8h: Obediências Parciais e Simbólicas Ligadas ao Templo
- Apêndice 8i: A Cruz e o Templo
As leis sobre votos, incluindo o voto de nazireado, mostram o quanto certos mandamentos da Torá dependem profundamente do sistema do Templo estabelecido por Deus. Desde que o Templo, o altar e o sacerdócio levítico foram removidos, esses votos não podem mais ser concluídos hoje. As tentativas modernas de imitar ou “espiritualizar” esses votos — especialmente o voto de nazireado — não são obediência, mas invenções humanas. A Lei define o que são esses votos, como começam, como terminam e como devem ser concluídos diante de Deus. Sem o Templo, nenhum voto da Torá pode ser cumprido como Deus ordenou.
O que a Lei ordenava sobre os votos
A Lei trata os votos com absoluta seriedade. Quando uma pessoa fazia um voto ao Senhor, esse voto se tornava uma obrigação vinculante que precisava ser cumprida exatamente como prometido (Números 30:1-2; Deuteronômio 23:21-23). Deus advertiu que adiar ou deixar de cumprir um voto era pecado. Mas o cumprimento de um voto não era algo apenas interior ou simbólico — exigia ação, ofertas e o envolvimento do santuário de Deus.
Muitos votos incluíam sacrifícios de ação de graças ou ofertas voluntárias, o que significava que o voto tinha de ser cumprido no altar de Deus, no lugar que Ele escolheu (Deuteronômio 12:5-7; 12:11). Sem o altar, nenhum voto podia ser levado à conclusão.
O voto de nazireado: uma lei dependente do Templo
O voto de nazireado é o exemplo mais claro de um mandamento que não pode ser cumprido hoje, mesmo que alguns dos comportamentos exteriores a ele ligados ainda possam ser imitados. Números 6 descreve o voto de nazireado em detalhes e distingue claramente entre os sinais exteriores de separação e os requisitos que tornam o voto válido diante de Deus.
Os sinais exteriores incluem:
- Abster-se de vinho e de todos os produtos da videira (Números 6:3-4)
- Deixar o cabelo crescer, sem navalha sobre a cabeça (Números 6:5)
- Evitar a impureza de cadáver (Números 6:6-7)
Mas nenhum desses comportamentos cria ou completa, por si só, um voto de nazireado. Segundo a Lei, o voto só se torna completo — e só se torna aceitável diante de Deus — quando a pessoa vai ao santuário e apresenta as ofertas exigidas:
- A oferta queimada (holocausto)
- A oferta pelo pecado
- A oferta de comunhão (paz)
- As ofertas de cereal e de libação
Esses sacrifícios foram ordenados como a conclusão essencial do voto (Números 6:13-20). Sem eles, o voto permanece inacabado e inválido. Deus também exigiu ofertas adicionais se ocorresse impureza acidental, o que significa que o voto não pode continuar nem recomeçar sem o sistema do Templo (Números 6:9-12).
É por isso que o voto de nazireado não pode existir hoje. Uma pessoa pode imitar certos atos exteriores, mas não pode entrar, prosseguir nem completar o voto que Deus definiu. Sem o altar, o sacerdócio e o santuário, não existe voto de nazireado — apenas imitação humana.
Como Israel obedeceu
Israelitas fiéis que faziam um voto de nazireado obedeciam à Lei do começo ao fim. Eles se separavam durante os dias do voto, evitavam a impureza e depois subiam ao santuário para concluir o voto com as ofertas que Deus exigiu. Até mesmo a impureza acidental exigia ofertas específicas para “reiniciar” o voto (Números 6:9-12).
Nenhum israelita jamais concluía um voto de nazireado em uma sinagoga de aldeia, em uma casa particular ou em uma cerimônia simbólica. Ele precisava ser concluído no santuário que Deus escolheu.
O mesmo vale para outros votos. O cumprimento exigia sacrifícios, e os sacrifícios exigiam o Templo.
Por que esses votos não podem ser obedecidos hoje
O voto de nazireado — e todo voto na Torá que requer ofertas — não pode ser concluído hoje porque o altar de Deus já não existe. O Templo foi destruído. O sacerdócio não está servindo. O santuário está ausente. E sem essas coisas, o ato final e essencial do voto não pode ocorrer.
A Torá não permite que um voto de nazireado seja “encerrado espiritualmente” sem ofertas. Ela não autoriza mestres modernos a criarem encerramentos simbólicos, cerimônias alternativas ou interpretações privadas. Deus definiu como o voto deve terminar — e Ele removeu os meios de obediência.
Por essa razão:
- Ninguém hoje pode fazer um voto de nazireado segundo a Torá.
- Nenhum voto que envolva ofertas pode ser cumprido hoje.
- Qualquer tentativa simbólica de imitar esses votos não é obediência.
Essas leis continuam eternas, mas a obediência é impossível até que Deus restaure o Templo.
Jesus não cancelou essas leis
Jesus nunca aboliu as leis sobre votos. Ele advertiu as pessoas a evitarem votos descuidados por causa do seu caráter vinculante (Mateus 5:33-37), mas não removeu um único requisito escrito em Números ou em Deuteronômio. Ele nunca disse a Seus discípulos que o voto de nazireado estava ultrapassado ou que os votos já não precisavam do santuário.
Paulo raspar a cabeça (Atos 18:18) e participar de despesas de purificação em Jerusalém (Atos 21:23-24) confirma que Jesus não aboliu as leis de votos e que, antes da destruição do Templo, os israelitas continuavam a cumprir seus votos exatamente como a Torá exigia. Paulo não concluiu coisa alguma em particular ou em uma sinagoga; ele foi a Jerusalém, ao Templo e ao altar, porque a Lei definia onde um voto tinha de ser levado à sua conclusão. A Torá define o que é um voto de nazireado e, segundo a Torá, nenhum voto pode ser cumprido sem as ofertas no santuário de Deus.
Obediência simbólica é desobediência
Assim como acontece com sacrifícios, festas, dízimos e leis de purificação, a remoção do Templo nos obriga a honrar essas leis — não inventando substitutos, mas recusando-nos a afirmar obediência onde a obediência é impossível.
Imitar um voto de nazireado hoje, deixando o cabelo crescer, abstendo-se de vinho ou evitando funerais, não é obediência. É um gesto simbólico desconectado dos mandamentos que Deus realmente deu. Sem as ofertas no santuário, o voto é inválido desde o início.
Deus não aceita obediência simbólica. O adorador que teme ao Senhor não inventa substitutos para o Templo ou para o altar. Ele honra a Lei reconhecendo os limites que o próprio Deus estabeleceu.
Nós obedecemos ao que pode ser obedecido e honramos o que não pode
O voto de nazireado é santo. Os votos, em geral, são santos. Nenhuma dessas leis foi abolida, e nada na Torá sugere que um dia seriam substituídas por práticas simbólicas ou intenções internas.
Mas Deus removeu o Templo. Portanto:
- Não podemos completar o voto de nazireado.
- Não podemos completar votos que exigem ofertas.
- Honramos essas leis ao não fingir cumpri-las simbolicamente.
Obediência hoje significa guardar os mandamentos que ainda podem ser guardados e honrar os demais até que Deus restaure o santuário. O voto de nazireado continua escrito na Lei, mas não pode ser obedecido até que o altar volte a estar de pé.
























