Apêndice 8f: A Santa Ceia — A Última Ceia de Jesus Foi a Páscoa

Esta página faz parte de uma série que explora as leis de Deus que só podiam ser obedecidas enquanto o Templo estava presente em Jerusalém.

O serviço da comunhão, ou “Santa Ceia”, é um dos exemplos mais fortes daquilo que esta série está expondo: uma “obediência” simbólica inventada para substituir mandamentos que o próprio Deus tornou impossíveis de serem cumpridos quando removeu o Templo, o altar e o sacerdócio levítico. A Lei de Deus nunca ordenou uma cerimônia recorrente de pão e vinho no lugar dos sacrifícios ou da Páscoa. Jesus nunca cancelou as leis do Templo e nunca instituiu um novo ritual para substituí-las. O que hoje se chama de “Ceia do Senhor” não é um mandamento da Torá e não é uma lei de Deus independente do Templo. É uma cerimônia humana construída sobre um mal-entendido a respeito do que Jesus fez na Sua última Páscoa.

O padrão da Lei: sacrifícios reais, sangue real, altar real

Debaixo da Lei, perdão e memória nunca estiveram ligados a símbolos sem sacrifício. O padrão central é claro: o pecado é tratado quando sangue real é apresentado em um altar real, no lugar que Deus escolheu para o Seu Nome (Levítico 17:11; Deuteronômio 12:5-7). Isso é verdade para os sacrifícios diários, ofertas pelo pecado, holocaustos e para o próprio cordeiro pascal (Êxodo 12:3-14; Deuteronômio 16:1-7).

A refeição da Páscoa não era um culto livre de “lembrança” simbólica. Era um rito ordenado com:

  • Um cordeiro real, sem defeito
    • Êxodo 12:3 — Cada família devia separar um cordeiro, conforme a ordem de Deus.
    • Êxodo 12:5 — O cordeiro devia ser sem defeito, macho de um ano, perfeito.
  • Sangue real, tratado exatamente como Deus ordenou
    • Êxodo 12:7 — Deviam tomar o sangue do cordeiro e colocá-lo nos batentes e na verga das portas.
    • Êxodo 12:13 — O sangue seria o sinal sobre as casas; Deus passaria adiante apenas onde o sangue real estivesse aplicado.
  • Pães sem fermento e ervas amargas
    • Êxodo 12:8 — Deviam comer o cordeiro com pães sem fermento e ervas amargas.
    • Deuteronômio 16:3 — Não deviam comer pão levedado, mas apenas o “pão da aflição” por sete dias.
  • Um tempo e uma ordem específicos
    • Êxodo 12:6 — O cordeiro devia ser morto ao crepúsculo, no décimo quarto dia.
    • Levítico 23:5 — A Páscoa é no décimo quarto dia do primeiro mês, no tempo determinado.

Mais tarde, Deus centralizou a Páscoa: o cordeiro já não podia ser sacrificado em qualquer cidade, mas somente no lugar que Ele escolhesse, diante do Seu altar (Deuteronômio 16:5-7). Todo o sistema dependia do Templo. Não existia “símbolo de Páscoa” sem sacrifício.

Como Israel se lembrava da redenção

O próprio Deus definiu como Israel deveria se lembrar do êxodo do Egito. Não era por meio de uma simples meditação ou de um gesto simbólico, mas por meio do serviço anual da Páscoa que Ele ordenou (Êxodo 12:14, 12:24-27). As crianças deveriam perguntar: “O que significa este rito?” e a resposta estava ligada ao sangue do cordeiro e aos atos de Deus naquela noite (Êxodo 12:26-27).

Quando o Templo existia, o Israel fiel obedecia subindo a Jerusalém, mandando imolar o cordeiro no santuário e comendo a Páscoa como Deus ordenara (Deuteronômio 16:1-7). Nenhum profeta jamais anunciou que, um dia, isso seria substituído por um simples pedaço de pão e um gole de vinho em prédios espalhados entre as nações. A Lei não conhece essa substituição. Ela conhece apenas a Páscoa como Deus a definiu.

Jesus e a Sua última Páscoa

Os Evangelhos são claros: quando Jesus comeu com Seus discípulos na noite em que foi traído, era a Páscoa, não uma nova cerimônia para gentios (Mateus 26:17-19; Marcos 14:12-16; Lucas 22:7-15). Ele estava andando em plena obediência aos mandamentos de Seu Pai, guardando a mesma Páscoa estabelecida por Deus.

Àquela mesa, Jesus tomou o pão e disse: “Isto é o meu corpo”, e tomou o cálice e falou do Seu sangue da aliança (Mateus 26:26-28; Marcos 14:22-24; Lucas 22:19-20). Ele não estava abolindo a Páscoa, nem cancelando os sacrifícios, nem escrevendo novas leis para serviços religiosos de gentios. Ele estava explicando que a Sua própria morte, como o verdadeiro Cordeiro de Deus, daria pleno sentido a tudo o que a Lei já havia ordenado.

Quando Ele disse “Fazei isto em memória de mim” (Lucas 22:19), o “isto” era a refeição pascal que eles estavam comendo, não uma cerimônia totalmente nova, separada da Lei, do Templo e do altar. Não há nenhuma ordem dos Seus lábios instituindo um novo rito independente do Templo, com seu próprio calendário, suas próprias regras e seu próprio clero. Jesus já havia dito que não veio para abolir a Lei ou os Profetas e que nem o menor traço cairia da Lei (Mateus 5:17-19). Ele nunca disse: “Depois da minha morte, esqueçam a Páscoa e, em vez disso, criem um serviço de pão e vinho onde quer que estiverem.”

O Templo removido, não a Lei abolida

Jesus previu a destruição do Templo (Lucas 21:5-6). Quando isso aconteceu, no ano 70 d.C., os sacrifícios cessaram, o altar foi removido e o serviço levítico terminou. Mas nada disso foi a abolição da Lei. Foi juízo. Os mandamentos sobre os sacrifícios e sobre a Páscoa permanecem escritos, intactos. Eles apenas se tornaram impossíveis de obedecer porque Deus removeu o sistema em que operavam.

O que os homens fizeram? Em vez de aceitarem que certas leis devem ser honradas, mas não podem ser obedecidas até que Deus restaure o santuário, os líderes religiosos criaram um novo ritual — a cerimônia da comunhão — e declararam que essa invenção agora é o meio de “lembrar” Jesus e “participar” do Seu sacrifício. Eles pegaram o pão e o cálice da mesa da Páscoa e construíram toda uma nova estrutura em torno deles, fora do Templo, fora da Lei, fora de qualquer coisa que o próprio Deus tenha ordenado.

Por que a cerimônia da comunhão é obediência simbólica

A cerimônia da comunhão é apresentada quase em todos os lugares como substituição dos sacrifícios do Templo e da Páscoa. Dizem às pessoas que, ao comerem pão e beberem vinho (ou suco) em um prédio de igreja, ou em qualquer outro lugar, estão obedecendo a uma ordem de Cristo e cumprindo aquilo para o qual a Lei apontava. Mas isso é exatamente o tipo de obediência simbólica que Deus não autorizou.

A Lei nunca disse a ninguém que um símbolo, sem altar e sem sangue, poderia substituir os sacrifícios ordenados. Jesus nunca disse isso. Os profetas nunca disseram isso. Não existe nenhuma lei que defina:

  • Com que frequência essa nova comunhão deve ser realizada
  • Quem deve presidir
  • Onde ela deve acontecer
  • O que acontece se alguém nunca participar

Assim como os fariseus, saduceus e escribas, todos esses detalhes foram inventados por homens (Marcos 7:7-9). Teologias inteiras foram construídas sobre essa cerimônia — alguns a chamam de sacramento, outros de renovação de aliança — mas nada disso vem da Lei de Deus ou das palavras de Jesus nos Evangelhos, entendidas em seu contexto.

O resultado é trágico: multidões acreditam que estão “obedecendo” a Deus ao participar de um ritual que Ele nunca ordenou. As verdadeiras leis do Templo continuam de pé, impossíveis de serem guardadas porque Deus removeu o Templo; e, em vez de honrar esse fato com temor e humildade, as pessoas insistem em fingir que um serviço simbólico pode ocupar o lugar delas.

Lembrando Jesus sem inventar novas leis

As Escrituras não nos deixam sem orientação sobre como honrar o Messias após a Sua ascensão. O próprio Jesus disse: “Se vocês me amam, guardarão os meus mandamentos” (João 14:15). Ele também perguntou: “Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que Eu digo?” (Lucas 6:46).

A maneira de lembrar dEle não é por meio de cerimônias inventadas, mas pela obediência a tudo o que Seu Pai já havia falado pelos profetas que vieram antes do Messias e pelo próprio Messias.

Nós obedecemos ao que pode ser obedecido e honramos o que não pode

A Lei permanece intacta. A Páscoa e o sistema de sacrifícios continuam escritos como estatutos eternos, mas sua obediência agora é impossível porque o próprio Deus removeu o Templo, o altar e o sacerdócio. A cerimônia da comunhão não muda essa realidade. Ela não transforma pão simbólico e vinho simbólico em obediência. Ela não cumpre as leis do Templo. Ela não vem da Torá, e Jesus nunca a ordenou como uma nova ordenança independente para as nações.

Nós obedecemos ao que pode ser obedecido hoje: os mandamentos que não dependem do Templo. Honramos o que não pode ser obedecido recusando-nos a inventar substitutos. A cerimônia da comunhão é uma tentativa humana de preencher um vazio que o próprio Deus criou. O verdadeiro temor do Senhor nos leva a rejeitar essa ilusão de obediência e a voltar ao que Ele realmente ordenou.



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