Esta página faz parte de uma série que explora as leis de Deus que só podiam ser obedecidas enquanto o Templo estava presente em Jerusalém.
- Apêndice 8a: As Leis de Deus Que Exigem o Templo
- Apêndice 8b: Os Sacrifícios — Por Que Eles Não Podem Ser Obedecidos Hoje (Esta página).
- Apêndice 8c: As Festas Bíblicas — Por Que Nenhuma Delas Pode Ser Obedecida Hoje
- Apêndice 8d: As Leis de Purificação — Por Que Elas Não Podem Ser Obedecidas Sem o Templo
- Apêndice 8e: Dízimos e Primícias — Por Que Eles Não Podem Ser Obedecidos Hoje
- Apêndice 8f: A Santa Ceia — A Última Ceia Foi a Páscoa
- Apêndice 8g: As Leis do Nazireado e dos Votos — Por Que Elas Não Podem Ser Obedecidas Hoje
- Apêndice 8h: Obediência Parciais e Simbólicas Ligadas ao Templo
- Apêndice 8i: A Cruz e o Templo
O Que a Lei Realmente Exigia
Entre todos os mandamentos dados a Israel, nenhum foi descrito com mais precisão do que os sacrifícios. Deus detalhou tudo: o tipo de animal, a idade, a condição, o modo de tratar o sangue, o local do altar, o papel dos sacerdotes e até mesmo as vestes que eles usavam durante o serviço. Cada sacrifício — holocaustos, ofertas pelo pecado, ofertas pela culpa, ofertas de comunhão e ofertas diárias — seguia um padrão divino que não deixava espaço para criatividade pessoal ou interpretações alternativas. “O sacerdote fará isto… o altar ficará aqui… o sangue será colocado ali…” A Lei de Deus é um sistema de obediência exata, não um conjunto de sugestões abertas à adaptação.
Um sacrifício nunca foi simplesmente “matar um animal para Deus”. Era um ato santo realizado somente no pátio do Templo (Levítico 17:3-5; Deuteronômio 12:5-6; 12:11-14), somente por sacerdotes consagrados da linhagem de Arão (Êxodo 28:1; 29:9; Levítico 1:5; Números 18:7) e somente em condições de pureza ritual (Levítico 7:19-21; 22:2-6). O adorador não escolhia o lugar. O adorador não escolhia quem oficiava. O adorador não decidia como o sangue seria tratado ou onde seria aplicado. Todo o sistema era projeto de Deus, e obedecer significava respeitar cada detalhe desse projeto (Êxodo 25:40; 26:30; Levítico 10:1-3; Deuteronômio 12:32).
Como Israel Obedeceu a Esses Mandamentos no Passado
Enquanto o Templo existiu, Israel obedeceu a essas leis exatamente como foram ordenadas. As gerações de Moisés, Josué, Samuel, Salomão, Ezequias, Josias, Esdras e Neemias se aproximaram de Deus por meio dos sacrifícios que Ele mesmo estabeleceu. Ninguém substituiu o altar. Ninguém improvisou novos rituais. Ninguém ofereceu sacrifícios em suas casas ou em reuniões locais. Até mesmo os reis — com toda a sua autoridade — estavam proibidos de realizar as funções reservadas aos sacerdotes.
As Escrituras mostram repetidamente que, sempre que Israel tentou alterar esse sistema — oferecendo sacrifícios em lugares não autorizados ou permitindo que não sacerdotes assumissem funções sagradas — Deus rejeitou aquele culto e muitas vezes trouxe juízo (1 Samuel 13:8-14; 2 Crônicas 26:16-21). Fidelidade significava fazer precisamente o que Deus disse, no lugar que Ele escolheu, por meio dos servos que Ele designou.
Por Que Esses Mandamentos Não Podem Ser Obedecidos Hoje
Depois da destruição do Templo, no ano 70 d.C., pelos romanos, todo o sistema sacrificial se tornou impossível de praticar. Não porque Deus o tenha abolido, mas porque a estrutura dada por Deus para obedecer a esses mandamentos já não existe. Não há Templo, não há altar, não há Santo dos Santos, não há sacerdócio consagrado, não há sistema de pureza estabelecido, nem lugar autorizado na terra onde o sangue de um sacrifício possa ser apresentado diante de Deus.
Sem esses elementos, não existe algo como “fazer o melhor possível” ou “guardar o espírito da lei”. A obediência exige as condições que Deus estabeleceu. Quando essas condições desaparecem, a obediência se torna impossível — não porque nos recusemos a obedecer, mas porque o próprio Deus removeu as ferramentas necessárias para cumprir esses mandamentos específicos.
O Que Daniel Profetizou Sobre o Fim dos Sacrifícios
As próprias Escrituras anunciaram que os sacrifícios cessariam — não porque Deus os aboliria, mas porque o Templo seria destruído. Daniel escreveu que “fará cessar o sacrifício e a oferta” (Daniel 9:27), mas explicou a causa: a cidade e o santuário seriam destruídos por forças hostis (Daniel 9:26). Em Daniel 12:11, o profeta declara novamente que o sacrifício contínuo seria “tirado”, expressão que descreve remoção por meio de violência e desolação, não o cancelamento de uma lei. Nada em Daniel sugere que Deus mudou Seus mandamentos. Os sacrifícios cessaram porque o Templo foi tornado desolado, exatamente como o profeta disse. Isso confirma que a Lei em si permanece intocada; apenas o lugar escolhido por Deus para a obediência foi removido.
O Erro dos Sacrifícios Simbólicos ou Inventados
Muitos grupos messiânicos tentam reproduzir partes do sistema sacrificial de forma simbólica. Realizam ceias de Páscoa e as chamam de “o sacrifício”. Queimam incenso em reuniões. Reencenam rituais, movem ofertas e fingem “honrar a Torá” por meio de dramatizações. Outros criam ensinos como “sacrifícios proféticos”, “sacrifícios espirituais” ou “ensaios para o futuro Templo”. Essas práticas parecem religiosas, mas não são obediência — são invenções.
Deus nunca pediu sacrifícios simbólicos. Deus nunca aceitou substitutos criados pela imaginação humana. E Deus não é honrado quando pessoas tentam executar fora do Templo aquilo que Ele ordenou que fosse feito somente dentro dele. Imitar esses mandamentos sem o Templo não é fidelidade; é desprezo pela própria precisão que Deus usou quando os estabeleceu.
Os Sacrifícios Aguardam o Templo Que Só Deus Pode Restaurar
O sistema sacrificial não desapareceu, não foi abolido e não foi substituído por atos simbólicos ou metáforas espirituais inventadas por homens. Nada na Lei, nos Profetas ou nas palavras de Jesus declara que os mandamentos sobre os sacrifícios chegaram ao fim. Jesus confirmou a validade eterna de cada parte da Lei, dizendo que nem a menor letra cairia até que o céu e a terra passem (Mateus 5:17-18). O céu e a terra continuam. Portanto, os mandamentos permanecem.
Em todo o Antigo Testamento, Deus prometeu repetidas vezes que a Sua aliança com o sacerdócio de Arão era “perpétua” (Êxodo 29:9; Números 25:13). A Lei chama as ordenanças sacrificiais de “estatuto perpétuo pelas suas gerações” (por exemplo, Levítico 16:34; 23:14; 23:21; 23:31; 23:41). Nenhum profeta jamais anunciou o fim desses mandamentos. Em vez disso, os profetas falam de um futuro em que as nações honram o Deus de Israel e a Sua casa se torna “casa de oração para todos os povos” (Isaías 56:7), o mesmo versículo que Jesus citou para defender a santidade do Templo (Marcos 11:17). Jesus não citou esse versículo para sinalizar o fim do Templo, mas para condenar os que o estavam corrompendo.
Como a Lei nunca aboliu esses sacrifícios, como Jesus nunca os aboliu e como os Profetas nunca ensinaram sua anulação, concluímos apenas o que as Escrituras permitem: esses mandamentos continuam fazendo parte da eterna Lei de Deus e não podem ser obedecidos hoje simplesmente porque os elementos que o próprio Deus exigiu — o Templo, o sacerdócio, o altar e o sistema de pureza — não estão disponíveis.
Até que Deus restaure o que Ele mesmo removeu, a postura correta é a humildade — não a imitação. Não tentamos recriar o que Deus suspendeu. Não mudamos o altar, não trocamos o lugar, não alteramos o ritual e não inventamos versões simbólicas. Reconhecemos a Lei, respeitamos a sua perfeição e nos recusamos a acrescentar ou tirar qualquer coisa do que Deus ordenou (Deuteronômio 4:2). Qualquer coisa menos do que isso é obediência parcial, e obediência parcial é desobediência.
























