Apêndice 8e: Dízimos e Primícias — Por Que Eles Não Podem Ser Obedecidos Hoje

Esta página faz parte de uma série que explora as leis de Deus que só podiam ser obedecidas enquanto o Templo estava presente em Jerusalém.

Dízimos e primícias eram porções santas do aumento de Israel — da terra (Deuteronômio 14:22) e do rebanho (Levítico 27:32) — ordenadas por Deus para serem apresentadas no Seu santuário, diante do Seu altar e nas mãos dos Seus sacerdotes levitas. Esses mandamentos nunca foram abolidos. Jesus nunca os cancelou. Mas Deus removeu o Templo, o altar e o sacerdócio, tornando a obediência impossível hoje. Como em todas as leis dependentes do Templo, substituições simbólicas não são obediência, mas invenções humanas.

O que a Lei ordenou

A Lei definiu o dízimo com absoluta precisão. Israel era obrigado a separar a décima parte de todo o aumento — cereal, vinho, azeite e gado — e levá-la ao lugar que Deus escolhesse (Deuteronômio 14:22-23). O dízimo não era distribuído localmente. Não era dado a mestres escolhidos pela pessoa. Não era convertido em doação em dinheiro, exceto no caso restrito em que a distância tornava necessária uma conversão temporária e, mesmo assim, o dinheiro tinha de ser gasto dentro do santuário, diante de Deus (Deuteronômio 14:24-26).

O dízimo pertencia aos levitas porque eles não tinham herança de terra (Números 18:21). Mas até os próprios levitas eram obrigados a levar o dízimo do dízimo aos sacerdotes, junto ao altar (Números 18:26-28). Todo o sistema dependia do Templo em funcionamento.

As primícias eram ainda mais estruturadas. O adorador levava as primícias da colheita diretamente ao sacerdote, colocava-as diante do altar e fazia uma declaração falada ordenada por Deus (Deuteronômio 26:1-10). Esse ato exigia o santuário, o sacerdócio e o altar.

Como Israel obedeceu

Israel obedeceu a essas leis da única maneira em que a obediência era possível: trazendo fisicamente o dízimo e as primícias ao Templo (Malaquias 3:10). Nenhum israelita inventou uma versão simbólica ou “espiritual”. Nenhuma porcentagem foi redirecionada a líderes religiosos locais. Nenhuma nova interpretação foi acrescentada. O culto era obediência, e a obediência era exatamente o que Deus ordenou.

O dízimo do terceiro ano também dependia dos levitas, porque eram eles — e não indivíduos particulares — os responsáveis diante de Deus por recebê-lo e distribuí-lo (Deuteronômio 14:27-29). Em todas as etapas, o dízimo e as primícias existiam dentro do sistema que Deus estabeleceu: Templo, altar, levitas, sacerdotes, pureza ritual.

Por que a obediência é impossível hoje

Hoje o Templo não existe. O altar não existe. O sacerdócio levítico não está servindo. O sistema de pureza não pode operar sem o santuário. Sem essas estruturas dadas por Deus, ninguém pode guardar o dízimo ou as primícias.

O próprio Deus predisse que Israel ficaria “por muitos dias sem rei nem príncipe, sem sacrifício nem coluna, sem éfode nem ídolos domésticos” (Oseias 3:4). Quando Ele removeu o Templo, removeu a capacidade de obedecer a toda lei que depende dele.

Portanto:

  • Nenhum pastor, missionário, rabino messiânico ou qualquer outro trabalhador de ministério pode receber um dízimo bíblico.
  • Nenhuma congregação pode recolher primícias.
  • Nenhuma oferta simbólica cumpre essas leis.

A Lei define a obediência, e nada além disso é obediência.

A generosidade é encorajada — mas não é dízimo

A remoção do Templo não removeu o chamado de Deus à compaixão. Tanto o Pai quanto Jesus incentivam a generosidade, especialmente para com os pobres, oprimidos e necessitados (Deuteronômio 15:7-11; Mateus 6:1-4; Lucas 12:33). Dar de boa vontade é algo bom. Ajudar financeiramente uma igreja ou qualquer ministério não é proibido. Apoiar uma obra justa é algo nobre.

Mas generosidade não é dízimo.

O dízimo exigia:

  • Uma porcentagem fixa
  • Itens específicos (aumento agrícola e rebanho)
  • Um lugar específico (o santuário ou Templo)
  • Um destinatário específico (levitas e sacerdotes)
  • Um estado de pureza ritual

Nada disso existe hoje.

A generosidade, por outro lado:

  • Não tem porcentagem ordenada por Deus
  • Não tem ligação com a lei do Templo
  • É voluntária, não ordenada por estatuto
  • É expressão de compaixão, não substituto de dízimos ou primícias

Ensinar que um crente “tem de dar dez por cento” hoje é acrescentar às Escrituras. A Lei de Deus não autoriza nenhum líder — antigo ou moderno — a inventar um novo sistema de contribuição obrigatória no lugar do dízimo. Jesus nunca ensinou isso. Os profetas nunca ensinaram isso. Os apóstolos nunca ensinaram isso.

O dízimo inventado é desobediência, não obediência

Alguns hoje tentam transformar a contribuição financeira em um “dízimo moderno”, afirmando que o propósito permanece o mesmo, mesmo sem o sistema do Templo. Mas isso é exatamente o tipo de obediência simbólica que Deus rejeita. A Lei não permite que o dízimo seja reinterpretado, realocado ou reassinalado. Um pastor não é levita. Uma igreja ou congregação messiânica não é o Templo. Uma doação não são primícias. Dinheiro colocado em uma salva de ofertas não se transforma em obediência.

Assim como acontece com sacrifícios, ofertas de festas e ritos de purificação, honramos o que a Lei ordenou recusando-nos a substituí-la por invenções humanas.

Nós obedecemos ao que pode ser obedecido e honramos o que não pode

Dízimos e primícias continuam sendo mandamentos eternos, mas a obediência a eles é impossível até que o próprio Deus restaure o Templo, o altar, o sacerdócio e o sistema de pureza. Até esse dia, andamos no temor do Senhor dando com generosidade quando podemos — não como dízimo, não como primícias, não como obediência a qualquer porcentagem, mas como expressões de misericórdia e justiça.

Inventar um substituto é reescrever a Lei. Recusar inventar substitutos é honrar o Deus que a pronunciou.



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